Vinte Um

Arquivo : abril 2013

O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.


Jason Collins se assume gay e, após 12 anos, passa de coadjuvante a estrela na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jason Collins, 34, acumulou em todo o campeonato 2012-2013 da NBA exatos 41 pontos, marca atingida ou superada por outros atletas em 22 ocasiões em apenas um jogo. No total, ele ficou apenas 38 minutos em quadra. Entrou na competição como jogador do Boston Celtics, clube que sonhava com o título, e terminou com o Washington Wizards, franquia que tem como hábito dar férias mais cedo aos seus atletas – leia-se, antes dos playoffs, em abril. Ainda assim, o pivô pode ter protagonizado a grande notícia da temporada nesta segunda-feira, ao se assumir homossexual em um artigo para a revista Sports Illustrated, que tem circulação mundial e é uma verdadeira instituição esportiva nos Estados Unidos.

Jason Collins, primeiro a assumir homessexualidade na NBA

Jason Collinas, nas bancas na sexta-feira

Só não foi capa (ainda) porque a revista teve de se desdobrar para realizar seu ensaio em primeira pessoa, optando por publicá-lo no site nesta segunda antes de colocá-lo nas bancas na próxima sexta – uma raridade em sua rotina. A repercussão foi imensa, claro. Para se ter uma ideia, Collins começou o dia com pouco menos de quatro mil seguidores no Twitter em mais de 400 dias como usuário. No momento de redação deste post, menos de 24 horas depois, já tinha 84 mil. Não é para menos: estamos falando do primeiro jogador em atividade tanto na NBA, como em todas as principais ligas de esportes coletivos norte-americanas a se revelar desta maneira.

Antes de fazê-lo, costurou o anúncio com o comissário David Stern e seu eventual sucessor, Adam Silver, e recebeu o sinal verde. Não que, a julgar por seu texto,  fosse mudar de ideia em caso de alguma negativa dos cartolas. “Cheguei a este estado invejável na vida em que eu posso fazer praticamente o que eu quero. E o que eu quero é continuar a jogar basquete. Eu ainda amo o jogo e eu ainda tenho algo a oferecer. Meus treinadores e companheiros de equipe reconhecem isso. Ao mesmo tempo, eu quero ser genuíno, autêntico e verdadeiro”, escreveu.

Curiosamente, na semana passada, quando questionado hipoteticamente, Stern afirmou que não esperava nenhum tipo de comoção se algum das centenas de atletas de sua liga se declarasse gay.  Na semana passada! “Isso deveria ser um não-problema neste país”, disse, no sentido de que os Estados Unidos já deveriam estar mais do que habituados com o tema. Em seu comunicado de segunda, foi um pouco mais além: “Como Adam Silver e eu dissemos a Jason, nós conhecemos a família Collins desde que Jason e Jarron entraram na NBA em 2001, e eles têm sido membros exemplares da família da NBA. Jason tem sido um jogador e um companheiro de equipe muito respeitado ao longo de sua carreira, e estamos orgulhosos que ele tenha assumido o manto da liderança sobre esta questão muito importante”.

Claro que rolou uma repercussão danada, dentro e fora da liga. Kobe Bryant, Steve Nash, Kevin Durant e muitos, mas muitos outros jogadores usaram a grande rede para manifestar apoio ao companheiro, falando em “orgulho”, “felicidade”, “respeito” e “admiração” pelo exemplo dado pelo veterano.  (Agora: quem teria a coragem de partir ao ataque, depois do aval público de Stern e de toda a corrente positiva que a declaração de Collins originou? Difícil.) Bill Clinton, Michelle Obama, Martina Navratilova, Andy Roddick, Barry Sanders, entre outras personalidades, seguiram essa linha.

Durante todo o dia, então, lá estava Jason Collins na ESPN, na CNN, na NBC, em todas as TVs, em todos os lugares, justo ele, que nunca foi estrela de nada – um cara sempre reconhecido muito mais como um dos “gêmeos Collins”, ao lado do irmão Jarron, do que como “astro da NBA”.

Jason Collins, que jogou com Nenê na temporada

Jason Collins, num rebote mais que fácil

Em quadra,  seu papel é realmente discreto. Com um jogo pouco chamativo e até bastante limitado em alguns quesitos, já levou diversos ‘especialistas’ e torcedores de Nets, Grizzlies, Wolves, Hawks, Celtics e, agora, Wizards a questionar se era francamente um jogador digno de fazer parte do melhor basquete do mundo.

Acontece que o pivô sempre fora muito mais valorizado por treinadores do que por qualquer outra classe. Não só por sua postura profissional exemplar, valorizada nos vestiários, mas também pelo sutil impacto que pode causar por meio dos pequenos detalhes de um jogo, muitas vezes captados apenas em métricas mais avançadas, em vez dos apanhados básicos de números como pontos, rebotes ou tocos.

Quer dizer, “sutil” talvez não funcione como um termo apropriado, uma vez que, para cumprir bem suas determinações em quadra, Collins já desceu a marreta em muita gente. “Eu odeio dizer isso, e eu não tenho orgulho disso, mas uma vez fiz uma falta tão dura em um jogador que ele teve que deixar a arena em uma maca”, referindo-se ao ala Tim Thomas, ex-Sixers, Bucks, Knicks, Suns.

Mas não fica nisso apenas, no ato de dar pancada. De nada valeria seu porte físico robusto, sua presença intimidadora, se ele não tivesse a inteligência para usá-los, sabendo exatamente o que precisa e como deve ser feito (corta-luz preciso, com ângulos variados, bloqueio para o rebote, cobertura defensiva, concentração etc.) – Dwight Howard que o diga, sempre teve dificuldade contra ele no mano a mano. Foi, assim, combinando cabeça e força bruta que ele conseguiu sustentar uma carreira de 12 anos na liga, a despeito de sua notória lentidão e de uma impulsão que pouco incomoda a equipe de manutenção dos aros dos belíssimos ginásios da liga.

São todas nuanças que hoje ficam realmente bem menores. Agora, nos livros históricos, “Jason Collins” passou de nota de rodapé a capítulo. Pelo menos até chegar o dia em que uma atitude como a dele, sem dúvida corajosa, não precise mais ser enxergada como um marco.

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Antes de Jason Collins, em tempos recentes, apenas o pivô John Amaechi, hoje comentarista, assumiu sua homossexualidade. Mas isso aconteceu bem depois de ele ter se afastado das quadras, em sua autobiografia. Além disso, sua carreira na NBA não foi das mais duradouras (foram cinco anos: 1995-96 e de 1999 a 2003). Seu melhor ano aconteceu em 1999-2000, pelo Orlando Magic, na campanha que revelou Doc Rivers como técnico. Com uma rotação frenética de jogadores, sem grandes estrelas (até então Ben Wallace era um desconhecido), a equipe batalhou demais por uma vaga nos playoffs, registrando campanha de 43 vitórias e 39 derrotas, mas terminou com a 9ª posição. Voluntarioso no ataque, Amaechi foi uma surpresa, registrando 10,5 pontos em apenas 21,1 minutos. Depois disso? Ladeira abaixo, defendendo o Utah Jazz como reserva de Karl Malone.

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Acreditem. É difícil encontrar um lance de destaque de Jascon Collins no YouTube, devido a sua extrema capacidade de ser discreto em quadra. Mas o jornalista Beckley Mason, do ESPN.com, teve uma ótima sacada diante desse impasse. Se ele não produz jogadas espetaculares, que se espetacularize o seu basquete feijão-com-arroz, mesmo. Com humor, vamos lá:

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Jarron Collins, que se graduou com Jason na prestigiada universidade de Stanford, teve ainda menos “sucesso” que o irmão em quadra: está sem clube desde 2011. Sua última sequência relevante, exagerand, aconteceu nos playoffs de 2010, como uma medida provisória do Phoenix Suns vice-campeão do Oeste.

 


Depois da eliminação, os desafios ainda não cessam para o Lakers. Podem piorar
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Giancarlo Giampietro

Por Rafael Uehara*

Fab Four do Lakers

Quarteto de resultados nem tão fantásticos do Lakers já pode ser desmontando

Quando o Lakers acertou as contratações de Steve Nash e Dwight Howard, a expectativa era a de que eles estavam de volta à briga pelo título, depois de duas eliminações devastadoras na mãos de Mavericks e Thunder em dois anos seguidos. E tinha bastante lógica por trás desse pensamento. Mesmo aos 38 anos de idade, Nash ainda era considerado o melhor armador com o qual Kobe Bryant já dividiria a quadra e Howard era o pivô perfeito para cobrir as deficiências defensivas daqueles a sua frente.

Porém, nada disso deu muito certo, e uma tumultuada temporada chegou ao fim neste último domingo, quando o Spurs o eliminou dos playoffs no primeiro round com uma varrida. Mais um encerramento decepcionante de campanha em Los Angeles, ficando no ar a necessidade de se encontrar um culpado, não?

Nem tanto.

Sou da opinião de que a culpa não é de ninguém. Se o Lakers tinha time suficiente para brigar com Miami, San Antonio e Oklahoma City, é difícil de saber. Mas que eles tinham o suficiente para fazer bem melhor se não pelas tantas lesões que em um momento ou outro tiraram peças fundamentais do time é certeza.

Tudo começou quando Howard voltou cedo demais da cirurgia que fez nas costas. Nos primeiros sete anos de sua carreira, Howard perdeu apenas sete jogos devido a lesões. Até metade do ano passado, tinha se provado um dos atletas mais duráveis da atualidade. Logo, não foi tão questionado quando regressou da operação a tempo para o início da temporada. Mas o atleta claramente não estava pronto. Sofreu para se manter confortável em quadra e não era capaz de elevar a defesa a níveis respeitáveis.

Além disso, Nash fraturou o pé na segunda partida da temporada. Não que Howard a meia velocidade e a ausência de Nash fosse impedir a diretoria de demitir Mike Brown depois de apenas cinco jogos. Em seguida, Pau Gasol começou a lidar com lesões na coxa e no pé, Steve Blake e Jordan Hill pararam bastante tempo com lesões sérias, Mike D’Antoni foi contratado dias depois de fazer cirurgia no joelho, e quando o objetivo dos playoffs começou a ser realista, Ron Artest machucou o joelho e Bryant sofreu lesão séria com a ruptura do tendão de Aquiles. Quando se para pra pensar, como o Jazz permitiu que esse time amaldiçoado passasse na sua frente?

 Com a temporada finalmente encerrada, o Lakers pode agora olhar para frente e pensar em como reestruturar essa equipe, o que não será tarefa fácil. Muitas decisões complicadas terão de ser tomadas, começando pela dúvida se franquia deveria oferecer uma extensão estratosférica para Howard. Não há o que pensar, na minha opinião. No fim do ano, o pivô pareceu bem, a caminho de recuperar sua forma dos tempos de Orlando. Com mais um verão para se recuperar totalmente, Howard deve voltar ao nível que estava antes da cirurgia. O Lakers teve um dos cinco melhores recordes depois da parada para o jogo das estrelas, e Howard teve participação direta nisso, se movimentando melhor a cada jogo que passou, elevando, enfim, a defesa a níveis minimamente decentes.

E, calma, que tem muito mais.

Decisões sobre Bryant e Gasol vêm logo em seguida. Pessoalmente não acho que haverá muito debate sobre Bryant. Ele é o símbolo da franquia pós-Magic Johnson. Lembrem-se também que o veterano é um maníaco que, dadas as mínimas condições, estará em quadra o mais rápido possível, pois tenta empatar Jordan em número de títulos ou passá-lo em pontos, o que torna possível um retorno às quadras em algum momento na próxima temporada.

Tecnicamente, a rescisão de seu contrato através da provisão de anistia deveria ser estudada. O Lakers já tem U$ 79,6 milhões na folha salarial para o ano que vem, isso sem contar o total designado a Howard. Como vimos neste ano – quando a folha salarial foi de U$ 99,8 milhões, o Lakers não veem problemas em pagar as multas que a liga cobra de times que gastam acima dos $70 milhões em salário. O problema é que, nesta próxima janela de verão, as restrições para times pagando o “imposto de luxo” (“luxury tax” no original) reestruturar o elenco serão mais pesadas. As chamadas “sign-and-trades” (quando um clube renova o contrato de um jogador apenas para envolvê-lo imediatamente em uma negociação) agora estão fora de questão e as trocas têm de ser exatamente dólar-por-dólar. Anistiando Bryant e apagando seus $30 milhões da folha proporcionaria a maior flexibilidade na remontagem do time. Mas Bryant é mais que um jogador, é um ícone e dificilmente essa opção será estudada seriamente, mesmo que haja o risco de o ala não estar disponível para jogar ano que vem.

Uma alternativa bem mais plausível é que o time use a anistia para tirar o último ano do contrato de Ron Artest da folha salarial e troque Gasol em seqüência. Mas também há complicações aqui. Gasol está para receber salário de U$ 19,2 milhões na temporada que vem, e é muito desafiador fazer uma troca envolvendo alguém que ganhe tanto.Times bons geralmente já estão ao redor do imposto e, ao adicionar Gasol, estariam se aproximando das mesmas restrições que dificultam o Lakers a remodelar seu elenco neste momento. Também existe a questão que nem todo dono tem condições de gastar quase U$ 100 milhões na montagem de um elenco. Envolvendo um time ruim com espaço para absorver dinheiro morto também é difícil porque os Lakers já tem futuras escolhas do draft indo para Phoenix e Orlando nos próximos anos, precisando assim encontrar um clube que realmente admire o espanhol a ponto de contratá-lo sem nenhum incentivo a mais como recompensa.

Esses times também vão querer se desfazer de alguém em retorno. E quem está disposto em aceitar Tyrus Thomas, Hedo Turkoglu, Andris Biedrins ou Drew Gooden? E quem o Lakers pode em realidade conseguir que faça valer a apenas ter um desses caras no time mais do que Gasol? Meu palpite é que Gasol retorna pelos menos para o início do seu último ano de contrato e que, se for trocado, será com a próxima temporada já em andamento.

Tudo isso serve para dizer que o Lakers tem um verão muito desafiador pela frente. Porém, escrevi basicamente exatamente a mesma coisa ano passada e Mitch Kupchak deu um jeito de adicionar Nash e Howard. Então, vai saber se não veremos Kevin Love, Danny Granger ou Eric Gordon em Los Angeles ano que vem… Mas, levando em consideração que Gasol e Howard começaram a se entender muito bem no fim da temporada e as restrições sistemáticas, talvez a melhor opção seja manter essa base por mais esse ultimo ano nos contratos de Bryant, Gasol e Artest.

A solução, então, seria um foco mais atento às sobras de mercado, para tentar achar os Nate Robinsons, James Whites, Chris Copelands, Kenyon Martins e Chris Andersens da vida, torcer por melhor sorte com as lesões. O Bulls, outro time cuja torcida se acostumou a sonhar com títulos, sobreviveu muito bem desse jeito neste ano.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

 


Boa ideia? Shane Battier recebeu 1.100 garrafas de cerveja nas vésperas dos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Shane Battier é um dos favoritos dos jornalistas, por sempre conseguir um pouco além em suas respostas, explanações e metáforas. Para o Miami Heat, sua chegada foi um dos pontos vitais, como registramos aqui, para Erik Spoelstra a embarcar em uma revolução tática, liberando LeBron James de qualquer grilhão em quadra. Em suma, Battier é o cara, mesmo que poucos deem alguma bola pra ele.

Agora, seu papel durante a sequência histórica de 27 vitórias da equipe da Flórida nesta temporada, seu papel pode ter ido muito além disso, usando de algo muito mais importante que a inteligência ou o talento: a superstição, claro. Diz o ala revelado por Coach K em Duke que, desde que ele tomou uma golada da cerveja Bud Light. Então ele foi que com esse ritual adiante: se fosse para tomar uma cerveja – e motivo para comemorar não faltava, convenhamos –, seria dessa marca. “Todos os atletas são supersticiosos e, mesmo que não admitam, há uma rotina e uma cadência própria no dia-a-dia. Especialmente quando as coicas vão bem. É possível nos ver tentando replicá-la”, disse Battier. “Você nunca sabe. Não quero desafiar a sorte e mudar as marcas, então fiquei leal a ela.”

Aí que, nestes tempos em que um vídeo certeiro no YouTube pode render muito mais do que um banner no Vinte Um uma peça publicitária com milhões investidos em cast e computação gráfica, eles decidiram recompensar a lealdade e o marketing involuntário do jogador operário com um presente.

Battier podia ter encenado melhor sua reação na hora de receber o “pacote”, mas tudo bem. O vídeo é bacana, de qualquer jeito. Agora, caso a produção do ala despenque nestes playoffs, a razão pode ser bastante óbvia: 1.100 garrafas de cerveja.


Após exílio de 9 meses, folclórico Chris Andersen se torna peça-chave para o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Quem ainda acreditava no Homem-Pássaro?

Tirando Brook e Robin Lopez e sua fixação por histórias em quadrinhos, acho que ninguém.

Até que o Miami Heat topou abrir suas portas para Chris Andersen, o mítico Birdman. Primeiro, um contrato de dez dias. Depois outro. Até que decidiu renovar de vez com mais um jogador extremamente atlético para sua coleção, conseguindo um pivô que se encaixava perfeitamente com a nova proposta de jogo de Spoelstra. Acho que deu certo. Diga lá, Dwyane Wade?

“Ele é perfeito. Perfeito”, afirmou o ala-armador, que depois procurou filosofar sobre seu novo companheiro, tentando entender o fenômeno.

Chris Andersen, reforço perfeito

Joel Anthony? Ilgauskas? Pittman? Deixa disso, vai de Birdman

“Quando você olha para tudo que o Birdman é, o que as pessoas dizem que ele é e até mesmo o que ele é de certa maneira, ele não corresponde.  Mas quando você olha para o modo como ele joga, sua produção na quadra e do que precisamos, é um ajuste perfeito”, disse.

Bem, deu uma viajada, né? Mas o que dá para entender dessa avaliação é que, para Wade, é fácil observar Andersen e se concentrar apenas nas caretas, bandanas, os mais diversos cortes de cabelo e, especialmente, nas tatuagens, tirando daí uma conclusão simples de que estamos diante de um tresloucado, de um jogador irresponsável, rebelde.

Aí você pega este, digamos, problema de imagem e soma o fato de ele já ter sido banido da liga por uso de drogas e envolvido, no ano passado, em nebulosa investigação em Denver, que levou à apreensão de computadores em sua residência, e o resultado foi que a NBA como um todo se distanciou do pivô, que ficou nove meses parado.

Não que George Karl e a comissão técnica do Nuggets tivesse alguma reclamação, uma postura contrária ao jogador. A equipe simplesmente não tinha espaço mais em sua rotação de pivôs, na qual Timofey Mozgov mal entra em quadra. Mas, quando procurados pelos treinadores de Miami, avalizaram qualquer negócio.

O que Spoelstra enxergava no pacote técnico de Andersen? Um jogador capaz de ampliar o espaçamento da quadra para sua equipe – para cima. Sim ele poderia – e conseguiu – adicionar mais uma dimensão ao ataque e a defesa dos atuais campeões. Com muita impulsão e mobilidade, ótimo tempo de bola e muita munheca, representou uma evolução considerável para a equipe que já contou com o mão-de-pedra Joel Anthony nesta função.

Aproveitando-se de excelente movimentação de bola de sua equipe, dos espaços abertos em infiltrações por LeBron e Wade, Andersen converteu 60,36% de seus arremessos na zona mais próxima da cesta. Mas a melhor notícia ainda é o fato de que 90,24% de seus arremessos durante todo o ano saíram dessa região. Estamos falando de 111 em 123 arremessos no total, com muita consciência tática – veja no gráfico abaixo. Para comparar, no ano passado, 77,8% de suas tentativas foram nessa faixa de curtíssima distância para o aro.

Os arremessos de Chris Andersen

“Sabe, o clube me permite ser o jogador o que sou. Este tipo de liberdade dá uma grande margem de confiança para mim. Isso me inspira a voltar para o ginásio e trabalhar ainda mais duro, muito mais, para me esforçar em ser um jogador melhor”, disse Andersen, que tem 80% de suas cestas de quadra oriundas de assistências dos companheiros.

Além disso, com sua presença sui generis, o pivô se encaixou rapidamente em um elenco que o próprio técnico diz não ser dos mais fáceis: “Acho que este foi um ponto-chave com Cris, que ele se encaixou em um vestiário complexo. Você precisa ter personalidade, tem de ser confiante. Se não tiver a personalidade certa, você pode ser destroçado numa situação dessas”.

Hoje, o reforço é intocável. “Ninguém vai mexer com o Bird. Há dois caras que você não tem permissão para mexer aqui: ele e o UD (Udonis Haslem)”, afirmou LeBron.

A personalidade de Andersen é tamanha que ele dobrou até mesmo uma das regras pessoais de Spoelstra, que havia prometido que não se referiria a nenhum atleta por seu apelido e deixou escapar vez ou outra um “Bird” em suas entrevistas, se desculpando em tom de brincadeira na sequência.  E nem precisava se desculpar, nem nada. Com Andersen, ou Bird, no time, o Heat decolou, acumulando 38 vitórias em 41 partidas. “Por alguma razão, ele é diferente”, explicou Spoelstra.

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Não há dúvida de que Chris Andersen seja um personagem cult, e há um certo cuidado para valorizar sua marca. Um dia desses ele corrigiu um repórter sobre seu hábito de simular batidas com os braços em quadra como se fossem asas. “Batida. Eu bato apenas uma vez, então não são batidas.”

(Se bem que, na abertura do Harlem Shake do Miami Heat, ele bate o braço no mínimo umas 13 vezes:

Figura.

Já um dos queridinhos da torcida do Miami, agora com exposição nacional nos EUA, chegou a hora de Andersen se apropriar do codinome Birdman como sua marca profissional. “Eu preciso registrar. Estamos tentando”, afirma. Seu agente, porém, só esclarece algo. “Tudo o que ele faz vai para caridade. Ele está envolvido demais com ciranças. Vamos lançar a Fundação Freebird para ajudar crianças desfavorecidas. Qualquer um que estiver vendendo camisetas ilegais do Birdman na Internet está roubando dinheiro da caridade”, disse.

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Veja abaixo as duas participações de Andersen na disputa de enterradas do All-Star Weekend em anos consecutivos, 2004 e 2005. Destaque, claro, para sua épica apresentação no segundo ano, na qual testou a paciência de toda uma nação. Reparem também como seu corpo ainda estava limpinho, limpinho, e como Gilbert Arenas ainda era uma estrela naquela época:

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E aqui o Chris se junta ao PETA num belo esforço de relações públicas, exibindo todas suas tatuagens:

 

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Chris Andersen foi o primeiro jogador a ser promovido da D-League para a NBA, em 2001, pelo Denver Nuggets, clube no qual foi companheiro de Nenê por seis temporadas. Antes de defender o Fayeteville Patriotas na liga de desenvolvimento, passou pelo basquete chinês e pela extinta IBA (International Basketball Association).


Scott Machado encara uma final perfeita com revanche na D-League
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado no ataque

O jogador até pode encampar do discurso de que está numa tranquila, numa relax, numa boa. Mas, quando chega a hora de enfrentar sua ex-equipe, aquela que o dispensou, inevitável que se passe por aquela sensação de buscar vingança ou, no mínimo, de provar que o clube fez uma péssima decisão em não aproveitá-lo. Pois é esse cenário que o armador Scott Machado enfrenta na final da D-League.

Antes de prosseguir, façamos uma pausa rápida para recapitular a saga do brasileiro nova-iorquino nesta temporada, em dez passos: 1) passou batido no Draft; 2) assinou como agente livre com o Houston Rockets; 3) sobreviveu aos cortes de pré-temporada e teve seu contrato efetivado; 4) ficou mais tempo com a filial do Rockets, o Vipers, do que no time de cima; 5) teve seu contrato rescindido pelo Rockets, abrindo espaço para a chegada de Patrick Beverley; 6) voltou a jogar pelo Vipers, mas sem vínculo com o Rockets; 7) foi repassado para o Santa Cruz Warriors, filial do Golden State; 8) assinou um contrato de dez dias com a franquia da NBA, 9) assinou com o Golden State até o final da temporada, 10) mas ficou na D-League.

Pois bem. Quis o destino – aaaah, o destino… – que o Warriors “B” se deparasse justamente contra o Vipers na decisão da liga de desenvolvimento. com Scott no centro das atenções.

A série, disputada em formato melhor-de-três, começou nesta quinta-feira, e, ao final do primeiro jogo, Scott teve de lidar com sentimentos contraditórios, já que ele teve uma boa atuação, mas sua equipe perdeu em casa, por 112 a 102 (se estiver sem ter o que fazer, confira a partida na íntegra no vídeo abaixo). Agora a série vai para a cidade de Hidalgo, com a equipe texana precisando de apenas mais um triunfo para garantir o título.

Nesta quinta, o armador ficou em quadra por apenas 19 minutos, mas aprovou cada instante de ação. Reconhecido muito mais como um armador puro, dessa vez ele foi muito mais agressivo procurando a cesta, anotando 16 pontos em 11 arremessos, com um aproveitamento surpreendente da linha de três pontos (66%, comquatro cestas em seis tentativas).

Agora é esperar para ver se Scott vai ter mais chances no retorno ao Texas para dar um ou outro motivo para a gestão do Rockets se arrepender. De preferência, não apenas com uma final perfeita, mas também com um final perfeito, ganhando o título na casa dos ex-chefes.


Stephen Curry promove bombardeio inédito na linha de três pontos e atormenta o Nuggets
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Giancarlo Giampietro

Perigo: Stephen Curry avistado

Já citamos seus 54 pontos no Madison Square Garden como uma das melhores atuações de toda a temporada, mas precisamos falar mais sobre Stephen Curry. Que todos entrem e fiquem confortáveis – menos o Ronaldinho Gaúcho, que torce para o Denver Nuggets.

Vamos colocar desta maneira: fosse jogador do NBB, o craque do Golden State Warriors beiraria os 65 pontos por partida. Considerando a facilidade que se tem para jogar em transição por aqui, ou mesmo os buracos que aparecem na defesa em meia-quadra dada a geralmente tímida contestação no perímetro, e ainda levando em conta a menor distância da linha de três pontos, e seu eventual apelido seria “Tempestade”.

Não é uma questão de ser incoerente. O jogador deveria sempre buscar o arremesso de maior probabilidade de acerto, sim, em vez de se acomodar no perímetro. É que, no caso de Curry, pasmem, seu chute funciona melhor de longa distância do que na área de dois pontos. (Ok, nos seus três primeiros anos na liga, suas médias de dois pontos foram sempre superiores ao que fazia de três. E ele também nunca apelou tantas vezes a esse recurso – em 2010, ‘queimou’ 380 vezes, enquanto em 2011 ficou em 342, com rendimento de 43,7% e 44,2%, respectivamente. Mas…) Pelo menos nesta temporada foi assim: 45,3% de três, contra 45,1% no geral. Veja no gráfico retirado da sensacional e bombada área de estatísticas do NBA.com:

Quando se aventura perto da cesta, seu rendimento está abaixo da média da liga (daí a cor vermelha). De média distância, Curry é regular, medíocre. De fora, porém, tirando os tiros frontais, só verdinho: tem um aproveitamento incrível, especialmente da zona morta pela direita. Se o rapaz ficar livre por ali, um abraço. Contra o Nuggets, ele não está hesitando nem por um segundo sequer em agredir, tendo somado 20 arremessos de três nas duas primeiras partidas em Denver. Sai de baixo, que o bombardeio está em andamento. Há rumores, inclusive, de que a defesa civil tenha colocado a cidade do Colorado em estado de alerta.

É um padrão que segue o que ele produziu durante todo o campeonato. O armador do Warriors converteu 272 arremessos de três, quebrando o recorde de 269 que pertencia a Ray Allen. No total, ele arriscou mais do que o dobro de fora (600 vezes!) do que em lances livres (291). Novamente: para um jogador comum, não seria uma disparidade recomendável. Mas estamos falando de um caso especial, de alguém que mata esse tipo de bola com extrema facilidade, mesmo em uma jogada de um contra um. Como nesta bola aqui em sua noite absurda no Garden:

Dá para confundir com sorte? Com toda a envergadura de Tyson Chandler em sua direção, o corpo caindo levemente para a direita, é possível  que sim. Mas repare na consistência de sua mecânica e de seus movimentos, parecendo um robozinho. Ele não chega a alcançar a elevação máxima em seu jumper, mas seu gatilho é rápido o suficiente para compensar:

O triste é que Stephen Curry voltou a  sentir, em Denver, seu tornozelo pela 47ª vez nos últimos três anos e disse que, se o jogo fosse nesta quinta-feira, não teria condições de ir para a quadra. Como está marcado para sexta, confia de que vai se recuperar. Os torcedores do Warriors aguardam com ansiedade. Lá eles não razão alguma para temer o que vem de cima.

*  *  *

É coisa de DNA. O pai de Stephen Curry, Dell, jogou na NBA de 1986 a 2002, passando por vários clubes, mas se destacando de verde pelo Charlotte Hornets nos anos 90, como coadjuvante de Larry Johnson e Alonzo Mourning. Ele terminou sua carreira com belo aproveitamento de 40%, tendo liderado a liga na temporada pós-locaute em 1999, matando 47,6% de seus disparos. O irmão mais novo de Stephen, Seth, se formou pela universidade de Duke neste ano e tenta ingressar na liga profissional no próximo draft com média de 39,3% de longa distância, e 43,8% em sua última campanha.

Nenhum dos três ficou famoso, porém, por ser um grande defensor. O armador do Warriors tem muito o que melhorar nesse sentido.

*  *  *

Curry é um cara confiante em seu arremesso, mas não tem nada de invejoso.

Dia desses o jovem ala Nik Stauskas, vice-campeão universitário por Michigan e mais um da nova geração canadense, postou uma brincadeira no YouTube no qual jura ter feito 102 cestas de três pontos em cinco minutos. Obviamente não fiz a conta, então vamos dar um voto de confiança para o cara, que realmente desequilibrou muitos jogos nesta temporada para os Wolverines no perímetro. Tá certo também que ele mal se mexe aqui para fazer seus arremessos, descansando as pernas, aumentando a concentração também. Aí que o Stephen Curry assistiu tudinho e chamou o moleque no Twitter para uma disputa no futuro. Admitiu que era um vídeo “impressionante”. Então não vai ser o blogueiro com seu aproveitamento de 33,3% no auge que contestaria.

*  *  *

Um perfeccionista, daqueles bem chatos mesmo em seus comentários, o ex-ala-armador Rick Barry – o capitnao de outra família cuja habilidade nos arremessos está no sangue e campeão pelo Warriors nos anos 70 – afirmou que Curry e o ala Klay Thompson já formam uma das melhores duplas de chutadores de todos os tempos.


Spurs domina Lakers em San Antonio e deixa disputa no Oeste mais promissora
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Giancarlo Giampietro

O Howard de Lakers contra a prede

São diversas questões para tirar da frente. Mas duas delas são mais importantes para tratar aqui:

1) Gregg Popovich, para variar, blefou o tempo todo?

2) Ou seria o Lakers tão ruim assim?

Porque, horas antes de abrir a série contra os velhos rivais de Los Angeles, o treinador do San Antonio Spurs dizia que estava “preocupado” com sua equipe. “Terminamos a temporada da pior forma que me lembre”, disse. Supostamente, Tony Parker ainda estaria com dificuldade para recuperar sua melhor forma física depois de uma torção de tornozelo em péssima hora. Manu Ginóbili estaria em frangalhos. Sem Boris Diaw, sua rotação de garrafão estaria seriamente comprometida. Segura.

E aí o que acontece nos dois primeiros jogos?

Duas vitórias, sem deixar nenhuma chance para os cacarecos que restam do Lakers, ainda que os placares não sejam os mais chocantes (91 a 79 e 102 a 91). Quando Manu Ginóbili está passando a bola por trás das costas encontrando Tony Parker para uma cesta de três pontos na zona morta, você sabe que as coisas estão indo bem, seguras para esses eternos candidatos ao título.

O único asterisco para se levantar aqui diz a respeito do Lakers, mesmo. Sem Kobe. Sem entrosamento algum. Steve Nash tendo de tomar uma assustadora injeção epidural atrás da outra. Steve Blake acaba de sentir uma fisgada muscular. Ron Artest talvez esteja jogando sem sentir o joelho. “Essa é disparada a pior temporada para lesões de que eu tenha participado”, afirmou Nash. “Pessoalmente e coletivamente.”

Aí que o ataque angelino talvez seja muito fácil de ser parado por uma defesa que se fortaleceu na temporada – daí a pífia média de 85 pontos por partida até o momento.

Pode ser. Por outro lado, mesmo se for esse o caso, os duelos com o Lakers podem servir como um período de intertemporada de luxo em pleno início dos playoffs. Se Parker e Ginóbili estavam realmente avariados, ou apenas jogando na terceira marcha, quatro, ou, vá lá, cinco joguinhos destes talvez sejam o bastante para que eles cheguem 100% para o embate de segunda rodada contra Nuggets ou Warriors.

“Estamos recuperando nosso ritmo”, afirmou Tim Duncan, prestes a completar os 37 anos mais jovem que um basqueteiro pode aparentar. “Agora Tony está entrando em forma, saudável, e vamos ver mais um Tony da velha escola. Tipo o Tony de novembro, dezembro e janeiro”, afirmou Ginóbili sobre seu armador. “Lentamente, mas seguramente”, concordou Parker. “Se eu e Manu conseguirmos ficar saudáveis, confio no nosso time.”

O francês somou 46 pontos e 15 assistências nos confrontos em San Antonio. O argentino tem 15,5 pontos, 5 assiistências, 3,5 rebotes em apenas 19 minutos por jogo, com aproveitamento de 66,6% nos três pontos. “Ambos estão parecendo muito bem”, diz Duncan, feliz da vida.

Claro que, com todo o azar que o Spurs enfrentou nas últimas temporadas, especialmente em relação a Ginóbili, ainda é muito cedo para comemorar. Ainda tem muito playoff pela frente.

Só não deixa de ser intrigante esta retomada dos texanos. Uma semana atrás, a Conferência Oeste parecia toda do Oklahoma City Thunder – e ainda pode ser o caso. Agora começa a reacender alguma fagulha na oposição.

*  *  *

Depois de destroçar a concorrência nos últimos jogos da temporda regular, Pau Gasol ven enfrentando sérias dificuldades contra a defesa do Spurs, e Tiago Splitter tem dado uma forcinha para isso. Embora cause impacto na partida de diversas maneiras (25 rebotes e dez assistências somadas em 78 minutos), o espanhol retorna para Los Angeles com aproveitamento de apenas 40% nos arremessos, sem conseguir se firmar como um ponto seguro na hora de atacar a cesta.

Dwight Howard, por sua vez, vai tendo um desempenho típico, com 36 pontos, 24 rebotes e seis tocos em 75 minutos, com aproveitamento de 62,5% nos arremessos e os mesmos infelizes 50% na linha de lance livre, perigando sempre de cair na lamentável, mas procedente tática de faltas intencionais por parte de Popovich.

Cabe ao técnico Mike D’Antoni pensar em outras formas para fazer Gasol jogar. Com tantos problemas em eu elenco, se o pivô espanhol, enfim saudável e feliz, não funcionar ofensivamente, o Lakers dificilmente escapa de uma varrida, de modo que teriam lutado tanto para  chegar aos playoffs, apenas para cumprir tabela em quatro jogos.


Com ou sem estrela? Carmelo e Nuggets abrem playoffs da NBA com vitória
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Giancarlo Giampietro

Carmelo Anthony x Avery Bradley

O Carmelo vencedor dá as caras, enfim

Há sempre a ideia de que, na NBA, não se avança nos playoffs sem uma superestrela no elenco. Que o Detroit Pistons de 2004 seria apenas uma exceção para confirmar essa regra.

Bem, para os que não duvidam dessa máxima, se o Knicks for contar regularmente com o Carmelo Anthony que marcou 36 pontos neste sábado no primeiro confronto contra o Celtics, fica a impressão, sim, de que equipe de Manhattan pode, depois de muito tempo, desfrutar de uma longa campanha nos mata-matas.

Melo não se cansa de mencionar em entrevistas que venceu a vida inteira como jogador de basquete. Títulos no colegial, título no universitário em sua primeira e única temporada por Syracuse. Duas medalhas de ouro olímpicas. “I’m a winner, I’m a winner, I’m a winner”, foi o seu mote por muito tempo.

Na NBA, porém, resultado que é bom?

Nada.

O ala passou da primeira fase dos playoffs apenas uma vez (2009) desde entrou na liga, em 2003. É isso mesmo: só ma vez. Mesmo que tivesse ao seu lado gente como Chauncey Billups, Andre Miller, Allen Iverson, Amar’e Stoudemire, Nenê, Tyson Chandler, Kenyon Martin, Marcus Camby, Arron Afflalo, Al Harrington, JR Smith, Reggie Evans e outros atletas competentes, terminou por forçar sua saída por julgar que, em Denver, jamais conseguiria ir longe.

Esse discurso, para ser sincero, é o que me tira do sério nos esportes coletivos: quando a estrela reclama de não conseguir ir longe, ignorando que talvez, não custa dizer, caiba justamente a ela a condução de seu time. E, ok, claro que é difícil ser o capitão de um Bobcats ou Wizards – mas o Nuggets sempre teve elencos no mínimo decentes durante sua carreira por lá.

Mas tem isso também sobre Melo. Ele se comporta feito uma estrela, mesmo, sendo moldado para isso. Esperando um grande palco para brilhar. Em Nova York, ganhou todas as luzes, para tristeza de Stoudemire. Só demorou um pouco a corresponder a tanta atenção. Agora em sua terceira temporada, depois da conquista do segundo ouro com o Team USA, aos 28 anos, o décimo na liga, ele diz que, enfim, entendia as coisas, o que precisava ser feito para ter sucesso real e, não, virtual, em quadra.

Dessa vez não foi falácia. Apareceu em forma, mais concentrado em envolver seus companheiros, aceitando jogar como ala-pivô – e arcar com as consequências físicas dessa mudança –, e conduziu o Knicks a uma tão aguarda campanha de elite. O clube conquistou seu primeiro título de Divisão desde a era Pat Riley.

Na abertura dos playoffs, extremamente confiante, teve mais uma grande atuação, com 36 pontos – foi responsável por 42,3% da produção total da equipe –, torturando um cansado Jeff Green no final da partida. Acertou 44,8% de seus tiros de quadra, o que, friamente, não representaria o melhor rendimento. Porém, tal como já aconteceu muitas vezes com Kobe, é preciso ver o nível de dificuldade dos arremessos que Melo arriscou.

Nem sempre são as melhores tentativas, mas nem sempre também é por sua culpa. O ataque do Knicks não conseguiu criar espaços e situações em que seu cestinha pudesse operar com mais facilidade – tirando Anthony, só 5 em 19 tentativas. Mérito também de um time que defende bem há tempos. Então, numa posse de bola emperrada, acaba sobrando a bola na mão em situações de pressão. Dos últimos 11 pontos da equipe, ele marcou seis e fez a assistência para a cesta final de Kenyon Martin a 40 segundos fim. Foi dessa forma que terminou o embate, e o ala produziu – e venceu.

*  *  *

Por outro lado, no segundo jogo do dia, lá estava o Denver Nuggets, órfão de um destes cahamados astros desde a saída de Anthony, também vai encontrando sua própria maneira de atingir o sucesso, com um jogo coletivo e diversas armas que possam decidir um jogo, sem que nenhuma delas chega a ser badalada, nem nada. Ty Lawson até começa a se despontar, mas sempre tem espaço pra Danilo Gallinari, Kenneth Faried, Wilson Chandler e outros serem protagonistas.

No primeiro embate com o Warriors, em vitória por 97 a 95, foi a vez de o veterano Andre Miller, 37 anos, brilhar, marcando 28 pontos, incluindo a cesta da vitória a pouco mais de um segundo par ao fim da partida. Ao final da partida, o armador estava pasmo: disse que foi a primeira cesta de sua carreira nos últimos instantes para definir uma vitória. Teve seu momento de estrela.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 2
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Giancarlo Giampietro

3-INDIANA PACERS x 6-ATLANTA HAWKS

A história: o Atlanta Hawks aliviou descaradamente em seus últimos jogos da temporada para fugir das quarta e quinta colocações – para supostamente, desta forma, evitar o lado da chave do Miami Heat. Hein?! O técnico Larry Drew se sente tão confortável assim em relação ao seu time para armar uma coisa dessas? E qual o prazer de se enfrentar uma defesa tão física e bem armada como a do Indiana Pacers? Não que a equipe de Frank Vogel tenha feito também a melhor campanha em abril, vencendo apenas um de seus últimos seis compromissos, depois de ter triunfado em 11 de 16 partidas em março. Há quem jure também que eles tiraram o pé, preservando saúde e energia para os playoffs – daí o fato de terem levado  90 pontos ou mais em cada uma de suas partidas no mês final da temporada regular, acima de sua média.

O jogo: com jogadores de muita envergadura e força física, Vogel consegue vedar seu garrafão e forçar os tiros longe da cesta. Mas nem tão longe: o Pacers é a equipe que melhor contestam os disparos de longa distância – e podem ter certeza de que Kyle Korver vai jogar com um alvo nas costas. Quer dizer, sobram propositalmente, então, os disparos de média distância, os de menor eficiência na liga. Josh Smith que vai gostar! O Atlanta Hawks vai precisar correr com a bola sempre que puder, explorando a velocidade de Jeff Teague, Devin Harris, Smith e Al Horford – que, em meia-quadra, é a melhor opção da equipe. Um jogador especial, multitalentoso, ele só não deu, porém, o salto esperado para esta temporada, para ser uma figura dominante na liga.

De dar nos nervos: barbada! O apelido do cara não é Psycho-T por bobeira. Tyler Hansbrough, amigos, passou de queridinho da América no basquete universitário ao branquelo mais odiado da NBA. Vai gostar de uma trombada assim o sujeito, e Vogel adora.” A beleza está nos olhos de quem vê”, diz o técnico. “Eu amo vê-lo esmagar as pessoas. Eu amo fisicalidade ofensiva”, vai adiante. O técnico é um sádico. Então, taí: em vez de se irritarem com Hansbrough, direcionem todo o rancor para o cara que está agitado ao lado da quadra. Ah, e não mexam com o Ben, o irmão do cara:

Olho nele: Kyle Korver, que é daquela turma que faz muito com pouco, tendo uma só grande habilidade para perseverar na liga. Mas que habilidade também, né? Ele acerta 41,9% na carreira na linha de três pontos. Em 2009-2010, ele liderou a temporada com 53,6% de aproveitamento. Neste ano, terminou com 45,7%. Sua mecânica de arremesso é perfeita, sempre com o corpo retinho, e o braço bastante elevado. Mas o mais legal é ver o modo como o ala do Hawks se desloca pela quadra em busca de brechas na defesa para receber o passe e engatilhar. Usando um corta-luz atrás do outro, serpenteando pela defesa, forçando um jogo de gato-e-rato.

Palpite: Indiana Pacers em cinco (4-1).

4-BROOKLYN NETS x 5-CHICAGO BULLS

A história: nos últimos anos o Bulls se firmou como um dos times muito, mas muito combativo sob o comando de Tom Thibodeau. Agora, sem Derrick Rose, com Joakim Noah e Taj Gibson no sacrifício, Luol Deng arrastado por mais de 38 minutos em média em todo o campeonato, vindo de uma dura participação nas Olimpíadas, sobra o que para batalhar? Só não esperem que eles se apeguem a qualquer desculpa. O que seus atletas tiverem eles vão deixar em quadra. E o Brooklyn Nets, com um proprietário que sonha com o título, a presidência da Rússia e o mundo todo, para falar a verdade,  vai ter de usar o talento de Deron Williams, Joe Johnson e Brook Lopez para tentar derrubar essa gente, que veste uma camisa bem mais pesada.

O jogo: meio chocante constatar isso – até melhor você tomar uma água com açúcar antes e depois ficar sentadinho na cadeira, nada de ler isso no celular fazendo esteira! –, mas… A defesa do Bulls hoje é ‘apenas’ a quinta melhor da NBA. Como o Thibs consegue conviver com algo assim?! Existem quatro times na sua frente nesse quesito (Pacers, Grizzlies, Spurs e Thunder). Ok, essa deve ser uma brincadeira que PJ Carlesimo e seu Nets não devem gostar muito, não. Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler vão testar para valer a boa fase de Deron – que resgatou do nada o seu jogo depois do All-Star Game e é o melhor jogador da série, uma vez que Rose não deve retornar mesmo. Para o Bulls ter alguma chance, porém, Noah e Gibson precisam estar inteiros. Do contrário, ter de anular Deron e Lopez de uma vez fica muito difícil.

De dar nos nervos: há diversos candidatos no elenco do Bulls, mas já falamos bastante deles durante a temporada. Vamos gastar algumas linhas, então, para destacar Reggie Evans, o reboteiro insano do Nets. Se Korver sobreviveu como o arremessador de elite, Evans só se tornou um milionário por sua capacidade de coletar as sobras próximas ao aro tanto no ataque como na defesa. Numa projeção de 36 minutos para sua carreira, Evans tem média de 13,3 rebotes contra apenas 9,0 pontos, roubos de bola, tocos e assistências somados! E, bem, além de rebotes, o pivô já ficou famoso por causa disso aqui. Sem palavras:

Olho nele: Jimmy Butler, o novo orgulho da torcida do Bulls. Inicialmente, quando foi selecionado no Draft de 2011 na 30ª escolha, o ala era mais admirado por sua trajetória comovente – seu pai morreu quando ainda era uma criança, sua mãe o expulsou de casa aos 13 anos porque não gostava de olhar para ele, mudando de uma casa para a outra até encontrar um lar definitivo com um amigo do colegial. Neste ano, porém, em sua segunda temporada, Butler mostra que é muito mais do que uma bela história ou mascote, caminhando para ser um dos melhores defensores de perímetro da liga sob a orientação de Thibodeau e, ao mesmo tempo, melhorando consideravelmente no ataque – versátil, atlético e enérgico, ele tem média de pouco mais de 15 pontos por jogo quando é titular.

Palpite: Nets em sete (4-3).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
*PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.
*PREVIA DO LESTE: Heat x Bucks e Knicks x Celtics