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Arquivo : Paul Pierce

Reforços não vingam, e Boston Celtics tenta sair do limbo para chegar bem aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo carrega o Boston Celtics

Rondo não recebeu a ajuda esperada das apostas de Danny Ainge

Por Rafael Uehara*

O retorno de Avery Bradley era visto como principal esperança para que o Boston Celtics pudesse engrenar e começar a se estabelecer como ameaça perigosa ao topo da conferência nos playoffs. Courtney Lee tem tido dificuldade em entender os fundamentos defensivos do time e Jason Terry não está sendo o substituto perfeito para Ray Allen que muitos esperavam. Em Bradley, o time tem o seu melhor defensor no perímetro e um par perfeito para Rajon Rondo no ataque, devido a sua capacidade de arrancar velozmente em contra-ataques, acertar tiros de três dos cantos e cortar para a cesta intuitivamente.

Bradley retornou, o time venceu seis jogos seguidos (entre eles contra Knicks e Pacers) e deu a entender que estava a caminho de se tornar uma força a ser levada a sério novamente. Mas o time de Doc Rivers falhou a arrancar mais uma vez. Perdeu domingo pela terceira vez seguida, chegando a um recorde de 20-20, praticamente no ponto médio da temporada. E essas derrotas vieram contra Hornets e Bulls em casa e Pistons fora. Chicago e Boston sempre fazem confrontos acirrados, e esse jogo foi para a prorrogação, mas sofrer nas mãos de New Orleans e Detroit se qualifica, sim, como tropeço.

As expectativas eram de que o time fosse um pouco menos limitado e dependente de Rondo no ataque este ano, com as adições de Terry, Courtney Lee, Jared Sullinger e Leandrinho Barbosa, além da retenção de Brandon Bass e Jeff Green. Mas isso não se materializou. O time tem um dos 10 piores aproveitamentos em pontos por posse. Paul Pierce tem postado os mesmos números da temporada passada, mas seu “jumper” vem perdendo efeito – ele tem acertado apenas 38% destes, de acordo com basketball-reference.com.

KG x Varejão

Garnett ainda combate Varejão e quem mais vier pela frente na defsa

Do mesmo modo que o time é dependente de Rondo no ataque, é dependente de Kevin Garnett na defesa. Mesmo em idade avançada, o pivô permanece um dos jogadores de maior impacto em toda a associação. Com ele em quadra, o time permite uma taxa de pontos por posse menor que a defesa do Los Angeles Clippers – a terceira melhor da liga. Mas, com ele no banco, o time só não permite mais pontos que Cavaliers, Kings e Bobcats – as três piores equipes em prevenção.

O fato é que todas as apostas que o gerente geral Danny Ainge fez na janela de verão, exceto talvez por Sullinger – que tem jogado melhor nos últimos 10 jogos – não têm rendido. Terry tem sido muito decepcionante, Green dificilmente impacta alguma partida, Bass não tem jogado tão bem quanto na temporada passada, quando lutava por uma extensão contratual, Lee também não vem bem e Leandrinho apenas ganhou minutos quando requisitou uma troca. A performance tão abaixo das expectativas de quase todos eles e seus contratos com vários anos sobrando ainda os fazem difícil de trocá-los para reformular o time ao redor de Rondo, Pierce e Garnett.

Já fica difícil de prever mudança em pessoal. Piora: a tabela também não ajudará muito os veteranos. Antes da parada para o jogo das estrelas, o time terá sua parcela de Cleveland, Sacramento, Orlando e Charlotte, mas também terá pela frente Miami, Nova York (os dois), Los Angeles (idem) e Chicago. E depois da parada, irá á Costa Oeste para cinco jogos na casa do adversário e, depois de voltar para tomar um café em casa, irá a Filadélfia (que talvez possa ter Andrew Bynum de volta até lá) e Indiana. Em outras palavras, o desafio para engrenar será ainda mais difícil.

Logo, o Celtics está num limbo. Não há muito que fazer a não ser confiar que mais tempo a Bradley proporcione mais estabilidade, que as apostas de Ainge comecem a render na segunda metade da temporada (ou pelo menos no próximo mês, para que se tornem moedas de troca decentes) e que Garnett siga proporcionando o mesmo valor quando Doc Rivers estender os seus minutos nessa reta final. Esses pontos todos precisam ser conjugados para que o time possa finalmente engrenar em direção aos playoffs.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Trajetória de pivô emergente do Rockets serve de exemplo para Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Greg Smith quem?

Matt Smith? Pat Smith? Jack Smith?

Não, nada disso. É Greg Smith.  E você conhece o Greg Smith?

É o pivô do Houston Rockets, jogando sua segunda temporada na NBA. Reserva do Omer Asik, o turco que você realmente deveria ter destacado em seu caderninho de anotações. (Se não fez, corra para vê-lo em ação. Um baita jogador).

Mas o Smith? Com esse nome tão comum nos EUA que poderia lhe valer a condição de anônimo, jogando 15 minutos em média por um time que não é exatamente a sensação do momento, é bem capaz que ele tenha passado batido mesmo na hora de se vasculhar a liga norte-americana em busca de informação.

De todo modo, para o aficionado brasileiro, a trajetória do grandalhão ajuda a dar um pouco de precioso contexto em torno de Scott Machado, o armador que vive uma situação difícil, já que o gerente geral Daryl Morey acabou de dispensá-lo.

Assim como Machado, Smith não jogou em uma universidade norte-americana de ponta – ele cursou em Fresno State. Assim como Machado, não foi dfraftado –se inscreveu no recrutamento de calouros em 2011, um ano antes do nova-iorquino filho de gaúchos e não teve seu nome chamado. Assim como Machado, foi acolhido prontamente pelo Rockets como um projeto de longo prazo.

Greg Smith x Manu Ginóbili

Mais eficiente que Manu Ginóbili?

Participou do training camp pelo clube texano em 2011, mas foi cortado do elenco principal após ter disputado apenas dois amistosos na pré-temporada – de novo: tudo muito familiar com a trajetória do armador. O jogador teve, então, de se contentar em jogar na D-League, a liga de apoio da NBA na qual o “D” vale por desenvolvimento. E ele realmente se desenvolveu.

Enfrentando veteranos rodados e alguns atletas inexperientes, Smith desfrutou de uma campanha de sucesso pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Rockets, com 16,6 pontos, 7,8 rebotes e aproveitamento de 66,8% nos arremessos em pouco mais de 28,2 minutos. Foi tão bem que mereceu uma recompensa: um contrato ao final da temporada com o próprio clube de Houston, que, desta forma, conseguiria mantê-lo sob sua alçada. (Funciona assim: o clube oferece um contrato de dois anos para o atleta, no qual geralmente o segundo não tem nada de dinheiro garantido; ainda assim, esse time ao menos garante os direitos sobre o jogador, podendo dispensá-lo a qualquer hora.)

O pivô iniciou o atual campeonato no mesmo  barco de Scott Machado: não tinha um vínculo assegurado, tendo de convencer o técnico Kevin McHale e a direção de que valeria a pena investir mais em seus talentos. Os dois passaram juntos por um momento dramático no final de outubro, quando o Rockets tinha 20 atletas sob contrato e precisaria dispensar cinco deles antes que a competição iniciasse.

No fim, Morey continuou com seus movimentos ousados, manteve a dupla inexperiente e torrou cerca de US$ 6 milhões de salário ao mandar embora alguns veteranos estabilizados na liga. Na semana passada, quando chegou o ala James Anderson, foi a vez de Daequan Cook ser chutado e de mais US$ 3 milhões serem triturados. Agora, para abrir espaço para Patrick Beverley (escrevo mais sobre ele em breve), chegou enfim a vez de Scott. Greg Smith ficou.

Greg Smith, o Mãozão

Greg Smith e o maior par de mãos já medido nos testes físicos pré-Draft da NBA

Com o maior par de mãos já medidos na preparação para o Draft –, ótima envergadura e a cabeça amadurecida após tantos testes o pivô tem seu lugar fixo na rotação de McHale, e o que se escuta vindo de Houston é que o técnico já estuda um meio de abrir mais espaço para o cara em sua escalação, estudando colocá-lo ao lado de Asik.

Pudera: segundo as estatísticas mais avançadas, Smith seria hoje o 27º jogador mais eficiente de toda a NBA. Manu Ginóbili, Serge Ibaka e Paul Pierce são, respectivamente, os 28º, 29º e 30º da lista. (O que não quer dizer que sejam inferiores, claro. Mas é uma avaliação que mostra o potencial do jogador e que tem, em seu topo, pela ordem, as seguintes figuras: LeBron James, Kevin Durant, Chris Paul e Carmelo Anthony. Justa?)

Enfim. Parece até uma fábula. Mas que deveria ser estudada com atenção por Scott Machado. Ser dispensado pelo Rockets definitivamente não é o fim da linha, como você pode ver neste link aqui do DraftExpress.

Nessa entrevista, o antes desconhecido e dispensado Greg Smith diz o seguinte, com muita confiança: “Consigo me enxergar como um ala-pivô ou pivô titular em qualquer equipe da liga, de preferência no Rockets. Seria um bom jogador com o qual você pode contar e que ajudaria um time a vencer. E, daqui a cinco anos, acredito que poderia ser um All-Star”.

*  *  *

 No ano passado, durante o lo(u)caute da NBA, Smith jogou no México, para fazer um troco. Perto de Fresno, na fronteira com os EUA, mas, ainda assim, o México, que não é lá o principal pólo que você vai pensar quando o assunto é basquete. “No primeiro momento eu não queria jogar lá. Havia algo de errado, mas então decidi que iria, sim, e que seria por uns cinco ou seis meses. Quando cheguei, foi difícil, mas eu aprendi muito sobre mim mesmo, crescendo e amadurecendo. Joguei por três ou quatro meses, e aprendi muito enfrentando caras experientes que não se importam com quem você seja, com seu nome ou com qualquer outra coisa. Eles jogavam duro”, diz o pivô.

*  *  *

“É complicado para os jogadores jovens, porque eles estão vindo da universidade ou da Europa, onde estão acostumados a jogar mais de 30 minutos. Vir para cá, em Houston, com tempo limitado de quadra é difícil. Esse é o desafio para eles ao entrar na NBA, procurando se estabelecer. Achamos que a D-League dá a eles uma grande vantagem para continuar jogando e, ao mesmo tempo, trabalhar em suas fraquezas.”

Esse já não é mais o Greg Smith falando, mas, sim, de Gersson Rosas, o vice-presidente de basquete do Rockets, e gerente geral do Rio Grande Valley Vipers.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Rajon Rondo dá 20 assistências em um jogo e ainda sai desgostoso de quadra
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo não pode ser o Peyton Manning em Boston

No esporte há vários atletas que são engraçados mesmo que não queiram, não?

Pelo menos o Rajon Rondo é visto aqui no QG 21 desta maneira. Então me desculpem a insistência com o Boston Celtics, mas quando um armador dá 20 assistências num jogo e diz que a contagem poderia ter sido maior, acaba se enquadrando nessa categoria e evoca mais um post.

(Mas não é só por isso que ele diverte o blogueiro: contem aí as brincadeiras fáceis que faz com a bola dadas as suas mãos enormes, suas expressões quase sempre mal-humoradas, o comportamento arredio, a competitividade absurda, tudo isso empacotado em um nome como  “Rajon Rondo”, e fica meio óbvio o apelo por cá).

Depois de sentar por uma partida par acurar uma torção no tornozelo, Rondo voltou neste sábado para tranquilizar a exigente torcida de Boston, em vitória sobre o Toronto Raptors, por 107 a 89 – que início frustrante para os canadenses, aliás. Com seu armador principal em ação, o ataque funcionou que foi uma beleza: 56,6% de aproveitamento nos arremessos.

Não foi o bastante para Rondo arrefecer e soltar um sorriso. “Ele na verdade estava bravo por causa das 20 assistências. Ele achava que poderia ter conseguido 30 hoje”, disse o ala Courtney Lee. Vai saber até que ponto isso é uma brincadeira.

Para se ter uma ideia da influência que ele pode exercer sobre o Celtics, o time conseguiu 37 passes para cesta no jogo em 43 chutes de quadra convertidos. Quer dizer: apenas seis cestas não foram resultado direto de um passe de um companheiro. Incrível: destroçaram a defesa por zona de Dwane Casey. Mas também é um reflexo direto do tipo de elenco que Doc Rivers tem em mãos, com poucos jogadores que estejam habituados a criar individualmente, como Paul Pierce e seus inúmeros truques com a bola. Courtney Lee, Jason Terry e seus pivôs tendem hoje a produzir mais de acordo com o ritmo do ataque e a troca de gentilezas do que isolados num canto.

“Fica muito mais fácil porque ele é o Peyton Manning jogando. Ele desmonta a defesa e dá a bola para os caras na posição certa para pontuar”, disse Lee, sem se dar conta que talvez fosse melhor usar um Tom Brady, o Sr. Bündchen, como referência na Nova Inglaterra, em vez do maior rival de sua vitoriosa carreira na NFL.

Mas tudo bem: enquanto Rondo seguir distribuindo presentes dessa maneira, em Boston só vai ter espaço para um cara se irritar. Ele mesmo.

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Os adversários podem detestar Jason Terry, mas seus parceiros o adoram. Nas entrevista após a surra contra o Raptors, ele mostrou por quê. “Disse isso já no primeiro dia, que ele é o melhor armador nesta liga. Neste ano ele definitivamente vai fazer parte das conversas sobre MVP, se continuarmos vencendo. O modo como ele controla o jogo, sua liderança, sua habilidade para dominar a partida no ataque e na defesa: tudo isso faz dele especial”, discursou o veterano em tom de campanha precoce para Rondo.

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Somando a boa e saudável atuação de Rondo, Terry com a pontaria certeira (20 pontos em 29 minutos) e Lee fazendo de tudo um pouco, Leandrinho acabou limitado a 16 minutos. O brasileiro marcou oito pontos, com 50% de quadra. Foi o único jogador do Boston a sair de quadra com um saldo negativo de pontos (-1). A maior marca foi de Rondo, claro (+19).

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Rondo deu sete assistências apenas no primeiro quarto. Se tivesse mantido a média nas parciais posteriores, teria igualado a melhor marca de um Celtic: as 28 do legendário Bob Cousy, multicampeão nos anos 60 com o garçom de Red Auerbach.

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O recorde de assistências em uma única partida da NBA pertence a Scott Skiles, hoje técnico do Milwaukee Bucks. Com a camisa do Orlando Magic, ele distribuiu 30 (sim, 10 + 10 + 10) em vitória do Orlando Magic sobre o Denver Nuggets na temporada 1990-1991. Contando com pivôs como Greg Kite e Terry Catledge, bem antes de Shaquille O’Neal dar as caras na Flórida, o armador precisou de uma forcinha dos alas Nick Anderson e Dennis Scott para chegar a esse incrível número. Para constar, o Nuggets tinha uma peneira de uma defesa e sofria com um elenco abaixo da mediocridade (Chris Jackson, que ficaria conhecido anos depois como Mahmoud Abdul-Rauf,  e o baixotinho Michael Adams eram os destaques). Confira, de todo modo, a noite mágica do general Skiles:


Bom moço Leandrinho se junta ao time mais casca grossa da NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho e sua boa conduta

Agora ao lado dos odiados do Celtics, Leandrinho vai ter de treinar sua cara de mal

A reputação de ligeirinho de Leandrinho na NBA é notória, né? Mas há uma outra característica pela qual o brasileiro é conhecido nos bastidores da liga: a de ser um boa praça, daqueles que se dá bem com todo mundo.

Por exemplo: em abril da temporada passada, já vestindo a camisa do Pacers, os relatos dos repórteres presentes na arena do Indiana era de uma baita algazarra no vestiário de visitante quando o ala-armador deu as caras por lá para visitar os ex-companheiros de Toronto Raptors.

Leandrinho agora leva seu bom-mocismo para a equipe que tem o elenco mais casca grossa do basquete profissional norte-americano. Kevin Garnett já bateu boca com meio mundo e, se precisar, vai provocar e discutir com a outra metade também. É daqueles que não perde a oportunidade de falar uma bobagem ou outra ao pé do ouvido para tirar os adversários… Hã… De sua zona de conforto. Aí você pega um Paul Pierce, que também não arreda o pé, um Rajon Rondo enfezado e tem um trio ternura daqueles que gosta de uma bagunça.

Como se não bastasse, eles vão lá e contratam um Jason Terry, um senhor catimbeiro e, magrelo daquele jeito, um produtor profícuo de bravatas. Pirado, e não só pelo aviãozinho que faz em quadra depois de suas cestas de longa distância. Dias depois de assinar com o Celtics, ele tatuou o mascote do clube em sua perna – veja esta foto feita se quiser.

Terry, aliás, foi um dos poucos agentes livres a aceitarem de cara uma proposta encaminhada por Danny Ainge. Geralmente, o cartola encontra dificuldade para convencer a jovem guarda a engrossar suas fileiras. O ala OJ Mayo, por exemplo, nem queria ouvir. Chris Paul, quando soube dos rumores de um interesse da franquia em uma troca, fez questão de soprar por todos os cantos que não aceitaria renovar seu contrato por lá.

O colunista Rich Levine, da Comcast Sportsnest de New England, tem uma teoria a respeito: “Obviamente, isso não é lá uma novidade. Nos últimos cinco anos o Celtics foram antagonistas de praticamente todos os times da liga. Há poucas jovens estrelas que Boston não tenha ofendido de algum modo. De um certo modo, essa vem sendo uma das principais armas do Celtics – a habilidade deles de irritar os oponentes.  Mas, depois de meia década de caos, o resultado é que a liga não curte muito o verde. Uma geração inteira de jogadores da NBA cresceram a ponto de odiar os C’s”.

Acho que Levine tem um ponto, não?

Teve muita gente que já sofreu na mão dos veteranos de Boston e quer dar o troco, sempre que possível. Leandrinho agora vai andar, ou melhor, correr e saltar com essa cambada. Mesmo que involuntariamente, seus dias de escoteiro acabaram.


Garnett corta relações com Ray Allen, que já vestiu a camisa do Heat
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Giancarlo Giampietro

Kevin Garnett jura que não tem mais o número do celular de Ray Allen. E aí o jornalista de Boston Steve Bulpett faz uma observação esperta: “O número não mudou. Então faça as contas”.

O pivô e líder do Celtics simplesmente cortou relações com o ala, que pulou a cerca para defender o rival Miami Heat. O mesmo time que o havia derrotado numa série dramática pela final da Conferência Leste em maio. Imagino a reação de alguém irado como o KG ao ver esta foto aqui:

Ray Allen e seus novos amiguinhos

Ray Allen e os novos amiguinhos: de certa forma, uma foto constrangedora

“Não estou tentando me comunicar com ele. Estou apenas sendo honesto com todo mundo aqui. Não é que eu deseje a ele algo pior ou nada disso, é só que isso acontece”, afirmou Garnett ao receber a mídia local para a abertura do training campda franquia mais vencedora da história da NBA.

“Escolhi não me comunicar com ele. É uma decisão que tomei pessoalmente. Sou muito próximo de Ray, conheço sua família, mas tomei a decisão de seguir em frente. É isso. Estou agora me concentrando em JT (Jason Terry), Courtney Lee e os novos caras que estão aqui. Não queria vir aqui para responder um monte de perguntas sobre Ray Allen. Obviamente iria responder uma vez e então me concentrar nos caras que estão aqui no ginásio e no que é o presente. É isso”, completou.

Kevin Garnett, orgulho de Boston

Soletrando com Garnett: C-e-l-t-i-c-s

Garnett tem um contrato de mais três anos com o Celtics, que só espera que ele consiga sustentar o nível que apresentou na última temporada, crescendo durante o campeonato a ponto de voltar a ser aquele marcador implacável na zona interior da fortíssima defesa de seu time.

No mundo abarrotado de ególatras da NBA, KG se destaca como uma das personalidades mais fortes. Tira os adversários do sério, mas é adorado por seus companheiros. Rajon Rondo, que não se dá com ninguém, diz que é seu melhor amigo na equipe. Por isso fica a expectativa sobre como o garotão Fabrício Melo vai se relacionar com o cara. Pode ser uma influência extremamente positiva, pelas cobranças e incentivos, mas ao mesmo tempo pode ser destrutivo, como já falou o técnico Doc Rivers. Depende de como rola a química.

Quem estava de olho na negociação do Celtics com o pivô era o ala Paul Pierce, que afirmou que chegou até mesmo a cogitar sua aposentadoria caso Garnett não retornasse. Sobre Ray Allen, Pierce disse apenas, sorrindo, que gostaria que, se fosse para ele sair de Boston, que fosse para o Clippers, clube que, inclusive, ofereceu mais dinheiro ao arremessador e também se candidata ao título este ano.

Mas Allen optou pelo Miami, onde agora está escoltado por LeBron James e Dwyane Wade. Imagine o tanto de chutes livres um dos maiores gatilhos da história vai ter…Por isso ele se diz extremamente confortável com sua nova vizinhança: “Uma vez que você veste o uniforme, nunca vai se olhar e tentar entender que uniforme você tem. Não importa”, afirmou. “É mais o modo como as outras pessoas o veem ou o enxergam. Daqui para a frente, a coisa mais importante para mim é o que faço por esse uniforme, a cidade e os torcedores que represento. Espero ver mais pessoas que gostam do Heat do que as que odeiam o Heat.”

Simples assim.

(Eu, hein.)

*  *  *

Não que Allen não possa jogar onde queira. Mas é realmente muito estranha a foto postada acima, não? LeBron e Wade cresceram odiando a geração do “Big 3” de Boston, cansados de apanhar (em muitos sentidos) deles nos playoffs. Allen também é conhecido por ser um jogador muito, mas muito competitivo – daí as rusgas e faíscas que tinha com Kobe Bryant quando jogava em Seattle, de simplesmente não tolerar que o astro do Lakers o superasse. E agora está ele apoiado no ombro de LeBron, para surfar a última onda de sua carreira.

No fim, quem sai ganhando com isso é o público: os pegas entre as duas equipes nem precisavam mais de tanta pimenta assim, né?

*  *  *

Em Miami, o técnico Erik Spoelstra já se disse positivamente impressionado com o que o ala Rashard Lewis vem mostrando nos treinos. Segundo o pupilo de Pat Riley, Lewis mal conseguia agachar nos últimos dois anos para abraçar seus filhos, com o joelho – e sabe-se lá o que mais – estourado. Mas que agora estaria se movimentando com leveza, lembrando o cara que dava um trabalhão peo Orlando Magic, abrindo a quadra para Rashard Lewis.

Tem aquela coisa: os caras não jogam há meses. Então essa é a hora em que todo mundo está saudável. “Nunca me senti assim antes” – o lema dos atletas na apresentação. Aí dá janeiro, fevereiro, e todo mundo aparece quebrado de novo. Pode ser o caso de Lewis, que jogou mancando as últimas duas temporadas.

Agora… Se ele e Allen conseguirem contribuir com, vá lá, 60% de seus talentos, a barra vai ficar muito pesada para a concorrência.