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Arquivo : Caron Butler

Detroit Pistons: todo o poder a Stan Van Gundy
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Orlando estava muito bem, obrigado, mas...

Orlando estava muito bem, obrigado, mas…

E se você estivesse curtindo uma semiaposentadoria na Flórida, vivendo mais próximo das crianças, acompanhando-as no jogo de futebol no final da tarde de uma terça-feira, respirando e relaxando numa vizinhança tranquila? Depois de passar uns dois bons anos estressantes, tendo de responder diariamente aos mesmos questionamentos, 99% deles ligados a um gigante de 2,11 m e massa muscular assustadora, mas mal crescido em outros aspectos, que muito provavelmente queria sua demissão, mas que, ao mesmo tempo, era sua única aposta para o sucesso?

Para tirar a pessoa de um sossego desses, só com uma oferta irrecusável, mesmo. Como, por exemplo, ter controle total nas operações de basquete de um clube de NBA, respondendo apenas ao bilionário que comprou a franquia. Ter a oportunidade de, basicamente, ser o seu próprio chefe, e ainda ganhando US$ 7 milhões por ano. Só assim, mesmo, para Stan Van Gundy retornar, tendo o Detroit Pistons como seu grande brinquedinho.

O magnata Tom Gores bem que flertou com Phil Jackson no passado. Em 2013, por exemplo, o Mestre Zen fez um frila em Detroit, trabalhando como consultor de Joe Dumars durante o período de mercado aberto para os agentes livres e também para a contratação de (mais) um treinador. Não se sabe exatamente qual foi a influência de Jackson, o quanto Dumars o escutou. Sabemos, no entanto, que as coisas não deram muito certo, resultando no desligamento de Maurice Cheeks antes mesmo que ele concluísse a primeira temporada de seu contrato.

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

Com o time novamente fora dos playoffs, seria, enfim, a gota d’água para Dumars. Chegaria a hora de se despedir do ídolo, bicampeão como jogador e arquiteto do time que derrubou o Lakers nas finais de 2004, retornou às finais em 2005 contra o Spurs e alcançou a decisão da Conferência Leste em seis anos consecutivos. Depois de tanto sucesso, o gerente geral falhou gravemente no processo de reformulação, com muitas apostas caríssimas e furadas, como Allen Iverson e, especialmente, a inesquecível dupla Ben Gordon e Charlie Villanueva. O aproveitamento nas últimas cinco temporadas não passou dos 40%. Para limpar essa bagunça, Jackson, amigo do proprietário, nem topou. Van Gundy aceitou.

O ex-técnico do Orlando Magic e Miami Heat andava comentando alguns jogos da liga para a rede de rádio da NBC e do basquete universitário para a TV. Mas sem tanto compromisso. Diferentemente do acordo que teria com a ESPN, para a qual trabalharia como analista em seus shows pré-jogo e tal, de muita repercussão no dia-a-dia da NBA. Acontece que a equipe de David Stern, ao que tudo indica, não fiou tão entusiasmada assim com a possibilidade de uma figura tão inteligente e desbocada ganhasse esse tipo de plataforma para se expressar.

Desde então, muitos clubes fizeram fila para conversar com o SVG, Clippers e Kings entre eles. Mas as propostas não eram o suficiente para que ele se afastasse da família, ou que os fizesse mudar de cidade novamente. Passado um tempinho, para os garotos avançarem nos estudos, e a autonomia para gerir os negócios, e cá estamos com o retorno de uma figura muito respeitada – menos por Shaquille O’Neal –, que desenvolveu uma série de jogadores em Orlando além de Dwight Howard (Marcin Gortat, Trevor Ariza, Courtney Lee, Ryan Anderson e até mesmo gente rodada como Hedo Turkoglu e Rafer Alston!), formando um time bastante competitivo em torno do pivô.

Agora a expectativa é que ele faça o mesmo com o mastodôntico Andre Drummond, que transborda vigor físico e potencial. As dúvidas? Essa coisa de ele, mesmo, sair contratando suas peças. São poucos os treinadores que ganharam tanto poder na liga. Temos hoje os seguintes casos: Gregg Popovich com o Spurs, Doc Rivers com o Clippers e Flip Saunders com o Timberwolves. Em San Antonio, Pop conta com o inestimável apoio de RC Buford e uma estrutura já enraizada. Rivers e Saunders estão começando nessa aventura.

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Com um bom espaço para contratações, não dá para dizer que SVG tenha causado boa impressão no mercado. Os valores gastos em veteranos como Jodie Meeks (US$18 milhões por três anos e já afastado por uma lesão nas costas) e Caron Butler (US$ 10 milhões por dois anos) foram, no mínimo, suspeitos e bem acima do que atletas com as mesmas habilidades receberam (Anthony Morrow e o Oklahoma City Thunder fecharam por US$ 10 milhões e três anos). DJ Augustin recebeu um pouco menos, mas a equipe já tinha um armador diminuto e irregular em Brandon Jennings. Além disso, sua versão cartola também falhou em chegar a um acordo com Greg Monroe. Pior: o pivô assinou a oferta qualificatória da franquia e vai se tornar um agente livre sem restrições ao final da temporada.

Resultado: Van Gundy, o técnico, vai ter de arrumar isso. Um tanto esquizofrênico isso? Pois é. Acontece quando você é o seu próprio patrão. Não tem com quem reclamar. O brinquedinho é todo dele.

O time: SVG olha para o seu elenco e vê três excelentes homens de garrafão, mas que tiveram sérias dificuldades quando escalados juntos na última temporada. Usar Josh Smith mais afastado da cesta é um convite para uma série de decisões absurdas. É provável que, ao contrário de Cheeks, o novo treinador chegue a uma simples conclusão: fazer um rodízio, mesmo. Sai um, entra o outro, e por aí vai, seguindo sempre com uma dupla forte. Agora, nas alas… Hm…  Temos um problema. Em teoria, Jerebko, Singler, Datome são o mesmo jogador – claro que há características peculiares que os diferenciam, mas as funções exercidas em quadra são basicamente a mesma. No fim, é um trio de atletas promissores, mas que geram  nenhum deles consegue se separar do outro. E aí que Butler só deixa essa rotação mais confusa nesse sentido. Mais uma ala 3/4, para espaçar a quadra, e tal. Na armação, Jennings precisa tomar um rumo na vida: se DJ Augustin mandá-lo para o banco, seria basicamente o fim. Van Gundy costurar tudo isso e fazer um grande conjunto? Seria sua maior obra.

Smith quer a bola. Drummond é o foco

Smith quer a bola. Drummond é o foco

A pedida: um retorno aos playoffs seis anos depois. Mesmo no Leste, um desafio, e tanto.

Olho nele: Kentavious Caldwell-Pope. Alguém com um nome desses precisa fazer um sucesso, né? O ala vai para o seu segundo ano, mais confiante e animado com as mudanças que vê ao redor.  Kentavious é bastante atlético, com capacidade para colocar a bola no chão e atacar a cesta. Além disso, tinha a reputação de ser grande arremessador vindo da universidade, ainda que essa habilidade ainda não tenha aparecido na grande liga (aproveitamento de 30,3% de longa distância até aqui). Aos 21 anos, ainda tem muito o que desenvolver. Fez ótima summer league em Orlando, mas perdeu boa parte da pré-temporada devido a uma torção no joelho. Dependendo do seu progresso, pode fazer as contratações de Butler e Meeks ainda mais banais.

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Abre o jogo: “Não é um desrespeito com as pessoas que estão trabalhando no clube, mas foi duro para mim chegar a um acordo por mais quatro anos com gente que é nova por aqui. Honestamente, se você for perguntar para qualquer um na rua se eles topariam isso, na área em que trabalham, diriam não.  As pessoas ficam presas ao dinheiro e acham que, se foi oferecido, você é obrigado a aceitá-lo. Nós ganhamos muito dinheiro, mas todo o restante não pode ser relevado por causa disso. Se os jogadores fizessem esse tipo de coisa, seriam infelizes, porque receberiam o dinheiro apenas por receber e não estariam totalmente dedicados”, Greg Monroe, explicando por que não aceitou uma das ofertas de Van Gundy para estender seu contrato e seguir a rota incomum de jogar um ano pela oferta qualificatória. Ao mesmo tempo em que ganha liberdade para decidir seu futuro, o pivô também corre certo risco. Reparem nos malabarismos retóricos que ele precisa fazer para não entrar em conflito com os torcedores do Pistons.

Você não perguntou, mas… o Pistons entrou para o rol dos clubes da NBA que tem sua própria filial na D-League, o Grand Rapids Drive (não, não se trata de trocadilho).  Ex-gerente geral do Orlando Magic, Otis Smith foi agora contratado por seu antigo subordinado para dirigir o time B em quadra. Será a primeira vez que cumprirá a função de técnico. “Gosto do ‘desenvolvimento’ que está no nome da liga. Desta forma posso passar mais tempo no desenvolvimento do estafe e dos jogadores, dentro e fora da quadra”, afirma Smith. “Estar em quadra com os caras, ensinando-os, fazê-los evoluir e serem profisisonais… Isso é o que mais me anima.”

dennis-rodman-pistons-cardUm card do passado: Dennis Rodman. Com menos músculos, sem tatuagens, antes de se relacionar com Madonna e se casar com Carmen Electra, de atuar com Jean-Claude van Damme e Mickey Rourke e virar celebridade mundial, para além do quadrante da NBA, antes de se indispor com David Robinson, de intrigar e vencer mais Phil Jackson e de passar algumas noites mal dormidas na casa de Mark Cuban, Rodman já era um grandessíssimo jogador na Motown, ainda que como coadjuvante de Thomas e Dumars. Em suas últimas duas temporadas por lá, de 1991 a 93, o ala-pivô começou seu impressionante período hegemônico de melhor reboteiro da liga – e talvez da história –, com médias superiores a 18 por jogo. Nos dias de hoje, Andre Drummond é forte candidato a liderar o campeonato neste fundamento.


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