Vinte Um

Bauru arrasa Mogi e avança com sua missão de títulos

Giancarlo Giampietro

Campeões sul-americanos, e o projeto não pára

Campeões sul-americanos, e o projeto não pára

Já havia alguns atletas jovens bastante chamativos em seu elenco, escoltados por americanos e um americano bauruense, o Larry, mais o Murilo. Mas isso não era o suficiente ainda. Enquanto a cidade se envolvia com a coisa, aparece um investidor disposto a colocar grana e comprar, turbinar um projeto. E, a partir do momento em que Bauru começou a por dinheiro, muito dinheiro no mercado, não havia como ignorá-los. Alex, Hettsheimeir, Robert Day,  Jefferson. Muitas contratações, a formação de um supertime.

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Tudo muito legal. Agora, como nossos exemplos da NBA demonstram, com Anderson Varejão podendo dizer uma coisa ou outra a respeito do que se passa em Cleveland agora, a montagem de um elenco estrelado, badalado não vai ser garantia de nada. Tem de ir para a quadra e justificar o tal do hype. O frisson, o burburinho. Não adianta só ter a fama, o nome. Esse fator isolado, na verdade, só atrapalha. Precisa ir para a quadra, então, e ratificar. Mostrar na prática que são os bons, os melhores.

Nesta Liga Sul-Americana 2014, Bauru não deixou dúvidas sobre qual seria o melhor clube. Na final inédita continental, os caras derrotaram Mogi das Cruzes por 79 a 53, nesta quinta-feira, para não deixar dúvidas sobre quem é a bola da vez. O primeiro tempo terminou com uma parcial de 45 a 22 já. É muito. É algo para a concorrência estudar e se precaver. Vão ter de se virar com o que vem por aí.

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Bauru novamente arremessou mais de três pontos do que de dois. Muito mais, na verdade. Dos 62 chutes, foram 38 de longa distância, o que vale por 61,2%. Para quem é mais purista, isso representa realmente um pesadelo. Mas há fatores complicadores, que podem complicar essas noções. No duelo com Mogi, os bauruenses arriscaram 10 tiros de fora a mais que Mogi. Ainda assim, superaram o adversário em pontos na zona pintada (22 a 20). Um empate que se pode considerar técnico, ok. Mas que, diante do volume de três pontos imposto pelo time da casa, acaba ganhando outro peso.

Em termos de lances livres, no entanto, o volume foi baixíssimo para ambos os lados: apenas 12 para Mogi e módicos 9 para Bauru. Sim, somente 21 lances livres chutados em 40 minutos, num reflexo de um jogo que priorizou a batalha externa à interna. Importante ressaltar: na onda internacional que dá bastante atenção ao jogo fora da linha perimetral, não se descarta as bolas de dois pontos. Pelo contrário: bandejas, enterradas e lances livres são muito bem-vindos por sua eficiência.

Na final, Alex mais passou que finalizou e, com 8 assistências, foi eleito MVP

Na final, Alex mais passou que finalizou e, com 8 assistências, foi eleito MVP

Para derrubar a artilharia de Bauru, então, os adversários estão avisados: muito provavelmente não vai adiantar competir com eles em chutinhos de três. É preciso encontrar outras alternativas ofensivas. Além, claro, da obrigação de combatê-los lá fora como prioridade absoluta . A defesa tem de estar adiantada e bem comunicativa, não pode dar brechas. Do outro lado, a agressividade tem de ser mantida, acompanhada de boa movimentação de bola, de criatividade.

Mogi claramente não conseguiu fazer nada disso na final continental e acabou derrotado de modo inconteste – nem mesmo os minutos reduzidos para Paulão e uma promoção para Thoma Gehrke, com a tentativa de ganhar mais velocidade na cobertura defensiva. Seu ataque promoveu míseras 18 cestas. De novo: foram apenas 18 cestas de quadra em 40 minutos para os visitantes, num aproveitamento de quadra de 25%. O mesmo rendimento que tiveram nos arremessos de fora. Contra Bauru, essa conta não vai fechar nunca – e aí não se pode ignorar a atividade defensiva dos adversários também.

Enfim, não houve nada que Mogi tenha tentado para reverter o curso do favoritismo de seu oponente. Pelo contrário, foi Bauru que se mexeu, com Guerrinha escalando Larry de titular, puxando Day, aquele da Bolsa-Atleta, vindo do banco. Dá muito mais pegada na defesa. E ainda há muito mais o que ser feito nesse time: Fischer e Gui têm o que aprender em fundamentos defensivos e desenvolver em movimentos complementares no ataque, para além de uma primeira bola sugerida;  o antes dominante Murilo ainda precisa esquentar o motor e deixar os problemas no joelho para trás; mesmo os mais jovens com Wesley e Carioca têm potencial para serem aproveitados.

Enquanto a turma ainda vai se ajeitando, Bauru segue em frente em sua trilha de conquistas. Depois de dois Paulistas, agora asseguraram um título sul-americano inédito, e todo o alarde causado por suas contratações vai se justificando com resultados.