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Márcio Dornelles: longevidade e consistência em meio a tantas mudanças
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Giancarlo Giampietro

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Num extremo, temos os caçulas do NBB, muito pouco aproveitados por suas equipes. Fazendo as contas aqui, chegamos a um número preocupante: apenas 11 jogadores sub-22 que recebam um mínimo de dez minutos por partida na temporada.

Desse dado ínfimo, a lógica nos empurraria para uma conclusão de que o campeonato nacional é dominado por veteranos, e é verdade. Mas existem jogadores experientes e existem aqueles que estão beirando os 40 anos, este um grupo ainda mais raro, que só inclui três personagens.

O Flamengo escala há tempos Marcelinho Machado, que vai inaugurar o clube dos quarentões do NBB 7 no dia 12 de abril – já pode ir comprando as velinhas. Precisamente um mês mais tarde será a vez de Helinho adquirir a carteirinha, no melhor lugar possível para a família: Franca. O terceiro integrante vai demorar um pouco mais, ganhando alguns dias para tirar um sarro de seus companheiros de, digamos, senado: Márcio Dornelles, que vai celebrar apenas no dia 29 de dezembro, quase na virada.

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Que Márcio tenha de esperar um pouco para celebrar não deixa de ser consistente com sua trajetória. Temos aqui um caso bastante peculiar: um jogador de capacidade atlética acima da média no auge, um cestinha muito regular – em que pese uma ou outra lesão e até mesmo a própria inconsistência do basquete nacional, que ele testemunhou de perto –, mas que talvez nunca tenha ganhado a atenção merecida.

marcio-dornelles-nbb-numerosEm termos de seleção brasileira, mesmo, ele não passou dos 20 jogos. Fico escondido ou esquecido numa troca de gerações no perímetro. Viu as convocações de Vanderlei, Rogério, Caio, seu próprio xará Márcio de Azevedo, até que seu contemporâneo Marcelinho assumiu a chave do carro para, depois ser acompanhado pela turma de Ribeirão Preto, o amadurecimento de Marquinhos, chegando a um estágio atual de escassez.

Mas isso não fez o gaúcho de Porto Alegre desanimar. É como se nada estivesse acontecendo. Disputando seu sétimo NBB, o ala começou a temporada 2014-2015 devagar, é verdade, mas vem pontuando bastante nas últimas rodadas, ajudando a colocar o clube fluminense na zona de classificação para os mata-matas.

Em um momento de ascensão, Macaé está na 11ª colocação, depois de vencer o Uberlândia num confronto direto nesta terça-feira, com 18 pontos de Márcio. Foi a terceira vitória nas últimas cinco rodadas para um time que, inclusive, já bateu os dois finalistas do ano passado, Flamengo e Paulistano. Nessa sequência, o veterano teve papel fundamental, com médias de 14,8 pontos e 3,8 rebotes e o aproveitamento de 42,8% nos arremessos de três pontos e 56,6% nos arremessos.

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Esse é o Marcio curtindo sua longevidade, numa competição que pode ter seus problemas estruturais ainda, mas que oferece um cenário muito mais estável do que os tempos pré-LNB, há nove anos, quando o campeonato nacional foi parar na Justiça e a aliança entre os clubes se fraturava. Foi um papo bacana com ele, antes dessa sequência de vitórias do Macaé, o terceiro clube de sua carreira de NBB e o 13º da carreira, cujo elenco tem na rotação o armador Pedrinho, 20 anos mais jovem e um dos poucos adolescentes que encontra espaço na competição. Confira:

21: Quando você estava saindo do juvenil para o profissional, na primeira metade da década de 90, imaginava que estaria jogando hoje, na temporada 2014-2015?
Márcio Dornelles:
Não imaginava, não. Conforme tu vai jogando, vai aprendendo a se cuidar. Acho que isso fica mais forte depois que constrói uma família também. As coisas mudam. A longevidade vem disso, de aprender a se cuidar, de estar bem disposto para treinar.

O Helinho já anunciou que este vai ser seu último NBB. Para você, pelo visto, parar de jogar não é algo que nem passa por sua cabeça, não?
Acho que a gente tem muita coisa que oferecer ainda. Eu ainda não penso em parar de jogar, não. Fisicamente me sinto muito bem, mesmo. Pode perguntar para qualquer um dos atletas mais novos, e vão falar isso. Esse negócio de parar só vai acontecer quando perceber que estou correndo com os moleques e que estão me deixando para trás. Mas hoje corro do mesmo jeito, do lado deles, o que mostra que ainda tenho bastante tempo para jogar.

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Para chegar aqui, você viu muita coisa acontecer no basquete brasileiro. Houve um período bastante conturbado de 2006 para 2007, no qual vimos um racha na modalidade, campeonatos paralelos, inclusive uma competição só entre paulistas, a qual você jogou por Franca. Naqueles tempos, temia que não haveria volta?
Fiquei um ano sem jogar o campeonato nacional, quando estava em Franca e jogamos a Supercopa. Depois de jogar esse torneio, que foi mesmo um Paulista estendido, tínhamos esperança ainda de que poderia mudar, mas, ao mesmo tempo, era difícil acreditar. Falávamos muito com o Hélio (Rubens), que deixava a gente a par das discussões. Os dirigentes de hoje, porém, merecem os cumprimentos e estão fazendo a diferença, botando nosso basquete para cima.

Se for para pegar o basquete no qual você começou e o que viu agora, quais seriam as diferenças mais marcantes?
Está muito melhor, muito mais organizado. A liga deu outra cara para o nosso basquete, com mais organização. Ela cobra os clubes em questão de atraso salarial, de quadra, de estrutura. É um envolvimento maior dos dirigentes da liga pelos atletas. Por exemplo, o fato de soltar tabela antes, de estar fixo na grade da TV, de estar passando na internet também. Ajuda nos planos de todos. Parece pouco, mas faz muita diferença. Antes a gente não sabia nem mesmo quando teríamos jogo. Foi uma grande mudança. Da nossa parte, surgiu a associação de atletas. Mas, sim, tem muito o que crescer ainda.

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Sobre o Macaé especificamente, como está a estrutura do clube, depois de alguns problemas na temporada passada?
Macaé tem melhorado muito. No ano passado, quando chegamos, a estrutura não era a ideal, e isso englobava tudo: fisioterapia, quadra, vestiário etc. Tudo. Para este ano, o clube deu uma guinada, melhorou na parte administrativa, de jogadores e estrutural. Isso também se deve pelo que os atletas necessitam. A gente vai aos poucos falando do que precisamos, e eles vão tentando fazer. Claro que as melhoras são aos poucos. Tem coisa que não sai de imediato, como a reforma do vestiário no ano passado. A tendência é só melhorar, pelo esforço tremendo que estão fazendo para que tenhamos tudo do bom e do melhor. Isso vale para os outros times. A liga está exigindo isso, para que cada vez mais tenhamos condições melhores.

Quando você fala na liga, é mais sobre uma pressão de bastidores ou o simples fato de que a competição em quadra exige o máximo de organização de seus clubes?
Quem não faz, fica para trás. Muito para trás. Tem de fazer. O Brasil está entrando na vitrine do basquete mundial, recebendo jogos da NBA, fechando uma parceria importante, mas temos de melhorar nosso nívelem geral. Seja com a molecada jogando uma LDB, seja reformando ginásios e mudando a estrutura para os adultos. A gente precisa tentar crescer o máximo, aproveitar este momento nosso, que é muito bom.

Como você vê essa parceria entre a LNB e a NBA, aliás? Qual a perspectiva para os jogadores?
Isso é maravilhoso. Essa parceria pode dar muitos frutos para nós. Não para mim, para mim, para o Marcelinho, o Helinho e os mais velhos da liga, mas para a molecada que está vindo agora. Fiquei muito contente pela nossa geração futura. A gente tem muito talento aqui no Brasil.

Quais as metas factíveis para o Macaé neste campeonato? Vemos um campeonato muito equilibrado:
A gente vai tentar o que não conseguimos no ano passado, que é ir para o playoff. Ficamos a uma vitória só, então montamos um time pensando nisso. Primeiramente entrar no playoff, e depois tentar dar sequência. Acho que a gente tem um time com mescla legal, de gente nova com peças importantes e americanos que reforçaram. A tendência é que consigamos a vaga para o playoff, mesmo, e, se tudo der certo, podemos passar pelo primeiro duelo. Você olha a tabela, porém, e não vê descanso. Os times vieram mais fortes. Tenho certeza de que os times olham para Macaé no calendário e pensam isso, que não vai ter jogo fácil, independentemente da colocação da temporada passada. Tem de estar concentrado e jogando no limite.


Helinho: “Quero terminar a carreira jogando bem”
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Giancarlo Giampietro

Helinho para o ataque: se aposentando nos seus termos

Helinho para o ataque: se aposentando nos seus termos. Crédito: Newton Nogueira

Aos 39 anos, pode ser que Hélio Rubens Garcia Filho esteja se preparando para se despedir das quadras – mas certamente não do basquete, pretendo estudar para virar treinador. Então falemos em aposentadoria pelo menos como atleta. Se optar por isso, mesmo, não havia lugar mais adequado para fazê-lo do que em Franca, .

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Por mais que tenha ganhado títulos em Uberlândia e no Rio de Janeiro, pelo Vasco, é inevitável associar Helinho à capital da basquete, a cidade aonde nasceu, na qual sua família criou algo que chega bem perto de uma dinastia brasileira. Foi por Franca, aliás, que ele conquistou seus três primeiros campeonatos nacionais, de 1997 a 1999, quando não havia chegado nem aos 25. Depois, ganharia mais três canecos ainda. Na fase de NBB, ainda seria vice-campeão em 2011 e 2013. Hoje, disputa o campeonato como seu segundo jogador mais velho – é exatamente um mês mais jovem que Marcelinho Machado.

Se em abril ele não falava em parar, agora, com o início de mais uma temporada pela frente, o discurso mudou. De modo que fica mais do que apropriado seu segundo retorno ao clube, que defendeu desde a saída das categorias de base nos anos 90 até 2000 e, depois, numa segunda passagem, de 2006 a 2012. “Acho que vai ser meu último ano de carreira jogando. Quero terminar a carreira me sentindo muito bem, jogando bem, dando minha parcela de contribuição”, afirmou ao VinteUm.

Em 2011, contra o Limeira de Ronald Ramon

Em 2011, contra o Limeira de Ronald Ramon

Está bem cedo ainda para falar de prognósticos, mas Helinho, por enquanto, vem cumprindo com suas expectativas – e o time também, com duas vitórias (sacolada para cima do Basquete Cearense e um jogo duro contra Brasília, ambas em casa). Nas duas primeiras rodadas, ele marcou 25 pontos e matou bolas de tudo que é lado da quadra, com 60% no aproveitamento dos arremessos, de dois ou três pontos. O chute que sempre foi a maior qualidade do atleta, um verdadeiro Steve Kerr brasileiro – a média na carreira apenas em NBBs nos tiros de longa distância é de 41,6%, com a diferença de que o integrante do clã Garcia já criou muito mais por conta própria, a partir do drible (média de 3,92 assistências). Sua liderança e intensidade em quadra também foram sempre subestimadas pelo público em geral.Agora, a bola vai ficar mais nas mãos de Juan Figueroa, um dos argentinos do time, ao lado de Marcos Mata, um grande reforço. A combinação do retorno do veterano e da chegada do ala da seleção argentina só vai inflar a esperança do torcedor francano, que anda sedento por uma conquista. “Estão todos muito, muito motivados para chegar mais longe do que nos últimos anos. Essa é a nossa expectativa”, afirma.

Helinho, vice-campeão do NBB em 2011 por Franca. Brasília venceu a final por 3-1

Helinho, vice-campeão do NBB em 2011 por Franca. Brasília venceu a final por 3-1

Bom, se for para levar em conta o retrospecto do clube apenas no NBB, temos as seguinte colocações: 7º, 3º, 2º, 10º e 5º. Então Helinho quer e espera ver seu clube brigando pelas primeiras posições. Não chega a falar em título, mas em vagas nas competições continentais, o mínimo que a exigente cidade espera. E algo que caberia bem para sua eventual saideira.

Confira a breve entrevista, na qual o armador relembra bons tempos com Demétrius, avalia o progresso de Leo Meindl e Lucas Mariano e fala sobre o primeiro trabalho com Lula Ferreira em um clube:

21: Como tem sido este novo retorno a Franca e quais os planos daqui para a frente? Ficará na cidade até o fim agora?
Helinho: Estou muito feliz, cara, um momento muito legal, importante. Acho que vai ser meu último ano de carreira jogando. Estou me sentindo muito bem. Quero terminar a carreira jogando bem, dando minha parcela de contribuição. A equipe é boa e já mostrou que tem qualidades. Estão todos muito, muito motivados para chegar mais longe do que nos últimos anos. Essa é a nossa expectativa. Uma vaga na Liga Sul-Americana ou na Liga das Américas tem de ser um objetivo. Mas é claro que outras equipes também estão pensando nisso. Estamos focados nisso, e eu, focado em poder fazer minha parte para alcançar isso.

Se for sua última temporada, mesmo, como imagina que vai ser? Seu papel, a média de minutos, envolvimento com o time etc.
No Campeonato Paulista eu me senti muito bem, joguei bastante tempo e até muitas vezes jogando de 2, uma posição que eu gosto de jogar. Quando tinha um armador que me passava bastante bola igual o Demétrius (risos), ficava mais fácil. Mas é um papel que gosto de fazer também. Neste momento, como disse, eu quero contribuir da forma que puder, dentro e fora da quadra, para que as coisas possam fluir da melhor maneira possível. Estou me sentindo bem, podendo ajudar, mesmo, nesse início de temporada.

Em 2001, aos 26, na melhor fase pela seleção. Partida contra Colômbia pelo Sul-Americano, com o pai ao fundo

Em 2001, aos 26, na melhor fase pela seleção. Partida contra Colômbia pelo Sul-Americano, com o pai ao fundo

(Aqui, uma breve interrupção: a menção a Demétrius Ferraciú não foi gratuita, mas, sim, pela aproximação de seu ex-companheiro de tantas jornadas, seja por clubes ou seleção nacional, hoje treinador do Limeira, aos 41 anos – dois mais velho que Helinho. Demétrius jogou até os 33. Quando ouviu o comentário de mais um representante da família Garcia, Demétrius disse: “Difícil é achar um desses hoje, né?”, com Helinho consentindo. O repórter, bobão, lembro que aquela era a “dupla do Goodwill Games”, ao que o armador respondeu: “É, aquele torneio foi bom”.

E aí vale aquela digressão: estamos falando dos extintos Jogos de Amizade, quando o calendário do esporte mundial ainda permitia eventos do tipo. Em 2001, em Brisbane, na Austrália, o Brasil deu um calor danado numa seleção dos Estados Unidos composta por atletas de NBA. O elenco tinha Baron Davis, Andre Miller, Jason Terry, Mike Miller, Shane Battier, Wally Szczerbiak, Rashard Lewis, Shawn Marion, Marcus Fizer, Kenyon Martin, Calvin Booth (!?) e Jermaine O’Neal. Os dois times se enfrentaram pelas semifinais, e os EUA venceram apenas na prorrogação, por 106 a 98.

Demétrius chegou a ter a bola do jogo nas mãos no tempo regulamentar, mas Baron Davis não o permitiu arremessá-la. A dupla de armadores brasileiros causou estragos naquela partida, acreditem. Foram 24 pontos para cada. Outra anedota: foi nessa competição que um jovem pivô chamado Nenê Hilário primeiro chamou a atenção dos olheiros internacionais, tendo sido bastante elogiado por Jermaine O’Neal, o cestinha deles na partida com 22 pontos e já uma estrela em ascensão pelo Pacers. Em geral, acho que esse é um dos episódios mais interessantes e talvez menos comentados do basquete brasileiro recente. Agora, de volta ao mundo de hoje…)

Sabemos da paixão genuína de Franca pelo basquete. O clube ainda não ganhou um NBB e não conquista um Paulista desde 2007.  Ao mesmo entendem que o time passou por uma renovação nos últimos anos. Para este campeonato, porém, você voltou, tem um cara do nível do Mata chegando. Como anda a cabeça do torcedor nesses dias? Como está a cobrança?
Na cidade sempre teve cobrança, e nada melhor do que ter cobrança para se ter motivação. Quanto mais você é cobrado, mais vai ter força para fazer. Isso acontece muito em Franca, e acho que é um dos nossos segredos. Estamos num momento importante, tentando fechar alguns patrocínios que ainda não estão acertados. Mas estamos empenhados, com um elenco de jogadores de cabeça boa, que sabem das dificuldades que existem no basquete tanto dentro como fora da quadra. O torcedor entende e abraça a equipe mais uma vez.

Essa é a primeira vez que você vai trabalhar com o Lula Ferreira, não? Pelo menos em clubes. Como tem sido a relação, lembrando sempre da rivalidade com Ribeirão Preto na década passada?
Sim, já joguei com ele na seleção, mas em clube é a primeira. Joguei mais contra aquele time do Lula quando estava no Vasco, e, não, por Franca. Mas muita gente na cidade ainda me aborda e fala disso: ‘Pô, como perdeu aquele Paulista?!’ (Risos) Mas a verdade é que eu não estava naquele time, né?  O Lula é um cara trabalhador, que tem credibilidade e conhecimento da causa. Tem sido um convívio tranquilo. Estou muito feliz, e ele dá liberdade para falar no dia-a-dia. Acho que ele também está sentindo a mesma coisa. Quando você quer ajudar, fazer o bem, naturalmente o bem volta para nós mesmos. A gente se encaixou muito bem.

Helinho, Franca, família Garcia, basquete

Tá em casa

Do ponto de vista nacional, na hora de olhar para o time francano, a curiosidade sempre aguça em relação ao Leo Meindl e o Lucas Mariano. O que você pode nos contar a respeito do progresso deles? O que tem sentido?
São dois jogadores talentosíssimos, que vieram da nossa categoria de base e têm muita confiança no jogo deles. Eu particularmente também aposto muito neles. Acho que no futuro próximo os dois vão estar pegando seleção brasileira. Sinto ainda um crescimento deles nos treinamentos, nos jogos, isso fica nítido. Estamos dando muita força para eles, que serão muito importantes para o clube. Estou sempre falando para eles que os chamo os chamo de ‘galudos’. Estão sempre perguntando, pedindo conselhos, querendo melhorar. Isso, acredito,  é a característica de grandes talentos que querem chegar a algum lugar. Eles têm isso.

E o pai, como está?

Está bem, está bem. Quase que ele veio hoje. Deveria ter vindo, aí ficava completo.


Quando Nenê e Varejão surgiram
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Giancarlo Giampietro

São lembranças remotas, mas que acho que valem resgatar agora, vendo Nenê e Anderson Varejão dividindo o garrafão brasileiro pela primeira vez – de verdade – desde 2003. De lá para cá, quando um pôde, o outro não estava.

Em 2001, os jovens pivôs estavam basicamente sendo apresentados ao basquete internacional na disputa do Sul-Americano masculino. Hélio Rubens era o técnico, iniciando um processo de troca de guarda no time que mesclava Helinho, Demétrius, Vanderlei, Sandro Varejão com gente mais nova.

Anderson e Nenê era duas quase-varetas, bem crus ofensivamente, mas já com muito potencial físico e energia, já conseguindo causar impacto por isso. A seleção foi até a final, sendo derrotada pela Argentina por 76 a 69 na final. Na época, Luis Scola nem cabeludo ainda era – no encerramento da fase regular, os comandados de Magnano já haviam vencido por 64 a 60, num jogo bem parelho.

A despeito de o resultado ter apresentado mais do mesmo – vitória argentina, no caso –, foi ali na cidade de Valdivia, no Chile, que começou o sonho de toda uma geração. Pela primeira vez garotos brasileiros eram discutidos por scouts da NBA, começando a pipocar em lista de sites especializados e a serem descobertos. O adolescente Tiago Splitter, 16, ainda estava num grupo de “próximos-Dirk-Nowitzkis”, por exemplo.

Após um longo período separados, eles agora enfim se unem, já bem mais encorpados, realizados financeiramente, conhecidos por todos no meio. No que vai dar isso?

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada


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