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Fab Melo reforça defesa interior do Celtics
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Giancarlo Giampietro

Fabrício e Sullinger: Boston reforça o garrafão

O peixe que Fabrício Melo tem para vender logo de cara na NBA é sua habilidade defensiva. Ótimo, então, que ele ingresse na liga norte-americana pelo Boston Celtics, um dos times que vem investindo muito nesse aspecto do jogo nas últimas temporadas, com ubuntu e tudo.

Com duas escolhas consecutivas no Draft, o experiente Danny Ainge apostou grande. Ou melhor, em gente grande. No sentido de tamanho, mesmo. Em 21º, optou por Jared Sullinger, alguém que pode, ou não, ter problemas sérios nas costas e passar por uma cirurgia neste ano. As opiniões médicas são conflitantes. Depois veio o mineiro de Juiz de Fora, um legítimo “seven footer” (2,13 m). “Ele tem tamanho e nós gostamos de tamanho, precisamos de tamanho. Isso nos dá a chance de trabalhar com ele. Pensamos que ele pode ser um bom jogador”, afirmou o técnico Doc Rivers.

Melo e Sullinger combinam bem. Sullinger não tem uma boa impulsão, é lento, relativamente baixo e pouco atlético. Aí você pensa: “Minhanossa”, né? Tecnicamente, no entanto, ele compensa: tem os movimentos todos de costas para a cesta, um bom chute de média para longa distância, é um bom passador e, ao que tudo indica, se trata de um ótimo sujeito. Aplicado e aguerrido. Já Fabrício oferece tudo o que o gordinho de Ohio State não tem: altura, envergadura impressionante, agilidade, velocidade, um pacote excepcional para a defesa, protegendo o aro com eficiência e de modo intimidador. Encaixa muito bem com a proposta de retaguarda orquestrada por Rivers. No ataque, todavia, ele ainda precisa se desenvolver horrores.

Seria importante que Sullinger consiga jogar neste ano. Pode parecer contraditório, já que, mais minutos para o ala-pivô poderiam significar menos para o brasileiro. Pode até ser.  Por outro lado, o pivozão ainda é mais um projeto do que um jogador de impacto. Ter o novato mais badalado ao seu lado lhe aliviaria a pressão consideravelmente.

Outro ponto para ponderar: Kevin Garnett vai continuar jogando? Vai continuar em Boston? Entrar na liga sob a tutela do maníaco e veteraníssimo ala-pivô seria um cenário perfeito para Fabrício. O caráter de KG pode ser questionado pelos adversários, mas seus companheiros de time fazem questão de destacar o quão importante ele é internamente, o bem que faz para o grupo, de maneira unânime. O mineiro teria muito a aprender em muitos sentidos.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Fabrício Melo em sua encarnação passada


As estrelas alternativas do Draft
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Giancarlo Giampietro

No Draft da NBA, os blueseiros de Nova Orleans só querem saber do Anthony Davis, também conhecido como Monocelha, ala-pivô de Kentucky garantido como a escolha número um. Para os brasileiros, mais que natural voltar as atenções para a dupla Fabrício Melo, pivô mineiro de Juiz de Fora, que fez o ensino médio e dois anos de universidade nos Estados Unidos, e Scott Machado, norte-americano filho de pais brasileiros imigrantes na América e que se define como um gaúcho de Porto Alegre em perfil de redes sociais.

Royce White desafia os olheiros da NBA Aqui no QG 21, porém, há espaço para todo mundo. Sofre de transtorno de ansiedade e prefere embarcar num avião? É apenas dois anos mais novo que o nosso Tiago Splitter e está prestes a fazer um contrato de seis dígitos, no mínimo, depois de ter servido no Iraque?  Então sinta-se em casa.

Os scouts e cartolas da liga norte-americana viajaram o mundo, fizeram entrevistas com adolescentes nas quais usaram de perguntas básicas e outras um tanto descabidas – do tipo “entre ser uma máquina de lavar roupa ou um liquidificador, qual você preferiria?” –, se enfurnaram em ginásios (boa parte deles climatizados, é verdade), gastaram o controle remoto do DVD e o mouse do computador e, ufa!, neste momento, devem estar flertando com a insanidade. Faltam poucas horas para eles tomarem uma decisão que pode lhe custar a cabeça ou render alguns tapinhas no ombro por parte do bilionário que controla sua franquia.

Todo mundo queria Davis, o Monocelha, mas só tem um desse disponível neste ano. Não é fácil fazer o restante das escolhas. Não quando você tem uma gama de jogadores disponíveis como estes aqui:

– Royce White, de Iowa State
O ala-pivô deve ser o prospecto a dizer que se sente conectado com John Lennon “por inspiração e filosoficamente”.  Tupac, Eminem, Dr. Dre, Jay-Z que abram caminho para White passar. Ele afirma que tem interesse em tocar piano no futuro. Isso não assusta os cartolas. Na verdade, até desperta simpatia.

John Lennon, inspiração

John Lennon, inspiração

O que desperta precaução no rapaz é seu medicamente comprovado transtorno de ansiedade, identificado apenas aos 18 anos.  Por vezes lhe cria dificuldades na hora de subir em um avião. Ele diz que, uma vez decolado, não se sente aterrorizado no ar. Difícil, nos piores dias, são as horas antecedentes ao voo. No torneio dos mata-matas universitários, viajou de carro com o avô por mais de nove horas para um jogo em Louisville. Mas o jogador garante que viajou de avião diversas vezes com os Cyclones durante a temporada. Outras questões delicadas que ele precisou responder durante o contato com os clubes foi sobre a acusação de roubo a uma loja em um shopping em Minneapolis.

Em quadra, White é um dos jogadores mais intrigantes dessa leva. Um ala-pivô como visão de armador, capaz de ter linhas como dez pontos, 18 rebotes e dez assistências em uma partida.

Seu técnico, Fred Hoiberg, que jogou no Indiana Pacers de Reggie Miller nos anos 90, fala que ele é como um “trem de carga descendo a quadra”. Também tem as mãos mais largas de todos os jogadores inscritos no Draft, do dedão ao dedinho, esticados, são 29,21 cm. No caso de você estar se perguntando.

Quem topa?

– Bernard James, pivô de Florida State
Pivô forte e atlético, de 2,08 m de altura, que tem média superior a dois tocos por partida em sua carreira universitária e evoluiu em muitas categorias de sua terceira para a quarta temporada. O tipo de prospecto pelos quais os dirigentes se atraem com facilidade. Não tivesse ele 27 anos de idade. Nascido no dia 7 de fevereiro, ele é apenas um ano mais velho que nosso rodado Tiago Splitter. E o que esse senhor fazia na universidade a essa altura da vida, sendo oito anos mais velho que Davis, por exemplo?

Bernard James, em serviço do Exército dos EUAA resposta tem a ver com “I Want You To Join The US Army”.

Ele passou seis anos a serviço da Aeronáutica norte-americana, viajando por cinco continentes, passando inclusive pelo Iarque. Ele se alistou depois de ser expulso do colegial. Quando mais novo, não tinha o menor interesse em jogar basquete. Acabou se iniciando no esporte para valer apenas quando um comandante o avistou em um campo de treinamento na Califórnia e o convocou para um “racha” na mesma noite: “Ele perguntou seu eu jogava, disse que não, mas aí ele falou que a partir de então eu jogaria”. Ordens são ordens. Em seis anos, ganhou quatro medalhas de ouro nos Jogos Militares. Em 2008, começou sua carreira universitária em um Junior College de Tallahassee. Dois anos depois, chegou a Forida State, onde entrou no radar. Da NBA, claro.

Esses são os dois casos mais curiosos, segundo o bisbilhotado. Mas tem mais:

Austin Rivers, ala-armador de Duke, filho de Doc Rivers, técnico do Boston e uma das mentes mais respeitadas da liga. Quando saiu do colegial, era considerado um dos melhores talentos de sua geração. Na universidade, não foi todo esse estouro. Por outro lado, não se atreva a dizer isso ao sujeito, nem ao seu pai. Rivers, o Austin, se comporta como o maioral e tem um certo complexo de Kobe Bryant – sem pular, sem ser tão forte, ou sem ser tão alto como o astro do Lakers. Ah, tá..

Jared Sullinger também saiu do colegial badalado e brilhou em sua temporada de calouro em Ohio State e, contrariando o protocolo, decidiu voltar para a universidade para viver a vida de um segundanista. Os puristas todos aplaudiram: o pivô estaria valorizando seus estudos, dando um exemplo para muitos garotos etc. Um ano depois, evoluiu pouco em quadra e, pior, despertou a preocupação dos médicos do mundo cruel da NBA com um problema em suas costas. Hoje, vê sua cotação despencar. Baita prêmio para um bom menino, hein?

– O ala Evan Fournier, francês, é um dos poucos estrangeiros deste ano bem cotado para a primeira rodada do Draft – sem contar aqui o “Fab Melo”, que entra na cota de universitários, embora brasileiro. Não fala uma vírgula de inglês, chegou de última hora aos Estados Unidos e está batalhando sua escolha contra os prodígios da casa. O ala grego Kostas Papanikolau, campeão da Euroliga pelo Olympiakos e jogando nesta semana pela seleção de seu país em São Carlos, corre por fora.

– Tem também o Ryan Allen, que é irmão do Tony Allen, pitbull do Memphis Grizzlies, que já jogou com o Ray Allen pelo Boston Celtics. Um anônimo no Draft, Ryan, um ala, treinou duas vezes pelo Milwaukee Bucks nos últimos dias, a franquia que escolheu nos anos 90 o próprio Ray Allen. Confuso? Também ficamos.

PS: Clique aqui para ver o que o blogueiro publicou sobre o Draft da NBA em sua encarnação passada


Especialistas do Draft projetam Fabrício Melo sob tutela de Anderson Varejão
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Giancarlo Giampietro

Os dois principais especialistas na cobertura do Draft da NBA concordavam em um ponto importante para o basquete brasileiro: a projeção de qual clube deve selecionar o pivô Fabrício Melo na noite desta quinta-feira.

Fabrício Melo distribuiu tocos por Syracuse

Fabrício Melo distribuiu tocos por Syracuse

O veterano Chad Ford, do ESPN.com (@chadfordinsider), e Jonathan Givony (@DraftExpress), chapinha que é o dono do DraftExpress, travam ano a ano uma batalha naval velada entre eles, para saber quem acerta mais escolhas a cada processo de recrutamento de calouros.

Na noite desta quinta-feira, os dois jornalistas apontavam o jogador como o 24º do Draft. Pelo Cleveland Cavaliers, isto é. Em seus comentários, Ford até menciona o compatriota Anderson Varejão como um incentivo: “O fato de eles terem um companheiro brasileiro para servir como mentor é um bônus”.

Boston Celtics, com duas escolhas e uma carência de pivôs, e o Miami Heat – sim, o Heat – também seriam dois clubes interessados. Especialmente o time da Flórida, que foi campeão com Joel Anthony, Ronny Turiaf, Eddy Curry e Dexter Pittman como seus grandalhões. Dureza, né? Dizem – diiiiiiiizeeem – que de Miami ele não passa, devido a sua capacidade defensiva, para proteger o aro e fechar espaços no garrafão.

E o Scott Machado?
A situação do armador nascido nos EUA e filho de gaúchos é um pouco mais nebulosa. No momento, Ford tem uma perspectiva bastante otimista sobre o armador: ele seria o 32º no Draft, via Washington Wizards. Apenas os 30 primeiros, do primeiro giro, têm contratos garantidos por um mínimo de dois anos. Os da segunda precisam se virar por conta. Por outro lado, caso fosse escolhido tão cedo, seria um sinal de prestígio. Os jogadores nesta faixa costumeiramente obtêm bom salário.

Scott Machado, armador puro em busca de vaga

Por outro lado, Givony tem Scott apenas em 53º em sua lista, via Los Angeles Clippers, com apenas sete atletas relacionados depois dele até o fim da segunda rodada. Não se trata de uma posição confortável, portanto, para esse armador puro, que trabalha muito mais para os companheiros do que em causa própria.

Telefone sem fio
Agora, não estamos diante de ciência exata aqui. Ford e Givony passam o ano todo seguindo os scouts em viagens e conversando, adulando e por vezes ajudando os gerentes gerais da NBA. Nesta semana, seria a hora de colher os favores.

Nem todos são tão amigões assim. Há muita notícia plantada, pelas mais diversas razões. Clubes inflam ou torpedeiam a cotação de um punhado de jogadores com a esperança de que seus alvos sigam disponíveis. Escondem seus preferidos até a última hora e só vazam a poucos minutos de fazerem a escolha, já certos de que o atleta vai ser contratado. Sem contar as incontáveis ligações e o telefone sem fio decorrente de tantas negociações entre agentes e dirigentes ou entre cartolas e cartolas, mesmo.

O próprio Cavs está envolvido na boataria. Além da 24ª escolha, a franquia de Cleveland tem a quarta neste ano. Sua ideia, pelo que se especula, é juntar as duas em troca da segunda, hoje do Charlotte Bobcats. Se esse negócio se confirmar, aí adeus para a idealizada parceria entre Varejão e Melo.

Na terça-feira, Fabrício, que jogou dois anos por Syracuse, treinou pelo Miami, ainda batalhando, de última hora. Já Scott, formado pela universidade católica de Iona, localizada em New Rochelle, no estado de New York, saiu para compras, tentando achar seu traje social adequado para a noite que espera ser de gala. Vai ser o dia mais longo de suas vidas.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Fabrício Melo e Scott Machado em sua encarnação passada