All-Star só evidencia a enorme engrenagem do marketing em torno da NBA
Giancarlo Giampietro
Todo mundo sabe que, dentre tantas as coisas que a NBA conduz com maestria, o marketing aparece no topo da lista. Até o intelectual mais introvertido ou esnobe, que tem ojeriza ao esporte, seja qual for a modalidade, deve ter tomado nota a respeito disso.
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Em Nova York, a liga obviamente botou as manguinhas de fora para promover o espetáculo do All-Star Weekend, seu final de semana das estrelas. Afinal, as atividades oficiais para o evento já começaram nesta quinta-feira. Sem contar que, além de italianos, chineses, gregos, egípcios, paquistaneses, coreanos, porto-riquenhos e, sim, brasileiros, muito brasileiros, a metrópole mais legal do mundo dá abrigo também a Adam Silver e sua turma. Devidamente acomodados na avenida Madison.
(Parêntese: se a nossa Avenida Brasil fez estrondoso sucesso no Plim-Plim, chegou a hora de uma série americana dar conta de Madison Avenue. É um baita nome, convenhamos, rivalizando com Melrose Place. De qualquer forma, pensando bem, talvez nenhuma série vai fazer mais justiça a essa vizinhança do que Mad Men nos ofereceu nos últimos anos. Fim de digressão.)
O próprio fato de termos um Fim de Semana das Estrelas, em vez de um isolado Jogo das Estrelas, é uma das tantas evidências desse tino comercial arrojado e bem sacado. Para que se limitar a duas, três horas de um domingo, se a quinta, a sexta e o sábado estão por aí para fazer companhia?
Na sexta, ocupa-se do antigo jogo dos novatos, hoje jogo das Estrelas Ascendentes, colocando mais gente no pedaço, com o atrativo de separar estrangeiros e americanos – algo que muitos torcedores e jornalistas já sonharam e especularam, mas que, por ora, não dá para fazer na competição principal. Desnível absurdo, mesmo que Tim Duncan e Kyrie Irving fossem para o lado dos gringos. Kevin Durant também poderia dar uma força, se tivesse em sua ficha sua verdadeira origem marciana. A sexta, aliás, será dividida em duas frentes, com a rapaziada mais nova em Brooklyn e as celebridades no Madison Square Garden.
Essa é a novidade, aliás. A liga ocupando dois ginásios sensacionais para fazer sua festa. A casa do Brooklyn também verá as competições de enterradas e arremessos, enquanto o Garden recebe O Jogo, mesmo. Mas não fica nisso: a Long Island University e o Baruch College também cedem quadras para treino. Hotéis são ocupados para eventos e propósitos administrativos. E por aí vai.
Se você for circular pelas ruas de Manhattan e Brooklyn – desde que com muito cuidado, pois é gelo para tudo que é lado –, não terá como ignorar o evento. São cartazes e telões por toda a parte, sempre dando um jeito de incluir Michael Jordan, que não faz mal nenhum.
Mas aqui chamo a atenção para algo mais profundo que as piadinhas de sempre: a NBA não está sozinha nessa. Diversas marcas também pegam carona nessa e transformam os veículos de marketing da liga em um grande comboio. E não são necessariamente apenas os parceiros oficiais, gente. Todo mundo quer estar perto disso. Não só por ser a maneira de se envolver como o produto geral que é a liga, mas também para valorizar suas próprias marcas, mesmo que elas não possam comparecer ao evento, seja por corte devido a lesões (é, Blake Griffin e estimado Monocelha, já estão fazendo falta…), seja por exclusão da lista, mesmo (Joe Johnson até hoje circula pelos ônibus, todo deslocado).
Nesse ponto que é bom relembrar que, no discurso dos dirigentes da NBA no momento do anúncio de parceria com a LNB, marketing e setor comercial foram as prioridades. Por outro lado, na hora de avaliar a liga brasileira, é sempre bom tomar cuidado ao fazer paralelos. Nos Estados Unidos, temos toda uma cadeia produtiva construída. É uma engrenagem enorme em movimento. No Brasil, nem mesmo o futebol faz as coisas dessa forma.
Você pode imaginar que, em meio a toda essa divulgação, maior batalha envolve as gigantes de material esportivo. A adidas acompanha o campeonato em tempo integral. A Nike se vê obrigada a comer pelas beiradas, investindo nos jogadores. Mas vocês também veem diariamente como as duas operam, né? Nenhuma vai se dar por vencida facilmente, proporcionando sempre uma boa briga. O swoosh, inclusive, ocupa uma loja em espaço nobre ao lado da entrada principal do Garden que é de fazer cair o queixo. City of Hoops, se chama. A Penn Station e o Atlantic Terminal também estão envelopados pela companhia. Em briga de gente grande, melhor não mexer.
Os jogadores são arrastados para o meio dessa saudável confusão. Lucro na certa. E não estão limitados a pôsteres. Também tem ação ao vivo para eles. Então que tal uma sessão de autógrafos de cards com Trey Burke numa loja gigante no centro de Manhattan, que já está toda tomada por produtos do All-Star Game? E uma aparição de Mason Plumlee e o do Zach LaVine na loja do Barclays Center? E o Klay Thompson? E um bate-bola entre Tobias Harris e Giannis Antetokounmpo em outro canto da cidade?
Sim, os personagens periféricos ganham espaço, divulgados como gente grande – enquanto LeBron James consegue se promover (e fazer boas ações) por conta própria, renovando centros esportivos para a criançada. A comercialização pode ser agressiva demais, mas, na verdade, ganham todos nessa, incluindo os torcedores, que têm a chance de entrar em contato com os jogadores, mesmo que não tenham os valiosos ingressos. Torcedores, mas pode chamar de consumidores.