Splitter quer fim de “sofrimento” para o Spurs no Oeste
Giancarlo Giampietro
Sabe como é, né? Quando você está habituado a vencer, a lutar pelo topo sempre, a mera classificação para os playoffs não é o bastante. Nem mesmo na brutal Conferência Oeste da liga, que tem dez equipes com aproveitamento superior a 50%, sete das quais acima até mesmo de 64%. No intervalo para o fim de semana do All-Star da NBA, o San Antonio Spurs ocupa a sétima colocação, acima de três times competitivos como Phoenix Suns, New Orleans Pelicans e Oklahoma City Thunder, praticamente num empate técnico com Los Angeles Clippers e Dallas Mavericks e com apenas duas derrotas a mais que Portland Trail Blazers e Houston Rockets.
Mas nem venha com esse lero todo, não? Hmpf. Para Tiago Splitter, é uma situação que incomoda.
O catarinense parou para falar um pouco neste domingo em Nova York com um punhado de jornalistas, em sua visita ao camp Basketball Without Borders, no qual, mais tarde, encontraria os garotos compatriotas Guilherme Santos e Yuri Sena (foto acima). Foi uma conversa rápida, mas atenciosa, em que o pivô falou bastante sobre o processo de formação de jogadores hoje em dia, inclusive lamentando o modo como se cuida das revelações no Brasil. Esse tópico requer mais tempo e será abordado agora na segunda-feira. Por ora, vamos nos concentrar neste post aqui nessa luta dos atuais campeões por uma posição melhor de classificação para os mata-matas.
''A gente está sofrendo, né? Comparando com os outros anos em que estávamos lá em cima…'', respondeu ao VinteUm, mesmo consentindo que ''a conferência é muito forte''. Antes, o brasileiro havia lembrado todos os desfalques que os texanos tiveram nos primeiros meses da temporada. Kawhi Leonard – hoje o cestinha do clube! – perdeu 18 jogos. Para Tony Parker, foram 14 partidas de estaleiro. Patty Mills ficou fora de 32. Ele mesmo, poxa, não pôde jogar em 24 rodadas.
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Então, se for pensar com o copo meio cheio, não parece tão mal assim, vai? Peguem o Oklahoma City Thunder: com as lesões de Kevin Durant e Russell Westbrook, o clube se vê numa situação ainda muito pior: em décimo, ainda tenha dados sinais de que esteja, enfim, acertando os ponteiros recentemente.
Isso nos coloca numa situação bem curiosa, aliás. Pura subversão ao acaso: os dois finalistas do Oeste na temporada passada, aqueles que dominam os títulos da conferência nos últimos três anos, podem muito bem entrar nos playoffs como sétimo e oitavo colocados. Que presentão, né? Splitter ri e responde: ''É verdade, é uma possibilidade. Acontece. Já tivemos a experiência de ser primeiro colocado e perder do Memphis (em 2011, sua campanha de calouro na liga americana, com o Grizzlies triunfando por 4-2). E não é nada legal, não. Mas o Oeste está uma coisa de louco neste ano. Realmente todo mundo tem chances.''
Então será que faz muita diferença assim ficar na parte de cima ou baixa da tabela? No caso do Spurs, por questão de costume, parece que sim. ''Acho que se ficarmos em segundo, em terceiro… Bem, a gente não sabe o quão bem o Warriors vai continuar. Se eles vão manter essa pegada. Então essa seria nossa meta, pelo menos… (segundo ou teceiro)'', deixou no ar.
''Não começamos do jeito que a gente queria, sabemos disso. Mas muita gente se machucou. Agora é quando estamos sentindo que nosso ritmo está voltando, que estamos retomando nosso ritmo. É nessa segunda metade, na Rodeo Trip, que a gente consegue sempre fazer a diferença. Nesses jogos fora de casa. Vamos ver. A gente tá meio que em sétimo, mas empatado com o quinto, então vamos ver se conseguimos subir na tabela'', afirmou.
A Rodeo Trip é a já famosa excursão que o Spurs se vê obrigado a fazer pelos Estados Unidos no mês de fevereiro. Mas não é que o pivô de Blumenau troque o tênis pelas botas com esporas. O que acontece é que o ginásio do clube acaba dominado por caubóis, no Rodeio de San Antonio, forçando os maiores ídolos da cidade a perambular estrada afora por um tempo.
E vocês aí reclamando de ou curtindo Barretos, né?
Nos últimos três campeonatos, durante essas longas viagens, o time de Gregg Popovich somou uma campanha de 21 vitórias e 6 derrotas, um aproveitamento de 77,7%. Se mantiver esse pique, provavelmente já seria o suficiente para alcançar o quinto ou o quarto lugar. Uma questão de orgulho – e de confiança também.
Por trás dessa luta toda, sempre existe a questão do ''até quando? para o Spurs. Até quando esses caras vão aguentar competir em alto nível com a atual base? Seria o último ano de Tim Duncan? E de Manu Ginóbili? A cada temporada que se inicia, essa pergunta ganha mais força, enquanto os mais pessimistas vão ficando mais e mais perplexos com esse sucesso duradouro. Na visão de Tiago, as coisas não param por aqui, não. Pelo menos é o que ele entende acompanhando, por exemplo, Duncan no dia a dia.
''Acho que ele fala isso muito bem: que, enquanto se sentir capaz de ser produtivo para o time, vai jogar. E o dia em que não sentir isso, vai sair no meio da quadra e ir para a casa. Mas eu vejo ele treinar, sei como ele é e que ainda tem basquete. Algo realmente impressionante'', analisou. Corrobora o que o próprio Duncan havia dito no Media Day do All-Star: que ele não pensa em parar no auge, no caso de título (2014), ou em estender sua carreira no caso de uma derrota dura (2013). Joga enquanto achar que dá para jogar, e bem. De qualquer forma, se for vencendo, melhor ainda. ''A intenção nossa é sempre ganhar. Enquanto a gente puder…'', completa Splitter.