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Arquivo : Okafor

Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Ainda sem vencer, Wizards só pode lamentar troca por veteranos pouco produtivos e caros
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Giancarlo Giampietro

Na página dois – a primeira fica reservada a introduções e amenidades – do manual básico de como se negocia hoje em dia uma troca na NBA, você, caso tenha acesso ao livreto, vai provavelmente se deparar com alguns destes itens:

– “evite contratar um jogador ruim, em decadência na carreira, para não frustrar seus torcedores. O básico, buddy, o básico”;

– “se for para pegar jogador(es) ruin(s), melhor que seja no último ano de contrato, para não ocupar seu teto salarial com tranqueiras”;

– “se for para pegar um jogador com múltiplos anos de contrato pela frente, melhor que ele seja claramente produtivo, que seja titular”;

– “se for para pegar jogador(es) ruin(s) com múltiplos anos de contrato, que seu time seja recompensado, então, com uma boa escolha de Draft (top 5 de preferência) e que você se livre também de pelo menos um de seus contratos indesejados”.

(Acreditem.)

(Tudo certo, né?)

Pois bem.

Emeka Okafor e Trevor Ariza

Okafor e Ariza já tinham feito quase nada pelo Hornets. Mas o Wizards viu aí uma oportunidade

Ao fechar a primeira troca visando a atual temporada, Ernie Grunfeld, gerente geral do Washington Wizards, conseguiu descumprir os quatro tópicos acima e qualquer outro que preze pelo bom senso, quando recebeu Trevor Ariza e Emeka Okafor e mandou Rashard Lewis embora para o New Orleans Hornets.

O Wizards é o único time da liga que ainda não venceu nesta temporada, com 11 derrotas seguidas, e essa transação ajuda a explicar muita coisa nessa situação – além dos problemas físicos de John Wall e Nenê, claro.

Não que a perda de Lewis fosse irrecuperável. O ala mais deu trabalho para o departamento médico do clube desde que foi envolvido em negociação por Gilbert Arenas do que foi útil em quadra. Mas era menos caro: seu contrato era apenas parcialmente garantido e, assim que chegou em Nova Orleans, entrou em acordo com a franquia e foi dispensado, recebendo US$ 13 milhões sem jogar. Ao menos o gerente geral Dell Demps, cria de RC Buford no Spurs, se livrava de um estorvo. E, com liberdade para investir, viu seu time fechar com Ryan Anderson e Robin Lopez, dois jogadores muito mais jovens e efetivos.

Ariza tem US$ 15 milhões por mais dois anos. Okafor com mais dois anos também e US$ 28 milhões garantidos. Impedindo que o clube fique abaixo do teto salarial para tentar contratar um agente livre, ou mais, no próximo ano. Tanto sacrifício para dois atletas que, juntos, têm médias de 15,8 pontos, 11,6 rebotes, 2,8 assistências, 2,55 roubos, 2,37 tocos. Juntos, ok? Nenhum dos dois está chutando acima de 45% nos arremessos, nem mesmo o pivô Okafor, com 40% – Ariza tem horripilante 32%.

Ernie Grunfeld

O invencível Ernie Grunfeld segue no comando

Jogando desta maneira, não são os dois veteranos que levariam o Wizards a uma disputa por vaga no playoff. E nem são os dois que poderiam salvar o time no caso de, tipo, John Wall não poder jogar ou de a fascite plantar de Nenê não se curar.

E aqui fica registrado: não que a presença dos dois craques da equipe pudesse fazer diferença. O forte do armador e do pivô não é o arremesso. Nem o de Ariza e Okafor. Difícil de imaginar como esse quarteto se encaixaria.

Mas mais difícil ainda é entender como Grunfeld conseguiu convencer Ted Leonsis a renovar seu contrato em abril deste ano. Coisa de louco. Ele certamente infringiu diversos códigos  do manual elaborado para os donos de franquias.

*  *  *

No início da década passada, Grunfeld teve o mérito de limpar a bagunça que Michael Jordan fez na direção do clube e construiu um time empolgante com Gilbert Arenas, Caron Butler e Antawn Jamison e alguns bons operários como DeShawn Stevenson, Brendan Haywood. Essa formação foi para os playoffs por quatro temporadas seguidas, de 2005 a 2008. Perdeu por três vezes na primeira rodada, ok. Mas era alguma coisa pelo menos.  Desde a pirada de Arenas e suas graves lesões, porém, a equipe foi ladeira abaixo, com 88 vitórias e atordoantes 224 derrotas. Sua melhor campanha, para se ter uma ideia, foi em 2009-2010, com 31,7% de aproveitamento.

*  *  *

Na derrota para o Charlotte Bobcats no sábado, em dupla prorrogação, o técnico Randy Wittman não hesitou ao extrapolar o limite de tempo de quadra rcomendável para Nenê, que está jogando no sacrifício, correndo o risco de sofrer alguma lesão de quadril, joelho, tornozelo e sei lá mais o quê, para compensar as dores no pé esquerdo. O plano era utilizá-lo por apenas 20 minutos. Acabou jogando dez. Lamentável.

Com base em muita determinação e inteligência, o pivô brasileiro causou impacto positivo na equipe. A despeito dos dois reveses que sofreu, as partidas foram decididas apenas no tempo extra. No calor do jogo, é óbvio que o atleta não vai se retirar de quadra, ainda mais com a situação sofrível por que passa sua equipe. Caberia ao técnico um pouco mais de bom senso e responsabilidade, pensando tanto em seu time como no jogador.


Problema físico de Nenê ainda inspira “muita cautela” em Washington
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Giancarlo Giampietro

Nenê, Washington Wizards

A fascite plantar é uma praga para qualquer basqueteiro. Uma dor bem chata na sola do pé, que teima em não ir embora. Foi o que atrapalhou Nenê no final de temporada da NBA – e primeiros jogos pelo Washington Wizards – e nas Olmpíadas. Requer repouso, exercícios específicos de fisioterapia, termo ou crioterapia, em alguns casos medicação contra inflamação ou até mesmo algo mais pesado.

Até se apresentar ao clube da capital norte-americana, o pivô terá ficado afastado das quadras por cerca de dois meses e meio, teoricamente. Pode ser o suficiente para ele chegar bem ao training camp do técnico Randy Wittman?

Talvez.

No fim, porém, o Wizars vai adotar toda precaução possível com o brasileiro. “Vamos ser muito, mas muito cautelosos”, afirma o gerente geral Ernie Grunfeld. “Ele não teve o tempo necessário para descansar neste verão por causa de seu compromisso com a seleção nacional. Vamos, então, bem devagar com ele para garantir que ele chegue 100% na hora em que o usarmos para valer.”

Para o sucesso do Wizards, sua saúde é imprescindível. Em 11 partidas com o brasileiro na temporada passada, o clube conseguiu sete vitórias (uma delas contra o Miami Heat, com uma cesta do pivô no último segundo, veja abaixo), com um saldo de 10,3 pontos, algo impensável para quem só havia apanhado até então. Foram cinco triunfos em sequência até o fim do campeonato. Suas médias foram de 14,5 pontos e 7,5 rebotes.

Nenê vai ser, então, poupado durante a fase de preparação do time e deve ficar fora de uma das duas sessões diárias. É mais um, então que, tal como Leandrinho, se submeteu a alguns sacrifícios pela seleção brasileira e agora tem de juntar os cacos para cumprir com seu trabalho.

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A cada ano é a mesma coisa em Washington. “Agora vai!”

Com o reforço de Nenê e a chegada dos veteranos Emeka Okafor – que vale, aliás, como uma espécie de seguro para qualquer lesão mais chata do brasileiro – e Trevor Ariza e do prestigiado calouro Bradley Beal – cotado como um ‘novo Ray Allen’ (ou Eric Gordon) –, Grunfeld acredita que seu time está preparado para deixar a rabeira da tabela no Leste e lutar pelos playoffs.

Seria importante para isso a filosofia da adição por subtração também com a saída dos cabeças-de-vento Andray Blatche e JaVale McGee e do desinteressado Rashard Lewis. “Mudamos o ambiente da equipe. Conseguimos fazer muitas alterações no nosso elenco, acho que a atitude do time mudou, e teremos um grupo mais dedicado, trabalhador, em que um vai estar disposto a se sacrificar pelo outro”, afirmou o dirigente.

Palpite: para o Wizards vingar de verdade, o talentoso John Wall deve jogar um pouco mais, Beal tem de justificar seu status de grande arremessador – coisa que não aconteceu em seu único ano pela universidade Florida –, e Nenê  precisa se manter em quadra, sem perder eficiência e ganhando em agressividade.

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Dois jovens europeus chamam muito a atenção no elenco do Washington: tcheco Jan Vesely e o francês Kevin Seraphin. Com a chegada de Ariza e Okafor, fica a dúvida sobre quanto tempo de quadra os dois terão para mostrar serviço. Mas são extremamente talentosos.

Seraphin é quem está mais avançado na sua curva de aprendizado, se transformando num cestinha respeitável no garrafão e de média distância e ótimo reboteiro. Ele subiu muito de produção com a chegada de Nenê e fez uma ótima Olimpíada, ainda que o técnico Vincent Collet insistisse com Ronny Turiaf. A Espanha que agradeceu nas quartas de final. Vesely é extremamente atlético, longo toda vida, mas ainda precisa se encontrar, ou ser encontrado. Por enquanto, nos Estados Unidos ele ainda é mais conhecido pelo beijo que ganhou de sua namorada no dia em que foi draftado, mas em quadra ele pode muito mais:


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