O Indiana Pacers da depressão
Giancarlo Giampietro
30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015
Apesar de este ser um blog e de o seu… blogueiro ter uma carreira toda (coff! coff!) construída na internet, venho por meio deste confessar minha ignorância digital. As coisas podem estar bombando na internet há um bom tempo, todo mundo já se matando de rir com a piada da semana, e o cara aqui, boiando geral nas redes sociais, sem entender nada do que está acontecendo. Como nos casos dos constantes ''memês'' – já foi um desafio entender o conceito. Dentre essas ondas, existe a expressão ''da depressão'', né?
>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa
Comunidade Ninja da depressão, pequeno polegar da depressão, ciclone da depressão etc. Esses, pelo menos, já se explicavam pelo nome, ao menos. De qualquer forma, nem sabia a origem do, hã, fenômeno. Coisa que o site da Vejinha SP, num serviço de (in)utilidade pública, nos conta.
Pensava que, a partir do momento que a bola subiu para a temporada 2014-2015, esse tema deveria ser limitado a um só time: o Indiana Pacers. Mas aí a gente vê a tempestade de lesões que abala o Oklahoma City Thunder e o pior início de campanha da história do Lakers, e o clube acabou aumentando por um tempinho. De qualquer forma, o simples fato de dois times surgirem para roubar até mesmo as manchetes negativas do Pacers só aumenta a fossa deles, não?
Estamos tratando de um clube que foi sério candidato ao título da NBA nos últimos dois anos. Que, ao final da era LeBron em South Beach, poderia muito bem acreditar que era chegada a hora. Mas aí Paul George se arrebentou num jogo-treino besta da USA Basketball, Lance Stephenson se mandou para Charlotte, e toda a base promissora montada por Larry Bird e Donnie Walsh se ruiu. Sabemos bem que o Pacers tinha dificuldades para pontuar mesmo com os dois jovens alas no time. Sem as suas duas principais forças criativas, sobrou para George Hill, CJ Miles, Chris Copeland e Rodney Stuckey a coordenação e produção ofensiva? Argh.
Com Roy Hibbert ao centro do garrafão apoiado por David West, George Hill pressionando qualquer armador que passe à sua frente, Solomon Hill batalhando por um futuro na liga nas alas e um sistema já bem engendrado, o Pacers poderia muito bem segurar as pontas pela defesa. Em seus primeiros quatro pontos, nem isso vem acontecendo, porém – não de acordo com o padrão que vimos desde que Frank Vogel foi empossado técnico.
Mais aí tem mais aaaargh: West torceu feio o tornozelo na pré-temporada, G-Hill tem problemas no joelho e CJ Watson, no pé. É um trio que está fora de ação por tempo indeterminado, deixando a equipe num estado de calamidade.
Do ponto de vista de Vogel, demorou, mas ele ao menos teve seu esforço premiado com uma renovação contratual. Entre as boas notícias também consta o ressurgimento obrigatório de Copeland.
De qualquer modo, fazendo as contas aqui de baixas e reforços, o saldo é gravíssimo. Nem mesmo na pálida Conferência Leste dá para sonhar em competir por algo relevante. Muito provavelmente nem pelos playoffs. Então perdoem as lágrimas que escorrem desde Indianápolis. É deprê geral.
O time: mas que time?
A pedida: eles querem ainda uma vaguinha nos mata-matas, mas deveriam se concentrar, mesmo, na loteria do Draft.
(Bom, ok, ok, só para não deixar passar batido: Si Pacers vai tentar defender bem ainda, e para isso vai precisar de um Roy Hibbert muito mais motivado do que esteve no campeonato passado, com a cabeça em ordem. West e Hill precisariam voltar rapidamente, e bem. Copeland tem de de sustentar sua produção de início, acertando os chutes de longa distância ao lado de Miles e do croata Damjan Rudez. Stuckey precisa render vindo do banco. Enfim, são muitos ''ses'' para serem conferidos, gente.)
Olho nele: Chris Copeland. Enquanto muitos apostavam em Stuckey como o cestinha do time, suprindo a ausência de George e Stephenson, quem vem despontando como a principal arma ofensiva é o ala ex-New York Knicks, que tem qualidades interessantes, mesmo: o chute de longa distância bastante elevado combinado com um corpo esguio e veloz. O veterano havia sido posto de castigo por Vogel na temporada passada, meio que inexplicavelmente, para um time que precisava de mais arremessadores – ele poderia não ter a mesma consistência defensiva do resto da trupe, mas aí cabe ao comandante encontrar um equilíbrio entre os dois lados da quadra, não? Essa foi uma das falhas do técnico, que não conseguiu desenvolver uma segunda unidade consistente e produtiva, dependendo demais de seus titulares. Ver Copeland render neste ano é uma boa, mas ao mesmo tempo não deixa de ser mais um ponto deprimente para o clube, uma vez que o torcedor mais amargurado pode muito bem perguntar por que diabos eles tiveram de abraçar Rasual Butler nos playoffs.
Abre o jogo: ''Vamos ser uma das surpresas da NBA. Esta equipe é capaz de fazer seu trabalho. Temos talento o suficiente para cumprir nossas metas e competir com os melhores. Não vamos complicar mais as coisas. Um banco de qualidade será uma grande parte de nosso sucesso este ano'', Frank Vogel, bastante otimista. Mas é preciso dizer: a declaração foi antes das lesões de West, Hill e Watson. A ideia do treinador é a de usar uma rotação mais extensa, com dez atletas, e ele vem fazendo isso, apesar dos desfalques.
Você não perguntou, mas… Roy Hibbert se reuniu com Kareem Abdul-Jabbar durante as férias por motivos de tutelagem, aconselhamento, ombro amigo e… filmes de ninja! Sim, sim. O legendário pivô, o maior cestinha da história da liga e hoje uma espécie de guru espiritual visitou Hibbert em sua casa, e os dois deram um tempo no divã para se divertir com pancadaria. Hibbert infelizmente não revelou os títulos assistidos. A história, todavia, nos remete a…
Um card do passado: Jalen Rose. Uma curiosidade a respeito do Pacers? Na história da franquia, quatro de seus atletas já foram eleitos aqueles que mais evoluíram numa temporada – o já prêmio de Most Improved Player. Esse quarteto foi apontado desde o ano 2000, com o ala-armador Rose puxando a fila. Na sequência, viriam Jermaine O'Neal (2002), Danny Granger (2009) e Paul George (2013). Hoje um popular comentarista da ESPN, Rose credita sua melhora em quadra exclusivamente ao seu trabalho com Larry Bird, então técnico da equipe que foi derrotada pelo Lakers na decisão (4-2). Para ter qualquer perspectiva de sucesso nesta temporada e justificar o otimismo de Vogel, o Pacers bem que poderia usar mais um salto de qualidade desses para qualquer um de seus atletas.