A longa e tortuosa trajetória de Vitor Faverani rumo ao estrelato na Espanha
Giancarlo Giampietro
O destaque principal da capa do site oficial da Liga ACB era Vitor Faverani. A manchete, mesmo: “As 17 mil páginas de Vitor Faverani“.
Logo no primeiro parágrafo, muito mais cultos do que qualquer blogueiro do Vinte Um poderia sonhar, recorrem a uma (?) brincadeirinha citando um (??) filósofo (?!?) suíço Henri-Frédéric Amiel. Os catedráticos que me desculpem, mas não constava nas referências bibliográficas do blog.
(Legal também que o suíço é xará daquele nosso velho conhecido Amiel, o cubano que jogou por Fla e Saldanha da Gama e por onde anda agora?)
De todo modo, a brincadeirinha era a seguinte: Amiel teria escrito, de próprio punho, o maior diário já conhecido pela civilização ocidental, com essas 17 mil páginas, durante 42 anos, seu “Journal Intime”. Uma das pensata que se destacam no compêndio seria esta aqui: “A verdadeira humildade consiste em estar satisfeito”.
Para o redator da matéria, essa frase seria boa para “definir a infância e crescimento daquele garoto brasileiro que jamais deixou de crescer”. E aí mergulhamos num extenso perfil sobre o pivô brasileiro, hoje um dos destaques da liga espanhola, mas que ficou muito perto de ser apenas mais uma promessa perdida na Europa.
Vamos tentar resumir em parágrafo: Faverani nasceu em Porto Alegre, viu seus pais se separarem bem cedo, se mudou com a mãe para Paulínia, na corrida pelo ouro negro (cinema a gente sabe citar, tá vendo?), brincava de esportes com o irmão até não poder mais e esperar a mãe voltar para casa, espichou, começou a deslanchar no basquete, tinha de calçar um tênis 44 em um pé 46, em um ano saiu dos Jogos Abertos para a seleção e Málaga, atraía todos os olheiros quando adolescente, deu muito trabalho para os treinadores, rodou de clube em clube até se encontrar e virar o que virou hoje. Ufa.
Texto em espanhol, longo pacas, pois eles conseguem se perder mais que o sujeito aqui, mas é fácil de se comprrender. Para saber dos detalhes, com declarações de muitos de seus treinadores – incluindo o italiano Sergio Scariolo, atual comandante da Espanha –, para conhecer mais sobre este enigmático e misterioso pivô brasileiro, que ainda não se dá com Magnano, vale o clique.
Ele fala sobre o rap do grupo gospel Éfeso que ouve umas 20 vezes antes de ir para quadra para se motivar e sobre estar agora decidido a deixar sua marca como jogador de basquete. “Tomara que um dia as pessoas digam: “Faverani, que grande pivô. Se me meti no mundo é para terminar e dizer a mim mesmo que consegui. Esse é o meu sonho. Espero que pas pessoas sigam falando de mim e melhor, agora pelo meu trabalho, porque foi muito duro. Agora tem a recompensa final”, afirmou.
* * *
Com 24 anos, Vitor é apenas dois anos mais velho que Fab Melo e Scott Machado e dois anos mais jovem que Rafael Hettsheimeir. Ainda tem espaço para se desenvolver muito mais, com uma vantagem: com tempo regular de quadra no segundo campeonato de clubes mais forte do mundo, no qual é protagonista de sua equipe.
Em duas partidas na atual temporada da ACB, já somou 22 pontos, 25 rebotes e cinco tocos, com ótimo índice de eficiência (47) e excelente aproveitamento de quadra (54%) e nos lances livres (89%). Com ele em quadra, sua equipe venceu por 23 pontos, jogando contra Barcelona e Fuenlabrada.