Vinte Um

Arquivo : Macaé

Após suversão no início, NBB abre quartas com favoritos claros
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Brasília de Giovannoni faz um segundo campeonato nos mata-matas

Brasília de Giovannoni faz um segundo campeonato nos mata-matas

As quartas de final do NBB começam hoje. Nas oitavas, para quem perdeu, tivemos pura subversão. Dos quatro times mais bem classificados para essa fase, apenas o Franca passou, e no quinto e último jogo contra o Palmeiras. De resto, a turma de baixo aprontou. Agora, esses azarões partem em direção aos grandes favoritos ao título, de fato. Times que sobraram na fase de classificação, mas que, claro, precisam tomar cuidado com adversários que chegam confiantes. Seria um segundo campeonato? Ou a consistência deles durante o ano pesa mais? Ainda pendo para a segunda alternativa, mas precisa jogar e confirmar em quadra.

Entre os times do topo está, claro, o Bauru, um degrau (ou mais) acima, tendo ainda alguns dias preciosos para descansar um elenco que conquistou até agora três taças em três competições disputadas. Os bauruenses, líderes da temporada regular, terão os francanos pela frente, num clássico do interior paulista. De resto, o Limeira, segundo colocado, encara o emergente Brasília; o Flamengo, em busca do tri, pega os velhos conhecidos de São José; e o Mogi das Cruzes recebe o Macaé, que tenta usar aquela frase que a gente quase não vê mais impressa por aí: “Oi, eu sou você amanhã”.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

É mata-mata que não acaba mais gente. Mas o punho vai resistindo bem por enquanto – sobre a cabeça, melhor nem perguntar, que já está fundida faz tempo. Agradeço a reza, o apoio e o voto de confiança. : D

E simbora:

Bauru (1º) x Franca (8º) – Bauru em 3
Se for perguntar por aí sobre um time que tenha dado mais trabalho para Bauru nesta temporada 2014-2015, os caras de Franca podem levantar a mão. Sim, quem se lembra da fervorosa semifinal do último Campeonato Paulista? O eventual campeão estadual precisou de todas as cinco partidas da série para avançar. Com direito a lamentável quebra-pau no Jogo 3.

Mas isso faz tempo. Era apenas o início da caminhada. Desde então, o time de Guerrinha perdeu somente três jogos. Incrível: uma para Limeira na decisão do Paulista e duas pela fase de classificação do NBB. No momento, contando a Liga das Américas, são 33 triunfos consecutivos. A única baixa realmente a ser lamentada foi a lesão do ala-pivô Jefferson William, fora com uma ruptura no tendão de Aquiles.

Hettsheimeir e o Bauru querem mais

Hettsheimeir e o Bauru querem mais

Além disso, se formos relembrar aquela semi, os jogos que o Franca venceu foram por dois e três pontos. Por outro lado, a equipe de Guerrinha conseguiu 23 pontos e 29 pontos de vantagem. Só o quinto e o derradeiro duelo, com muita tensão, foi parelho (75 a 69).

Enquanto Franca eliminava o Palmeiras, sendo o único time mais bem classificado a passar pelas oitavas de final, o Bauru descansou. Para muitos casos, essa parada poderia ser arriscada, custando ritmo de jogo etc. Para essa equipe especificamente, todavia, creio que foi algo muito bem-vindo, para dar um respiro antes de brigarem pelo quarto título em quatro competições, algo que seria histórico.

Por números, é como o Bauru se fosse o Golden State Warriors do NBB, mas com um nível de dominância ainda mais acentuado. Ataque mais eficiente, melhor defesa, melhor índice de arremessos, terceiro melhor nos rebotes, e por aí vamos. O único quesito no qual os francanos se aproximam de seu rival paulista é na defesa, com a terceira retaguarda mais eficiente (um padrão nos times de Lula Ferreira, aliás). Mas vai ser uma missão difícil.

Dos poucos jovens atletas do NBB que já tiveram chances com Rubén Magnano na seleção, a dupla Leo Meindl e Lucas Mariano tem a oportunidade de mostrar serviço contra adversários de ponta. Meindl, que não jogou o que podia contra o Palmeiras, vai provavelmente ser marcado por Alex e Gui Deodato. Uma dureza. Durante o campeonato, porém, o garoto se saiu bem contra a dupla, anotando 20,5 pontos em média. Já Lucão vai encarar Hettsheimeir e Murilo, vindo de uma de suas melhores atuações da temporada contra o Palmeiras, no quinto jogo. Foi instrumental no fechamento do confronto.

Limeira (2º) x Brasília (10º) – Limeira em 4
Não há o que aliviar aqui: tricampeão do NBB, Brasília foi a maior decepção desta edição. Imaginem assim: se fosse uma competição de pontos corridos, estaria fora da briga pelo título há meses. Se fosse um playoff composto da forma mais tradicional, com apenas os oito melhores classificados, também teria dado adeus mais cedo.

Mas os mata-matas do NBB abraçam mais gente – e tudo bem: é uma forma de manter mais clubes em atividade. Supostamente, isso serviria para ajudar os competidores de menor orçamento, dando mais chances. No fim, um gigante como Brasília acabou se beneficiando dessa brecha e já aproveitou para derrubar o Pinheiros. Contra o Limeira, porém, as coisas complicam. Especialmente para um time que teve a segunda pior defesa da temporada, acima apenas de Macaé, tentando parar o terceiro ataque mais qualificado, com boa movimentação de bola (um ataque solidário, com a maior taxa de assistências do campeonato).

Garoto Deryk é uma das opções aceleradas do Limeira

Garoto Deryk é uma das opções aceleradas do Limeira

Não é só a simples predisposição a passar a bola que torna a equipe dirigida por Dedé Barbosa perigosa. O principal fator, creio, é a velocidade de seus jogadores, em especial no perímetro, com a trinca Nezinho, Deryk e Ronald Ramon, servindo ao MVP do NBB 6 e candidato sério a manter o troféu, David Jackson. São armadores que se movimentam muito e botam pressão no adversário nos dois lados da quadra.

Essa agilidade também se reflete na linha de frente, com caras como Mineiro, Hayes e Teichmann, além de Fiorotto (até mesmo o jovem Dú Sommer segue esse perfil, mas sem tempo de quadra). É um plantel muito coeso nesse sentido. A diferença é que o garrafão candango não fica muito atrás, com um superatleta como Cipolini escoltando a técnica de Giovannoni – são dois dos dez jogadores mais eficientes do campeonato.

Será que eles vão contar com a ajuda de Ronald? O pivô de 23 anos foi um dos grandes responsáveis pelo triunfo contra o Pinheiros, enfim recebendo minutos consistentes (mais de 20 por jogo), respondendo com 11,5 pontos e 6,5 rebotes, acertando 69% de seus arremessos (18/26). A ver se a sua curva ascendente será respeitada.

Obviamente que Limeira vai respeitar seu adversário – aliás, estamos falando curiosamente dos únicos dois times a bater o líder Bauru na fase de classificação. Mas não tem motivos para temê-lo, levando em conta sua ampla superioridade durante toda a temporada, passando também por dois triunfos no confronto direto. Talvez o fato que gere mais preocupação mesmo é o fato de o clube nunca ter vencido uma série de playoff, nem mesmo quando tinha mando de quadra. Foram cinco confrontos, todos perdidos de virada, o que é ainda mais agonizante.

Flamengo (3º) x São José (11º) – Flamengo em 4
Com presença constante na fase decisiva, os dois clubes têm boas histórias para contar. Já são ao todo 27 jogos entre ambos no campeonato nacional, o que configura o duelo mais disputado até aqui. Em termos de playoffs, foram três séries, com os cariocas levando a melhor em duas delas, incluindo a última, pela semifinal do NBB 5 – numa revanche após a quarta edição.

É certo que uma sequência relevante de triunfos vai acabar este ano. O Fla nunca ficou fora das semis. Já o clube do Vale do Paraíba passou pelas quartas nas últimas três temporadas. Bom para dar uma apimentada. Se tiver de apostar, de qualquer forma, os rubro-negros aparecem como favorito indiscutível.

É uma situação interessante, aliás: se você fosse avaliar apenas de orelhada, talvez chutasse que o Fla tenha deixado a desejar, especialmente depois de perder uma semifinal de Liga das Américas, no Maracanãzinho. Mas isso tem muito mais a ver pelo patamar alcançado pelo clube nas últimas campanhas – essa coisa de ser o atual bicampeão nacional e de ter vencido a Copa Intercontinental e tal.

Na última rodada da 1ª fase, Fla de Herrmann venceu bem o Limeira

Na última rodada da 1ª fase, Fla de Herrmann venceu bem o Limeira

Há um desgaste mental quando se passa por tantas decisões. Não há como negar. Ainda assim, a equipe engatou uma boa sequência de nove vitórias para fechar a temporada regular e chegar mais animada para os playoffs. No meio do caminho, um triunfo de virada, por 16 pontos, sobre o Limeira. No geral, não havia muitos motivos para preocupação: tiveram o segundo melhor ataque e a quinta melhor defesa.

No papel, o elenco flamenguista também se impõe. José Neto tem uma linha de frente robusta, com tamanho, agilidade e talento distribuídos entre Marquinhos, Herrmann, Olivinha, Felício e Meyinsse. Do outro lado, o pivô Caio Torres que defendeu o Fla de 2011 a 2013, sendo campeão no NBB 5, fez um grande campeonato, com 14,6 pontos e 9,2 rebotes. Mas a rotação ao seu lado é minguada, com o regular Drudi, de chute de média distância sempre muito perigoso, e o jovem Renan.

Como fazer um jogo controlado se você tende a levar a pior na batalha interna? Por outro lado, querer correr com o próprio Marquinhos, além de Laprovíttola e Vitor Benite do outro lado realmente não parece uma boa opção, de toda forma. Andre Laws parece o único defensor capaz de persegui-los sem perder o fôlego ou a concentração. E aí? Como faz?

As oitavas de final contra o Paulistano – o outro finalista do ano passado – foram um bom treino para jogos mais truncados, com placares baixos, mesmo. Em quatro duelos, a equipe de Zanon foi a única passar da casa de 80 pontos, e apenas uma vez (no Jogo 3, com 85).

É uma tarefa difícil para o clube paulista, a despeito de seu poder de chegada e de, por ora, ignorarem problemas com atraso de pagamento. Além da força de sua torcida, vão precisar defender muito, do início ao fim, e esperar por uma regularidade maior nos arremessos de Baxter, Dedé e/ou Betinho. De preferência os três juntos.

 Mogi das Cruzes (4º) x Macaé (12º)
Agora cabeça-de-chave, o técnico Paco Garcia obviamente não vai subestimar seu adversário. Afinal, sabe muito bem como não importa a posição em que o adversário chegou aos mata-matas – no caso, o Macaé, que garantiu a 12ª e última vaga, justamente a mesma posição que o Mogi tinha no NBB 6, para bater Pinheiros e Limeira em sequência e disputar a semifinal.

De pedra, a equipe do técnico espanhol agora virou vidraça, sustentada por uma das torcidas mais barulhentas do país. Teve um investimento maior e elevou seu padrão de jogo de acordo com o esperado, vencendo 70% de suas partidas (foram 12 triunfos a mais que seu próximo rival) pelo certame nacional, chegando também uma final inédita de Liga Sul-Americana.

É a equipe favorita, mas que vai ter de estar atenta a um oponente que acabou de derrubar a quinta melhor campanha do campeonato, o Minas Tênis. Um resultado surpreendente, mas que já vale como um prêmio para um projeto interessante no litoral norte fluminense, que vai além das quadras e envolve realmente a comunidade.

Se for para falar das quatro linhas, no entanto, não há como fugir do americano Jamaal Smith, um baixinho de 1,75 m, que é uma verdadeira dor-de-cabeça para a oposição. Não só por sua conduta marrenta, mas pelo talento para colocar a bola na cesta. Nas oitavas de final, teve média de 22,7 pontos, acertando 10 de 16 arremessos de três pontos. Sua arma principal, contudo, é a capacidade para cavar faltas.

Jamaal Smith, quem vai parar? Gustavinho se candidata

Jamaal Smith, quem vai parar? Gustavinho se candidata

Encarando a segunda defesa mais eficiente da temporada regular, bateu 39 lances livres em quatro jogos – e, melhor, errou apenas um, garantindo médias de 9,75 arremessos por partida e aproveitamento de 97,5%. Sensacional. São números bastante inflados, claro, mas plausíveis de atingir em mais uma série, pensando no que ele fez durante todo o NBB 7 (6,5 e 88,2%, respectivamente). Foi o arremessador mais eficiente do campeonato.

Aí você faz como? Tem chute de fora e também joga com muita eficiência lá dentro. Não seria o caso de delegar toda a responsabilidade para Elinho ou Alexandre. A boa notícia, porém, é que Gustavinho retornou na última rodada da primeira fase e ainda teve duas semanas para aprimorar o condicionamento físico. Aqui, estamos falando de um armador igualmente baixo, mas bastante ágil, aguerrido e inteligente para desafiar o americano. De qualquer forma, não dá para depender de um só atleta. É preciso de uma preparação defensiva mais ativa, com cobertura.

Contra o jovem elenco do Minas, o Macaé tinha a experiência como vantagem. Agora esse fator desaparece em Mogi. Além disso, vão encarar um adversário mais equilibrado. Se o time de Paco tem uma defesa bem inferior a da montada por Demétrius, por outro lado possui um ataque definitivamente mais poderoso, com um jogo interno diversificado. Esse deve ser o foco, pedindo a Shamell, cestinha do campeonato e aquele que mais se ocupa das posses de bola de seu time, paciência e inteligência na hora de atacar.

As trombadas entre Paulão e Atílio podem causar abalos sísmicos, mas o problema maior do time fluminense vai ser lidar, mesmo, com a agilidade de Gerson e Tyrone. No seu plantel, não há tantos jogadores com pacote atlético (uma combinação de força física e agilidade) para conter essa dupla no mano a mano. Otis George seria uma exceção, mas, de novo, aqui é ação coletiva que poderá remediar as coisas.


NBB 7 termina 1ª fase com líderes mais poderosos e nota de corte menor
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

É, amigos, chegamos.

Chegamos à aquela fase do ano em que você fica maluco. Tem muita coisa acontecendo, é difícil dar conta. É mata-mata para tudo que é lado – algo que já vem, claro, das Loucuras de Março. NBA, NBB, Euroliga, Liga ACB, brasileiros se preparando para o Draft… Se o namorado ou a namorada forem novos, melhor avisar com cuidado. Se a relação é de longa data, bem, a fiel companhia, presume-se, sabe o que lhe espera. É um período de reclusão social, conversa com a TV, que provavelmente faz mal à saúde. Ao menos para o coração. No caso de jornalistas, a incidência de tendinite tem um aumento de 870%. Salve-se quem puder.

Então é hora de respirar fundo. Aqui, vamos nos concentrar um pouco no que se passa com o NBB.

O Bauru, de Hettsheimeir, terminou na ponta, com a melhor campanha da história do NBB

O Bauru, de Hettsheimeir, terminou na ponta, com a melhor campanha da história do NBB

A rapaziada ao menos tem, imagino, o resto do feriadão para descansar um pouquinho. Aí é usar a semana para treinar e estudar o adversário. Que, no fim de semana, começam os playoffs, com a interessante forma de dar uma folga prolongada aos quatro melhores da tabela, ao passo que mais times têm sua temporada estendida: os confrontos decisivos começam com cruzamento entre os times situados entre as 5ª e 12ª posições, pela ordem: Minas, Paulistano, Pinheiros, Franca, Palmeiras, Brasília, São José e Macaé. Bauru, Limeira, Flamengo e Mogi das Cruzes vão assistir a tudo.

Ao batermos o olho na classificação final, nota-se, primeiro de tudo, que a nota de corte caiu. O Macaé, com um projeto bonito, que vai muito além adulto, tem de comemorar muito a chance de participar da fase final do NBB pela primeira vez. Mas a verdade é que avançou um aproveitamento baixo, de 30%, com 21 derrotas em 30 jogos. Na edição passada, foram eliminados em 13º, mas 40,6%. Se tivesse mantido o ritmo, neste ano, teriam terminado acima do Brasília, em 10º.

Essa queda de rendimento acompanha os três clubes que estão acima da tabela, aqueles que, num formato mais tradicional, nem teriam jogado a fase decisiva. Os nomes mudaram, mas os 9º, 10º e 11º lugares passaram, respectivamente, de 46,9% para 43,3% e 40% no caso dos últimos dois. Juntos, esses caras haviam conseguido 45 triunfos na sexta edição do campeonato nacional. Dessa vez, ficaram em 37. E, ok: sabe-se que a temporada 2013-2014 teve um clube a mais – por tanto, um adversário a mais para ser batido. Se formos descontar, então, eventualmente, uma derrota de cada um desses três classificados, ainda seriam 42.

Para onde foram essas vitórias? Naturalmente, lá para o topo da tabela. Os ponteiros ficaram mais fortes, capitaneados pela campanha incrível do Bauru, a melhor da história do NBB, com 28 vitórias e 2 derrotas (93,3%). Aliás, aqui também cabe um asterisco: uma dessas derrotas aconteceu na rodada de estreia, para o Brasília, aconteceu com o elenco de ressaca pela conquista da Liga Sul-Americana. Não obstante, o time de Guerrinha ainda estabeleceu um recorde de 25 vitórias seguidas pela competição. Contando a conquista da Liga das Américas, são, na real, 33 jogos de invencibilidade.

O Flamengo viu a concorrência no topo aumentar. Limeira termina em 2º. Crédito: Gilvan de Souza

O Flamengo viu a concorrência no topo aumentar. Limeira termina em 2º. Crédito: Gilvan de Souza

Mas não foram apenas os bauruenses a elevar o patamar. O Limeira, segundo colocado e a segunda equipe a ter batido os líderes, encerrou sua primeira fase com 83,3%, acima dos 71,9% do Paulistano do ano passado. O terceiro lugar subiu de 65,6% do Brasília para 76,7%, do Flamengo, enquanto o quarto foi também dos 65,6% do Limeira para 70% do Mogi. O que isso dá a entender? Que as equipes que passarem pelas oitavas de final vão ter vida muito complicada na fase seguinte.

Esta é uma boa hora, aliás, para  registrar aqueles que mais cresceram de uma temporada para a outra. Reforçado, com excelente química em quadra, o Bauru elevou em 37% seu aproveitamento (para constar: estou comparando aqui diretamente o número final das campanhas, subtraindo 56,3% de 93,3%. Também com um orçamento muito mais robusto, Mogi deu um salto significativo, de 26,2%. O time de Paco García até foi um dos semifinalistas do ano passado, mas lembrem-se que isso aconteceu de modo surpreendente, derrubando favoritos nos mata-matas, para o qual havia se classificado na última posição. Já o Minas retorna aos playoffs com um ganho de 25,4%.

E quais foram os clubes que caíram? O Brasília, tricampeão, despencou 25,6%. O São José, semifinalista do NBB 6, perdeu 19,4%. O Paulistano, 15,2%. Ainda assim, avançaram. O Basquete Cearense, porém, com menos verba, perdeu 20,2 pontos percentuais e flertou com o rebaixamento – o que seria um duro golpe para o campeonato, levando em consideração seu posicionamento estratégico no Nordeste.

O Brasília de Giovannoni se viu numa incômoda posição. Crédito: Brito Júnior

O Brasília de Giovannoni se viu numa incômoda posição. Crédito: Brito Júnior

Em termos de localização geográfica, a galera de São Paulo prevaleceu, assegurando seis dos primeiros oito lugares, com Flamengo e Minas sendo os penetras, e três dos quatro primeiros. Por outro lado, viu a Liga Sorocabana rebaixada. É bom lembrar que nunca um clube paulista foi campeão nacional na fase do NBB, tendo amargado três vices com Franca, São José e Paulistano, respectivamente, em 2011, 2012 e 2014. Nas versões anteriores do campeonato nacional, o estado havia conseguido mais que o dobro de todos os seus concorrentes juntos, com 33 x 15. O último título foi o de Ribeirão Preto, em 2003. Agora vai?

O Bauru é claramente o favorito agora e tem grandes chances de acabar com esse jejum, ainda mais com a final sendo disputada em uma série melhor-de-cinco, em vez de um jogo único. Mas vocês sabem, né? O jogo é jogado, como já disseram os outros. Até lá, tem muita coisa pela frente. Em breve voltamos com uma passarada sobre as primeiras séries.

Isso se a Senhora 21 e a tendinite permitirem.


Márcio Dornelles: longevidade e consistência em meio a tantas mudanças
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Num extremo, temos os caçulas do NBB, muito pouco aproveitados por suas equipes. Fazendo as contas aqui, chegamos a um número preocupante: apenas 11 jogadores sub-22 que recebam um mínimo de dez minutos por partida na temporada.

Desse dado ínfimo, a lógica nos empurraria para uma conclusão de que o campeonato nacional é dominado por veteranos, e é verdade. Mas existem jogadores experientes e existem aqueles que estão beirando os 40 anos, este um grupo ainda mais raro, que só inclui três personagens.

O Flamengo escala há tempos Marcelinho Machado, que vai inaugurar o clube dos quarentões do NBB 7 no dia 12 de abril – já pode ir comprando as velinhas. Precisamente um mês mais tarde será a vez de Helinho adquirir a carteirinha, no melhor lugar possível para a família: Franca. O terceiro integrante vai demorar um pouco mais, ganhando alguns dias para tirar um sarro de seus companheiros de, digamos, senado: Márcio Dornelles, que vai celebrar apenas no dia 29 de dezembro, quase na virada.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Que Márcio tenha de esperar um pouco para celebrar não deixa de ser consistente com sua trajetória. Temos aqui um caso bastante peculiar: um jogador de capacidade atlética acima da média no auge, um cestinha muito regular – em que pese uma ou outra lesão e até mesmo a própria inconsistência do basquete nacional, que ele testemunhou de perto –, mas que talvez nunca tenha ganhado a atenção merecida.

marcio-dornelles-nbb-numerosEm termos de seleção brasileira, mesmo, ele não passou dos 20 jogos. Fico escondido ou esquecido numa troca de gerações no perímetro. Viu as convocações de Vanderlei, Rogério, Caio, seu próprio xará Márcio de Azevedo, até que seu contemporâneo Marcelinho assumiu a chave do carro para, depois ser acompanhado pela turma de Ribeirão Preto, o amadurecimento de Marquinhos, chegando a um estágio atual de escassez.

Mas isso não fez o gaúcho de Porto Alegre desanimar. É como se nada estivesse acontecendo. Disputando seu sétimo NBB, o ala começou a temporada 2014-2015 devagar, é verdade, mas vem pontuando bastante nas últimas rodadas, ajudando a colocar o clube fluminense na zona de classificação para os mata-matas.

Em um momento de ascensão, Macaé está na 11ª colocação, depois de vencer o Uberlândia num confronto direto nesta terça-feira, com 18 pontos de Márcio. Foi a terceira vitória nas últimas cinco rodadas para um time que, inclusive, já bateu os dois finalistas do ano passado, Flamengo e Paulistano. Nessa sequência, o veterano teve papel fundamental, com médias de 14,8 pontos e 3,8 rebotes e o aproveitamento de 42,8% nos arremessos de três pontos e 56,6% nos arremessos.

 homenagem-marcio-dornelles-nbb-lnb-basquete-veterano

Esse é o Marcio curtindo sua longevidade, numa competição que pode ter seus problemas estruturais ainda, mas que oferece um cenário muito mais estável do que os tempos pré-LNB, há nove anos, quando o campeonato nacional foi parar na Justiça e a aliança entre os clubes se fraturava. Foi um papo bacana com ele, antes dessa sequência de vitórias do Macaé, o terceiro clube de sua carreira de NBB e o 13º da carreira, cujo elenco tem na rotação o armador Pedrinho, 20 anos mais jovem e um dos poucos adolescentes que encontra espaço na competição. Confira:

21: Quando você estava saindo do juvenil para o profissional, na primeira metade da década de 90, imaginava que estaria jogando hoje, na temporada 2014-2015?
Márcio Dornelles:
Não imaginava, não. Conforme tu vai jogando, vai aprendendo a se cuidar. Acho que isso fica mais forte depois que constrói uma família também. As coisas mudam. A longevidade vem disso, de aprender a se cuidar, de estar bem disposto para treinar.

O Helinho já anunciou que este vai ser seu último NBB. Para você, pelo visto, parar de jogar não é algo que nem passa por sua cabeça, não?
Acho que a gente tem muita coisa que oferecer ainda. Eu ainda não penso em parar de jogar, não. Fisicamente me sinto muito bem, mesmo. Pode perguntar para qualquer um dos atletas mais novos, e vão falar isso. Esse negócio de parar só vai acontecer quando perceber que estou correndo com os moleques e que estão me deixando para trás. Mas hoje corro do mesmo jeito, do lado deles, o que mostra que ainda tenho bastante tempo para jogar.

marcio-dornelles-macae-2015-basquete-veterano-nbb

Para chegar aqui, você viu muita coisa acontecer no basquete brasileiro. Houve um período bastante conturbado de 2006 para 2007, no qual vimos um racha na modalidade, campeonatos paralelos, inclusive uma competição só entre paulistas, a qual você jogou por Franca. Naqueles tempos, temia que não haveria volta?
Fiquei um ano sem jogar o campeonato nacional, quando estava em Franca e jogamos a Supercopa. Depois de jogar esse torneio, que foi mesmo um Paulista estendido, tínhamos esperança ainda de que poderia mudar, mas, ao mesmo tempo, era difícil acreditar. Falávamos muito com o Hélio (Rubens), que deixava a gente a par das discussões. Os dirigentes de hoje, porém, merecem os cumprimentos e estão fazendo a diferença, botando nosso basquete para cima.

Se for para pegar o basquete no qual você começou e o que viu agora, quais seriam as diferenças mais marcantes?
Está muito melhor, muito mais organizado. A liga deu outra cara para o nosso basquete, com mais organização. Ela cobra os clubes em questão de atraso salarial, de quadra, de estrutura. É um envolvimento maior dos dirigentes da liga pelos atletas. Por exemplo, o fato de soltar tabela antes, de estar fixo na grade da TV, de estar passando na internet também. Ajuda nos planos de todos. Parece pouco, mas faz muita diferença. Antes a gente não sabia nem mesmo quando teríamos jogo. Foi uma grande mudança. Da nossa parte, surgiu a associação de atletas. Mas, sim, tem muito o que crescer ainda.

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Sobre o Macaé especificamente, como está a estrutura do clube, depois de alguns problemas na temporada passada?
Macaé tem melhorado muito. No ano passado, quando chegamos, a estrutura não era a ideal, e isso englobava tudo: fisioterapia, quadra, vestiário etc. Tudo. Para este ano, o clube deu uma guinada, melhorou na parte administrativa, de jogadores e estrutural. Isso também se deve pelo que os atletas necessitam. A gente vai aos poucos falando do que precisamos, e eles vão tentando fazer. Claro que as melhoras são aos poucos. Tem coisa que não sai de imediato, como a reforma do vestiário no ano passado. A tendência é só melhorar, pelo esforço tremendo que estão fazendo para que tenhamos tudo do bom e do melhor. Isso vale para os outros times. A liga está exigindo isso, para que cada vez mais tenhamos condições melhores.

Quando você fala na liga, é mais sobre uma pressão de bastidores ou o simples fato de que a competição em quadra exige o máximo de organização de seus clubes?
Quem não faz, fica para trás. Muito para trás. Tem de fazer. O Brasil está entrando na vitrine do basquete mundial, recebendo jogos da NBA, fechando uma parceria importante, mas temos de melhorar nosso nívelem geral. Seja com a molecada jogando uma LDB, seja reformando ginásios e mudando a estrutura para os adultos. A gente precisa tentar crescer o máximo, aproveitar este momento nosso, que é muito bom.

Como você vê essa parceria entre a LNB e a NBA, aliás? Qual a perspectiva para os jogadores?
Isso é maravilhoso. Essa parceria pode dar muitos frutos para nós. Não para mim, para mim, para o Marcelinho, o Helinho e os mais velhos da liga, mas para a molecada que está vindo agora. Fiquei muito contente pela nossa geração futura. A gente tem muito talento aqui no Brasil.

Quais as metas factíveis para o Macaé neste campeonato? Vemos um campeonato muito equilibrado:
A gente vai tentar o que não conseguimos no ano passado, que é ir para o playoff. Ficamos a uma vitória só, então montamos um time pensando nisso. Primeiramente entrar no playoff, e depois tentar dar sequência. Acho que a gente tem um time com mescla legal, de gente nova com peças importantes e americanos que reforçaram. A tendência é que consigamos a vaga para o playoff, mesmo, e, se tudo der certo, podemos passar pelo primeiro duelo. Você olha a tabela, porém, e não vê descanso. Os times vieram mais fortes. Tenho certeza de que os times olham para Macaé no calendário e pensam isso, que não vai ter jogo fácil, independentemente da colocação da temporada passada. Tem de estar concentrado e jogando no limite.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>