Mais um momento Mandrake para Gregg Popovich. Chocante!
Giancarlo Giampietro
Outro dia estava falando aqui de Pelé e aposentadoria. Agora é hora de evocar outra memória dos encontros da família Giampietro, quando meu tio e padrinho, que me catequizou em histórias em quadrinhos, tirava de vez em sempre uma referência desse mundo, ao qual estava me habituando, para comentar outro, o dos esportes, que sempre segui. Pois ele adorava falar de um treinador como um “Mandrake“, em alusão ao mágico que estrelava tiras diárias nos anos 30. Apesar de toda a sua simpatia por esse ilusionista, quando – rá! – tirava da cartola esse termo, era para desancar um técnico e suas invencionices. Era a sua versão para “Professor Pardal”, digamos, embora ache que a crítica também tenha a intenção de atingir as facetas marotas dos profiessshores, quando eles querem sair da reta depois de alguma besteira.
Para comentar mais uma atitude inexplicável de Gregg Popovich, vamos nos ater ao lado pardalesco da coisa – porque o caráter do Coach Pop não se discute. Fiquemos, sim, com as engenhocas táticas que ele apresentou nos momentos finais das últimas duas partidas das finais da NBA entre o seu San Antonio Spurs e o Miami Heat.
Pois bem: depois de sacar Tim Duncan em duas defesas no Jogo 6, agora no Jogo 7, ele me resolve tirar Tony Parker de ação no ataque, restando apenas 27 segundos (ou uma posse de bola completa e mais três segundos) no cronômetro, com o time da Flórida vencendo por 92 a 88. Depois de um pedido de tempo, veio para seu lugar o valente Gary Neal.
Nada pessoal contra Neal, vocês sabem. Mas… Hein?!
Vá lá, vá lá. Neal é um arremessador muito mais confiável que Parker. A movimentação que Popovich instruiu envolveu Manu Ginóbili e Tim Duncan pela ala direita da quadra, em direção ao garrafão – pelo menos quero crer que o argentino estava indo atrás de algo desenhado durante a parada do jogo. Então a presença do ala-armador reserva serviria para dar um maior espaçamento. Além disso, Parker vinha sendo anulado por LeBron em quadra, com uma atuação sofrida. De qualquer forma… Era hora!?
A única explicação seria o francês ter acusado qualquer tipo de problema físico. Porque… Hã…
O Spurs partiu para uma jogada de pick-and-roll ousada, a partir da cobrança de um lateral. Ginóbili passa para Duncan, recebe no give-and-go e bate para a cesta marcado por Chris Bosh. Mas o ângulo desse lance foi muito estranho, apertado. Quando o narigudo percebeu, estava encurralado no fundo da quadra, debaixo da tabela, sem muito o que fazer. Ele se girou crente de que estava escoltado por seu pivô e atirou a bola. Nas mãos de LeBon, que ficou em seu encalço, uma vez que não havia Parker para ser marcado. Bidu.
Mais uma intervenção extremamente discutível de Pop, na qual foi ousado em demasia.
Esse post não quer dizer que o técnico seja uma anta. Obviamente o Spurs não perdeu por essa substituição. Mas o lance mostra apenas o quão vulneráveis os treinadores, jogadores e protagonistas de uma final épica dessas pode se tornar.
Novamente não vamos saber. Talvez não desse em nada um ataque com o francês em quadra. Ou talvez ele aprontasse mais um milagre em Miami, assim como fez no Jogo 1. Aquele, sim, um lance de um Mandrake autêntico, falando apenas de mágico.