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Quais são os favoritos ao título da Euroliga?
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Giancarlo Giampietro

O atual campeão Maccabi Tel Aviv, creiam, não tem vez aqui. O time não só perdeu muitos dos seus principais atletas, como perdeu aquele que era o melhor técnico do continente: David Blatt. Seu ex-assistente Guy Goodes é um cara bacana, segundo registro de muita gente, mas a missão de substituir uma lenda viva israelense como Blatt é pesada demais. Então tem espaço para quem na competição que começa nesta quarta-feira, com transmissão exclusiva no Brasil pelo canal Sports+, da SKY? Veja a lista, em ordem alfabética, para não dar problema:

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Barcelona: o (excessivamente) metódico Xavier Pascual perdeu Erazem Lorbek, Kostas Papanikolau e Joe Dorsey. E tudo bem: o Barça deu um jeito de ficar ainda mais forte, sendo provavelmente hoje o time mais caro da Europa. Muitos armadores europeus estão morrendo de inveja de Marcelinho Huertas. O brasileiro, que já tinha desenvolvido ótima química com o talentosíssimo Ante Tomic, agora também vai ter o alemão Tibor Pleiss como opção a ser abastecida no jogo interno. Esperem uma dose pesada de pick-and-rolls com a coordenação do paulistano, que agora tem a companhia dois dos pivôs mais altos, ágeis e técnicos da Europa ao seu dispor. Se não fosse o bastante, contrataram também o ala-pivô americano Justin Doellman. Quem? Somente o MVP da última Liga ACB, pelo Valência. Doellman é destes americanos que passou batido pelo radar da NBA, mas se transformou em um grande jogador trabalhando sério na Europa. A rotação de grandalhões de Pascual ficou realmente apelativa.

Por outro lado, a saída de Kostas Papanikolau pode significar um rombo defensivo para uma equipe que já sofre um pouco para esconder Juan Carlos “La Bomba” Navarro. DeShaun Thomas – escolha de Draft do Spurs em 2013 – foi o escolhido para o seu lugar, mas sempre foi muito mais reconhecido como um cestinha, dos tempos de Ohio State. Foi uma decisão peculiar, talvez num momento de baixa do mercado. No ano passado, o Barça levou uma surra do Real na semifinal da Euroliga. Recuperou-se, todavia, para conquistar a liga espanhola. Com as contratações que fez, o bicampeonato é o mínimo que se vai cobrar de seu treinador.

CSKA Moscou: Ettore Messina chegou a declarar na campanha passada que não prestava mais para ser técnico do gigante moscovita, que seus jogadores já não atendiam mais aos seus pedidos e tal. Estresse geral. Mesmo após a dolorosa derrota para o Maccabi no Final Four da Euroliga, o time ao menos conseguiu um milagre na Liga VTB ao virar um confronto de quartas de final com o Lokomotiv Kuban (saindo de 0-2 para 3-2) e conquistar o título regional. O troféu, porém, não iria mascarar as frustrações de Messina, que se mandou para a NBA, para ser auxiliar de Gregg Popovich em San Antonio, numa aliança bastante promissora.

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

A vaga do italiano foi ocupada, então, pelo grego Dimitris Itoudis, assistente do Panathinaikos por uma década, aprendendo bastante com Zeljko Obradovic, até assumir o Banvit, da Turquia em 2013. Acabou liderando o clube a uma campanha surpreendente na riquíssima liga turca e, de cara, foi promovido a comandante de uma potência como o CSKA. Ao seu dispor, vai ter o craque Milos Teodosic (dependendo de seu nível de motivação, sempre),  a liderança e a versatilidade de Victor Khryapa, a explosão de Sonny Weems e a fortaleza chamada Sasha Kaun. Como reforço,  ganhou a criatividade de Nando De Colo, de volta ao continente depois de passagem apagada pelos EUA, e os chutes de longa distância do geórgio Manuchar Markoishvili e do americano Demetris Nichols, ex-Bulls e Knicks. É um baita elenco, cheio de expectativas. A equipe russa não ganha o troféu desde 2008, mesmo tendo ficado fora de apenas um Final Four desde então.

Fenerbahçe: agora vai? Há pelo menos duas temporadas que o clube de Istambul sonha em dar o grande salto e se tornar o primeiro de seu país a conquistar o título europeu. Para isso, atropelou qualquer noção de austeridade ou responsabilidade fiscal para montar elencos caríssimos e tirar o genial e tempestuoso Obradovic da aposentadoria. O problema é que seus dirigentes caíram naquela armadilha de buscar sempre os nomes de impacto, sem pensar ao certo em como seria a química dessas estrelas em quadra, com muitos cestinhas brigando por uma só bola. Para ajudar, o próprio treinador se mostrou (ainda) mais esbravejador no banco, com atitudes ensandecidas – como expulsar seus próprios jogadores no meio de uma partida:

Para esta temporada, a política de investimento bruto foi mantida. Numa primeira impressão, com atletas cujas características que parecem se encaixar melhor num ideal de time. Destaque para a nova dupla de armadores americanos Ricky Hickman (figura elementar no Maccabi campeão) e Andrew Goudelock (um arremessador de mão cheia, conhecido dos fãs do Lakers e do Spurs, hoje um dos cestinhas mais temidos da Europa), além do tcheco Jan Vesely, que tenta redescobrir seus talentos depois de protagonizar mais piadas do que grandes jogadas em Washington. A missão do ala-pivô tcheco, a princípio, é de ajudar na cobertua e na coesão defensiva, com sua capacidade atlética formidável, ao lado de Emir Preldzic. Menção obrigatória também para o ala-armador Bogdan Bogdanovic, o prodígio sérvio, que assume a vaga de seu xará Bojan Bogdanovic. No papel, não há como excluí-lo dessa lista, embora já tenhamos visto este filme antes. Cabe a Obradovic esfriar e usar a cabeça para ordenar esta rapaziada. Campeão turco num final para lá de controverso e vexatório – no qual o Galatasaray simplesmente se recusou a entrar em quadra no sétimo e derradeiro jogo, alegando roubalheira generalizada –, o Fener só quer saber, mesmo, da Europa.

Real Madrid: você, fã do Barcelona, por favor, não se deixe tomar pela raiva. Mas o que aconteceu com o Real Madrid na temporada passada foi uma história bastante triste: era um timaço, pronto para realmente fazer história, acumulando vitórias e recordes, e que acabou naufragando nas últimas semanas. A equipe de Pablo Laso primeiro perdeu de modo surpreendente a final continental para o Maccabi e, depois, se despedaçou diante de seu arquirrival na decisão da Liga ACB. Você faz como depois de uma decepção dessas? Troca tudo, não?

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Pois a diretoria merengue, por algum milagre, decidiu segurar as pontas e manteve o treinador – que em muito simboliza a obsessão do clube para reconquistar a Europa, uma vez que era atleta madridista no tão distante título de 1995. Além disso, manteve praticamente toda a sua base, tendo de lidar apenas com a importantíssima baixa de Nikola Mirotic, que enfim foi jogar em Chicago. É praticamente impossível encontrar um atleta com as características do ala-pivô. Então o que eles fizeram foi seguir na direção oposta, fechando com Andrés Nocioni. Sai a finesse, entra a brutalidade (nas palavras do próprio Chapu). Além do mais, o Real conseguiu dar uma última cartada após a Copa do Mundo ao contratar Gustavo Ayón, cujos direitos na Espanha pertenciam ao próprio Barça. O mexicano tem tudo para ser dominante em seu retorno ao basquete europeu e deixa a rotação de pivôs também bastante congestionada. Em vez de ser demitido, Laso ganhou um presente desses. Seu time dificilmente vai alcançar o padrão de excelência da campanha passada, já que química não é algo que se replique facilmente. Se os resultados forem diferentes no final, talvez nem importe.

Correm por fora: Olympiakos e Anadolu Efes.
É difícil descartar os campeões de 2012 e 2013, que mantiveram a base do ano passado e adicionaram mais dois americanos muito atléticos a este conjunto – o ala Tremmell Darden, ex-Real, e o pivô Othello Hunter, ex-Siena. A sorte do clube grego, porém, gira em torno do estado físico de Vassilis Spanoulis. O genial armador grego sofreu com tendinite na reta final da última campanha, mas se preservou nas férias. Se estiver inteiro, seu time obviamente sobe de patamar, independentemente da saída do técnico Georgios Bartzokas.

Já o Efes segue um pouco da receita de seu conterrâneo Fenerbahçe, pagando uma nota para reformular seu elenco e tirar do ostracismo outro célebre treinador balcânico, Dusan Ivkovic. Em longo depoimento ao site oficial da competição, porém, Ivkovic faz questão de dferenciar as coisas. Seu plano é também desenvolver os mais jovens, que vão ganhar papel importante ao lado de veteranos como Nenad Krstic, Stratos Perperoglou, Stephane Lasme e Dontaye Draper, todos veteranços de Euroliga e vindo de times vencedores. Aliás, essa é uma área na qual o treinador realmente se destaca, despertando muito interesse sobre seu envolvimento com o ala-pivô croata Dario Saric e do ala-armador turco Cedi Osman, duas das maiores promessas do continente.

O problema é que, com Saric, as coisas não começaram bem. O jogador selecionado pelo Philadelphia 76ers no último Draft não vem sendo nem relacionado nas primeiras partidas do clube, levando seu pai, Predrag, ao desespero. “Acho que já é hora para ficar alarmado. O Dario está deprimido, nada está claro”, afirmou. “Se o Efes continuar mantendo-o fora, vamos procurar alguém que possa pagar a rescisão de contrato. O Dario tem de jogar, não pode ficar assistindo aos jogos da arquibancada. Ele está saudável. O Ivkovic está me deixando maluco.”

Vale lembrar que o papai Saric era um defensor ferrenho da ideia de que o filhote ficasse no basquete europeu para conseguir maior rodagem e se desenvolver, antes de assinar seu primeiro contrato de NBA.

Vai começar
A Euroliga vai ser transmitida com exclusividade no Brasil pelo Sports+ (canais 28 e 228 da SKY). Vou participar da cobertura pela terceira temporada seguida, na companhia de Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato, Marcelo do Ó e Rafael Spinelli. Sempre um prazer. Nesta quarta, entramos ao vivo com o duelo entre Laboral Kutxa e Neptunas Klaipeda, a partir de 15h15 (horário de Brasília). Na quinta e na sexta, rodada dupla! Cedevita Zagreb x Unicaja Málaga + Estrela Vermelha x Galatasaray e Real Madrid x Zalgiris Kaunas + Barcelona x Bayern de Munique, respectivamente.


Em movimento intrigante, Brasília contrata ala ex-NBA
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Giancarlo Giampietro

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

É difícil redigir manchetes, sabia? Ou títulos. Elas são a mesma coisa, basicamente, mas “manchete” carrega muito mais peso do que “título”, como o pai dos burros – o  atencioso pai de todos nós– conta. “Manchete é o título principal numa edição de jornal” e pode vir “em caracteres grandes, como título de uma notícia sensacional”, na descrição do Michaelis.

Esse aqui de cima vale como título, no qual para muita gente deve se destacar o “ex-NBA”. Que é um tanto sacana, admito, uma vez que o ala americano Darington Hobson, contratado no final de semana pelo Brasília, disputou apenas cinco jogos pela grande liga. Cinco jogos? Ex-NBA? Sensacionalismo na certa. Pois é. Mas convido o amigo e corajoso leitor a embarcar comigo se concentrar mais na primeira parte da frase, no tal do “movimento integrante”. Mais genérico, mas que nos ajuda a contar melhor essa história.

São dois pontos a nos intrigar, na verdade.

Primeiro que Hobson é um jogador muito talentoso, que vai completar 27 anos daqui a uma semana, e que tem tudo para causar um grande impacto em quadras brasileiras por um time de ponta;

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Segundo que, mesmo que tenha ficado muito tempo em quadra  pela NBA, isso ninguém vai lhe tirar de seu currículo, e ainda é muito difícil encontrar alguém com essa grife jogando por essas bandas. De qualquer forma, não é necessariamente o carimbo que importa mais nessa transação. O que pesa mais é o simples fato de os clubes do mercado brasileiro parecerem um pouco mais antenados do que o habitual. Em vez de ficar apenas com a rebarba da rebarba, temos visto algumas contratações um pouco mais relevantes em cenário internacional, que exigiram a atenção de veículos especializados lá fora.

A repatriação de Rafael Hettsheimeir pelo Bauru pode não ser a melhor notícia para os fãs do pivô brasileiro, que talvez esperassem um pouco mais dele, mas é excelente para Bauru e a liga nacional. Mais relevante ainda é a chegada de um craque como Walter Herrmann ao Flamengo – outro ex-NBA, mas que definitivamente tem muito mais em seu histórico profissional a apresentar do que a passagem de três anos pelos Estados Unidos. Campeão olímpico, MVP na Espanha, um baita jogador, ainda que em fase final de carreira. O mesmo Fla que parece ter acertado também no fim de semana a contratação de Derrick Caracter, pivô ex-Lakers (sobre a qual falaremos mais nesta semana, esperando a oficialização, já com a ressalva de que Caracter só disputaria a Copa Intercontinental contra o Maccabi e os amistosos nos Estados Unidos).

Enfim, são quatro contratações que têm muito mais representatividade no mercado da bola (ao cesto). Entre elas, falemos agora um pouco mais sobre a de Hobson, que chega para reforçar consideravelmente a rotação perimetral do Brasília. É preciso ver com qual mentalidade o americano chega ao cerrado. Se chega com perspectiva de dominar (esfomear, leia-se), se está animado, ou o quê. Nunca se sabe. Se for o mesmo Darington de sempre, deve contribuir com algumas características muito interessantes.

Vindo do modesto nível do Junior Colleges, Hobson entrou no radar da NBA durante sua temporada de junior, pela Universidade de New Mexico, em 2009-10. Os Lobos, como são conhecidos, se tornaram O Time da conferência Mountain West nos últimos anos, deixando San Diego State (de Kawhi Leonard) e BYU (Jimmer, Baby, Luiz Lemes e Tavernari) para trás. Têm presença constante nos mata-matas da NCAA, mas com pouco sucesso nacional.

Hobson enterra: não sei bem o quanto de "show" o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília

Hobson enterra: não sei bem o quanto de “show” o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília, para tornar a equipe mais coesa

Em sua campanha com a equipe, o ala se tornou o primeiro jogador da história a liderá-la em pontos (15,9), rebotes (9,3) e assistências (4,6). O que já nos conta muito sobre a versatilidade deste atleta canhoto de 2,01 m de altura e corpo lânguido. Ganhou o prêmio de destaque da MWC, um estrondo, ainda mais se considerarmos que foi sua primeira temporada em um campeonato decente, por um time de ponta.

Hobson pode pontuar de diversas maneiras – chute de fora, partindo para a cesta, ainda que de forma errática. Mas, creio, seu diferencial esteja realmente em sua visão de quadra e em seu potencial como “homem de ligação” num quinteto, fazendo de tudo um pouco para tornar um time uma unidade mais coesa. Mantendo esse perfil, é alguém que poderá assessorar, e muito, o armador Fúlvio na organização ofensiva – os chutadores Arthur e Giovannoni devem gostar. Segue aqui, em inglês, um scout de seus tempos de universitário, cortesia do DraftExpress.

Em 2010, Hobson foi escolhido na posição 37 do Draft, pelo Milwaukee Bucks, aos 22. Sua cotação chegou a ser mais alta, mas uma insistente lesão na virilha o atrapalhou bastante no processo de recrutamento. as mesmas dores que o impediram de disputar a liga de verão de Las Vegas pelo clube. Depois de fazer um exame detalhado, os médicos do Bucks descobriram que o jogador, na real, tinha um desalinhamento nos quadris. Acabou passando por duas cirurgias e ficou fora de toda a temporada, tendo seu contrato rescindido. Esse é um fator decisivo para entendermos sua condição de “ex-NBA”.

A franquia do Winsconsin ainda foi leal ao jovem em que apostou. Uma vez recuperado das operações, preparou em 2011 um novo contrato, de dois anos, por US$ 1,4 milhões, mas parcialmente garantido. O ala, porém, só ficou no time até fevereiro de 2012, sem conseguir mostrar muito – foi nesse período que aconteceram suas cinco partidas pela liga, com resultados pouco satisfatórios em uma situação obviamente pouco favorável. Para constar, seus concorrentes por tempo de quadra eram Stephen Jackson, Carlos Delfino, Shaun Livingston e Tobias Harris.

Dispensado, foi batalhar na D-League. Naquela temporada, jogou pelo Fort Wayne Mad Ants – sério concorrente do Rio Grande Valley Vipers como nome mais absurdo de franquia norte-americana. Depois, em 2012-2013, foi companheiro de Scott Machado no Santa Cruz Warriors, pelo qual teve médias de 9,2 pontos, 5,7 rebotes e 4,3 assistências – de novo a versatilidade dando as caras. No ano passado, em busca de melhor pagamento, o americano topou jogar fora do país pela primeira vez, defendendo o Hapoel Migdal Haemek, da segunda divisão israelense, com médias de 15,4 pontos, 10,5 rebotes e 3,3 assistências em 12 jogos. Antes de mais nada, não riam: “segunda divisão israelense” não parece tão ruim quanto parece. Estamos falando de um país pequeno, mas de forte estrutura e competitividade interna bas-que-te-bo-lís-ti-ca.

Agora, aparece Brasília na vida do americano, que, em seu contrato, tem cláusulas que o liberariam para a NBA ou para a Europa, caso apareça alguma proposta que considere mais valiosa. Se no início de carreira como profissional, seus problemas físicos foram sérios o suficiente para abalar suas pretensões, no NBB, agora em forma, Hobson tem o necessário para se destacar, com um estilo que está longe de ser explosivo, mas bastante fluído. É daqueles jogadores que faz o basquete parecer fácil – como no caso de Marquinhos, por exemplo. Alguém que pode ajudar o Brasília a lutar novamente pelo títulos. Títulos que, aí, sim, renderiam manchetes.

*   *   *

Curiosidade sobre o Draft de 2010 da NBA, que só reforça o quão brutal é a concorrência para ter essa sigla em seu currículo. Dos 30 atletas selecionados na segunda rodada daquele ano, apenas dois estão na liga no momento com contratos garantidos. Dois! Os felizardos são o inigualável Lance Stephenson, agora do Charlotte Hornets, e o já moribundo Landry Fields, que cumpre seu último ano de vínculo com o Toronto Raptors, quase fora do baralho, mas um cara decente, que pode dar uma força a Bruno Caboclo nos treinos.De resto, temos o pivô Jarvis Varnado no Philadelphia 76ers, sempre  à mercê dos planos mirabolantes do gerente geral Sam Hinkie.

Outros dois jogadores estariam nos Estados Unidos se quisessem e seus clubes europeus permitissem: o pivô alemão Tibor Pleiss, hoje do Barcelona, cujos direitos pertencem ao Oklahoma City Thunder, e o ala-pivô sérvio Nemanja Bjelica, do Fenerbahçe, destaque pela Copa do Mundo, vinculado ao Minnesota Timberwolves. São dois caras bem pagos na Europa, mas que logo, logo devem cruzar o Atlântico. Da mesma safra de estrangeiros selecionados? Paulão Prestes, também pelo Wolves.

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Se não estou deixando passar alguém, o NBB 7 vai começar no dia 31 de outubro com quatro jogadores que com experiência na NBA, em partidas oficiais. Alex, Marquinhos e Herrmann fazem companhia a Hobson. Fica pendente uma quinta vaga para Rafael “Baby” Araújo, caso feche mais um contrato.

Outros atletas que já passaram por lá e cá, com uma bela ajuda da turma no Twitter: Leandrinho, o armador Jamison Brewer, ex-Pinheiros e Pacers, o pirado Rashad McCants, aposta ex-Timberwolves totalmente furada do Uberlândia, o ala-armador Jeff Trepagnier, ex-Liga Sorocabana e Nuggets, e os alas Eddie Basden, que até que se deu bem em Franca, Bernard Robinson, ex-Minas e Basquete Cearense, e Chris Jefferies, ex-Raptors e Minas.

Destes, McCants era o mais talentoso e gabaritado, sem dúvida, mas a dor-de-cabeça que ele causa fora e dentro de quadra o tornam proibitivo. Comparando com seus antecessores, Hobson seria, então, o mais promissor dos americanos importados.

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De jogadores draftados, mas que não chegaram a disputar partidas oficiais pela NBA, que tenham dado as caras por aqui, temos Paulão e o pivô DeVon Hardin, ex-Basquete Cearense.

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O caminho inverso, saindo do NBB para a NBA, apenas dois fizeram: Leandrinho, saindo do Flamengo e do Pinheiros, em curtos pit-stops, e Caboclo, esse, sim, a grande história.


Toronto, capital norte-americana do basquete brasileiro?
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Giancarlo Giampietro

caboclo-draft-raptors-20

Primeiro foi Bruno Caboclo, como já haviam lhe prometido no Draft. Agora, chamam Lucas Bebê para a festa. Em quatro dias, Toronto se tornou a capital norte-americana do basquete brasileiro. Neste domingo de noite, também de modo sorrateiro, a franquia canadense acertou uma troca para despachar John Salmons e seu salário para o Atlanta Hawks, recebendo o armador Lou Williams e os direitos sobre o pivô brasileiro, que jogou a temporada espanhola pelo Estudiantes.

Masai, Bruno e o Brasil

Masai, Bruno e o Brasil

Mais uma cartada surpreendente do gerente geral Masai Ujiri, que vai se revelando um profundo admirador dos garotos brasileiros. Não se esqueçam, como eu já estava deixando passar até ser lembrado pelo Romengão abaixo, que Scott Machado também tem convite para defender o time na liga de verão de Las Vegas, a partir do dia 11 de juho. Vai e os caras do Norte vão se tornar populares por aqui.

O negócio por Bebê ainda não havia sido oficializado até essa postagem, dependendo da aprovação da NBA. Mas parece não haver impedimento legal nenhum, e o Hawks tem pressa: só aceitaram Salmons para dispensá-lo nesta segunda-feira e economizar (só terão de pagar US$ 1 milhão de um salário de US$ 7 milhões), limpando espaço na folha salarial para atrair algum agente livre sexy.

Ainda não temos a palavra do nigeriano Ujiri a respeito da transação, então. Não sabemos ainda se é de seu interesse aproveitar Bebê na próxima temporada. O pivô ainda tem mais um ano de contrato com o Estudiantes, mas, segundo o site Encestando, estaria interessado em procurar novos rumos, seja na NBA ou em um clube de Euroliga. Sua multa rescisória é baixa, de US$ 600 mil e, caso o Raptors tenha interesse, poderá pagá-la na íntegra. A graninha também seria bem-vinda aos espanhóis, que estão com atrasos em sua folha de pagamento.

De qualquer forma, essa troca serve para vermos mais uma vez como são fluidas as coisas na NBA. Um ano atrás, o Hawks estava encantado com o carisma e os talentos de Bebê. Hoje, simplesmente o usaram numa troca para se livrar de salário em busca de nomes mais grandiosos e badalados no mercado – sem a garantia de que vá se dar bem nessa. Isso não quer dizer que o pivô brasileiro tenha perdido valor, que seja menos intrigante do que em 2013.

O que mudou, de certo, foi o contexto do Hawks, time que acabou de selecionar no Draft outro gigante ainda cru e promissor em atividade na Espanha – o cabo-verdiano Walter Tavares, na segunda rodada, um atleta de características muito semelhantes em termos de impacto em quadra, com sua capacidade para proteger e atacar o aro. Tavares, no entanto, vai ficar na Espanha pelo menos por mais um ano. Não há pressa em aproveitá-lo, assim como não havia com Lucas. Vale o registro: pouco depois de terem sido eliminados pelo Indiana Pacers num confronto muito mais dramático que o esperado nos playoffs, o gerente geral Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiveram em Madri para acompanhar o carioca de perto. Não sabemos o que conversaram. Só sabemos agora que o Hawks optou por seguir em outra direção.

E como foi a temporada do pivô pelo Estudiantes? Um pouco acidentada, infelizmente, por conta de problemas físicos. Ele pôde disputar apenas 18 partidas, lidando com dores crônicas no joelho devido a uma tendinite. Dores que, em determinado momento, o forçaram a se afastar da equipe por meses. Depois de anotar 7 pontos e pegar três rebotes contra o Bilbao pela nona rodada em dezembro, numa derrota por 72 a 55, Bebê ficou fora de ação por 12 jornadas, de dezembro até a março. Regressou, ironicamente, contra o mesmo Bilbao. Neste vai e vém, o pivô foi aproveitado de modo irregular, óbvio. Só ficou em quadra por mais de 20 minutos em três ocasiões.

O técnico Txus Vidorreta acusou sua passagem pelos Estados Unidos como um fator agravante – lembrando que Bebê passou diversas semanas sob a custódia do Hawks, jogando a liga de verão de Las Vegas e treinando em Atlanta. “Depois de três meses nos Estados Unidos, não está em boas condições. Ele não teve um período de descanso, algo que é necessário antes de enfrentar a pré-temporada. Além disso, chegou com excesso de peso. As equipes da NBA têm o interesse que jogadores como Nogueira ganhem muito peso, quando não deveria ser assim. Querem isso para quando vá para a NBA, se é que vai. No momento, tem contrato com o Estudiantes, e isso está complicando sua preparação”, disse.

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

As boas notícias, porém, existem: com Lucas em quadra, o Estudiantes foi um time bem mais competente, com nove vitórias e nove derrotas (50%, dãr). No geral, a equipe teve campanha de 12 vitórias e 22 derrotas (35,2%), terminando em uma frustrante antepenúltima posição. Sem o brasileiro, o rendimento foi sofrível: 3 vitórias e 13 derrotas (18,5%).

Pois, no pouco que jogou, Bebê foi muito bem. Em termos de eficiência,  deu saltos consideráveis, posicionando-se na elite da fortíssima Liga ACB. Considerando jogadores que tenham ficado em quadra por um mínimo de 250 minutos, o brasileiro foi o quarto atleta mais produtivo do campeonato, atrás apenas de Tibor Pleiss, alemão do Caja Laboral/Baskonia, Blagota Sekulic, montenegrino que estava barbarizando pelo CB Canarias até ser contratado pelo Fenerbahçe, e do sensacional croata Ante Tomic, do Barça.  Como chegou a essa condição? Mantendo alto nível nas finalizações próximas ao aro (bandejas e enterradas, enterradas e bandejas) e sendo um dos principais bloqueadores do campeonato em projeções por minuto (3,38 tocos por 36 minutos, contra 2,64 de Tavares, por exemplo). O único desconto obrigatório aqui: estamos falando de projeções, uma vez que, na temporada real, Bebê foi aproveitado por apenas 16,6 minutos por rodada.

O pivô cobre espaços na defesa, intimida os adversários que queiram infiltrar. Também passa a bola surpreendentemente bem de frente para a cesta, algo que nem sempre é explorado.

Avaliando esses altos e baixos, é complicado de imaginar qual será o próximo passo para Bebê – e qual seria o mais indicado, aliás. A tendinite foi aplacada? Há boas propostas/vagas de clubes da Euroliga (e aqui seria muito melhor em pensar em times um pouco mais fracos, em que o brasileiro fosse parte integral dos planos, em vez de reserva de luxo)? Mais vale buscar a segurança de um contrato na liga norte-americana desde já? O quanto o Raptors o admira?

Lucas Bebê e sua ótima habilidade como finalizador. De Madri para Toronto?

Segundo o jornalista Ryan Wolstat, do Toronto Sun, Masai Ujiri tinha o brasileiro como um dos seus alvos no Draft do ano passado, ao lado de Giannis Antetokounmpo. Não conseguiu fechar nenhuma troca – uma vez que sua escolha estava entregue ao Oklahoma City Thunder, resultando no intrépido Steven Adams –, e teve de fechar os olhos todas as vezes que o Raptors se deparava com o Bucks de Giannis pela frente. Agora, porém, tem a chance de contratar Bebê, num setor com carências.

O lituano Joanas Valanciunas terminou a temporada em alta, mas, em geral, não deu o salto que o clube esperava. É jovem – um mês e meio mais velho que o brasileiro apenas e já com duas campanhas de NBA na bagagem – e o titular indiscutível da posição, todavia. Amir Johnson é pau-pra-toda-obra e alguém que parece ainda nem ter alcançado seu potencial pleno ainda. Tyler Hansbrough poderia ter sido dispensado hoje – mas teve seu contrato confirmado. Patrick Patterson, que jogou tão bem desde que chegou na troca por Rudy Gay, pode ser um agente livre restrito cobiçado, devido ao seu arremesso de três pontos. Chuck Hayes joga muito – para alguém de seu tamanho. E só. Pode ter espaço aí, ou não.

Além do mais, é de se imaginar que a presença do cabeleira no elenco do Raptors ajudaria na transição de Caboclo ao dia a dia na metrópole canadense, como um companheiro para trocar ideias e dividir experiências, ainda que também não fale inglês fluente. Mas isso vai depender dos próprios planos do clube em relação aos seus agentes livres, como o armador Kyle Lowry. A intenção é mantê-lo mas seu preço pode ser inflacionado, especialmente o de Lowry, que foi um dos melhores em sua posição no último campeonato e desperta o interesse de LeBron James do Miami Heat e, dizem, do Los Angeles Lakers. Com cerca de US$ 40 a 41 milhões comprometidos em holerites, já contando o vínculo futuro de Bruno, eles têm muito provavelmente a flexibilidade para assinar com quem queiram e ainda contratar Bebê para já. Vamos aguardar.

Até porque não haveria necessariamente uma urgência para que Lucas produzisse logo de cara. Seria uma peça complementar em um elenco que evoluiu muito sob o comando de Dwane Casey durante o campeonato, especialmente após a saída de Gay. Essa melhora, inclusive, forçou que Ujiri mudasse sua direção. Inicialmente, quando o nigeriano acertou seu retorno ao clube por uma bolada, esperava-se que fosse implodir o elenco. Algo que começou fazendo ao despachar Andrea Bargnani para Nova York. Acontece que o Raptors, em vez de perder, começou a vencer, a ponto de chegar aos playoffs pela primeira vez desde 2008. Daí que agora o cartola pensa em manter essa base competitiva e se virar para desenvolver jovens atletas fora da rotação. É nessa estratégia que entra a surpreendente escolha de Bruno Caboclo. Pode ser aí que se encaixe Lucas Bebê.

*  *  *

Sobre a seleção de Bruno, em tempo: sim, há mais de um mês sabia do forte interesse do Toronto Raptors pelo seu talento. Indiana Pacers, Utah Jazz (seu diretor internacional de scouting, que acabou de se desligar do clube, é um dos responsáveis pela montagem do elenco do Nike Hoop Summitt…) e o Phoenix Suns (Leandrinho?) também estavam na trilha.

Quando o ala declarou seu nome, muitos clubes saíram a sua procura, como relatei aqui. Nesses contatos, chegou a informação, de três fontes diferentes da liga, de que ele teria a promessa que seria escolhido, e que ttudo apontava que fosse realmente o Toronto. Mas ninguém esperava que ele saísse com a 20ª escolha! Isso é fato. Acho que nem mesmo Masai Ujiri acreditava nisso (risos). Minhas fontes, na verdade, acreditavam que ele sairia apenas na 59ª escolha – visto que se tratava de um nome pouco discutido. Em público, no caso.

O venerável Marc Stein, do ESPN.com, contudo, reportou que a promessa do Raptors estava endereçada para o pick 37. Então foi um meio acerto aqui no blog. Que o Toronto tenha conseguido manter isso em segredo diante da mídia norte-americana, é notório, aliás. Nenhum dos sites especializados cogitava a escolha de Caboclo. Nem mesmo na segunda rodada.

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Com a proximidade do Draft, porém, os nervos ficam mais tensos. A primeira opção da franquia, o armador local Tyler Ennis, foi escolhida pelo Suns. Na dúvida, Ujiri foi de Bruno logo em 20º, mesmo, relatando depois que o tinha como o segundo calouro em sua lista (claro, daqueles que julgava possível obter) e que temia que ele não estivesse disponível mais de uma hora depois. Vai saber. Ele não quis arriscar.

O agente responsável pelo ala – que era o mais jovem do Draft – ajudou a segurar as pontas para a franquia canadense também. Foi bastante seco em seus contatos com as franquias que o procuravam. Nos últimos dias antes do processo de seleção, havia um companheiro, envolvido na cobertura, que até mesmo especulava se a estratégia realmente não era de que Bruno passasse batido pelo Draft para ter plena possibilidade de escolha no futuro, sem ficar preso a um só clube. O agente brasileiro, agora escoltando o garoto nos Estados Unidos, ajudando-o também como intérprete, havia me dito que não tinha nada de promessa. Como postei na noite: compreensível, havia um plano em curso, e, na guerra fira que é a preparação para o Draft, cada um defende os seus interesses. A lição que fica aqui é a de sempre: declaração oficial nem sempre – ou quase nunca – não é o suficiente.

Minutos depois da escolha de Caboclo, também ouvi de uma fonte de que Caboclo já tinha a garantia de que seria aproveitado de imediato pelo Raptors. Calhou que não era achismo. Durante a apresentação do menino, Ujiri confirmou – depois, inclusive, de admitir que tenha visto o ala, ao vivo, em três ocasiões. O garoto vai trabalhar bastante com a comissão técnica de Casey e deve, aqui e ali, ser aproveitado na D-League. Mas esperem que ele fique muito mais tempo em Toronto, mesmo, já que o time não possui um afiliado particular na liga de desenvolvimento. Hoje, eles dividem esse vínculo com o Fort Wayne Mad Ants com outros 12 clubes (!!!) – uma situação agora bizarra, uma vez que todas as outras equipes  têm parcerias individuais.

*  *  *

O que penso a respeito?

Em primeiro lugar, nunca se pode ignorar o que representa financeiramente a transição para a NBA. É hipocrisia ignorar esse aspecto, ainda que, se tudo ocorresse conforme o esperado (pelo basquete brasileiro), Bruno não teria problemas em tocar uma vida confortável. Mas agora estamos falando de milhões de dólares, e para já.

Tirando isso, que importa, tem o jogo. Sem ele, não há a bufunfa, claro.

Faz mais de meses, especialmente depois da fase final da última LDB, que o burburinho nacional em torno de Bruno estava demais. E com razão. Não é todo dia que se vê um garoto com seus atributos físicos entrar em cena. Agora não é só de envergadura, agilidade e talentos naturais que tais que vive um prospecto. Precisa de tino, força de vontade e um trabalho por trás. E aí ficam os méritos para o Barueri, clube que o teve até 2013, e o Pinheiros, que o contratou no ano passado para acelerar seu desenvolvimento, por meio de trabalhos específicos diários e o simples convívio com o time adulto, que já faz uma baita diferença.

Talvez o ideal fosse seguir nesse ritmo por ora? Era o que o agente Eduardo Resende dizia, há coisa de duas ou três semanas. Que ele ficaria pelo menos mais um ano nessa rotina, antes de pensar em dar algum salto. Jogaria mais com a equipe principal e tal. Acontece que o interesse do Raptors não queria esperar. A franquia canadense confia que possa fazer o jogo do garoto crescer, mesmo que ele não jogue muito em seus primeiros meses – ou até mesmo durante o campeonato inteiro.

Há quem duvide. Um scout da liga disse ao New York Daily News que Bruno não valia nem mesmo uma escolha de segunda rodada. Segundo o que viu do atleta. Pensem que esse tipo de comentário pode sair da boca de alguém que neste exato momento é pressionado por seus superiores sobre um eventual desconhecimento do atleta.

Dos olheiros que ouvi, a frase de consenso foi a seguinte: “Potencial absurdo, mas ainda não sabe muito bem o que está fazendo em quadra. Vai precisar de tempo, mas vale a aposta. Por que não? Muitos calouros americanos mais americanos não dão em nada. E no caso de Caboclo há evidentes qualidades a serem exploradas”. Realmente só não esperavam que fosse sair tão cedo no Draft. As coisas mudam pouco de figura, até mesmo quanto a cobranças de torcedores e mídia, além de adversários mais antenados. Cada ala que tenha saído depois do brasileiro vai tê-lo como alvo.

No ano passado, Giannis Antetokounmpo foi contratado pelo Milwaukee Bucks com planos semelhantes. Acabou que entrou na rotação da equipe rapidamente e terminou a temporada como o novato talvez mais promissor de sua geração. Bruno pode seguir a mesma linha, quiçá, ao menos em termos de ganhar tempo de quadra inesperado? Perguntei aos scouts, e eles só concordavam em uma coisa: que ambos só eram similares em termos de narrativa, história. “Garoto que é uma aberração física e que veio do nada para a NBA”. Mas que o grego já estaria muito mais desenvolvido em alguns aspectos como “feeling” de jogo e sua habilidade com a bola quando foi draftado. São olheiros em que confio, que trabalham para equipes com bom faro para e aproveitamento de jogadores estrangeiros, isso posso garantir.

Aguardemos os relatos de seus treinos e rachas com DeMar DeRozan e Terrence Ross agora mesmo em Los Angeles para ver quais serão as primeiras impressões. Em julho, tem liga de verão. Outra atividade programada será a participação no camp de Tim Grgurich, renomado  treinador que investe muito no aprimoramento de fundamentos e já trabalhou por muito tempo com George Karl, inclusive com Nenê em Denver. Resta confiar agora que os técnicos de Toronto ajudem no progresso do ala para encarar essas diferentes e maiores expectativas. De tudo o que ouço sobre Bruno, da sua parte não vai faltar empenho.

PS: Durante esta Copa, como havia avisado, a atualização do blog fica atrapalhada. Ainda falta escrever sobre Splitter, Spurs, LeBron (de novo!?!) e tal. Ah, seleção também, claro. Está acabando, e logo acessaremos isso. 


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