Vinte Um

Fim de semana das estrelas, com entretenimento: parte final

Giancarlo Giampietro

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

Acho que o basqueteiro mais purista precisa aceitar, de uma vez por todas, que o fim de semana All-Star da NBA tem propósitos de entretenimento. Ou que, pelo menos, o aspecto de diversão do esporte se sobrepõe ao de competitivo. Pelo menos por três dias, gente. Temos 82 partidas da temporada regular para nos preocuparmos com quem está vencendo – ou entregando – jogos para valer.

Neste ano, a convite do Canal Space, fiz minha primeira cobertura do evento ao vivo. Faz diferença. Ainda que o alcance de audiência TV seja infinitamente maior que o dos felizardos ou abnegados que decidiram comprar um dos ingressos para o Barclays Center ou o Madison Square Guarden, que tenhamos HD e atee Ultra HD, televisores enormes, som estéreo etc. etc. etc., não se pode ignorar que algumas coisas têm impacto maior para quem está no ginásio. Ainda mais com os próprios telões enormes ali para complementar o que está sendo visto ao vivo – aliás, o público reagiu sempre muito mais a qualquer brincadeira veiculada no telão do que nos trechos de Jersey Boys, Mamma Mia! e Chicago que vimos.

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Pegue, por exemplo, a partida deste domingo. Entre o aquecimento dos atletas e o apito final, foram três apresentações de números da Broadway e dois shows de popstars. Mais as intervenções das mascotes, que, acreditem, funciona muito mais com a visão geral da quadra. Figuras. Você pode até não gostar de uma coisa ou de outra – como foi o meu caso com a senhorita Ariana Grande, já correndo o risco aqui de irritar seus mais de 20 milhões de seguidores do Twitter. Mas a festa é bem armada e extrapola, e muito, o limite das quatro linhas. Literalmente, para quem viu o palco permanente montado atrás de uma das cestas.

A partida não tem defesa? Tem arremessos de três pontos a mais de dois metros da linha, tem ponte aérea, não tem defesa etc. etc. etc. Mas, num universo em que se contesta muito as lesões dos atletas, em que o clamor por menos jogos na temporada cresce, não vamos querer realmente que LeBron James entre em quadra sedento para fazer Klay Thompson ou Damien Lillard zerarem.

O Oeste venceu por 163 a 158, com um recorde de 321 pontos combinados entre ambas as seleções, os minutos finais tiveram um certo suspense, e tal, mas não dá para analisar o jogo como se fosse uma partida qualquer.

Seguem umas notas, então, do que reparei na plateia:

– Bill Clinton foi a personalidade mais aplaudida no Garden, e de longe, deixando Jay-Z, Beyoncé e Rihanna na saudade. Pega essa, cultura pop. Até Dwyane Wade foi tietá-lo antes do início do segundo tempo, pedindo uma foto. Para o meu gosto, o ator Ethan Hawke era aquele que merecia aplausos de pê pelo combo Boyhood, Dia de Treinamento e a trilogia de Antes do Amanhecer, mas tudo bem.

– Clinton e os milicos estavam no ginásio, mas não se iludam: quem anda naquilo tudo é o Little CP3, que, em determinados momentos, iria até o banco de reservas e se sentava ao lado do pai, empurrando algum companheiro de time para o lado.

Pequeno Chris não perde uma

Pequeno Chris não perde uma

– De novo: não dá para crucificar ninguém, mas parece que Carmelo Anthony decidiu encerrar suas atividades nesta temporada antes mesmo de o Jogo das Estrelas começar. O ala anfitrião teve diversos arremessos livres, mas não acertou a mão, desperdiçando 14 de 20 chutes. Com 14 pontos dele e apenas três de Kevin Durant, tivemos apenas 17 no geral para os dois últimos jogadores a vencer o prêmio de cestinha da liga. Devido a dores crônicas no joelho, essa pode ter sido a despedida melancólica de Melo nesta temporada absolutamente deprimente do Knicks.

– Os jogadores mais empolgantes de se ver foram Stephen Curry e Russell Westbrook. Cada ao seu modo, né? Curry com seu controle de bola fenomenal, por vezes ignorado devido a sua habilidade no arremesso, enquanto o MVP Wess desafia as leis da física em suas arrancadas corriqueiras. Além do mas, houve momento em que baixou o santo de Kyle Korver nele nos tiros de fora. LeBron James, do seu lado, consegue combinar um pouco dos dois astros em seu jogo.

– Por falar em Korver, ele terminou com 21 pontos, todos eles em arremessos de longa distância. Quando a bola não caía, ele ficava realmente nervoso. Não por ter lhe custado algum recorde – mas pelo simples fato de que o ala do Hawks parece, hoje em dia, não acreditar que seja possível que a bola bata no aro e caia fora da cesta.

– Foi por apenas um minutinho que o técnico Mike Budenholzer pôde fazer um exercício hipotético no qual seu Hawks tivesse Jeff Teague, Korver, Paul Millsap e Al Horford acompanhados por… LeBron James na ala, em vez do valente DeMarre Carroll. O Rei só foi escalado para acompanhar o quarteto por um breve momento no terceiro período, até dar o lugar a Jimmy Butler.

– O lance mais engraçado, para mim, aconteceu no primeiro tempo ainda, quando Dirk Nowitzki desafio as recomendações ortopédicas e saltou para completar uma ponte aérea de Stephen Curry com uma enterrada. O astro alemão, depois, fez uma graça em quadra, empolgado que só com aquela que talvez tenha sido sua primeira enterrada desde o título de 2011.  : )

– O Garden é a meca, sim. Mas o retorno ao ginásio do Knicks depois de ter passado duas noites no Barclays Center proporciona um contraste incrível. O clima da torcida em Manhattan, vaiando airball de LeBron, tendo boas sacadas durante a partida, porém, acaba compensando.

– Pelos corredores do ginásio, em um giro pré-jogo, foi possível visualizar os aposentados Kevin Willis e Jason Collins, além do jovem ala-armador Victor  Oladipo, o único que sonhou em desafiar Zach LaVine no torneio de enterradas. O legal é que o rapaz do Orlando Magic, sem crecencial vip nenhuma, foi reconhecido aos poucos pelo público, enquanto batia o maior papo com um amigo. Pelo que vi, depois da primeira, porém, ficou mais de dez minutos tirando fotos com quem se aproximava.

Oladipo, no meio da galera

Oladipo, no meio da galera

Para fechar, segundo números extraoficiais, os cinco primeiros dias em NYC, até a conclusão do ASG, tiveram:

18 viagens de metrô
1 corrida de táxi
2 carona de ônibus
1 princípio de gripe
2 cheesebúrgueres (juro!)
1 pedaço de pizza
6 donuts
11 chocolates quentes