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Arquivo : Kyle Hines

Euroligado: um quarto inesquecível para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Dentre todos os brasileiros que estão em atividade no exterior, o pivô Augusto Lima é aquele que vive a melhor temporada, no geral. Já contamos essa história. Mas aquele que vive a melhor fase é Marcelinho Huertas, conforme notado há algumas semanas também. Nesse excelente momento individual por que passa o armador,  os dez minutos mais vultuosos aconteceram nesta sexta-feira, no terceiro período da vitória providencial do Barcelona sobre o Panathinaikos, por 80 a 76. Foram, talvez, sem exagero, os dez melhores minutos de sua carreira – algo que só ele pode confirmar, claro.

Anotem essa: no confronto transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o paulistano matou seis bolas de longa distância depois do intervalo, sendo cinco delas de modo consecutivo. A sequência só foi interrompida por um pedido de tempo de Dusko Ivanovic, técnico do time grego e seu comandante por duas temporadas no Baskonia (hoje Laboral Kutxa). O sérvio pode ter tentado “marcar” o ex-pupilo, uma vez que sua defesa não conseguia pará-lo de modo algum, mas não deu certo.

Os dois primeiros arremessos caíram para dar ao Barça a liderança no início do terceiro quarto (45 a 40), depois de fal-e-cesta em cima de Esteban Batista. O americano DeMarcus Nelson converteu uma bandeja em infiltração para descontar. O ataque do Barça teve, então, bela movimentação de bola – destaque aqui para o pivô Ante Tomic, excelente passador a partir de marcações duplas – para encontrar o brasileiro novamente no perímetro. Livre, deu cesta. Na posse de bola seguinte, para desespero de Ivanovic, lá estava Huertas novamente sozinho para encaçapar a quarta, abrindo vantagem de nove pontos. Aí veio o pedido de tempo. O ala Vlantimir Giankovitz acertou um gancho. No ataque seguinte… Nova bomba de três para Huertas,  a quinta em menos de três minutos. Ao final da parcial, no último ataque catalão, ele contou com um pouco de sorte num chute de muito longe, a partir do drible, para fazer a sexta cesta de longe. Saíram, deste modo, 18 de seus 22 pontos.

(O Panathinaikos ainda apertou o jogo e vendeu cara a derrota, ficando a um ponto do empate no finalzinho, mas o time da casa sobreviveu, para somar sua primeira vitória na fase de Top 16.)

Na temporada, Huertas estava com um aproveitamento de 45,1% nos arremessos de fora. Já era o melhor rendimento de sua carreira na Euroliga, superando os 44,2% de 2010-11, pelo Baskonia, justamente sob a orientação de Ivanovic – e bem mais produtivo que os 33,8% do campeonato passado ou que os 35,6% da carreira, por exemplo. Depois da formidável jornada, no entanto, elevou este número para 51,3%. Nos últimos cinco jogos, são 66,6% (12/18).

Quando o armador está com uma pontaria dessas, seu jogo simplesmente vira um pesadelo para a concorrência, já que eles não podem se descuidar de suas infiltrações. Não apenas por sua capacidade para matar aqueles chutes lindos em flutuação, como também pela destreza nos passes, para deixar Tomic e os pivôs do Barça em ótima posição para finalização, ou para encontrar arremessadores como Navarro e Oleson abertos na zona morta. Rubén Magnano deve estar empolgado.

PS: neste domingo, numa partida que a Liga ACB já define como “apoteótica”, o Barça derrotou o Unicaja Málaga por 114 a 110, com mais 19 pontos e 8 assistências de Huertas, em 27 minutos. O jogo foi definido na prorrogação apenas, na Catalunha.)

O jogo da rodada: Anadolu Efes 74 x 70 Unicaja Málaga
Foi daquelas vitórias que deixa o time vencedor em êxtase, ao passo que os perdedores entram em luta contra a depressão. Vindo de uma sequência de cinco reveses pela competição – embora lidere a Liga ACB de forma surpreendente –, a equipe malagueña, com sua proposta de jogo acelerado, venceu o primeiro tempo em Istambul por 15 pontos de vantagem (49 a 34). Mas marcou apenas 21 pontos depois do intervalo, com um desempenho ofensivo tenebroso.

A diferença foi construída com base em bom desempenho dos pivôs Will Thomas e Vladimir Golubovic na linha de frente, assessorados pelo armador Jayson Granger, todos reservas na rotação volumosa de Joan Plaza. No terceiro período, contudo, não houve quem conseguisse superar uma defesa muito bem armada por Dusan Ivkovic, que forçou uma série de chutes desequilibrados de seus oponentes, levando apenas oito pontos em dez minutos. Com múltiplas conversões de três do outro lado, a jovem equipe turca empatou o placar em 57 a 57.

Por mais substituições que fizesse, Plaza não conseguiu encontrar uma resposta, e o Anadolu chegou a abrir 67 a 59 no placar, numa parcial impressionante de 33 a 10 desde o final do primeiro tempo. Foi só com o veterano islandês Jon Stefansson, após um pedido de tempo, que o treinador espanhol ganhou algum suporte em quadra, voltando a equilibrar as coisas para os dois minutos finais, ficando três pontos atrás (69 a 66). O armador naturalizado croata Dontaye Draper, no entanto, foi decisivo nas últimas posses de bola com uma bandeja e um chute de fora para definir o primeiro triunfo do time de Dusan Ivkovic (aquele que não gosta de americanos meia-boca, diga-se) no Top 16.

Dario Saric não teve dos jogos mais empolgados no ataque (5 pontos e 2 assistências em 29 minutos, com 2/4 nos arremessos), mas o jovem ala Cedi Osman voltou a produzir bem, com 12 pontos em 16min54s, matando 5/10.

O que os cartolas pensam
Na segunda parte de sua enquete com os gerentes gerais dos times que disputam o Top 16, a Euroliga se concentrou nos jogadores – algo sempre mais interessante (neste link e neste também). Vamos a alguns dados:

euroleague-survey-mvp-2015-teodosic

– Marcelinho Huertas foi apontado como o quarto melhor armador do campeonato, com 8,3% dos votos, atrás de Milos Teodosic (CSKA, 41,6%), Sérgio Rodríguez (Real Madrid, 25%) e Vassilis Spanoulis (Olympiakos, 16,6%). Páreo duro, mesmo. Na hora de responder sobre quem seria o melhor passador, Huertas voltou a aparecer em quarto, ao lado do francês Thomas Heurtel, do Anadolu, com o mesmo percentual, atrás de Rodríguez (29,1%), Teodosic (25%) e Dimitris Diamantidis (Panathinaikos, 20,3%).

– Teodosic recebeu 33,3% dos votos na hora de palpitar sobre o eventual MVP dessta temporada, superando Boban Marjanovic (20,8%) e Tomic (12,5%). Andrew Goudelock, do Fenerbahçe, Nando De Colo e Sonny Weems, ambos do CSKA, Rudy Fernández, do Real, James Anderson, do Zalgiris, e Spanoulis também foram citados.

– Goudelock foi apontado com o melhor americano da competição, com 33,3%, acima de Weems, Anderson e Keith Langford, do já eliminado UNICS Kazan.

– Os alas-pivôs Stephane Lasme, do Anadolu, e Kyle Hines, do CSKA, foram apontados com os melhores defensores, com 16,6%. Hines ganhou a votação de jogador mais durão, mais chato de se lidar, com 16,1%.

– Agora, se eles tivessem o direito de assinar com qualquer jogador da Euroliga, sem nenhuma restrição, o alvo seria Spanoulis, com 33,3%, seguido por Tomic (12,5%), Bogdan-Bogdan, Weems e De Colo (8,3%).

Lembra dele? Felipe Reyes (Real Madrid)

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

O eterno coadjuvante. Reyes, 34, sempre foi mencionado na segunda linha de todos os textos sobre a era dourada espanhola, depois de Pau Gasol, Navarro, Calderón e até de Garbajosa. Pois o país já praticamente trocou de gerações, e o veterano  ala-pivô do Real se aprofundou na sua condição de coadjuvante. Em termos de esforço, consistência e fundamentos, porém, estamos falando de um craque, realizando uma Euroliga sensacional (sua 11ª!). Em vitória por 93 a 78 sobre o Galatasaray, na quinta, ele marcou 22 pontos e pegou 11 rebotes em apenas 22 minutos, acertando 9 de 13 arremessos, atingindo índice de eficiência de 29, para dividir o prêmio de MVP da jornada com o americano Brian Randle, do Maccabi Tel Aviv. Estraçalhou, num ritmo ainda mais forte do o que vem imprimindo na temporada (médias de 11,3 pontos e 6,1 rebotes em 17 minutos).

Em números

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

23 – O total de pontos anotados por Goudelock em apenas 24 minutos, na vitória do Fenerbahçe sobre o Nizhny Novgorod, por 78 a 60, guiando uma arrancada do clube turco no segundo tempo. O que vale ressaltar aqui: a flexibilidade que Zeljko Obradovic tem em seu elenco. Sua defesa melhorou muito após o intervalo, quando ele abriu mão de jogar com seus pivôs mais pesados (Savas, Erden e Zoric), emparelhando Jan Vesely, Emir Preldzic e Nemanja Bjelica. Que trio, não? Versáteis, ágeis, espichados, podendo trocar na marcação sem problemas, tapando o garrafão.

12 – O CSKA chegou a 12 triunfos consecutivos, sustentando sua invencibilidade, ao bater o Laboral Kutxa por 99 a 90 – partida que transmiti pelo Sports+. O clube russo claramente jogou para o gasto, ciente de sua superioridade em relação ao time espanhol, aquele que mais trocou peças durante a competição. Juntos, Teodosic e De Colo contribuíram com 35 pontos e 13 assistências, com 10/21 dos arremessos.

1 – Apeas um time do Grupo E conseguiu duas vitórias nas duas primeiras rodadas do Top16: o Real. De resto, temos seis times empatados com 1-1 e o Estrela Vermelha na lantetrna, com 0-2. No Grupo F, Olympiakos, CSKA e Anadolu estão com 2-0, com o time grego liderando a chave com base no saldo de pontos (+32).

Tuitando


Em quem ficar de olho no F4 da Euroliga: Khryapa, czar dos fundamentos
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Giancarlo Giampietro

Khryapa explica como se faz

Khryapa explica como se faz

Para quem ainda não está farto de tanta emoção, com o que se vem passando nos playoffs completamente alucinantes da NBA e com tantas surpresas no NBB, então é hora de abrir os braços para uma carga extra de drama – e basquete refinado – neste fim de semana. Mais especificamente na sexta-feira e domingo, com o Final Four da Euroliga.

A gente pode falar de Barcelona e Real Madrid, que fazem mais um clássico de matar, ou das constantes potências CSKA e Maccabi, que história não falta. Na verdade, vamos tratar desses clubes, sim, entre hoje e amanhã. Mas, antes, prefiro gastar um tempo com os protagonistas em quadra.

Sim, os melhores jogadores do mundo, inclusive os europeus, estão do outro lado do Atlântico. Parker, Nowitzki, irmãos Gasol, Pekovic, Gortat e tantos mais. Mas não quer dizer que o segundo maior torneio de clubes do mundo fique só com as sobras. Há diversos atletas que assinariam contratos na NBA sem a menor dificuldade, sendo peças relevantes, mas que, por circunstâncias diversas – entre as quais se destaca invariavelmente a adoração de fanáticas torcidas e alguns milhões de euros na conta –, seguem jogando perto de casa.

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Peguem, por exemplo, Juan Carlos Navarro. Desnecessário falar sobre o currículo, a reputação e o talento de La Bomba. Em sua única temporada nos Estados Unidos, ele não chegou a ser maltratado como Vassilis Sponoulis foi por Jeff Van Gundy em Houston, mas sofreu demais em um ano perdido do Memphis (60 derrotas!), no hiato entre os times de Hubbie Brown e Lionel Hollins. Ainda viu seu grande amigo Pau Gasol ser trocado. Um ano depois, correu de volta para Barcelona, aonde é rei, talvez chocado com a barbárie.

Este é um caso emblemático. Mas há diversos nessa linha: Erazem Lorbek, cortejado pelo Spurs ano após ano, mas que segue no Barça; Dimitris Diamantidis, o mito alviverde do Panathinaikos; Nikola Mirotic, o segundo grande sonho de qualquer torcedor do Bulls que se preze (o primeiro, claro, sendo um Derrick Rose 100%); sem contar os diversos americanos ignorados pelos Drafts da vida, mas que construíram e lapidaram toda uma carreira no velho mundo (Keith Langford, Daniel Hackett, Joey Dorsey, Ricky Hickman, Tremmell Darden, Aaron Jackson, Bryan Dunston etc. Etc. Etc).

Não dá para cravar que todos eles seriam bem-sucedidos num ambiente muito mais exigente do ponto de vista atlético, em que suas façanhas europeias talvez sejam ignoradas, tendo eles que batalhar novamente a partir do zero por respeito e o decorrente tempo de quadra. Dependeria muito da franquia, da diretoria e, claro, do técnico – sem contar a adaptação muitas vezes complicada, como Tiago Splitter e Mirza Teletovic podem testemunhar.

Há que prefira, então, evitar o risco, ficando numa zona de conforto, já bem remunerado. Mas também há aqueles que são simplesmente subestimados, mesmo, não vendo a hora de receber uma boa proposta, mas sem necessariamente estarem dispostos a assinar pelo salário mínimo da NBA, como fez Pablo Prigioni em seu primeiro ano de Knicks, já na reta final da carreira.

Pensando apenas nos quatro semifinalistas, vamos listar abaixo alguns craques que merecem ser observados com atenção, mas sem a menor preocupação se dariam certo ou não na NBA. Bons o suficiente para serem apreciados pelos que já fazem agora. Essa é uma lista que já deveria ter sido escrita antes, para relembrar o belíssimo campeonato que fez Andrés Nocioni, a versatilidade da dupla Emir Preldzic e Nemanja Bjelica, do Fenerbahce, o próprio Dunston, vigoroso pivô do Olympiakos, eleito o melhor defensor da temporada, o jovem italiano Alessandro Gentile, revelação do Olimpia Milano e candidato ao Draft deste ano, e muito mais.

Antes de chegar aos caras, um lembrete para contextualizar: para os que estão (bem) mais acostumados com a NBA, lembrem que o basquete Fiba é jogado em 40 minutos, e não 48. Logo, o tempo de quadra de uma partida da liga norte-americana é 20% maior, de modo que as estatísticas em geral são mais infladas por lá, fazendo alguns dos números abaixo parecerem tímidos. Além disso, a abordagem ofensiva das equipes de ponta da Europa tende a ser diferente, com mais jogadores assumindo responsabilidades, dividindo a bola, mesmo as que têm grandes cestinhas, que poderiam muito bem carregar um time nas costas.

E, ok, aqui entra o momento da propaganda: o evento será transmitido com exclusividade pelo Sports+, canal 28/128 da SKY, com este blogueiro lelé na equipe de equipe, ao lado do ultrafanático e informado Ricardo Bulgarelli e os narradores Maurício Bonato, Rafael Spinelli e Marcelo do Ó, que, cada um ao seu modo, ajudam a dar emoção ao jogo.

Vamos lá, enfim, a alguns destaques do F4, sem necessariamente ser os melhores do campeonato, mas apenas uma lista que dá na telha. Free style, mano, com pílulas publicadas nos próximos dias:

Victor Khryapa, ala-pivô do CSKA Moscou.
31 anos, 2,03m, 6,6 ppj, 5,2 rbj, 4,2 apj, 54,7% de 2 pts, 38,7% de 3pts em 23 minutos

Alguém por favor sabe como se escreve “Sr. Fundamento” em russo? Mas, bem, nem carece de acessar um tradutor online. Vamos de Czar dos Fundamentos – até porque corremos o risco de a resposta ser “Czar fundamentalista”, uma outra história, que, suponho, não tenha a ver com o Khyrapa.

Na recente ascensão russa ao pódio de diversas competições internacionais, culminando com o bronze olímpico em Londres, era muito mais fácil se concentrar nos encantamentos de Andrei Kirilenko, ou na peculiaridade de a seleção ser guiada por um técnico norte-americano, David Blatt. Mas todo esse sucesso seria inviável sem a presença estabilizadora do ala-pivô, alguém que desenvolveu uma química excelente com AK47, uma vez que suas habilidades combinam perfeitamente.

O cerebral russo, que definitivamente não foi bem aproveitado na NBA – culpa de Blazers e Bulls e também de sua juventude –, faz um pouco de tudo em quadra, mas sua característica mais intrigante é a da armação (veja bem, armar o jogo, mas sem ser armador por nomenclatura), como suas 4,2 assistências por jogo atestam.

Flutuando de frente para a cesta, executa o jogo de high-low com perfeição, servindo a Nenad Krstic e Sasha Kaun. Fica tudo muito mais perigoso quando constatamos que seu chute de três precisa ser devidamente respeitado, assim como as bolas de média distância.

Ele arrisca pouco em direção ao aro, se movimenta hoje de modo bastante lento pela quadra, é verdade, mas, se for para derrotar o CSKA, Khryapa precisa ser sufocado. Nem sempre você precisa ser o jogador mais explosivo, ou aquele que resvala no topo da tabela – e de capacidade atlética o time moscovita já está bem servido com Sonny Weems e Kyle Hines, que busca o tricampeonato depois de brilhar com o Olympiakos. Desde que, claro, você esteja bem fundamentado. Em russo, que seja.


Kyle Hines, o diminuto xerife da defesa do bicampeão Olympiakos na Euroliga
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Giancarlo Giampietro

Kyle Hines decola

No segundo andar, toco de Kyle Hines

Há quem jure que Charles Barkley não passava nem do 1,95 m de altura, embora ele fosse listado com 1,98 m. Foi um dos melhores de sua posição que a NBA já viu.

Esse seria também o tamanho “oficial” do ala-pivô Kyle Hines, um jogador instrumental no bicampeonato da Euroliga pelo Olympiakos. E pouco importa um centímetro a mais ou, principalmente, a menos. Mas que impressiona, ô se impressiona: o norte-americano é um gigante na defesa.

Sério. Você olha Hines em ação e duvida realmente que ele tenha a altura de Kobe Bryant.

(Há algumas razões para tanto: por ser extremamente forte e compacto – daqueles que pode ser chamado de “tanque” sem o menor problema –, pode ser que ele aparente ser mais baixo, mesmo; além disso, ele se debate diariamente com grandalhões de 2,10 m para cima… Então tudo pode ser uma questão de ponto de referência. Vai saber. Só não confie 100% nos registros oficiais. Os jogadores e clubes roubam a toda hora.)

Quase um nocaute técnico

Hines, um tampinha pronto para o choque no garrafão

Em um primeiro momento, quando esse fenômeno atlético sai do banco, o torcedor desavisado provavelmente vai supor que se trata de um ala-armador, alguém para produzir no perímetro, longe da cesta. E, de repente, lá está o sujeito posicionado debaixo da tabela, sendo muitas vezes a última linha de defesa do Olympiakos, dando conta do recado. Com impulsão vertical fora do comum, vigor físico, determinação e competência.

Em sua carreira na Euroliga, tem média de mais de um toco por jogo. Isso sem contar as diversas ocasiões em que suas contestações alteram por completo o arremesso, bandeja ou uma iniciativa de enterrada abortada, intimidando os adversários. Apanhou seis rebotes por partida nesta temporada, e dá um trabalhão para ser contido na tábua ofensiva.

Se ele teria chance na NBA? Difícil dizer. Na Europa, Hines, 26, é um jogador (bem) acima da média atleticamente, peitando até o Baby Shaq (veja no vídeo abaixo). Nos Estados Unidos, correria o risco de ser apenas mais um. O que não o torna um jogador menos especial.

*  *  *

Até o penúltimo ano de colegial nos EUA, Hines media (oficialmente) 1,70 m. Quando se apresentou para a última temporada na escola Timber Creek, apareceu 25 centímetros mais alto. Ufa, né? Porque ala-pivô da altura de Nate Robinson também seria dose.

*  *  *

Formado na universidade de North Carolina, mas não a tradicional, e, sim, sua filial de Greensboro, Hines não foi draftado em 2008, mesmo sendo apenas o sexto jogador a acumular 2.000 pontos, 1.000 rebotes e 300 tocos em sua carreira na NCAA, atrás de, vejam, Alonzo Mourning, David Robinson, Tim Cuncan, Pervis Ellison e Derrick Coleman.

Como profissional, foi direto, então para a Europa. Fez sucesso pelo Veroli Basket, sendo eleito o melhor jogador da Lega Due, segunda divisão italiana, bastante forte. Depois, brilhou pelo Brose Baskets em 2010-2011 (campeão da Copa e da liga nacionais) até chegar ao Olympiakos.


No ataque, Olympiakos vira contra Real Madrid e é bicampeão da Euroliga
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Giancarlo Giampietro

Olympiakos na cabeça

José Mourinho respira mais aliviado. Não foi no basquete que o Real Madrid acabou com seu jejum de títulos continentais.

Neste domingo, o time espanhol abriu até 17 pontos de vantagem, mas tomou a virada do Olympiakos, que se tornou o primeiro bicampeão – com títulos em anos consecutivos – desde que a competição assumiu o formato de Final Four – ao vencer por 100 a 88.

Aliás, não parece ser um bom negócio abrir larga vantagem sobre o clube grego em uma decisão. No ano passado, o CSKA Moscou tinha uma vantagem de 14 pontos ao final do primeiro tempo, mas não conseguiu se segurar na frente. Dessa vez, o Real venceu o primeiro quarto por 27 a 10 com um desempenho devastador, mas viu sua situação supostamente confortável ruir a partir do momento em que os reservas adversários entraram em quadra. No início do segundo período, os homens de Atenas marcaram oito pontos sem resposta. Rumo ao intervalo, o placar era de apenas 41 a 37 para o Real. Aí já viu.

Surpreendentemente, foi um jogo pautado pelo ataque. O Olympiakos, que havia sufocado o CSKA na semifinal com uma defesa fortíssima, converteu 20 de seus 30 arremessos de dois pontos (66,6%) e matou 9 em 24 nos disparos de longa distância (37,5%), somando ainda 33 pontos na linha de lance livre em 42 tentativas. É muita coisa. Além disso, seis atletas terminaram com 10 ou mais pontos.

Fruto de uma base consolidada, que foi pouco alterada do ano passado para cá: dez de seus jogadores são bicampeões, liderados pelo genial Vassilis Spanoulis, que somou 22 pontos e quatro assistências na final – aos 30, o armaor foi eleito o MVP da Euroliga, com médias de 14,7 pontos e 5,5 assistências. Quem também jogou demais foi o irregular Acie Law, com 20 pontos (11 deles em lances livres!), cinco assistências e cinco rebotes. Já o ala-pivô Kyle Hines terminou com 12 pontos, cinco rebotes, três assistências e três tocos.

O técnico Georgios Bartzokas também merece seu destaque. No geral. o Olympiakos somou 22 vitórias e 9 derrotas (aproveitamento de 70%) na temporada. Em sua primeira campanha por um grande clube, tinha a duríssima tarefa de substituir o legendário Dusko Ivkovic. Ele é o primeiro treinador grego a se tornar campeão da Euroliga – curioso, já que os clubes do país somam nove títulos.


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