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Fiquem de olho: Huertas quer tentar a NBA na próxima temporada
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Giancarlo Giampietro

Em 2012, amistoso e vitória contra o Mavs de Darren Collison

Em 2012, amistoso e vitória contra o Mavs de Darren Collison

A pergunta mais feitas a qualquer blogueiro ou comentarista de basquete nos últimos quatro, cinco anos deve ter sido esta: ué, o Marcelinho Huertas não tem bola para jogar na NBA? Ou essa, ou alguma de suas variantes – ninguém vai contratá-lo, quando ele vai tentar? Etc.

(Nos últimos meses, esse questionamento provavelmente foi superado por “Onde está Fab Melo?”, até que o pivô assinou contrato com o Caciques de Humacao, que é o lanterna da liga porto-riquenha. O pivô, afastado das quadras desde que foi dispensado pelo Paulistano em setembro, ainda não fez sua estreia.)

Mas esta nota aqui é para falar de Huertas, mesmo. O contrato do armador com o Barcelona vai expirar ao final da temporada, e, segundo o que apurou o VinteUm, pode ter chegado a hora: o jogador está realmente empenhado em explorar o mercado dos Estados Unidos. Não é garantia de que vá jogar na liga norte-americana, veja bem: depende do nível de interesse demonstrado pelos clubes e de que tipo de proposta toparia. É muito provável que, em termos financeiros, ganharia mais se continuasse na Europa. De todo modo, parece disposto a encarar esse novo teste.

É essa a intenção por trás da recente mudança de agente por parte do jogador, agora representado nos Estados Unidos por Alex Saratsis e por Gerard Darnes na Europa, ambos da Octagon. Saratsis também trabalha na campanha pré-Draft da dupla pinheirense Georginho e Lucas Dias e tem Giannis Antetokounmpo como um de seus principais clientes.

Huertas assina com a Octagon

Huertas assina com a Octagon

Um fator que favorece a transição a travessia do Atlântico para Huertas agora  é o fato de várias franquias estarem preparadas para fazer grandes contratações a partir de julho, quando começa o período de negociação com os agentes livres. Os alvos são, claro, astros estabelecidos (Kevin Love?, Marc Gasol, LaMarcus Aldridge, Goran Dragic, DeAndre Jordan, Paul Millsap), ou jovens emergentes (Kawhi Leonard, Jimmy Butler, Khris Middleton, Greg Monroe, Brandon Knight, entre outros).

Não são todos os clubes que conseguem acertar com os primeiros nomes em suas listas. Aí os dirigentes passam para opções secundárias, e tal. Até o momento em que têm de decidir se vale a pena gastar por gastar, ou poupar o dinheiro (e, principalmente, o espaço na folha salarial) para 2016. As pretensões salariais de Huertas não deve ser exorbitante – especula-se que ganhe algo em torno de US$ 1,7 milhão por temporada com o Barça. Isso é basicamente o que Pablo Prigioni ganha no Houston Rockets, tendo sido seu contrato elaborado pelo New York Knicks. Há de se considerar aqui, todavia, diferentes cargas tributárias e eventuais mimos que os clubes europeus dão aos atletas, como casa e carro.

O armador argentino, aliás, seria o paralelo mais próximo para o brasileiro. Prigioni também viveu seus melhores anos na Europa antes de migrar para os Estados Unidos, aos 35 anos, fechando um contrato bem baixo, de US$ 473 mil. Depois de mostrar serviço, com a competência de sempre – sereno com a bola, comete poucos erros e marca muito bem –, ganhou o aumento. A diferença é que  seu ex-companheiro de Baskonia chegaria mais jovem, aos 32, embora com habilidades diferentes: Huertas é muito mais criativo com a bola, mas tem dificuldade na defesa, especialmente no mano a mano. Essa seria a maior questão na transição do titular de Ruben Magnano, segundo scouts e dirigentes da liga consultados pelo VinteUm. Nem sempre é fácil, especialmente para armadores. Basta lembrar que verdadeiras lendas do basquete europeu como Sarunas Jasikevicius, Vassilis Spanoulis e Juan Carlos Navarro não tiveram as oportunidades que mereciam, se frustraram e voltaram correndo. Todos eles precisavam da bola em mãos para produzir – diferentemente de Prigioni.

No Mundial 2010, uma vitória histórica escapou. D. Rose, R. Gay e K. Love se recordam

No Mundial 2010, uma vitória histórica escapou. D. Rose, R. Gay e K. Love se recordam

Um ponto que pesa a favor de Huertas é a boa imagem que deixou em confrontos recentes com o Team USA. Já virou tradição. Até por terem o mesmo fornecedor de material esportivo, a Nike, estão sempre se enfrentando rumo a alguma competição internacional importante. Um maestro na hora de conduzir jogadas de pick and roll, fazendo a festa de diversos pivôs como Tiago Splitter e Ante Tomic, o paulistano se esbaldou em quadra em muitas ocasiões contra a nata da NBA. Virou um personagem cult para a imprensa americana. Foram projeções numéricas, “show de Huertas” e coisas do tipo. Essa reputação foi construída a partir do grande susto que a seleção brasileira deu na equipe de Coach K no Mundial de 2010, na Turquia.

Além disso, também se saiu bem em amistosos contra clubes da grande liga. Em 2010, mesmo, enfrentou Spurs e Grizzlies e teve médias de 6,5 pontos, 10 assistências, 5,5 rebotes, em 33 minutos, acertando 6/15 arremessos. Em 2012, foi a vez de se testar contra o Dallas Mavericks, então com Darren Collison. Marcou 12 pontos e deu 3 assistências em 36 minutos. O gigante catalão venceu.

Foram amistosos, que não podem ser avaliados com exatidão, ainda mais por serem intercontinentais. De qualquer forma, é o mais perto que Huertas chegou da liga americana, em quadra. A cada jogo desses, o armador teve de responder muitas vezes se sobre o que acharia de jogar lá. Em 2013, por exemplo, falando com Juca Kfouri, estava ainda muito tranquilo a respeito, satisfeito como titular do Barcelona, ainda no meio de um grande contrato. Esse vínculo agora está chegando ao fim, e pode ser que seus fãs brasileiros tenham enfim a chance de botar a teoria em prática.

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Se optar por um contrato de NBA, mesmo, Huertas se despediu da Euroliga nesta quinta-feira. Seu Barcelona foi eliminado pelo Olympiakos na fase de quartas de final da competição continental. Placar de 3 a 1 na série, com a equipe grega, bicampeã em 2012 e 2013, roubando o mando de quadra. Foi uma eliminação dolorosa. Não só pelo fato de o clube espanhol ter as mais altas aspirações, mas pelo modo como aconteceu, com cesta de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. Atualizo a seção Euroligado do blog no fim de semana com mais detalhes. Para quem vem acompanhando a temporada do brasileiro aqui no VinteUm, sabe-se que ele perdeu muito espaço na rotação de Xavier Pascual nas últimas semanas. O tcheco Tomas Satoransky, um belíssimo jogador, assumiu a vaga de titular, com autoridade. Na Liga ACB, o Barça ocupa a terceira posição, com atordoantes nove vitórias.

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Quem também falou esta semana sobre a possibilidade de jogar nos Estados Unidos foi o pivô Augusto Lima, hoje um dos principais nomes da Liga ACB. Em entrevista ao site EuroHoops, deixou as coisas em aberto – diferentemente do que vinha falando durante sua excepcional campanha, assegurando que a prioridade era renovar contrato com o Murcia, pelo qual já comemorou até mesmo vitória contra o Real Madrid. Seu contrato vai até 2016, mas… “Você nunca sabe. Todo jogador sonha em jogar no mais alto nível da Euroliga ou da NBA. Mas tenho de dar um passo de cada vez. No momento, estou concentrado em ajudar o Murcial. Posso jogar na NBA algum dia! Vou considerar as opções durante as férias e tomar a melhor decisão”, disse. No ano passado, ele já teve uma proposta do Philadelphia 76ers.

 


Semifinalista, Lituânia usou até Frankenstein pra ser o país do basquete
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Giancarlo Giampietro

Valanciunas, o futuro do país do basquete

Valanciunas, o futuro do país do basquete

O basquete comemora: a Lituânia está na semifinal da Copa do Mundo, pela segunda edição consecutiva, depois de ter batido a Turquia por 73 a 61 nesta terça-feira, num jogo que estava enroscado por três períodos, mas foi resolvido pela maior versatilidade – e talento puro, mesmo – dos bálticos no quarto final, em Barcelona.

Não foi a apresentação mais encantadora do torneio, uma que fique para a história, as a modalidade comemora, sim. Não deixa de ser gratificante testemunhar o sucesso alcançado por uma nação de estimados 3 milhões de habitantes (praticamente a mesma de Salvador) e área total de 65,300 km2 (três vezes menor que o Paraná) e que, com esses números relativamente tímidos, constitui um autêntico país do basquete.

Uma seleção com currículo de fazer inveja a qualquer país que não se chame Estados Unidos. O mesmo Team USA que bateu a Eslovênia nesta e que vão enfrentar na semifinal de quinta-feira, um adversário ao qual devem muito de seu apego religioso pela modalidade.

Frank Lubin, de jogador de time hollywoodiano a ídolo nacional na Lituânia

Frank Lubin, de jogador de time hollywoodiano a ídolo nacional na Lituânia

Sim, eu sei: direta ou indiretamente, todo basqueteiro deve reportar aos Estados Unidos, por intermédio de James Naismith. Ainda que tenha nascido no Canadá, foi em Springfield, no Estado de Massachusetts, que ele inventou essa brincadeira de bola ao cesto. Para os lituanos, porém, um dos patriarcas de fato tem outro nome: Frank Lubin.

Nascido em Los Angeles, filho de lituanos, Lubin era um pivô de pouco mais de 2,00 m de altura, que se formou pela UCLA – instituição que, nos anos 60 e 70, contaria com os jovens célebres Lew Alcindor e Bill Walton, vocês sabem. Lubin não fez nome como o futuro Kareem Abdul-Jabbar, mas pôde celebrar como campeão olímpico pelos Estados Unidos em Berlim 1936, a primeira edição do torneio olímpico – por aquele que teria sido o primeiro Dream Team, recebendo sua medalha dourada de ninguém menos que o próprio Dr. Naismith.

Depois da famigerada competição disputada no quintal de Adolf Hitler, Lubin aceitou um convite para conhecer e trabalhar como treinador na Lituânia, aonde seria como Pranas Lubinas – o que é muito mais legal, claro. Ele ainda veria, em 1937, o selecionado báltico conquistar seu primeiro EuroBasket, em Riga, na Letônia. Como jogador e técnico, ajudou a conquistar o torneio continental seguinte, em 1939, sendo MVP de uma competição em seu time fazia as vezes de anfitrião. Ele morreu aos 89 anos, de volta à Califórnia, em 1999, dois anos depois de entrar no Hall da Fama de sua universidade.

A noiva do Boris Karloff. Quer dizer, do Frankenstein. Mas não do Frank Rubin, que fique claro

A noiva do Boris Karloff. Quer dizer, do Frankenstein. Mas não do Frank Rubin, que fique claro

Se isso já não fosse instigante o bastante, saibam que Lubinas também poderia ser identificado como Frankenstein Lubin pelos seus compatriotas norte-americanos, num trocadilho óbvio com seu nome natural, mas que que também envolvia o time e o técnico pelo qual jogava nos Estados Unidos. Acreditem: ele defendia uma equipe amadora bancada pela… Universal Pictures, um dos pilares hollywoodianos. O treinador Jack Pierce fazia seus bicos como maquiador do estúdio. Quer dizer, mais provável que o basquete fosse o bico, né? Mas vamos lá: um de seus trabalhos foi a produção “The Bride of Frankenstein”, estrelada por Boris Karloff, o verdadeiro e único Frankenstein dos cinemas – Robert De Niro que nos perdoe. Segundo esse texto fantástico de Luke Winn para a Sports Illustrated, Lubin vestia fantasia e partia em direção aos torcedores antes dos jogos, em muitas das ações promocionais que faziam para os filmes da Univesal.

Sem maquiagem ou roupas estranhas, Lubinas ser um astro, mesmo, na Lituânia, aonde passou a ser conhecido como o “Avô do Basquete”. De qualquer forma, outros americanos, entre eles Konstantinas Savickas (que nasceu em Punsk, mas emigrou para a América do Norte quando criança), também foram instrumentais para ensinar e, naturalmente, popularizar o basquete por lá. Savickas, por exemplo, foi o treinador da seleção nacional até pouco antes do Europeu de 37.

Na equipe campeã naquele ano e em 1939, os grandes nomes ainda eram descendentes diretos como Juozas Jurgela,  Vytautas Budriunas,  Feliksas Kriauciunas e Pranas Talzunas, boa parte da região de Chicago. Depois do primeiro título, a Lituânia ganhou o direito de sediar a edição seguinte. Para tanto, o governo autorizou a construção do Kauno Sporto Hal (o hall dos esportes de Kaunas), que, na verdade, recebia só jogos de basquete. Teria sido o primeiro, digamos, templo construído apenas para a prática do bola ao cesto, algo que viraria realmente um culto por lá.

A esperança de sediar mais uma vez o torneio em 1941 e de lutar pelo tricampeonato acabou da pior forma, com o estouro da Segunda Guerra Mundial. A Lituânia se viu disputada por russos e alemães no início dos anos 40 e acabou anexada novamente na composição da União Soviética. Lubinas conseguiu escapar com sua família saindo de um navio da Estônia. A reconstituição desses fatos ajuda a entender bem a paixão do país pelo basquete, não? Era como se a modalidade representasse o sonho de independência, prosperidade e glórias.

Um outro Time dos Sonhos, por diversas razões

Um outro Time dos Sonhos, por diversas razões

A ponto de o time de 1992, a primeira seleção lituana constituída após a corrosão do antigo império comunista, ganhar a aura de um conjunto secular, sob a liderança do gigantesco Arvydas Sabonis. É uma grande história que envolve grandes craques de basquete, orgulho nacional, redenção e até mesmo o Grateful Dead. Virou imperdível documentário, já abordado por estas bandas.

Desde então, o mundo do basquete se habituou a dividir o pódio com os lituanos. Eles foram semifinalistas simplesmente por cinco torneios olímpicos em sequência, levando o bronze de Barcelona 1992 a Sydney 2000 – em Atenas e Pequim, terminaram em quarto. Sem contar que o ouro soviético de 1988, sabemos todos, é, no mínimo, 85% lituano, com seus jogadores atuando por um país que, de unido, só tinha o nome – se não bastasse o talento inigualável de um Saboni, com algumas cirurgias a menos, ainda contavam com Kurtinaitis, Marciulionis e Chomicius. Na Europa, também ganharam duas pratas, incluindo a do último campeonato, mais um ouro em 2003 e um bronze em 2007. Curiosamente, em termos de Mundial, têm menos sucesso que os russos, com apenas um bronze na última edição, contra duas pratas conquistadas pelos rivais.

Como eles fazem isso? Basta paixão e dedicação?

Claro que não.

No texto de Luke Winn para a SI, o secretário geral (ou: generalinis sekretorius) da federação Mindaugas Balciunas enfatiza o trabalho de formação de seus professores. “A razão para que a Lituânia seja tão forte é nosso sistema de preparação dos treinadores”, afirma o dirigente que ajudou a criar em 2010 até mesmo um programa de mestrado para técnicos, em parceria com a Universidade de Worcester, na Inglaterra (!?) e a Academia Lituana de Edudação Física, pela qual se formou. “Desde então, ele têm persuadido membros da atual seleção, incluindo o ala Linas Kleiza, a se inscreverem nesse curso”, relata Winn. Os estudos podem ser feitos  à distância. Mas o fato é que, nas escolas do país, já são diversos os bacharéis ensinando a molecada.

Acho que isso ajuda a entender um pouco, né?

A atual seleção lituana não conta com ninguém do porte de seus grandes nomes dos anos 80, ou de um Sarunas Jasikevicius, que se despediu da equipe após Londres 2012 e se aposentou nesta temporada – hoje é assistente do Zalgiris. Mas há uma combinação interessante de veteranos como os gêmeos Lavrinovic, o ala Simas Jasaitis e o pivô Paulius Jankunas com uma nova geração liderada por Jonas Valanciunas, o xodó do Toronto Raptors, que, aos 22, é um dos cinco atletas de 25 anos para baixo do elenco. A tradição vai seguindo adiante, como não pode deixar de ser.

“Nós somos um país pequeno”, admite Sabonis. “E o basquete é o melhor caminho para mostrarmos ao mundo quem nós somos.”


Málaga reforça com pivôs seu elenco, e Augusto fica em situação nebulosa na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Um dos clubes mais fortes da Espanha e tradicionais da Europa, o Unicaja Málaga estava ficando para trás, bem para trás. Barcelona e Real Madrid mantiveram um núcleo fortíssimo e ainda fizeram contratações mais que pontuais para a próxima temporada.

Os catalães agora contam com o talento do pivô croata Ante Tomic, que veio do arquirrival, aliás, além de um certo armador legendário Sarunas Jasikevicius, de volta após nove anos, nos quais passou por praticamente todos os clubes de elite do continente. Já o Real acertou o retorno do Rudy Fernández, eleito vilão olímpico no Vinte Um, e com o pivô Marcus Slaughter, que nunca teve uma chance real na NBA e construiu sua carreira na Europa, jogando por agremiações menores até chegar ao primeiro escalão.

Augusto enterra na Espanha

Augusto: pivô muito atlético, veloz, saltador, mas que pode ficar preso no banco

E nada de o Málaga se mexer? Mesmo depois de terminar a Liga ACB passada com um decepcionante nono lugar, fora dos playoffs, e de uma campanha nada empolgante na Euroliga, com 17 vitórias e 17 derrotas?

Bem, na semana passada seu elenco enfim começou a tomar uma forma mais séria, e aí vem a má notícia na parte que refere ao basquete brasileiro: as contratações são pouco promissoras para o progresso de Augusto Lima. Três dos principais reforços para o técnico Jasmin Repeša são homens de garrafão: o norte-americano James Gist, o sérvio Kosta Perovic e o espanhol Fran Vázquez, que deixou o Orlando Magic falando sozinho mais uma vez. Eles se juntam ao croata Luka Žorić, e, de repente, a rotação de pivôs da equipe já parece deixar o brasileiro afundado no banco.

Claro que depende de Augusto também, de tentar se impor nos treinamentos e deixar um dos medalhões para fora. Mas é muito difícil: Gist, Perovic e Vázquez chegam com salários altos e status de soluções. Žorić seria o homem a ser batido, mas é muito mais experiente e foi dos poucos, do elenco passado, que agradou e seguiu no clube.

Augusto, hoje com 21 anos, vem sendo preparado em Málaga há tempos, em mais um caso de brasileiro que foi cedo para a Espanha para ser cultivado por um grande clube – trilha aberta por Tiago Splitter em 2000. Dezenas de jogadores daqui repetiram essa rota, e foram poucos os que vingaram. Dois deles apenas quando se desvincularam do Unicaja:

– Vitor Faverani, que hoje está por cima, precisou de uma reviravolta na carreira na temporada passada, na qual jogou pelo Valencia. Hoje é visto como um dos melhores pivôs da liga, mas, diga-se, vai ter de dar sequência ao trabalho e confirmar essa confiança toda no próximo campeonato.

– O armador Rafael Luz conseguiu sair do Málaga para o bem e, até onde se sabe, sem traumas com a diretoria. Na temporada passada, fez um bom campeonato pelo falido Alicante e agora está no Obradorio, com vida própria no mercado espanhol.

Tem também o Paulão, que acabou de assinar com o Cajasol, mas ainda busca estabilidade na carreira após uma jornada igualmente turbulenta pelo clube da Andaluzia. Se Faverani teve problemas de comportamento, o pivô revelado em Ribeirão Preto penava para se manter em forma devido a uma série de lesões que deixou muita gente frustada.

Augusto Lima, do Málaga

Augusto vai tirar o uniforme de treino?

É um problema: o Málaga investe em projetos de base, mas não consegue incorporar os talentos desenvolvidos ao seu time principal. Há muita pressão por resultados em uma liga bastante competitiva, e a saída de Aito Garcia no ano passado, um treinador mais afeito ao trabalho com jovens, não ajudou em nada.

Fica, então, esse impasse para Augusto, que também rendeu bem mais quando foi emprestado para o Granada em 2010-2011 e ganhou minutos preciosos. Tudo para,  campanha seguinte, de volta ao seu clube, ser atrapalhado por uma cirurgia nas costas. Não pôde mostrar serviço e agora enfrenta uma dura concorrência para pisar em quadra.

Lembrando que, até para o seu futuro longe da Espanha, a próxima temporada é muito importante para o brasileiro. Como vai completar 22 anos em 2013, ele participará do draft da NBA automaticamente. Seu jogo – de capacidade atlética, vigor e energia incomuns para alguém de seu tamanho – é bem conhecido pelos olheiros europeus, mas uma boa produção nos meses que antecedem o recrutamento de calouros da liga poderia alçá-lo até mesmo ao primeiro round.

Para produzir, no entanto, ele precisa, antes, jogar.


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