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Arquivo : Juan Gutiérrez

Desfalques, improvisos, Scola… qual Argentina encara o Brasil?
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Giancarlo Giampietro

Eles

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Muita coisa pode mudar e campeonato para campeonato. Manu Ginóbili joga um, perde o outro. Carlos Delfino aparece para suprir sua ausência, dependendo da fase e da motivação. Andrés Nocioni andou um tempão afastado, mas agora está batendo cartão. Fabricio Oberto se foi há tempos, Walter Herrmann regressou. Enfim, um fluxo constante. Tudo passa, menos Luis Scola.

O argentino fez alguns jogos bem fracos pelo Indiana Pacers este ano, dando a impressão de que seus dias de matador talvez estivessem chegando ao fim. Mas nada como uma temporada com sua seleção nacional para se reenergizar. E cá está o pivô, já histórico, liderando a tabela de cestinhas do Mundial, se levarmos em conta só os que ainda estão em competição. Ele e sua seleção prontos para desafiar novamente os brasileiros, com nova configuração ao seu redor.

E aqui chegamos a um ponto muito relevante sobre a versão 2014 da Argentina. Quando falamos em desfalques, pensamos rapidamente nos nomes – Ginóbili e Delfino. A ausência da dupla é muito sentida do ponto de vista atlético, mas também abala seu poder de imprevisibilidade. Nenhuma novidade nisso. Mas pouco se fala sobre as consequências dessas baixas em relação o papel de quem se apresentou e sobre qual seria a melhor forma de combiná-los. Enfim, o impacto na rotação.

Para quem gosta de numerar os atletas de 1 a 5 em quadra, fica o convite para se enquadrar os argentinos. Dos oito atletas que vêm sendo mais utilizados, teríamos algo como três da posição 1 (Prigioni, Campazzo e Laprovíttola), um da 3 (Mata) e quatro que seriam 4 (Scola, Nocioni, Herrmann e Leo Gutiérrez). Que tal? Faz sentido? Obviamente que não, e por isso que é sempre preciso muito cuidado na hora de rotular jogadores de basquete. Dependendo da dinâmica de cada time, tudo é muito volátil. Vejam Oberto tentando matar a charada: “Estão jogando com posições trocadas. Um quatro, Scola, que joga de cinco. Um mix de três com Chapu e Walter. Um mix de 1, com Campazzo e Prigioni. Em vez de ter uma posição forte, cada um ajuda o outro”, disse (segundo declarações coletadas pelo site BásquetPlus.com).

Nocioni não vem fazendo o melhor Mundial possível, um tanto sacrificado pelas combinações diferentes do elenco agentino. Mas ainda é um leão na defesa e nos rebotes, para quem nunca vai faltar confiança. Sem contar a catimba, claro

Nocioni não vem fazendo o melhor Mundial possível, um tanto sacrificado pelas combinações diferentes do elenco agentino. Mas ainda é um leão na defesa e nos rebotes, para quem nunca vai faltar confiança. Sem contar a catimba, claro

Antes que alguém pegue carona com o ex-pivô do Spurs sobre Nocioni ser um 3 e tal, tal, tal, saibam que, na real, nos últimos dois anos ele jogou como o ala-pivô/4/PF (se quiserem muito, escolham…) pelo Baskonia. Com liberdade para atacar de todos os cantos da quadra, mas quase que defendendo grandalhões na defesa. Com sua força física, determinação e inteligência, não foi problema. A ponto de ser contratado pelo Real Madrid. Para Herrmann, ainda mais lento, vale o mesmo. Se Lamas fosse, então, encarar seu elenco de modo estratificado, teria sérios problemas. Muita gente boa não ia nem poder entrar em quadra.

Mas sua abordagem não foi convencional. Sem Manu ou Cabeza, poderia term simplesmente promovido o ala Selem Safar para o quinteto titular. Agora, mesmo que ele tenha feito grande partida contra Porto Rico na estreia, parece não ter a confiança do treinador para jogos mais duros. O que ele fez? Puxou uma dupla armação da cartola, até para ganhar mais velocidade e arrojo a partir do drible.  “Essa de trocar posições acho que saiu da melhor maneira possível. Não creio que Júlio goste de jogar desta forma, com a dupla armação, porque nunca jogamos assim. Mas não há ouros criadores de jogo que não sejam os armadores. Não há outras alternativas”, afirma Pepe Sánchez, justamente o condutor do time campeão olímpico em 2004 e hoje um excepcional analista.

Essas “posições trocadas” também foram adotadas, forçosamente ou não, na linha de frente, para acompanhar Scola. Aqui acontece o mesmo: Lamas não parece disposto a confiar minutos significativos a seus atletas mais jovens. Marcos Delia recebeu apenas 7,8 minutos em quatro partidas (ficando fora de uma, inclusive). Matías Bortolín (muito promissor) e Gallizzi só entraram nos minutos finais de uma lavada para cima de Senegal. Em seu conservadorismo, o treinador priorizou os veteranos a todo custo. Agora, isso não impediu que quebrasse alguns padrões a partir daí.

Delía seria o único 5 do time (por favor, só não se refiram a ele como um “cincão”, uma vez que ele faz tanta sombra em quadra como uma caneta esferográfica). Talvez ganhe mais tempo de quadra contra o Brasil, especialmente no primeiro período, para tentar frear um pouco o jogo interno brasileiro. No decorrer da partida, porém, espere por muitas rotações com Scola, Herrmann e Nocioni juntos. Três alas-pivôs atacando e combatendo em conjunto, talvez fazendo mais uso de marcação bem recuada, em zona, para fechar o garrafão. “Delía pode dar minutos de oxigenação para a equipe, mas a realidade é que precisam fazer com que joguem Chapu e Luis todo o tempo que puderem, e viver ou morrer com isso”, diz Sánchez.

É um caminho que Lamas se vê obrigado a seguir, por dois motivos. Ninguém parece ter dado conta da falta de Juan Gutiérrez. Claro que ele não está no nível técnico de muitos dos nomes aqui já citados. Mas é alto, rodado e encarou bem os pivôs brasileiros em Londres 2012.  Sem esse tipo de cobertura defensiva, teve de se virar. O segundo ponto: não deixar que Scola fique por muitos minutos num combate mano-a-mano com gente que é mais alta e muito mais atlética. Daí viria um risco inadmissível: um acúmulo de faltas para o craque – tal como aconteceu no choque com Andray Blatche e as Filipinas – seria provavelmente mortal para suas pretensões contra o Brasil. Se no último clássico, nas Olimpíadas, o treinador conseguiu resguardar o pivô, que recebeu “apenas” 29 minutos, isso aconteceu só por ter Ginóbili e Delfino também ao seu dispor. Isto é, tinha outras fontes produtivas de onde tirar pontos. No Mundial de 2010, porém, só lhe deu um minutinho de descanso. Esperem um manejo parecido neste domingo.

Pepe Sánchez pede: quanto mais Chapu e Luis, melhor

Pepe Sánchez pede: quanto mais Chapu e Luis, melhor

A despeito dos improvisos constatados, os veteranos acreditam que a Argentina já desenvolveu um bom conjunto na primeira fase da Copa para poder encarar – e derrubar o Brasil, até por notarem algumas falhas no próprio adversário. Sánchez recorre ao amistoso que disputaram no mês passado, em Buenos Aires. “A partida em Tecnopolis ficou na retina. O Brasil não sabe lidar com isso. Nestes anos todos, o time não mostra uma conexão entre o jogo interior e o perímetro. Ou é perimetral, ou é interior. Quiçá Marquinhos agora esteja fazendo um pouco isso, mas nós temos Chapu, Leo, Walter, que são jogadores que fazem essa conexão. Nós conseguimos complicá-los muitos quando nos fechamos e oferecemos o tiro externo, cortando-lhes o pick-and-roll e os obrigando a arremessar”, afirmou o ex-armador.

Confiante, não? Mas não se pode tomar seu comentário como soberba. Fato é que essa (des)conexão destacada por Sánchez é o que vem sendo pedido por aqui desde os mesmos amistosos. Ele só usa um termo diferente. A “conexão” seria produto (ou mesmo a causa) de um ataque mais fluído, com mais movimentação dos laterais e dos próprios pivôs, algo que vem faltando ao time de Magnano nas situações de meia quadra.

Além do mais, o próprio Sánchez parece depositar muito mais fichas no aspecto emocional do confronto deste domingo do que nos aspectos táticos, ainda que não veja ainda a seleção brasileira com uma “consistência europeia” – mesmo que o adversário não jogue mais de modo acelerado. É aquela coisa: nem sempre a cadência significa coordenação.  “Tivemos dificuldades contra os europeus (na primeira fase). Em um cruzamento com o Brasil, há coisas diferentes. É um clássico, que se joga de outra maneira, e isso pode nos ajudar. O que melhor mostramos até agora foi o coração, a energia, a entrega, e isso pode pesar contra o Brasil. Contra os europeus, pesa menos, porque têm um plano tático que seguem à risca. A consistência da outra equipe executando está custando muito para nós. Se pudermos envolver o Brasil num jogo mais quente, sanguíneo… Anos atrás teria sido o contrário, mas hoje temos de maximizar nossas possibilidades. Estamos no limite.”

Herrmann, futuro flamenguista, muito forte próximo ao aro. Talvez as mais largas mãos da Copa

Herrmann, futuro flamenguista, muito forte próximo ao aro. Talvez as mais largas mãos da Copa

Pensando neste limite, é muito provável que a equipe vá até onde Scola puder levá-la. Quanto menor a frequência de Ginóbili em torneios com El Alma, como os hermanos tratam o time internamente, mais natural foi o crescimento da liderança do camisa 4. Hoje, seu pulso firme já interfere em questões muito além das quadras, como pudemos ver durante a crise política aberta antes do início da preparação – foi a voz mais assertiva entre os jogadores. Além disso, há diversos relatos sobre o modo cuidadoso como trata as revelações do país. De grandes gestos como levar o espigão Marcos Delía em sua bagagem para um período de treinamentos em Indiana, pagando tudo, a pequenos mimos: durante este Mundial, deu uns quatro pares de tênis para Tayavek Gallizzi. Um grande personagem, que merece todo o respeito.

Sua influência no campo ofensivo é um problemaço para se resolver. Neste sazonal mundo Fiba, o cabeleira bota para quebrar tanto perto como longe da cesta. A variação é grande não só em suas fintas, mas nos pontos em que recebe a bola para atacar. Isso requer muito mais estudo e atenção a detalhes por parte de treinadores e jogadores. Você pode preparar um scout com diretrizes, mas nem sempre há uma solução clara, uma vez que este craque pode te ferir tanto com os arremessos de média para longa distância, como também pode por a bola no chão e partir para a cesta com leveza surpreendente para alguém tão forte e que pode parecer pesado à primeira vista (no caso da audiência brasileira, já é à quinta, à sexta vista, mas tudo bem).

Com três pivôs fortes, experientes e atléticos para marcá-lo, a defesa brasileira não deveria recorrer de primeira a marcação dupla. Se isso for acontecer, as rotações precisam estar afinadas para que seus arremessadores não sejam liberados. Neste Mundial, os argentinos têm cinco jogadores queimando a redinha nos chutes de longa distância: Scola (60%), Mata (58,3%), Herrmann (50%), Safar (46,2%), e Prigioni (43,8%). Os veteranos Nocioni e Leo Gutiérrez, por outro lado, não vêm tão bem no fundamento, respectivamente com 27,3% e 32%, assim como Campazzo (27,8%), mas melhor nem pagar para ver.

Outra questão que requer atenção decorre dos ataques em que Scola vai flutuar na cabeça do garrafão. A ideia inicial tende a ser uma jogada em dupla com o armador da vez. Com Campazzo e Laprovíttola, Julio Lamas não verá problema em forçar a troca e fazer seu baixinho atacar um grandalhão (por sorte, os três pivôs da NBA são excelentes nesse tipo de situação de aparente desequilíbrio). De todo modo, o ideal seria que cada atleta seguisse grudado ao seu oponente, impedindo o mismatch, para que Scola também não tenha um instante de liberdade para receber o passe de volta e subir para o arremesso. Uma terceira via que os argentinos podem buscar a partir daí é o corte pelo fundo de um Nocioni ou de um Herrmann em que eles assumem o poste baixo e a assistência em high-low para punir defensores mais baixos.

É a tal da conexão em que Pepe Sánchez aposta. O entrosamento que a Argentina acredita impor ao redor de seu pilar ofensivo, não importando as peças que tenha disponíveis. Caberá mais uma vez ao Brasil de Magnano tentar desmantelá-los..


Scola volta a brilhar, mas jogo coletivo argentino predomina em vitória sobre o Brasil
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Giancarlo Giampietro

Bola ao alto!

Ginásio em Anápolis vazio para ver a Argentina bater o Brasil. Acreditem

Não importa: amistoso, fase de grupo, valendo vaga, medalha ou título, Luis Scola há de esculhambar com a seleção brasileira. Dessa vez o (?) privilégio ficou para algumas dezenas de gatos pingados heroicos em Anápolis, que puderam testemunhar a habilidade ofensiva do pivô argentino, cestinha na vitória deles por 85 a 80 no segundo Super 4 do ano. Para constar, foi para caneco, mas esse pouco importa, assim como o conquistado no final de semana passado pelos brasileiros.

Jogando cada vez mais no perímetro, flutuando, o camisa 4 anotou 26 pontos em 29 minutos. Pá-pum. Não só o volume impressiona, mas conta ainda mais a destreza (que neste caso também pode ser lido como “facilidade”) para ele alcançar esse total: 8/14 nos arremessos (57%), 3/5 nos três pontos (60%) e 7/7 nos lances livres. Apesar de ter apanhado apenas um rebote – logo, não “ralou”, nem “se matou” em quadra, tampouco “dando o sangue” – e de ter cometido mais turnovers (quatro) do que assistências (três), sua noite nos arremessos foi tão boa que lhe permitiu ser o segundo jogador mais “eficiente” da noite, com 20 pontos neste índice.

O craque do Pacers só ficou atrás de outro pivô argentino nesse quesito, o bom e velho Juan Gutiérrez, com 28, graças aos seus 22 pontos e 7 rebotes e percentual de 100% nos arremessos (9/9). Ai. O grandalhão fez a farra na tábua ofensiva – problema alertado no amistoso contra o Uruguai… –, apanhando quatro rebotes no ataque, devidamente seguidos por cestas fáceis, tranquilas. Daí o ótimo rendimento, ainda que ele também possa converter o chute de média distância, como na última (ou penúltima) bola do jogo para definir (ou quase) o placar.

De todo modo, o que ficou desse amistoso não são as armas argentinas, esses dois jogadores que estariam em quadra mesmo se todos os craques de lá tivessem se apresentado, mas, sim, a maneira como elas foram utilizadas. No ataque, o time de Julio Lamas, pelo menos por ora, mostra muito mais predisposição a compartilhar a bola. Neste caso, os números não fazem justiça ao que vimos em Goiás: 16 assistências contra 12 a favor dos vizinhos? Ok, podem ter sido, mesmo. Só não temos computados os números de passes trocados entre eles durante toda a partida. A bola roda de um lado para outro, volta, trás e frente, direita e esquerda, e por aí vai – ops, por “aí”, não, agora foi por lá.

Do outro lado, mesmo com dois armadores em quadra, Magnano vai administrando uma ofensiva muito estagnada. Vem sendo drible, drible, drible no centro da quadra, a tentativa de chamar um pick-and-roll (várias vezes negada por uma defesa em colapso) e… Quase nada além disso. Larry Taylor, em especial, está com cola nas mãos. E o relógio correndo, uma movimentação reduzida, e nada de se buscar uma opção melhor de arremesso. Tudo isso em situações de meia-quadra, que são forçadas com mais frequência contra times mais bem estruturados, que conseguem retornar com disciplina para a defesa para impedir os contragolpes, como os argentinos conseguiram fazer hoje. Resultado: foram apenas dois pontos brasileiros no contra-ataque.

Uma prova da estagnação do ataque brasileiro é o baixo número de assistências para aqueles que não se chamam “Marcelo Huertas”. Dos 12 passes para cesta da seleção, seis foram de seu armador e capitão. Quer dizer, a outra meia dúzia ficou dividida entre 11 atletas. Fica a dúvida: será que há um limite para passes na seleção imposto pelo treinador? Se alguém arriscar um quarto – ou, pior, quinto ou sexto! – passe no mesmo ataque vai para o banco logo em sequência?

Sobrecarregado na hora de criar, com 17 pontos e seis assistências, Huertas acabou cometendo mais da metade dos turnovers brasileiros, 4 de 7. Um número de erros, aliás, bastante limitado. Ao menos isso: estão cuidando da bola.

Trevas? Catástrofe, então?

Ainda não.

Estamos apenas nos amistosos. E uma combinação de adversários inferiores/menos organizados + blitz defensivas + contra-ataques + bola no Hettsheimeir + rotação mais enxuta pode bastar para encaminhar uma classificação, ainda que a conta possa ficar apertada numa noite de azar. Ainda assim, a 18 dias do início da Copa América, a Argentina está na frente. E quem vai estranhar isso?


Em clima nada amistoso, Brasil vence e vê Splitter de volta
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Giancarlo Giampietro

Com torcedores dos dois lados no ginásio em Foz do Iguaçu, velhos rivais vindo de uma partida que já não havia terminado bem em Buenos Aires, não era de espantar que tivesse confusão em quadra. Fazia tempo que não víamos dessas, mas estava latente.

Os argentinos já se irritaram muito com um empurrão de Marcelinho Machado em Luis Scola, posicionado para um corta-luz, logo nas primeiras posses de bola. Foi um encontrão duro, mas nada fora do comum.

A partir dali, Julio Lamas se descontrolou e soltou cobras e lagartos para cima do trio de arbitragem brasileiro, recebendo falta técnica e, nem assim, aliviando. Teve vários momentos de “fala muito” durante os dois primeiros quartos até chegarmos ao empurra-empurra geral depois de Leo Gutiérrez e Marcelinho se estranharem. Clima amistoso o escambau.

Machado e Leo foram expulsos. Nocioni acabou excluído com cinco faltas, claro. Agora… Não me venham com ofensas a argentinos, por favor. É jogo, não guerra.

Brasil x Argentina em Foz do Iguaçu

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Em quadra, na bola, a seleção atacou, enfim, com seus pivôs, refreando seu ímpeto de três pontos. A combinação Splitter-Varejão voltou a funcionar – lembrem do que fizeram juntos na Copa América de 2009 em Porto Rico. A ação interior nos primeiro e quarto períodos fluiu com estilo e eficiência sob a orquestração de Huertas e os dois grandões cortando direto para o aro.

Splitter, em particular, lavou a alma. Foi sua primeira atuação nesta série de amistosos que seguiu o padrão ao qual nos habituamos nos últimos torneios oficiais. Ou seja: alto nível. Colocou toda sua habilidade no jogo de pés para dar um baile nos adversários no garrafão.

Quando Nenê entrou, o aproveitamento caiu, mesmo com o pivô isolado no poste interior contra rivais mais baixos e fracos. Não foi eficaz. Só não é para detonar o são-carlense, que não está 100%, mas precisa ser envolvido, sim, para chegar bem a Londres.

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Juan Gutiérrez dessa vez foi colocado no bolso, como deve ser. Nossos pivôs são bem mais ágeis, versáteis e igualmente fortes.

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Larry Taylor marcou muito bem, usando sua capacidade atlética para pressionar seu jogador, que invariavelmente tinha dificuldade para criar. No ataque, fora da bola, ele também se mexeu bastante naquela que foi sua melhor partida pela seleção até aqui. Só não confundam uma coisa: não é porque ele jogou ao lado de Huertas e Raulzinho que significava uma dupla armação para o Brasil. O norte-americano jogou basicamente como um ala.

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O desfalque de Leandrinho (somado ao eterno de Marquinhos) ainda impede que Magnano tenha seus 12 atletas em quadra por uma vez sequer e nos impede também de saber qual exatamente é a rotação que o técnico tem em mente para os Jogos. Algo importante também dentro do grupo: ajudaria que ninguém crie falsas expectativas sobre suas funções durante a competição.

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A vitória em si pode ser comemorada, mas o placar final não chega a ser totalmente realista, já que os argentinos, no fim, nos dois minutos finais, estavam sem cinco de seus principais jogadores – Ginóbili, Delfino, Scola, Nocioni e Leo Gutiérrez. Muita coisa comparando com Leandrinho, Marquinhos e Machado. Explicando: a vitória foi mais que justa, o Brasil foi superior, mas houve condições atípicas no jogo também.

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Alguém viu aí qual o lance em que o Scola se lesionou no quarto período? Que fase a do argentino, hein? Acabou de ser dispensado pelo Houston Rockets e ainda termina um Brasil x Argentina no vestiário para ser examinado.


A argentina de Scola (e Ginóbili)
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Giancarlo Giampietro

Manu Ginóbili, Argentina

Ele não chegou a ficar tão distante assim de sua seleção como Nenê, mas foi um bom período também.  Quando retornou no ano passado na Copa América de Mar del Plata, houve um certo estranhamento.

Mas calma. Não é questão de ser alarmista ou querer instaurar uma crise nos nossos vizinhos. Mais que natural.

Por melhor entrosamento que desfrute com seus companheiros de geração, a distância de muitos anos lhe apresentou uma seleção um pouco diferente do que estava habituado a acompanhar. Uma seleção que jogava muito mais em função de Luis Scola do que no passado. (Embora não dê para também o fato de ter se lesionado no final da temporada da NBA, com um braço quebrado).

Ginóbili terminou o Pré-Olímpico com 15,8 pontos, 4,0 assistências e 3,0 rebotes. Scola fechou com 21,4 pontos, 6,3 rebotes e 1,7 assistência. De modo algum são números fracos, baixos. Mas o que contava mais era a química que víamos em quadra, ainda mais nos confrontos decisivos.

Era um ala mais hesitante, apostando muito mais no seu tiro de três pontos do que nas infiltrações. Nos dois confrontos com o Brasil – uma derrota histórica e a vitória na final –, somou apenas 22 pontos, quatro assistências e oito desperdícios de posse de bola, com péssimo 7 arremessos certos em 21 tentativas de quadra.

Bem, na decisão do Super 4 desta sexta-feira, era outro Ginóbili, né? Foram 33 pontos de uma só tacada (43,4% dos pontos da equipe), com apenas quatro chutes de longa distância e um convertido. Procurou atacar, pressionar a defesa brasileira em seu interior, o que faz com destreza, mobilidade e inteligência únicas. Dessa vez, também, ele e Scola trabalharam bem em diversas combinações de dupla, e não houve quem o parasse.

Em suma, foi uma atuação de gala perante sua torcida, que sempre tem a sensação de que possa estar assistindo ao craque pela última vez na vida: não está claro até quando eles vão jogar e cada partida da geração dourada em solo argentino pode ser a de despedida.

Se for para Manu jogar desse jeito, que se despeça logo. 🙂

* * *

Foi um jogo absolutamente equilibrado, mas os argentinos levaram a melhor na maioria dos quesitos:

– Aproveitamento de quadra: 46% Argentina, 43% Brasil, que arremessou apenas quatro vezes a mais.

– Três pontos: 25% Argentina, 26% Brasil, que tentou, no entanto, sete chutes a mais (6/23 é péssimo, pior que 4/16).

– Rebotes: Argentina 36, Brasil 34.

– Assistências: Argentina 11, Brasil 9.

– Bolas perdidas: 9 a 9.

– Pontos no garrafão: Argentina 36,  Brasil 30.

Mas a maior vantagem, mesmo, para os donos da casa foi no número de faltas: 31 foram marcadas para os brasileiros, 18 para os argentinos, que bateram, desta forma, dez lances livres a mais (32 a 22).

Sim, a arbitragem fez alguma diferença além de Ginóbili. Mas a seleção podia também ter maneirado ou caprichado mais nos tiros de três pontos que tanto desagradam a Magnano.

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Amistoso, ok, a derrota não é para ser levada tão a sério como resultado, mas não deu para não notar Magnano virando as costas para o compatriota Lamas ao final da partida, assim como o Alex se recusando a se levantar para cmprimentar Ginóbili. Ficaram pês da vida com a arbitragem.

* * *

Permitir a Juan Gutiérrez 20 pontos e 8 rebotes, com sete acertos em oito arremessos definitivamente não estava nos planos.

PS: veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.


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