Maré de azar: Oklahoma City agora perde Westbrook
Giancarlo Giampietro
Nos últimos três anos, Kevin Durant havia perdido um total de duas partidas de 230 possíveis da temporada regular. Em toda a sua carreira, foram apenas 16, em sete temporadas (558 partidas). Russell Westbrook? Até sofrer sua lesão no joelho nos playoffs de 2013, após disputa com Patrick Beverley, ele não havia perdido sequer uma rodada em suas cinco primeiras temporadas como profissional. Aí tem o Serge Ibaka, que ficou fora de nove jogos em seu campeonato de novato e, depois, perdera apenas três joguinhos entre 2012 e 2014, até sofrer uma lesão na panturrilha que atrapalhou a equipe nos playoffs passados.
Para citar a presidenta Dilma: “no que se refere” a seus principais jogadores, o Oklahoma City Thunder vinha simplesmente desfrutando de muita sorte. Era uma durabilidade para causar espanto e inveja de seus grandes adversários. Tá certo: não era algo meramente fortuito. Tinha a ver também com a idade dos protagonistas e de um bom trabalho de seu estafe de médicos e preparadores físicos também. Mas, no fundo, no fundo, sorte é o principal fator aqui. Algo que podem testemunhar o torcedor do Timberwolves (Ricky Rubio interrompendo um ano mágico devido a uma ruptura de ligamento cruzado anterior) e o do Lakers (que perde um adolescente Julius Randle na primeira noite desta temporada por fratura na perna).
Acontece que para 2014-2015, o universo vem tratando de equilibrar as coisas, e o resultado vem sendo um extermínio de um time que era considerado candidato ao título. Para os que não assistiram ao jogo no Sports+ nesta madrugada, OKC acabou de perder também – e de novo!!! – Russell Westbrook. Agora por conta de uma fratura na mão direita, em derrota para o Los Angeles Clippers. Num lance totalmente banal:
Mais precisamente: a lesão aconteceu no segundo metacarpo. Ainda não há uma previsão de retorno para o explosivo armador, mas é certo que vai passar de um mês de molho. Lembrando que Durant só será reavaliado no final de novembro para saber o quão recuperado já está da chamada “fratura Jones”, no pé direito.
O único lado que poderia ser positivo disso tudo, do nosso ponto de vista egoísta? Bem, quiçá todos avançemos em nossos conhecimentos ortopédicos, né?
Mas aí lembramos que a NBA vai ficar por semanas e semanas sem dois de seus atletas mais divertidos de se ver, e percebemos que não tem nada de interessante nisso. Além do mais, fomos privados de ver o armador levar ao extremo seu jogo agressivo. No fim, não vai ter nada de tempestade Russell Wesbrook por lá, poxa. Nada de 29 arremessos por jogo.
Agora, para a instituição Thunder, você realmente precisa se esforçar para encontrar um twist otimista. Em contato com o jornalista Sam Amick, do USA today, um dirigente do clube perguntou qual era o posicionamento do Houston Rockets nos mata-matas de 1995, ano em que conquistaram o bicampeonato. A resposta: o sexto melhor da conferência.
Foi o suficiente, numa Conferência Oeste também bastante complicada – Suns, Sonics, Spurs, Jazz com grandes formações, mas… talvez sem taaaantos concorrentes assim – para colocar Hakeem novamente na briga, agora escoltado por mais um cara do Hall da Fama, um integrante do Dream Team, grande cestinha e alvo preferido de Michael Jordan: Clyde Drexler. Duas grandes estrelas, uma bela estrutura de equipe em torno deles, e tal.
Lembra alguma coisa?
Poderia ser o melhor cenário para a equipe de Oklahoma agora, como escreve Amick. E mais: os mais jovens do time teriam de se virar em quadra, aprender na marra, da melhor forma que se tem. Poderiam sair dessa muito mais confiantes.
Mas… será?
De novo: o Oeste em que a equipe está posicionada é completamente brutal. O Phoenix Suns venceu 48 partidas em 2013-2014 e ficou fora dos mata-matas, gente. No Leste, estaria empatado com Toronto e Chicago, lutando pela terceira colocação.
E o problema não se encerra com o afastamento de KD e Wess – como se isso fosse pouco. Anthony Morrow, o principal reforço para esta campanha, torceu o joelho. Não foi nada grave, mas deve perder mais cinco semanas. Mitch McGary, a escolha de primeira rodada, tem uma fratura no pé esquerdo e só deve retornar em meados de novembro. Reggie Jackson torceu o tornozelo e perdeu as duas partidas da equipe até aqui – embora não deva levar muito mais tempo para retornar. Por fim, o segundanista-calouro-na-verdade Grant Jerrett passou por uma cirurgia no tornozelo em julho, não vem treinando e ainda vai precisar de mais algumas semanas para ficar pronto.
Isso é terra arrasada.
Contra o Clippers, sobraram apenas oito atletas disponíveis, contando Sebastian Telfair, que sofreu uma pancada no dedão e sentia dores. Em determinado momento, Scotty Brooks estava com o seguinte quinteto em quadra: Perry Jones III de armador, acompanhado por Andre Roberson, Lance Thomas, Nick Collison e Kendrick Perkins. Pesado.
Na base de muita defesa e orgulho e com uma atuação esplendorosa de Jones, o Terceiro (32 pontos, 7 rebotes e 3 assistências), esses caras conseguiram se manter no jogo contra outro favorito ao título. Perderam por 93 a 90, brigando até o fim. Você põe Ibaka e Jackson nessa equação, e as coisas melhoram um pouco. Mas o quanto seria suficiente para que a equipe não despenque na classificação? Considerem que, nos primeiros sete dias, o time tem cinco cidades diferentes na escala: Portland e Los Angeles, já riscadas do mapa, e agora Oklahoma City, Brooklyn e Toronto .
Se descerem a ladeira rolando, Durant e Westbrook precisariam retornar rapidamente e sem ferrugem de suas fraturas. Para trabalhar numa campanha de reação. Teriam supostamente 2/3 da temporada para buscar. É tempo o suficiente, mas vai causar um desgaste incomum e uma pressão que os jovens astros não estavam habituados a enfrentar.
Vai pedir também, claro, que esta fase de bruxaria fique para trás.