Vinte Um

Técnico avalia potencial de Georginho e Lucas; veja vídeos dos treinos

Giancarlo Giampietro

Daniel Barto não trabalha para nenhum time da NBA, mas tem influência direta no andamento de dezenas de carreiras de jogadores profissionais. Na verdade, segundo seu currículo, podemos até corrigir isso e falar de mais de uma centena. Ele é um dos melhores em seu ramo. Afinal, ele é o treinador principal do departamento de basquete da prestigiada academia IMG, situada na Flórida, na qual trabalha com atletas de todas as idades. Desde a turma já formada, que usa as férias ou momentos livres na temporada para manutenção e aprimoramento, como os mais jovens, especialmente aqueles que se preparam para o Draft da NBA, um processo sempre muito concorrido.

Neste ano, vocês já sabem, Barto recebeu a dupla Georginho e Lucas Dias, as duas revelações pinheirenses que estão em momento de flerte com a liga norte-americana. Em plena pausa para a Páscoa – nós, jornalistas, torramos a paciência, mesmo, sem noção alguma –, o técnico foi gentil o bastante para responder algumas perguntinhas do VinteUm por email sobre o trabalho com os garotos brasileiros.

Foram cerca de duas semanas de treinamento puxado, antes que George voasse para Portland para participar do Nike Hoop Summit e que Lucas retornasse a São Paulo para a disputa dos playoffs do NBB. Confira um pouco desse trabalho abaixo, em alguns vídeos de exercícios de arremesso cedidos pela IMG e uma entrevista com Barto para tirar suas impressões sobre  os garotos:

21: Você já os conhecia? Conseguiu ver alguns vídeos antes dos treinos? Quando começou a trabalhar com eles, ficou surpreso?
Dan Barto: Pude assistir a muitos jogos, sim, antes que eles chegassem Mas era difícil distinguir a velocidade real do jogo para o que se passava nas filmagens. De qualquer forma, fiquei impressionado com suas habilidades, a inteligência de jogo e a dedicação aos treinos desde o primeiro dia. Foram realmente profissionais.

Quando, ou se chegar a hora de eles fazerem os treinos privados com os times, quais habilidades específicas você acha que chamarão a atenção? O que podemos esperar de George nesta semana em Portland?
O George vai ser excelente nas ações de dois contra dois, três contra três. Sua envergadura e habilidade para usar o corpo para pontuar e criar ângulos de passe são muito impressionantes. Ele vai ter um ótimo desempenho no jogo e no último dia de treinamento. O importante é que ele se concentre de fato em criar nas situações de pick and roll, em vez das jogadas individuais em isolamento. Ele é um armador criador e precisa deixar isso claro a cada jogada.

Já o Lucas é um grande arremessador, e isso fica claro em todos os exercícios que fazemos. Com o seu tamanho (2,05 m, hoje), ele vai convertê-los num percentual bem superior ao de seus concorrentes de treino. Ele também já tem uns dois ou três movimentos com a bola que são muito difíceis de se parar. Se aprender a jogar recebendo contato usando essas jogadas e se manter firme com elas, vai impressionar muita gente.

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Em termos de língua inglesa, você sentiu que as aulas que fizeram ajudou na comunicação deles durante os treinos?
Algumas situações ainda vão parecer demais para eles, mas certamente terão interações e conversas bem melhores do que quando chegaram. A partir do momento que o assunto for basquete, eles se saem bem melhores.

Pessoalmente, não gosto muito de colocar uma etiqueta em um jogador, em termos de posição. Mas isso claramente faz parte dos debates pré-Draft sobre os prospectos. Você enxerga o George como um armador, ou talvez um combo guard? E quanto ao Lucas? Aqui no Brasil a opinião majoritária é a de que seu futuro é como um 3 – uma posição carente para a seleção nacional e que, por isso, acaba despertando muito interesse. Para a NBA, contudo, estaria ele mais propício a jogar como o 4 aberto, o strecht four, que é uma posição da moda?
O George vai poder jogar nas e eventualmente defender as três posições no perímetro. Acho que o Lucas deveria se concentrar em ser mais um strecht four, já que vai ganhar peso enquanto envelhece, algo que pode dificultar na hora de marcar os alas.

Você já trabalhou com uma série de jogadores da NBA nesse processo de Draft, e agora obviamente ainda é cedo para avaliações definitivas. Mas qual o potencial que identifica nos dois? George sabemos que já tem sido mais discutido, mas o Lucas talvez esteja um pouco fora do radar. Consideraria os dois material para 1ª rodada?
Sua colocação é precisa. O George precisa ir para uma organização que tenha um plano em mente. Um plano para desenvolvê-lo e desafiá-lo. Se ele tiver, por exemplo, a mesma oportunidade para crescer como teve o Elfrid Payton (o armador calouro e titular do Orlando Magic, que teve minutos extensos durante sua primeira campanha), poderia vê-lo obter resultados. O Elfrid precisa marcar todo o tipo de armadores na prática e tem a chance de aprender com seus erros nos jogos. Ele vai precisar arremessar bem e competir nos estes privados. Sinto que a primeira rodada está toda para ele, já que, nos treinos, vai ter sempre vantagem em altura.

O Lucas deveria o máximo de convites para treino que puder sem temer ninguém. Nem todos os treinos serão ótimos, mas é só uma questão de ele continuar se colocando a prova. Se mostrar valentia para batalhar com jogadores maiores, ele poderia realmente aumentar sua presença no radar do Draft.

* * *

A terça-feira marca o segundo dia de treinos para Georginho em Portland. Ainda não é hora de acionar os contatos por lá para saber como está o desempenho do brasileiro. Vamos conferir mais para o final da semana, ok?

De qualquer forma, uma importante etapa dos trabalhos na aprazível cidade do Noroeste americano já foi divulgada: as medidas dos prospectos reunidos por lá. E o armador do Pinheiros se saiu muito bem nessa. E pode esticar bastante esse muuuuuuuuuito, já que tem tudo a ver com os resultados que apresentou. De altura, George bateu 1,98 m, a mesma de Kobe Bryant, por exemplo. Mas o mais impressionante é sua envergadura de 2,12 m comprimento. Se você soma as duas coisas, vai ter um jogador com alcance de 2,9 m com os braços levantados e os pés no chão. Vai longe, mesmo. Se não bastasse, ele também tem as mãos mais largas entre todas as revelações internacionais reunidas em Portland.

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O que isso tudo quer dizer? “Caramba, isso quer dizer que ele pode até jogar na posição 3 com essas medidas. Ele tem o mesmo alcance de Caron Butler, Klay Thompson, Evan Turner, Maurice Harkless e Rodney Hood”, disse um scout ao VinteUm. É isso: o garoto tem tamanho para jogar até mesmo de ala, conforme Barto nos contou acima. Isso é excelente para a sua cotação, pois abre-se o leque de possibilidades para scouts e dirigentes projetarem. comparativamente. Como armador, ele é simplesmente gigante. Fora de quadra, já saiu ganhando.