Iziane volta a trair as companheiras de seleção
Giancarlo Giampietro
O Bala deu o furo ontem (vizinho taí pra isso!), Iziane está fora de Londres-2012, e imagino que a vontade de boa parte da galera era levantar a placa básica: ''Eu já sabia!''
Nos últimos meses, Hortência, que apostou tudo na jogadora, e Iziane contaram com a sorte em termos do tabuleiro específico para ''astros que vão, ou não, se apresentar, se comportar e jogar as Olimpíadas pelo basquete brasileiro''. A dupla Nenê e Leandrinho chamou muito mais atenção nesse caso, e a maranhense ia tocando sua vida com a seleção feminina com um pouco mais de sossego.
Ou melhor: certamente ''sossego'' não é o termo mais apropriado.
Não foi divulgado o motivo exato para o corte da cestinha. A CBB apenas cita ''razões disciplinares''. Segundo consta, não houve briga, bate-boca com a diretora ou com o técnico. Então que tipo de episódio poderia acontecer para uma atitude tão drástica assim?
Ao que parece, não foi necessariamente um só ato abusivo que tenha motivado essa decisão. Nesta quinta-feira, teria acontecido apenas a gota d'água após ''uma reincidência de erros'', como relatou Hortência ao Bala. Agora, se foi assim mesmo, a dúvida que fica: desde quando a ala vem aprontando (o time já está treinando há dois meses…)? A segunda: por quantas vezes as regras foram quebradas a ponto de o Brasil jogar apenas com 11 jogadoras um torneio tão 'insignificante'?
São duas perguntas importantes para se responder uma terceira crucial: precisava o problema chegar a Estrasburgo, na França? Tão tardiamente assim?
Quais foram os erros anteriores que foram sonegados de modo que o time não jogará com força máxima uma Olimpíada? E, no caso, nem por ter desfalque por lesão de última hora: o time simplesmente não vai conseguir escalar nem mesmo 12 atletas por causa de uma indisciplina que já havia sido detectada antes e não foi corrigida.
Isso deixa qualquer um envolvido com o processo pê da vida, para lá de chateado.
Antes de pensarmos em pátria e blababla maior, o fato é que Iziane deixou suas companheiras na mão. Se houve uma sucessão de deslizes por parte da jogadora, a ponto de ser inevitável o corte, dá para dizer que Adrianinha, Karla, Chuca, Joice, Franciele, Silvia, Clarissa, Damiris, Nádia, Érika e Tássia – respectivamente, do 4 a ao 15, pulando um número – foram traídas pela jogadora 8. Mais uma vez. E a CBB falhou em protegê-las.
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Ao UOL Esporte, Iziane se recusou a comentar, informar ou falar qualquer coisa a respeito do(s) ato(s) que tenham motivado seu corte. ''Não posso falar sobre isso. Minha assessoria publicou uma nota. Não posso falar com a imprensa”, afirmou. Justamente uma das atletas mais desbocadas do esporte brasileiro. Para a ESPN Brasil, teria falado em tom de indignação de que ''sempre sobra'' para ela'', segundo relatou José Trajano após conversa com o excepcional José Roberto Salim, que conversou com a jogadora durante o dia. Francamente: o que ela poderia dizer além disso? Sai técnico, entra técnico, e só há um denominador comum na história toda.
– Atualização (20h15): Mais tarde, em pronunciamento ainda na França, a ala abriu o jogo: passou algumas noites no quarto do hotel da seleção com seu namorado. ''Sei que a atitude foi inadequada e que esta sanção não pune só a mim como todo o trabalho que realizamos'', disse. Pediu desculpas ao grupo e a Hortência.
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O Vinte Um espera que as 11 jogadoras restantes consigam superar essa e tentar, de algum modo, reverter a situação, juntando os cacos. Mas é difícil, claro. Por outro lado, não sei exatamente o quanto a seleção perde neste caso em quadra.
Antes que me acusem a ignorância, calma.
O talento da maranhense é inegável, é a pontuadora mais natural da equipe, ainda explosiva (infelizmente, em muitos sentidos). Mas, durante os amistosos, ela vinha muito mal, destrambelhada no ataque, um problema de longa reincidência também. Agora o foco, imagino, precisa ir para Érika no garrafão, nem que seja na marra – só não dá para esperar que a superpivô faça milagres. Damiris também deve ganhar mais oportunidades, a despeito de seu jogo deslocado para o perímetro.
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Faz tempo que não abordamos o basquete feminino por aqui – havia acompanhado bem mais de perto a versão anterior da seleção, o time de 2006 a 2008, com algumas meninas que já não fazem parte do grupo (a simpatia de Karen e Micaela era um destaque). Abrindo o jogo, fica difícil de dar conta de tudo, e por vezes é melhor não falar muito para não correr o risco de se passar por leviano. Então para muitos a intervenção aqui pode parecer estranha. Mas é impossível evitar o caso Iziane. Vamos acompanhar todo o torneio olímpico e, na medida do possível, falar das meninas também no decorrer da temporada.