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Arquivo : Kyle Anderson

Spurs e o sucesso contínuo. Ou a cotinuidade é o sucesso?
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Giancarlo Giampietro

Continuidade e sucesso em San Antonio

Continuidade e sucesso em San Antonio

A cada ano, fica a pergunta: até quando?

Isso mexe com a cabeça dos jornalistas, obrigados a redigir seus textos de previsão. Mexe, então, obviamente com as bolsas de aposta mundo afora. Balança, enfim, a cabeça de seus adversários. É que o San Antonio Spurs não dá sinal algum de que vá parar de vencer, de que vá abandonar o sucesso. Não enquanto o verdadeiramente imortal Tim Duncan estiver por lá.

Aos 38 anos, o pivô admite: pensou seriamente em parar após a conquista de seu quarto título. Aquela coisa de sair no auge. Depois da conquista de mais um anel, o veterano tinha nove dias para decidir se exerceria, mesmo, a cláusula em seu contrato para estendê-lo por mais uma temporada. E realmente usou todo o prazo para ponderar bastante o que fazer. “Houve um pouco de hesitação ali. O que precisava pensar é se eu conseguiria fazer isso novamente. Enquanto estiver sentindo que posso jogar, e me sentir bem a respeito, é aqui onde vou continuar”, afirmou.

Splitter, campeão da NBA. Time vai atrás do bi agora

Splitter, campeão da NBA. Time vai atrás do bi agora

Kawhi Leonard ganhou o prêmio de MVP das finais, o que não é absurdo. O jovem ala fez um trabalho impressionante contra LeBron e ainda matou a pau no ataque. Tony Parker também merece os maiores elogios, por seu poder de decisão no mano a mano, botando pressão na defesa dos oponentes. Ainda é muito veloz para ser contido. Manu Ginóbili, 37, ainda tem seus lampejos únicos. Mas a base da máquina de jogar basquete de San Antonio ainda é Duncan. Sem ele, a forte defesa se esvairia: ele coordena seus companheiros, preenche espaços e protege o aro.

Sua durabilidade e consistência como um dos melhores, ajudada pela regulagem precisa de minutos por parte do Coach Pop, desperta admiração, até mesmo de um velho rival como Kevin Garnett, com quem travou épicas batalhas na década passada. “Ele tem um porta-joia cheio de anéis. Tem de tirar o chapéu para ele. Nessa altura, só tenho amor para falar”, afirmou KG.

Mas, claro, na hora de falar do Spurs, não é justo falar em nomes, em eleger destaques. As seguidas campanhas brilhantes do time têm muito a ver com o conjunto e continuidade. O mesmo técnico, o mesmo gerente geral, seu braço direito, a mesma base em quadra. Quer saber? Do elenco que terminou o campeonato passado, todos os 14 atletas voltaram. Sim, 100%. A única novidade no atual plantel é o novato Kyle Anderson, que veio de UCLA e já vem sendo elogiado pela galera mais experiente e ganhando o respeito deles, segundo Popovich. “Ele precisa de um tempo para se ajustar, mas entende o jogo, tem envergadura, é um bom passador e sabe arremessar. Ele é um bom jogador”, disse Ginóbili.

Curioso destacar que as maiores mudanças aconteceram no banco de reservas. Gregg Popovich e RC Buford perderam mais de uma dezena de aliados desde que o modelo de gestão da franquia se tornou referência. Entre dirigentes como Sam Presti, Danny Ferry, Dell Demps e Dennis Lindsey a técnicos como Mike Budenholzer e Brett Brown, o time forneceu matéria-prima (que nem sempre rendeu lucros, diga-se) como nenhum outro. Dessa vez, foram eles atrás de gente. Destaque para a contratação do italiano Ettore Messina, um dos mais vitoriosos da Europa por mais de 15 anos, que será o principal assistente de Gregg Popovich. A nota curiosa também fica para a efetivação da ex-armadora Becky Hammon como uma das treinadoras da equipe – ela já havia feito uma espécie de estágio na campanha passada, tendo se aproximado do time masculino ao defender a franquia da WNBA da cidade, o Silver Stars.

O único susto, por ora, em San Antonio diz respeito a Kawhi e Tiago Splitter. Os dois estiveram afastados por toda a pré-temporada. O ala contraiu uma infecção nos dois olhos, o que abriu espaço involuntariamente para Anderson, e ainda não estendeu seu contrato, podendo virar um agente livre restrito ao final do campeonato. Já o pivô brasileiro sofreu uma lesão na panturrilha durante a primeira semana de treinos e vem retomando ao pouco suas atividades com bola. Não deve tardar a voltar. Com um bom plantel e a paciência de sempre, porém, Pop não se aflige. São pequenos percalços numa duradoura jornada.

O time: todo mundo já conhece bem, né? Muita movimentação de bola, infiltrações, chutes de três, jogadores de inteligência extrema, entrosados, se divertindo e vencendo. A defesa, para completar, se manteve entre as cinco melhores da liga nas últimas duas temporadas. Equilíbrio, precisão, criatividade, eficiência. Exemplar.

Splitter é instrumental para Spurs fechar o garrafão e a defesa

Splitter é instrumental para Spurs fechar o garrafão e a defesa

A pedida: o primeiro bicampeonato (títulos em anos consecutivos) da era Duncan-Popovich.

Olho nele: Cory Joseph. Enquanto Patty Mills se recupera de uma cirurgia no ombro, o ainda jovem armador assume o posto de reserva de Parker – posto pelo qual já brigam há duas temporadas. O australiano jogou demais no último campeonato, mas os minutos do canadense, no geral, se mantiveram estáveis, em torno de 14 por partida. As lesões do titular ajudaram para isso, permitindo que Joseph começasse 19 partidas como titular. Em termos estatísticos, ele apresentou um pequeno salto qualitativo. Nos playoffs, porém, jogou pouco. Se aproveitar a brecha aberta, o rapaz de 23 anos pode lucrar, já que entra em seu último ano de contrato, sem extensão negociada. “Queremos que ele procure um pouco mais seu arremesso”, diz Popovich. Ele está mais confiante com o chute de três, saindo de pick-and-rolls e de média distância. Tem feito um bom trabalho em avançar com isso”, completou.

Abre o jogo: “Boris está tomando umas pina coladas. Temos uma aposta em que você tenta adivinhar o peso dele, e precisa começar em 125 kg. Você não pode dar um palpite abaixo disso. Só mais alto”, Gregg Popovich, se divertindo com a mitologia em torno da reserva extra de gordura que Diaw cultiva.

As férias de Boris Diaw. Pina coladas e muito mais

As férias de Boris Diaw. Pina coladas e muito mais

O pivô se juntou ao elenco do Spurs um pouco mais tarde, direto em Berlim, depois de ter conquistado uma valiosa medalha de bronze na Copa do Mundo. “Ele sempre jogou com um pouco mais de peso, e ele sabe como usar isso. Está tudo bem”, disse Pop, ao reencontrar o genial jogador. Outro francês que chegou um pouco mais tarde foi Tony Parker, devido a compromissos comerciais na Europa. Ganhou uma licença do nem-tão-general-assim Pop. “Ele tinha umas reservas de jantar no Taillevent. Hoje acho que ele vai a outro restaurante três estrelas Michelin”, disse o técnico, piadista que só. “Mas ele disse que vai fazer o máximo para chegar aqui amanhã. Se ele conseguir, vou agradecê-lo por isso.”

Você não perguntou, mas… sabia que o Spurs fechou um contrato com Diaw que obriga o francês a ser pesado, de modo oficial, em três datas diferentes do calendário? Esse saboroso detalhe foi revelado por Amin Elhassan, colunista do ESPN.com e ex-dirigente do Phoenix Suns. Se ele cumprir as metas, e mantiver seu peso até no máximo. 115 kg (254 libras), ganha um bônus total de US$ 500 mil em seu salário. Divididos assim: US$ 150 mil no dia 25 de outubro (começo da temporada) + US$ 200 mil na primeira terça-feira depois do All-Star Game + US$ 250 mil no dia 1º de abril (os playoffs chegando).

dominique-wilkins-card-spursUm card do passado: Dominique Wilkins. Aos 37 anos, após jogar pelo Panathinaikos, o célebre cestinha retornou aos Estados Unidos para jogar pelo Spurs em 1996-97. Ainda tinha bola para marcar 18,2 pontos por partida e ser o cestinha do time. Mas o craque definitivamente não marcou época pela franquia texana. A relevância de seu card tem mais a ver com aquela temporada, toda acidentada. David Robinson e Sean Elliott se lesionaram, e o que a diretoria decidiu fazer? Permitiram que o veterano Wilkins comandasse o… hã… show, acompanhado por gente como Vernon Maxwell, Carl Herrera, Monty Williams e Will Perdue, enquanto as derrotas se acumulavam. Nem o fato de Gregg Popovich ter assumido o comando durante a jornada, no lugar de Bob Hill, interferiu no processo. No final, a campanha de 20 triunfos e 62 reveses deixou o Spurs bem posicionado para o próximo draft. Isto é, bem posicionado para assumir o primeiro lugar da lista e selecionar Timothy Theodore Duncan. O resto a gente já sabe: desde então, foram cinco títulos e presença garantida nos playoffs sempre. Sem-pre.


Conheça alguns dos candidatos a protagonistas nos mata-matas da NCAA
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Giancarlo Giampietro

As loucuras já vêm de uma ou duas semanas, mas se intensificam a partir desta terça-feira, com o início dos mata-matas da NCAA, o basquete universitário norte-americano. É uma oportunidade para ver de uma leva só uma infinidade de estilos, alguns extremamente contrastantes, com esses diferentes times espalhados em um gigante tabuleiro.

Há equipes como Winsconsin que vão murchar a bola de tanto driblá-la, de um lado para o outro, rodando, rodando, rodando, gastando o cronômetro. Por outro lado, uma equipe como North Carolina só funciona se a aceleração for máxima. Louisville, seguindo os mandamentos de Rick Pitino, não vai parar de pressionar a saída de bola. Syracuse, porém, deixa seu abafa montadinho em sua metade de quadra, com as formações complexas orquestradas por Jim Boeheim, sistemas que são ajudados pela quantia abundante de superatletas em seu elenco. Nem todos os times, porém, conseguem recrutar a nata que sai do colegial e precisam se virar com jogadores mais, digamos, mundanos, e aí os técnicos vão se adaptando.

Mas não são apenas as pranchetas a definir tudo. Os jogadores também têm seu espaço, ainda que poucos deles realmente estejam hoje formados, moldados, física e tecnicamente. Dividindo as horas de treino com estudos, ainda em fase de crescimento, muitos deles estarão completamente diferentes em quadra daqui a alguns anos, enquanto outros nem mais calçarão o tênis para bater uma bola, presos em suas mesas de escritório.

Abaixo, vamos nos concentrar naquelas figuras que esperam movimentar milhões em suas contas bancárias como profissionais de basquete, mesmo, e, no torneio nacional, encaram um momento muito importante, de propulsão para suas carreiras:

Kyle Anderson

Chega de soneca, Kyle

– Kyle Anderson, ala de UCLA, 19 anos, freshman. Estatísticas.
Dos calouros dos Bruins, Anderson não é o mais badalado ou promissor – essas honrarias ficam para o cestinha Shabazz Muhammad, que também tem, disparado, o melhor nome. Mas Anderson é um jogador mais intrigante, para não dizer engraçado. Com sua cabeleira desarrumada e sempre com uma cara e a postura de quem parece ter acordado há pouco, se arrastando pela quadra, mas influenciando a partida de diversas maneiras, especialmente com sua vocação para o passe. De longa envergadura, também pode fazer boas coberturas defensivas, apesar de lento. Seu estilo único desafia os scouts da NBA, que não conseguem encontrar um paralelo na liga para fazer qualquer comparação.

Trey Burke, armador de Michigan, 20 anos, sophomore. Estatísticas.
No ataque é completo, podendo fazer um pouco de tudo, atacando o garrafão com esperteza, habilidade e agilidade, convertendo também 40% dos arremessos de três pontos. É um bom passador, mas pode prender muito a bola também quando não sente confiança em seus companheiros de perímetro. Aliás, se for para ver Burke, já dá para observar de uma vez outros dois jogadores curiosos, de pedigree de NBA: Tim Hardaway Jr., filho do armador brilhante do Golden State Warriors, e Glenn Robinson III, filho do ala que já foi o número um do Draft de 1994 pelo Milwaukee Bucks. Vale também se encantar com o arremesso do ala Nik Stauskas (44,9% de fora).

Doug McDermott, ala de Creighton, 21 anos, junior. Estatísticas.
Todo ano a América profunda (e branca) precisa adotar um darling por quem torcer no torneio, e McDermott talvez seja o principal candidato ao posto já ocupado por Adam Morrison e outros que não o JJ Redick, que fazia as vezes de vilão. Um excelente arremessador, um arma de todos os cantos da quadra, matando 58,9% de dois pontos e sensacionais 49,7% de três. Também tem bons movimentos de costas para a cesta, vai bem nos rebotes, mas peca na defesa, sem a dedicação necessária para compensar sua vulnerabilidade a ataques frontais. E, se for para assistir McDermott, vale também conferir como anda o progresso do pivô Greg Echenique, aposta da seleção venezuelana que deve jogar a Copa América deste ano.

Ben McLemore, honrando a 23

Permissão para decolar conedida, McLemore

Ben McLemore, ala de Kansas, 20 anos, freshman. Estatísticas.
Chegou a uma das universidades mais tradicionais do basquete americano sem muita fama ou fanfarra, ficou afastado do time no ano passado e estreou nesta temporada completamente modificado, mais forte e com um arremesso refinado. Salta e corre demais e, por isso, se apresenta como uma excelente opção na transição. Também se movimenta bem fora da bola, em cortes para a cesta. Criar por conta própria, porém, ainda não é seu forte, com um drible deficiente, sem saída para a esquerda. Na defesa, pode se desconcentrar com facilidade, mas possui os atributos necessários para fazer um bom papel na NBA. Candidato ao primeiro lugar do Draft deste ano.

Victor Oladipo, ala de Indiana, 20 anos, junior. Estatísticas.
Um incendiário, ou algo muito perto disso. Energético, daqueles que não para nunca em quadra, é um defensor excepcional no perímetro que já mereceria uma boa atenção dos olheiros. Para completar, progrediu consideravelmente no ataque este ano, passando a acertar com maior frequência seus arremessos de três pontos. Assim como McLemore, funciona mais em quadra aberta, decolando e enterrando. Em meia quadra, ataca os rebotes ofensivos com voracidade incomum para alguém que vem do perímetro.

Kelly Olynyk, ala-pivô de Gonzaga, 21 anos, junior. Estatísticas.
Líder de uma das melhores equipes dos EUA. Leia mais sobre ele aqui. É um dos inúmeros jovens talentos do Canadá a despontar no circuito universitário. Nesta onda também está seu companheiro de Gonzaga, o armador Kevin Pangos, um jogador cerebral, assim como o ala Anthony Bennett, calouro de UNLV, de 2,01 m, mas um tanque debaixo da cesta e extremamente atlético.

Otto Porter, ala de Georgetown, 19 anos, sophomore. Estatísticas.
Um prospecto inexperiente, mas já consideravelmente sólido, com bons fundamentos de rebote, passe e arremesso, fazendo um pouco de tudo em quadra no ataque, podendo produzir para sua equipe sem necessariamente ser o centro das atenções. Esguio, com os braços longos, é outro com atleta com bastante potencial para a defesa. Top 5 ou 10 no próximo Draft.

Marcus Smart

Um tanque de guerra modelo Smart

– Marcus Smart, armador de Oklahoma State, 19 anos, freshman. Estatísticas.
Fisicamente, este jovem armador parece um homem entre garotos. Extremamente forte, pode atropelar os marcadores na base do contato, abrindo um corredor em direção ao aro, embora nem sempre use este recurso, parando no meio do caminho para arremessos forçados e inconsistentes. Tem um primeiro passo explosivo, mas talvez precise afinar um pouco o corpo para ganhar em velocidade e elasticidade. Na defesa é que mostra maior potencial, com mãos ágeis e muita combatividade para alguém de sua idade. Visto como um potencial candidato a número um do Draft deste ano, ainda como um diamante em estado bruto. Não custa, aqui, olhar para o ala Markel Brown, cestinha bastante atlético, sempre candidato aos melhores momentos da rodada.

– Nate Wolters, armador de South Dakota State, 21 anos, senior. Estatísticas.
É um armador alto que compensa sua velocidade reduzida com muita inventividade no drible, arrumando espaço para infiltrações de passo em passo, tudo no tempo certo, seja no mano-a-mano ou em combinações de pick-and-roll. Controla bem a bola embora seja muito exigido no ataque de sua equipe, que já está satisfeita apenas de ser convidada para a festa, sem ambição alguma de título. Pode não causar a comoção nacional que causou Jimmer Fredette em seus tempos de BYU, mas é constantemente comparado ao armador reserva do Sacramento Kings. Contra Burke, na primeira rodada, ganha a chance de aparecer em uma competição de elite para os scouts da NBA.


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