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Arquivo : Londres-2012

Nigéria fecha semana histórica com a vaga olímpica
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Giancarlo Giampietro

Nigéria se classifica para as Olimpíadas de Londres-2012

É uma baita surpresa, mas não tratem como aberração a classificação da Nigéria para as Olimpíadas de Londres-2012, fechando os 12 times do torneio ao conquistar a vaga derradeira com uma vitória sobre a República Dominicana, neste domingo, em Caracas.

Foi um confronto extremamente físico, voltado para o garrafão, com atletas fora de série de ambos os lados. Não faltaram lapsos mentais também, mas em geral foi uma batalha agradável de se assistir – nada como ver de fora uma situação dramática dessas com duas equipes que se dedicaram bastante pela classificação.

Contra os nigerianos, os dominicanos encontraram um time que tinha uma resposta atlética com a qual não estão habituados. Al Horford e Jack Martínez não puderam simplesmente dominar as tábuas e a zona pintada. Porque Alade e Al-Farouq Aminu, Ike Diogu e o veterano Olumide Oyedeji, um dos líderes do grupo, não iam deixar. E falta ao time caribenho alguém para facilitar a vida de seus armadores vindo de fora – seus armadores Coronado e Fortuna (que nome para dupla sertaneja, hein?) foram muito destrambelhados durante todo o torneio e Francisco Garcia dificilmente passa a bola.

Do outro lado, os nigerianos apostam muito em investidas oficiais, mas seus ataques são centrados no garrafão e, lá dentro, eles são solidários. Brigam feito loucos pelo rebote ofensivo, fazem sólidos corta-luzes não hesitam em fazer o último passe no caso de um defensor estiver bem posicionado.

Tecnicamente, a Nigéria reuniu um elenco muito talentoso.

Ike Diogu pareceu um anônimo durante as transmissões da semana, mas se trata de um jogador que já ganhou mais de US$ 10 milhões em salários em sua carreira na NBA, pela qual foi ignorado na última campanha, de modo surpreendente. Fez apenas dois jogos pelo San Antonio Spurs, e só. Mas ele foi draftado na nona colocação em 2005 pelo Warriors, lidou com alguns problemas físicos no início, mas sempre foi um atleta eficiente nos minutos que recebeu, virando um dos queridinhos dos estatísticos. Não é uma estrela, mas é um pivô extremamente competente ofensivamente e cuja combinação de habilidades se traduz muito bem para o mundo Fiba (vide os dois arremessos de três pontos que converteu no quarto período neste domingo, ajudando seu time a se desvencilhar de uma reação dominicana). Ainda mais com o corpo fino do jeito que está.

Oyedeji foi draftado em 2000 pelo finado Seattle Superonics, no posto 42, e ficou por três temporadas na liga, sendo que já atuava em clubes de primeira divisão na Europa. Ele não balançou o coração de ninguém nos Estados Unidos, mas cumpriu uma carreira de nômade por todo o globo depois, adquirindo muita bagagem. Na hora do vamos ver, no quarto período, com Alade Aminu excluído por faltas, foi chamado para defender Martínez e deu conta do recado.

Esses são apenas dois exemplos, e nem precisamos nos estender muito sobre Al-Farouq Aminu, que ainda tem status de promessa na NBA e provou durante o torneio que os scouts estão certos – executou uma imitação perfeita de Kirilenko na disputa pela vaga, com 14 pontos e cinco tocos. Mas há muito mais histórias para serem contadas pelo restante do elenco.

São raros os momentos em que o blogueiro acerta alguma coisa, então lembramos aqui uma nota produzida, ainda na encarnação passada, para chamar a atenção sobre o grupo que a equipe africana estava reunindo, ainda que dois atletas de rebarba da NBA esperados não tenham jogado (seja por problemas na apresentação ou, a julgar pelo que vimos nas últimas duas semanas, talvez não tenham passado pelo corte final, oras).

Esta é a segunda vez que a Nigéria disputará as Olimpíadas, tendo terminado com a 11ª colocação em Atenas-2004 entre as mulheres. Valeu a bela festa que seus jogadores fizeram, comemorando com seus compatriotas em plena Caracas nas arquibancadas, para depois dançarem em quadra e se abraçarem feito garotos do basquete universitários – afinal, essa foi uma experiência marcante na formação de boa parte desse grupo também, de sua cultura basquetebolística. Antes da comemoração, a cena emblemática para isso aconteceu quando seus sete reservas se enganchavam pelos braços, sentados no banco, esperando o estouro do cronômetro, assim como haviam feito na grande vitória sobre a Grécia nas quartas de final.

Não que se agrupem em um timaço. Basta apenas não menosprezá-los.


Pé de Nenê: para monitorar
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Giancarlo Giampietro

Nenê em acão pela seleção em São Carlos

Nenê vem sendo poupado desde a vitória sobre a São Carlos

Desperta preocupação que o pivô Nenê não tenha participado dos dois amistosos da seleção em Buenos Aires. Segundo a assessoria da CBB, o paulista de São Carlos está sendo poupado por dores no pé e não há uma estimativa de quanto tempo ele pode ficar afastado, assim como Marquinhos, com lesão no abdômen: “Não estão fora por X dias e são reavaliados antes de cada atividade”.

O que quer  dizer que eles podem voltar a jogar agora mesmo em Foz de Iguaçu ou de repente serem resguardados para a gira de amistosos no exterior. O grandalhão ao menos está treinando.

Durante a prensada temporada pós-locaute da NBA, lembremos que Nenê fez apenas 39 partidas de 66 possíveis (59% do total). Pelo Wizards, após ser trocado, ele perdeu 11 jogos devido a uma fascite plantar, registre-se. Algo bem chato de administrar, mesmo.

Foi uma queda significativa para o brasileiro, que havia desfrutado de três temporadas bastante saudáveis pelo Nuggets anteriormente, tendo disputado 93% dos jogos em 2008-09, 100% em 2009-10 e 91% em 2010-11.

Vamos monitorar. Augusto segue com o grupo.

E o fato é que até agora, dos cinco amistosos que disputou, a seleção não esteve completa, compleeeeeta nenhuma vez.


A argentina de Scola (e Ginóbili)
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Giancarlo Giampietro

Manu Ginóbili, Argentina

Ele não chegou a ficar tão distante assim de sua seleção como Nenê, mas foi um bom período também.  Quando retornou no ano passado na Copa América de Mar del Plata, houve um certo estranhamento.

Mas calma. Não é questão de ser alarmista ou querer instaurar uma crise nos nossos vizinhos. Mais que natural.

Por melhor entrosamento que desfrute com seus companheiros de geração, a distância de muitos anos lhe apresentou uma seleção um pouco diferente do que estava habituado a acompanhar. Uma seleção que jogava muito mais em função de Luis Scola do que no passado. (Embora não dê para também o fato de ter se lesionado no final da temporada da NBA, com um braço quebrado).

Ginóbili terminou o Pré-Olímpico com 15,8 pontos, 4,0 assistências e 3,0 rebotes. Scola fechou com 21,4 pontos, 6,3 rebotes e 1,7 assistência. De modo algum são números fracos, baixos. Mas o que contava mais era a química que víamos em quadra, ainda mais nos confrontos decisivos.

Era um ala mais hesitante, apostando muito mais no seu tiro de três pontos do que nas infiltrações. Nos dois confrontos com o Brasil – uma derrota histórica e a vitória na final –, somou apenas 22 pontos, quatro assistências e oito desperdícios de posse de bola, com péssimo 7 arremessos certos em 21 tentativas de quadra.

Bem, na decisão do Super 4 desta sexta-feira, era outro Ginóbili, né? Foram 33 pontos de uma só tacada (43,4% dos pontos da equipe), com apenas quatro chutes de longa distância e um convertido. Procurou atacar, pressionar a defesa brasileira em seu interior, o que faz com destreza, mobilidade e inteligência únicas. Dessa vez, também, ele e Scola trabalharam bem em diversas combinações de dupla, e não houve quem o parasse.

Em suma, foi uma atuação de gala perante sua torcida, que sempre tem a sensação de que possa estar assistindo ao craque pela última vez na vida: não está claro até quando eles vão jogar e cada partida da geração dourada em solo argentino pode ser a de despedida.

Se for para Manu jogar desse jeito, que se despeça logo. 🙂

* * *

Foi um jogo absolutamente equilibrado, mas os argentinos levaram a melhor na maioria dos quesitos:

– Aproveitamento de quadra: 46% Argentina, 43% Brasil, que arremessou apenas quatro vezes a mais.

– Três pontos: 25% Argentina, 26% Brasil, que tentou, no entanto, sete chutes a mais (6/23 é péssimo, pior que 4/16).

– Rebotes: Argentina 36, Brasil 34.

– Assistências: Argentina 11, Brasil 9.

– Bolas perdidas: 9 a 9.

– Pontos no garrafão: Argentina 36,  Brasil 30.

Mas a maior vantagem, mesmo, para os donos da casa foi no número de faltas: 31 foram marcadas para os brasileiros, 18 para os argentinos, que bateram, desta forma, dez lances livres a mais (32 a 22).

Sim, a arbitragem fez alguma diferença além de Ginóbili. Mas a seleção podia também ter maneirado ou caprichado mais nos tiros de três pontos que tanto desagradam a Magnano.

* * *

Amistoso, ok, a derrota não é para ser levada tão a sério como resultado, mas não deu para não notar Magnano virando as costas para o compatriota Lamas ao final da partida, assim como o Alex se recusando a se levantar para cmprimentar Ginóbili. Ficaram pês da vida com a arbitragem.

* * *

Permitir a Juan Gutiérrez 20 pontos e 8 rebotes, com sete acertos em oito arremessos definitivamente não estava nos planos.

PS: veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.


Tony Parker vai de óculos para Londres
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, de óculos, França

Depois sofrer uma garrafada no barraco entre dois astros do hip-hop norte-americano, “quase perder o olho” e passar por uma cirurgia, Tony Parker está liberado para competir em Londres-2012 pela França, devidamente proibido. Dois médicos enviados pelo Spurs atestaram que não há risco para o armador acelerar nos Jogos Olímpicos. Um consolo para os Bleus, que não vão poder contar com Joakim Noah por lá. Após o susto, vale careta e tudo.

PS: Confira o que o blogueiro já publicou sobre Tony Parker em sua encarnação passada.


Brasil x Argentina e questão de estratégia
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Giancarlo Giampietro

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Ótimo que a seleção brasileira já tenha a chance de enfrentar a Argentina nesta sexta-feira. A final do Super 4 em Buenos Aires apresenta dois times candidatos a pódio nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Em confrontos desse tipo, há todo o tipo de estrateégia envolvidos, e não só apenas em termos de pranchetas riscadas.

Dá confiança vencer um adversário direto – e se for contra um arquirrival histórico, tanto melhor. Não só interna, para o grupo, como repercute também internacionalmente. Vai tomar nota, por exemplo, o Sergio Scariolo, técnico da Espanha, ainda mais tendo gente  da FEB presentes na capital portenha para ver tudo de pertinho. Pode funcionar como uma espécie de recado: ei, galera, estamos aí, com tudo e sério.

Agora, até que ponto vale brigar por uma vitória dessas? O quanto das suas cartas você mostra e o quanto guarda na manga?

Claro que não há muitos segredos, em termos técnicos, entre brasileiros e argentinos. Quantas vezes Alex marcou Ginóbili em sua vida? Quantas vezes Scola teve de trombar com Splitter ou Varejão? E o Leo Gutiérrez já soltou quantas bombas de três na nossa cabeça? E o Prigioni já ficou comendo poeira atrás do Huertas também.

No aspecto tático, porém, ambos os lados esperam, torcem para que haja alguma novidade, a despeito da adesão de ambos ao sistema único, que o professor Paulo Murilo dscute sempre tão bem.  E quantos desses truques podem ser mostrados agora, de forma tão precoce assim, tendo em vista o grande jogo de verdade, daqui a algumas semanas, em Londres? Duvido que Magnano ou Llamas o façam. Ainda mais no caso do brasileiro – 😉 –, que enfim conta com sua equipe completa.

Outro detalhe é que os argentinos começaram sua preparação cerca de duas semanas depois. Para um time que já é (bem) menos atlético que o brasileiro, isso pode fazer bastante diferença.


Amistosos para definir reservas de Huertas
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Giancarlo Giampietro

Bom, a Seleção foi para a quadra, em São Carlos, nesta semana, para fazer suas primeiras partidas preparatórias rumo a Londres-2012, depois do início dos treinos no dia 10 de junho. Se hoje estamos no dia 27, quer dizer que foram pouco mais de duas semanas de preparação com os rapazes em São Paulo – tirando Splitter e Huertas que chegaram um pouco depois e os três promovidos do Sul-Americano.

Não dava para esperar, por isso, uma equipe nacional tinindo. Magnano costuma “acabar” com os atletas em seu início de treino, a formação de uma rotação – se é que vai se apegar a isso – deve estar distante em sua camisa, e o time, a despeito de uma certa base que se repete há tempos, não jogava junto desde Mar del Plata.

De todo modo, se a bola subiu, já vale tomar nota.

Naturalmente, estava todo mundo pensando em Leandrinho e Nenê, no retorno dos dois ao time, se adequando a um grupo fortalecido pela conquista da vaga olímpica. Depois tiveram de esquecer o ala-armador, que está sem seguro e não joga em São Carlos. Oooops.

Prefiro, neste primeiro momento, voltar as atenções para estes sujeitos aqui:

Armadores da Seleção duelam

Marcelinho enfrenta marcação de Nezinho

Larry marca Huertas em treino

Marcelinho enfrenta marcação de Larry(nho)

Raulzinho enfrenta marcação de Nezinho

Raulzinho enfrenta marcação de Nezinho

Nezinho enfrenta marcação de Raulzinho

Nezinho enfrenta marcação de Raulzinho

Isso, os armadores.

Pode haver alguma dúvida entre Caio Torres e Augusto Lima, dependendo do que Magnano projete para o jogo olímpico – batalhas físicas, lentas no garrafão, ou um jogo mais atlético, veloz, mas que não perde em intensidade

Huertas pode não ter participado do massacre que foi a temporada loucauteada da NBA, mas avançou longe com o Barcelona na Espanha e foi o último a se apresentar. Desde que esteja bem fisicamente, ninguém vai se preocupar com isso – esse é garantido.

Agora, se recuperarmos o que se passou em solo argentino no ano passado, nosso titular por muitas vezes jogou a partida inteira sem descanso, porque Magnano parecia não confiar em quem tinha no banco. Não dá para evitar, então, dessa vez, observar atentamente Larry, Raulzinho e, sim, Nezinho.

Quem vai entrar em quadra primeiro? Cada um num jogo? Quantos minutos vai ficar? Qual o seu sucesso em organizar o time ofensivamente, reduzir os erros e pressionar o armador adversário? Atenção nesses e outros detalhes.

Pode ser cedo, bem cedo para avaliar o conjunto todo.

Mas, no caso da armação e da definição dos 12 olímpicos, o processo já está bem adiantado, na verdade. Magnano vai definir seu grupo após os amistosos em Foz do Iguaçu. Serão nove jogos até lá. Para os armadores brasileiros, vai passar voando.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.