Em entrevista, gerente geral do Houston Rockets dá dica indireta para Scott Machado
Giancarlo Giampietro
Em participação no programa “Pardon the Interruption”, de bastante repercussão na ESPN americana – é uma das mesas redondas deles –, o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, destacou uma característica especial que ele procura de modo geral nos jogadores que pretende contratar: a capacidade de ser agressivo com a bola, a vocação para bater direto para a cesta.
“Gosto de jogadores que atacam a cesta. Mesmo os armadores, e obviamente Jeremy Lin é um grande exemplo disso. James Harden também”, afirmou. “Os armadores geralmente são um pouco mais tradicionais, mais precavidos, passando mais a bola, ficando afastados da cesta, e não acho que isso afeta tanto no seu total de vitórias como as pessoas pensam. Gosto de ter vários jogadores que ataquem a cesta, jogando com velocidade.”
É claro que, ao optar por pagar cerca de US$ 6 milhões de salários para jogadores dispensados no final de outubro e segurar o contrato não-garantido de Scott Machado, Morey já deu um baita voto de confiança para o nova-iorquino brasileiro e mostrou que seu basquete é bem-visto pelo Rockets.
Mas este pequeno comentário, no final de sua entrevista, não deixa de valer como uma dica para o jovem armador, do modo como ele deve encarar os treinos e eventuais jogos pelo time texano.
Scott é justamente um dos raros armadores nos dias de hoje que se enquadram em “tradicionais”, muito mais talentoso para servir aos companheiros do que em buscar a finalização. Só há um detalhe, porém, nesta caracterização: ainda que em um nível de competição menor como as ligas de verão da liga ou as partidas de pré-temporada, o jogador se mostrou propenso a trabalhar com infiltrações no garrafão do que alguém que fique estático no perímetro, orientando os companheiros à distância. Ele gosta de balançar a defesa mesmo e se aventurar lá dentro, sabendo que sua ótima visão de jogo pode livrá-lo de qualquer encrenca diante de pivôs imensos e atléticos.
Por enquanto, ele não vem tendo a chance de demonstrar essa habilidade com o Rockets, sem ser relacionado pelo técnico Kevin McHale para o elenco operacional nas quatro primeiras rodadas (duas vitórias e duas derrotas para o clube). Por enquanto, a reserva de Lin fica mesmo com o ala-armador Toney Douglas. O ex-Knick aparece com médias de 12,8 minutos por jogo, com 2,0 pontos e 1,8 assistência e, prepare-se, 11,1% nos arremessos. Vixe: foram dois em 18 acertos e nenhuma bola de três convertida.
Mas Scott não precisa se sentir mal com isso, não: McHale adotou uma postura bastante conservadora neste início de campanha, banindo os novatos de sua rotação. O treinador não vem escalando nem mesmo as duas escolhas de primeira rodada deste ano: os alas extremamente talentosos Terrence Jones e Royce White, e uma do ano passado, o lituano Donatas Motiejunas, dando prioridade aos mais experientes no elenco mais jovem da NBA 2012-2013.
No fim, o brasileiro parece encaminhado, mesmo, para testar sua agressividade pelo Rio Grande Valley Vipers, sua filial da D-League. Aí a equação mais importante para as planilhas estatísticas de Morey passa a ser a seguinte: (quanto mais lances livres ele bater pelo Vipers) + (quanto mais tijolos Douglas atirar saindo do banco pelo Rockets) = maiores as chances de promoção.