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Arquivo : Brett Brown

O Philadelphia 76ers vai ser o pior time da história?
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

Michael Carter-Williams havia acabado de retornar de uma cirurgia no ombro. Ao final do primeiro tempo, sentado no vestiário, talvez não acreditasse que pudesse ser recebido de forma tão humilhante em quadra. O Dallas Mavericks destroçava seu Philadelphia 76ers, abrindo uma inacreditável vantagem de 44 pontos após 24 minutos de jogo. Era como se a cada minuto, o time da casa fizesse uma cesta de dois pontos – e o adversário, nada.

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“Tenho certeza de que vou me lembrar disso, e não quero que aconteça de novo. Ninguém nesse vestiário vai se acostumar nunca em perder desta maneira. Nenhum de nós vai se acostumar a perder, e ponto. Ficamos chateados a cada derrota”, afirmou o talentoso e um tanto errático armador, o novato do ano da NBA 2013-2014.

Compreensível a declaração de MCW, e louvável até. Ele e seus companheiros podem muito bem não aceitar uma surra dessas. Agora, entre aceitar e se acostumar, há uma grande diferença. E é bom que o jogador e a equipe mais jovem da temporada entendam isso. Porque a temporada promete ser longa. Beeeem longa, e até inesquecível. Foram nove jogos até esta segunda-feira, e nove derrotas. Não chega a surpreender. Desde que o gerente geral Sam Hinkie montou o atual elenco, o Sixers virou sério candidato a pior da história – com a famigerada campanha da mesma franquia em 1972-73, com 9 vitórias e 73 derrotas, sendo o parâmetro. Com um agravante: o movimento é calculado.

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs...

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs…

A (já não tão) nova gestão do Philadelphia traçou um plano bem claro: implodir a estrutura então vigente. Chegar aos playoffs e perder não era o bastante, não ia levar a lugar algum. Então o que o cartola fez foi promover um leilão e vender todas as peças minimamente decentes que a equipe tinha para recomeçar do zero. Era hora de reconstrução via Draft. E, para fazer desta forma, já sabemos: quanto mais derrotas, mais chances de conseguir uma boa posição na seleção de novatos e acesso aos melhores talentos.

Veja bem: não há nada ilegítimo nessa linha de raciocínio. Nem ilegal. Está dentro das regras do jogo, e o Sixers não é o primeiro clube a adotá-la. O problema é que Hinkie talvez esteja indo um pouco longe demais em seu descompromisso com o presente, pensando apenas no futuro. Quando o tal do futuro vai chegar? Se chegar.

Hoje, no plantel é o mais jovem da liga, com 23 anos de média. Até aí tudo bem, faz sentido. Agora, na hora de falar em qualidade, a coisa fica mais feia. A turma que vem jogando é a que tem menos escolhas de primeira rodada: Carter-Williams, Tony Wroten e Nerlens Noel. De resto, são sete atletas que nem mesmo foram selecionados no Draft, um recorde. O que não quer dizer que caras como Brandon Davies, Robert Covington, Alexey Shved e Henry Sims não possam evoluir e emplacar. Caras como Ben Wallace, José Juan Barea, Brad Miller e Bruce Bowen também passaram batido no recrutamento e foram figuras importantes em times que tiveram sucesso nos playoffs. Mas, historicamente, é um desenvolvimento bem mais raro. Vejam Jarvis Varnado, Chris Johnson, Casper Ware, Elliott Williams e outros talentos nos quais Hinkie apostou recentemente e já foram dispensados. Haja rotatividade e procura.

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Aqui é a parte em que podemos perguntar: mas se a ideia é reconstruir usando o Draft, onde estão as escolhas? Bem, o pivô camaronês Joel Embiid está na enfermaria, bastante atuante no Twitter. O ala-pivô croata Dario Saric tem contrato milionário com o Anadolu Efes, da Turquia, e só deve se apresentar daqui a duas temporadas. Essas foram as duas escolhas principais do clube neste ano. Hinkie já sabia  que não poderia contar com eles, mas optou por essa rota ainda assim.

Assim como para os calouros de segunda rodada. No caso do Sixers, ao menos o ala KJ McDaniels vem se mostrando um achado. O jogador revelado por Clemson tinha cotação para as primeiras 30 posições, mas acabou derrapando num ano de forte concorrência. O ala Jerami Grant, filho de Harvey e sobrinho de Horace, lesionado, é outro que pode seguir nessa linha. Mas seria o suficiente para tornar a atual equipe mais competitiva? Dificilmente.

Mais duas observações: 1) McDaniels já vai virar um agente livre ao final do ano (leia mais abaixo); 2) de todas as escolhas do segundo round, o ala Jordan McRae foi aquele que teve o melhor verão com a camisa do Philadelphia. Mas cadê ele no elenco atual? Você não vai achar. McRae foi convencido pela diretoria a jogar na Austrália para ganhar cancha, que foi o mesmo procedimento adotado pelo Miami Heat com James Ennis, e deu certo. Por outro lado, é um prato cheio para aqueles vão acusar Hinkie de estar simplesmente entregando os pontos por ora.

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Como Stan Van Gundy, que não tem papas na língua. “Não me importo se alguém diga que eles não estão perdendo de propósito. O que Philadelphia está fazendo agora é uma vergonha. Se você está usando botando um time desses em quadra, está fazendo todo o possível para perder”, afirmou o técnico durante a última Sloan Sports Conference, antes de assumir o Detroit Pistons, diga-se.

Esse tipo de revolta, aliás, levou a NBA a votar no encontro anual dos proprietários de cada clube uma possível mudança nas regras do Draft. A proposta era mais complexa, mas pode ser resumida basicamente desta forma: os piores times da liga teriam chances menores de ganhar as primeiras posições no recrutamento. A disputa ficaria mais equilibrada entre todos os participantes da loteria. Muitos esperavam que a reforma fosse aprovada, mas, de última hora, o Sixers ganhou aliados e venceu essa batalha. Não que esses novos aliados estivessem inteiramente ao lado de Sam Hinkie: pesou também toda a incerteza que ronda as franquias com a iminência de um novo contrato bilionário de TV, que vai influenciar drasticamente a condução dos negócios cotidianos.

Mas nem tudo são críticas. O próprio comissário Adam Siler diz entender e avalizar o projeto de Philly. “Não concordo de modo algum com o técnico Van Gundy. Já visitei aquele vestiário, falei com o treinador Brett Brown. É um insulto para toda a liga sugerir que esses caras não estejam fazendo o melhor que podem para vencer”, afirma. “Se você for observar qualquer negócio, vai pensar em resultados a curto e longo prazo. E se te dissessem que, em um rumo específico, que a ideia era operar com base a cada trimestre, você diria que esse não é o caminho certo, que você precisa de uma estratégia e pensando longe. Acho que o que essa organização está fazendo é absolutamente a coisa certa: planejar para o futuro e construindo uma organização do térreo para cima. Pensando no que aconteceu na cidade nos últimos anos, era algo muito necessário.”

Na hora de fazer uma análise sobre cada negociação conduzida por Hinkie, o cartola na verdade sai ganhando, dependendo do quanto se vá valorizar Evan Turner e Thaddeus Young, que ainda eram jovens o suficiente para seguir no time (a que preço, porém?). Os dois alas e o armador Jrue Holiday e o pivô Spencer Hawes foram os atletas negociados. Em troca, o gerente geral conseguiu Nerlens Noel,  os direitos sobre Saric e muitas escolhas de Draft, de primeira ou segunda rodada. A equipe piora para agora, mas ganha uma base para amanhã.

As escolhas de Noel, Saric e Embiid foram todas oportunistas: se não houvesse restrições de lesão ou contratuais, os três não estariam disponíveis para a franquia. Mas é aíque  retomamos a pergunta inicial: o duro é que esse amanhã vai demorar para chegar, e muito. Noel está aparentemente 100% recuperado de sua cirurgia no joelho, mas ainda é bastante cru. Causa impacto na defesa, mas deixa a desejar no ataque. Carter-Williams? Nem eles estão certos se vai dar em algo, tanto que estavam dispostos a trocá-lo ao final da temporada, caso conseguissem mais uma escolha alta de Draft.  Tentaram vendê-lo na alta. Embiid, pelo que todo mundo indica, não vai jogar este ano, recuperando-se de uma operação no pé e também de complicações com as costas. O camaronês encantou a todos os olheiros durante seu ano de parceria com Andrew Wiggins em Kansas, mas também é inexperiente e tem esse histórico médico preocupante.

É um cenário bem diferente daquele que o Oklahoma City conduziu. Eles selecionaram Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden para jogar na hora. Serge Ibaka foi o único pelo qual tiveram de esperar por um ano. Ah, mas muito disso vem do fator chamado sorte? Certamente: o Portland Trail Blazers apostou nas articulações de Greg Oden e se deu mal. Por outro lado, Westbrook e Harden eram bem cotados quando saíram da universidade, mas não eram unanimidade. Poucos imaginavam que poderiam se tornar superestrelas desse nível. Valeu, aí, o faro do gerente geral Sam Presti e de sua equipe, além da competência de todos no trabalho com os garotos. No ano de calouro de KD, o time venceu 20 partidas, ainda em Seattle. Com Wess novato, foram 23 triunfos. Quando Harden chegou, eles já foram par 50 vitórias.

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Em Philadelphia? No campeonato passado, foram 19 vitórias. Então, pera lá: qual a diferença? Bem, são muitas. Para começar, a equipe ainda contava com alguns veteranos competentes, que ajudaram num início de campanha surpreendente. Desde fevereiro de 2014, porém, a equipe perdeu 40 de suas 44 partidas. Para a atual campanha, não há sinal de evolução alguma. Muito pelo contrário: o Sixers não só perdeu suas nove primeiras partidas, mas vem com um saldo negativo de 16 pontos por rodada (o Lakers na sua pindaíba, vem com -10,5, e jogando no Oeste). Mesmo se descontarmos os 53 pontos da surra que tomaram naquela do MAvs (placar de 123 a 70, a maior vitória da história do adversário), o saldo ainda seria de -11,3.  Em 1972-73, aquele que viraria o pior time da história tinha perdido por 9,3 pontos nas primeiras nove rodadas. Obviamente as coisas aqui estão bem mais incertas.Mas Hinke tem sinal verde, respaldo total dos acionistas da franquia para seguira diante com seu plano. “Quanto mais eu converso com as pessoas sobre as coisas que vejo, elas me dizem que muito dos pilares já estão aqui: uma cidade com tradição no basquete, um mercado grande e um grupo de proprietários comprometidos com a ideia de vencer no nível mais alto possível e que são inteligentes, pacientes e estão dispostos a fazer os investimentos a longo prazo e tudo o que for necessário para conduzir nosso sucesso”, disse o cartola, que é daqueles que fala pouco. Não há metas declaradas, nem nada disso. Enquanto a liga não sabe o desfecho do plano, é bom que Carter-Williams, seus companheiros e torcedores vão ter de se preparar. Para alcançar o sucesso, será preciso passar por um suplício nesta temporada.

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

O time: Brett Brown tem alguns jogadores interessantes em sua equipe. Mas estamos falando da NBA, então essa é basicamente a norma.  No caso do Sixers, três dos seus atletas mais promissores têm uma deficiência grave: não sabem arremessar. Há um “detalhe” desses para ser solucionado, em meio a muitas outras carências.

Até mesmo o espigão Noel, jogando perto da cesta, tem dificuldades para finalizar. Tony Wroten até dá sinais de melhora em seu tiro de três pontos, mas numa amostra pequena de jogos – e sua média na carreira ainda é de 24,2%. Nos lances livres, como prova, tem convertido apenas 61%. O armador, de qualquer forma, vinha fazendo um excelente início de temporada, como substituto de MCW. Agora, com o titular de volta, fica a dúvida sobre o quanto os dois podem ser efetivos juntos. Afinal, possuem muitas das mesmas características, e seu companheiro talvez seja um finalizador ainda pior. Ambos cometem muitos turnovers também. Detalhe: embora esteja em seu terceiro campeonato, Wroten é dois anos mais jovem que o companheiro. KJ McDaniels já estrelou algumas enterradas e jogadas atléticas de tirar o fôlego, embora tenha dificuldade para criar por conta própria, se atrapalhando com a bola. E por aí vai.

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Como eles podem evoluir, se ao redor deles não há quem lhes alivie a pressão? Tanto em termos de atletas experientes como em pura e simples eficiência, qualidade em quadra.

Se formos pegar o ranking aproveitamento geral nos arremessos,  por exemplo, contando tudo (chutes de quadra, três pontos e lances livres), o Philadephia é o pior da temporada até agora. O mesmo aconteceu na campanha passada. É complicado: o time é bem limitado, mesmo. Ainda assim, Brown quer que sua equipe jogue em velocidade, num dos ritmos mais acelerados da liga. Diz acreditar que essa é a melhor solução. Há quem suspeite que a tática sirva apenas para inflar os números dos atletas que Hinkie usaria em trocas. Vai saber. O consolo para o treinador é que ele não precisa ter pressa nenhuma para colher resultados significativos. Além do trabalho diário com os atletas, ele só espera que o mero fato de a rapaziada ir para quadra e encarar uma competição muito mais qualificada seja o suficiente para acelerar seu desenvolvimento.

A pedida: 10 vitórias, e só, para evitar o vexame e mais escândalo na liga.

Olho nele: Nerlens Noel. Um calouro em seu segundo ano de NBA, é verdade. Mas chegou a hora de ver o que Noel pode oferecer em quadra, lembrando que ele era o jogador mais cotado para ser a primeira escolha do Draft de 2013. Acabou caindo para sexto devido ao receio dos times com sua lesão no joelho. O jovem pivô não parece ter perdido nada de sua capacidade atlética. Vale a pena reparar na velocidade das mãos do jogador, que desarma armadores, em baixo, com facilidade. A expectativa de Brown é que ele cause grande impacto na defesa, mesmo. No ataque, ele ainda precisa de muito refinamento. Vai pontuar mais em lances de pick and roll, no aproveitamento de rebotes ofensivos ou em transição.

(Olho nele 2? Joel Embiid, mesmo que ele não vá jogar. Para os que estão no Twitter, taí uma conta obrigatória para se seguir. Na rede de microblog, ele já sondou LeBron James sobre a possibilidade de jogar pelo Philadelphia, flertou com Kim Kardashian, a ‘célebre’ ex-esposa de Kris Kumprhies e atual Sra. Kanye West, e já arrastou asa para a popstar Rihanna também. O quanto disso era sério ou brincadeira? Ninguém precisa saber, fica melhor assim.)

Abre o jogo: “Sim, tenho um trabalho complicado. Mas acho que as recompensas superam os riscos para mim, nessa altura da minha carreira. Está tudo bem. Ninguém iria aceitar esse cargo se a intenção fosse melhorar seu currículo, se preocupando com o número de vitórias ou derrotas, na hora de avaliar sua carreira no futuro. Já passei dessa fase. Vejo apenas uma oportunidade incrível, que eu abraço para valer. É difícil em muitos níveis, mas a empolgação do que o projeto pode vir a ser pesa mais que as dificuldades. Nem me importo com um primeiro jogo da pré-temporada. E nem me importo com muitas coisas, para falar a verdade. Em vez disso, olho para o futuro. Quero realmente uma abordagem muito dedicada e muito devagar, para que façamos as coisas direito”, Brett Brown, quase num manifesto ao falar ao NBA.com sobre os desafios de seu cargo: pegar um elenco horroroso e tentar extrair daí algo positivo para o futuro, sem se importar com tantas surras que tem tomado.

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

Você não perguntou, mas...  o ala KJ McDaniels, um dos calouros da equipe, desafiou a lógica vigente ao negociar seu contrato com o Philadelphia. Em geral, para os atletas selecionados na segunda rodada do Draft, o padrão vinha sendo a assinatura de um vínculo de quatro anos, os dois últimos sendo opcionais – com o time podendo exercer a cláusula, claro. McDaniels simplesmente optou por um contrato de apenas um ano, sem garantias. Pode ser dispensado a qualquer momento pelo Sixers. Sua aposta, porém, é que a equipe não vai poder abrir mão de seu talento – imaginem? – e que terá tempo de quadra para vender o peixe. Ao final do ano, vira a gente livre e espera receber uma oferta mais rentável.

Hal Greer,1972-73, Sixers, Trading CardCard do passado: Hal Greer. Nessa preciosidade de 1972-73, vemos que ao menos aquela versão vexatória do Sixers contava com um membro do Hall da Fama em seu elenco. Pena que era justamente em sua última temporada na liga. : ) Greer entrou na NBA em 1958 e jogou toda sua carreira pela mesma franquia – com a diferença de que, até 1963, ela se chamava Syracuse Nationals. Campeão em 1967, foi um dos principais companheiros do legendário Wilt Chamberlain. No ano do título, ele marcou 27,7 pontos por jogo nos playoffs, por exemplo. De 1961 a 70, foi eleito para o All-Star Game. O ala-armador também ficou famoso por cobrar seus lances livres pulando. Sua camisa 15 está aposentada pelo clube.

 


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Giancarlo Giampietro

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

O esporte, assim como a vida, está rodeado de surpresas agradáveis, sim. Mas, ao mesmo tempo, decepção é o que não falta.

(Chorei.)

No jogo jogado, são diversos os atletas em quem se pode apostar uma fortuna, fazer planos grandiosos  e ver toda essa grana ir ralo abaixo. Por vezes, é questão de azar: uma lesão grave e precoce, por exemplo. Más influências externas também podem atrapalhar muito. A falta de personalidade para fazer valer o talento. Um técnico cabeça-dura e rancoroso. A simples avaliação errada de um departamento de scouts. E mais e mais fatores podem determinar uma aposta furada.

Mas qual é o momento exato para definir que uma determinada história deu errada? Até quando os dirigentes, treinadores, torcedores e analistas devem esperar para dar uma carreira como “acabada”? No Brasil, somos especialmente bons nisso. A facilidade que temos para julgar alguém como “lixo” é incrível. Muitas vezes sem saber nem quatro linhas sobre a vida ou o contexto em torno de um atleta qualquer.

Agora brecamos o negativismo por aqui, sem se apegar tanto a amarguras da vida, tá? Afinal, é final de ano, hora de erguer a cabeça, estufar o peito. Simbora.

Então, assim bruscamente, vamos virar o disco. Quer dizer, vamos identificar algumas das boas e surpreendentes histórias do início de temporada da NBA. Uma turma que vai usando os primeiros meses do campeonato para tentar prolongar suas carreiras:

Xavier Henry, ala do Lakers
O pai de Xavier jogava na Bégica. A mãe integrou a equipe feminina da universidade de Kansas. Seu irmão mais velho foi escolhido na primeira rodada do Draft de 2005 – na MLB. Quer dizer: o DNA estava ali, pronto para ser explorado. E não teve jeito: o garoto seguiu a trilha de esportista, com destaque desde cedo. Foi um dos destaques de sua geração no colegial, sendo eleito para jogar o McDonald’s All American, o Nike Hoops Summit (do qual foi o cestinha americano) e o Jordan Brand Classic. Badaladíssimo.

Xavier, astro colegial

Xavier, astro colegial

Depois de se inscrever na Universidade de Memphis, voltou atrás e seguiu a trilha da mãe e passou seu primeiro e único ano de NCAA jogando pelos Jayhawks. Na estreia, anotou 27 pontos e estabeleceu um recorde pela tradicional universidade. Tudo seguia de acordo com o plano, até ser selecionado pelo Memphis Grizzlies em 12º no Draft de 2010. Em suas primeiras semanas com Lionel Hollins, agradou o bastante para ser promovido a titular por 11 partidas. Aos poucos, porém, começou a sentir dores crônicas no joelho e, de janeiro em diante, foi escalado em apenas 10 jogos. Na segunda temporada, foi a vez de ele sofrer uma torção e ruptura de tendão no tornozelo.

Jogado de canto num time com aspiração de ir longe nos playoffs,  foi envolvido em uma troca tripla no dia 4 de janeiro por Marreese Speights (que seria um taa-buraco devido a lesões de Zach Randolph e Darrell Arthur), indo parar no New Orleans Hornets. Em sua nova equipe, nunca chegou a empolgar. Não passou dos 17 minutos por jogo em duas campanhas – teve médias no geral de 14,6 minutos e meros 4,3 pontos, acertando apenas 40,1% dos arremessos. Foi dispensado.

Talvez seja justo afirmar que, quando assinou um contrato  sem garantias com o Lakers para a atual temporada, ninguém deu bola. Até que, na pré-temporada, começou a fazer barulho e conseguiu passar pelos cortes para compor o elenco de um time que precisava de ajuda desesperadamente no perímetro, enquanto Kobe não voltava.

Ok, o ala vem com uma produção inconsistente, não é que esteja incendiando a cidade, mas ao menos seus espasmos indicam que talvez seja muito cedo ainda para que seja descartado. Só tem 22 anos.

(PS: Jonathan Abrams contou tudo com mais detalhe no Grantland esta semana).

Jordan Crawford, ala-armador do Boston Celtics
Crawford não era tão cobiçado assim quando adolescente e, para piorar, ainda perdeu todo o seu último ano de colegial devido a uma lesão de tornozelo. Ainda assim, fez o suficiente em Detroit para atrair algumas universidades, optando por se inscrever na tradicional equipe de Indiana, pela jogou por um ano (2007-2008).

Jordan Crawford, o armador

Jordan Crawford, o armador

Depois que o técnico Kelvin Sampson foi afastado, no entanto, transferiu-se para Xavier e teve de ficar uma temporada de molho por violar alguns dos mais diversos códigos que a NCAA impõe. Ainda assim, o cestinha conseguiu aquele que talvez seja o mais comentado lance de sua carreira, em 2009, quando enterrou na cara de LeBron James durante um coletivo em um camp organizado pelo próprio atleta (ou pela Nike em seu nome, digamos).

Quando voltou para as quadras para valer, arrebentou pelos Musketeers, com média de 20,5 pontos por jogo e 39,1% nos três pontos. Bastou para lhe garantir a 27ª colocação no Draft de 2010, o mesmo de Henry, para o Atlanta Hawks. Lá, ele arrumou uma confusão danada para os mais desatentos que fossem conferir as tabelas de estatísticas do time, uma vez que suas credenciais se misturavam com as de Jamal Crawford. Waka-waka-waka.

Mas esse foi basicamente o único destaque de sua passagem por Atlanta, mesmo, uma vez que foi repassado para o Washington Wizards ainda como um novato. Na capital americana, não demorou para deixar seu talento evidente (um pontuador criativo a partir do drible), ao mesmo tempo em que foi devidamente posicionado na turma dos cabeças-de-vento JaVale McGee e Andray Blatche como uma figura que não ajudava em nada na química no vestiário.

Em dois anos e meio pelo Wizards, por vezes substituindo John Wall na armação, ele conseguiu dois triple-doubles e algumas noites incríveis de cestinha, com quando 39 pontos contra o Miami Heat. Mas nunca chegou nem a 42% no aproveitamento de quadra e tirou muitos companheiros (e técnicos e torcedores) do sério com seu “apetite” pela bola. Em fevereiro deste ano, foi chutado fora da cidade e acolhido pelo Boston Celtics, em troca de um lesionado Leandrinho. Para ver a moral que tinha.

Num time em derrocada física, não ajudou muito nos playoffs. Mas eis que, nesta campanha, em meio a um time de renegados ou desprestigiados, Crawford encontrou a Luz. Ou Brad Stevens, no caso, que o transformou num armador competente, enquanto não termina a reabilitação de Rajon Rondo. O técnico novato guia o a talentoso jogador em sua temporada mais eficiente na liga, e de longe, na qual, não por acaso, é a que está mais passando a bola.

Ao Zach Lowe, do Grantland, Stevens jura que não teve uma conversa do tipo “venha-conhecer-jesus” – e foi esta a pergunta de jornalista, de me matar de rir.

“A única coisa que eu queria ter certeza era de que ele sabia do meu ponto de vista: que era um novo começo e que acreditamos nele”, afirmou. “Eu já tinha visto ele ser quase impossível de se parar na faculdade, em um jogo que eu treinei contra ele. Eu sabia que ele era um cestinha implacável. A outra coisa que eu sabia era que ele não está com medo em momento algum. Mesmo no Torneio da NCAA, numa atmosfera tensa daquelas, e isso pede muito colhão.”

E o que saiu daí? Simplesmente que o Miami Heat está interessado em seus serviços.

DeMarre Carroll, ala-pivô do Atlanta Hawks
“Junkyard Dog”.

Algo como “Cachorro de Ferro-Velho”. Bravo, salivando para dar umas boas dentadas em quem ousar escalar e saltar a grade. Se cuida aí, mermão!

(Associo sempre esse tipo de cão ao doberman, que anda sumido de nosso ecossistema. Sem preconceito, ok.)

Bem, era esse o apelido de Carroll em seus tempos de universitário, especialmente quando ele jogava sob a orientação de seu tio, Mike Anderson, em Missouri – depois de duas temporadas por Vanderbilt.

Criado no Alabama, o ala-pivô não despertava tanta atenção assim dos olheiros, mas conseguiu bolsa-atleta  um universidades grandes – embora não necessariamente de ponta, esportivamente falando. Pelos Tigers, teve seu grande momento ao liderar uma campanha rumo às quartas de final do Torneio da NCAA.

Foi quase uma dádiva para um garoto que havia recebido uma notícia para lá de preocupante um ano antes. Incomodado com uma persistente coceira nas pernas, Carroll procurou dermatologistas para saber se tinha alguma espécie de alergia. Depois de muita investigação, acabou constatado algo bem mais grave: uma doença no fígado. Pior: uma doença no fígado que muito provavelmente exigiria um transplante no futuro.

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

A doença foi mantida sob sigilo por um bom tempo – segundo os médicos, era algo que não afetaria sua carreira. Ele poderia jogar o quanto quisesse e cuidar do órgão depois. Acontece que, após sua grande campanha nos mata-matas universitários, durante os treinos privados pré-Draft, o segredo acabou revelado. Por mais que tentasse amenizar a notícia, viu sua cotação cair. Não era o fim do mundo, contudo. Acabou escolhido pelo Memphis Grizzlies em 27º.

Aos 23 anos – mais velho que o calouro regular destes tempos –, estaria pronto para ajudar na rotação de Lionel Hollins, antes da chegada de Xavier Henry. Ou não. Mesmo num elenco jovem, em formação, na lista dos minutos distribuídos pelo técnico, foi apenas o nono mais utilizado.

Na temporada seguinte, foi trocado para o Houston Rockets, que devolveu Shane Battier ao time do Tennessee. Menos de um mês depois, em abril, foi dispensado. Só voltou no campeonato seguinte, defendendo o Denver Nuggets. Ficou no clube de dezembro a fevereiro, quando foi novamente mandado para o olho da rua, tendo participado de apenas quatro partidas.

De qualquer forma, a recuperação estava por vir. Foi contratado prontamente pelo Utah Jazz, encontrando espaço no banco de reservas do time, fazendo aquilo que mais sabe: correr pela quadra toda, enchouriçar a vida de quem estiver driblando nas redondezas, lutar por rebotes. O serviço sujo. Mesmo sem Deron Williams, o time deu um jeito de se intrometer entre os oito classificados aos playoffs do Oeste.

Depois de mais um ano de contrato pelo Utah Jazz, foi recompensado nesta temporada com uma proposta de certa forma surpreendente – mais de US$ 7 milhões por três anos. E, sim, para quem interessar possa, um valente como Carroll já garantiu US$ 12 milhões na carreira, no mínimo.

“Eu sou o junkyard dog e você realmente não pode tirar isso de mim”, orgulha-se.

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ala do Philadelphia 76ers
Quase todo o elenco do Sixers podia estar listado aqui, na verdade. É o time com mais refugos desde a montagem do Charlotte Bobcats em seu draft de expansão. Mas vamos com este, ao menos por enquanto.

(Além do mais, com um nome tão comum como esses, é um caso perfeito para esta lista, não? Numa liga dominada por LeBrons, Kobes, Dwyanes e Carmelos, fica difícil prosperar como “James Anderson”. Para piorar, ele não consegue ser nem mesmo o “J.A.” mais bem ranqueado na pesquisa do Google, perdendo para um jogador de críquete qualquer homônimo.

Mas, então, sobre o ala Anderson: aqui estamos falando de mais um “McDonald’s All-American”, vindo do Arkansas. Em seu primeiro jogo de NCAA, por Oklahoma State, marcou logo 29 pontos. No segundo ano pela equipe, teve média de 18,3 pontos e foi chamado para a Universíade. Ao final da terceira temporada, com 22,3 pontos, foi eleito o jogador do ano da conferência Big 12.

Estava pronto, então, para entrar na NBA, sendo selecionado pelo San Antonio Spurs em 20­º. E aí que ele se tornou um raro caso de jovem jogador que não evoluiu sob a tutela de Gregg Popovich no Texas. Se, por um lado, teve um pouco de azar com lesões na temporada de novato, por outro ousou reclamar do técnico por não receber os minutos que achava justo ter nos campeonatos seguintes. Aiaiai. Vagou pelo Austin Toros, a filial de desenvolvimento do clube, sem causar sensação alguma e simplesmente não teve seu contrato estendido. O Coach Pop simplesmente desistiu do atleta em dois anos. A partir daí, passaria um bom tempo na estrada viajando de um lugar para outro.

Anderson tentou, então, um emprego com Danny Ferry no Atlanta Hawks, mas não foi aprovado. Foi inscrito na D-League novamente, pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Houston Rockets. Foi chamado novamente pelo Spurs para cobrir um período de lesão de Stephen Jackson. Voltou para o Vipers, mas foi promovido de imediato para o Rockets, pelo qual disputou apenas dez partidas.

Na hora de escolher os chutadores que rodeariam James Harden e Dwight Howard em quadra, porém, Daryl Morey preferiu outras opções e foi mais um a dispensar Anderson. E aí Sam Hinkie, ex-braço direito de Morey, o recolheu de imediato na lista de waiver.  Em Philadelphia ele também reencontraria o técnico Brett Brown, ex-assistente do Spurs. Ufa.

“Esta é definitivamente uma grande oportunidade para mim. Sinto que esta é o melhor chance que tive até agora. Definitivamente quero aproveitá-la”, afirma Anderson, que começou a temporada como titular nas alas. Ok, agora está saindo do banco, mas jogando mais de 20 minutos por partida, com média de 10,9 pontos e aproveitamento de 47,7% nos arremessos neste mês. Aos 24 anos, ele enfim conseguiu um pouco de estabilidade.

“Ele se encaixa com nosso estilo com suas habilidades para correr na quadra”, disse Brown. “Ele tem um temperamento calmo. Sabe, talvez ele apenas esteja em uma fase de sua carreira em que vai aproveitar e seguir adiante. Talvez eu e nosso clube estejamos pegando James Anderson no momento certo de sua carreira.”

Josh McRoberts, ala-pivô do Charlotte Bobcats
Era 2005, numa época em que a NBA ainda permitia que os colegiais entrassem direto na liga, sem precisar passar pela hipocrisia do mundo da NCAA. De sua geração, Monta Ellis, Lou Williams, Martell Webster, Gerald Green, CJ Miles, Amir Johnson e Andrew Bynum, todos McDonald’s All-Americans, aproveitaram a brecha e se declararam para o Draft. McBob, considerado o ala-pivô mais promissor do país na categoria, optou por jogar em Duke antes de ganhar seus milhões.

Daí que… Podemos dizer que ele foi uma das maiores frustrações no reinado do Coach K. O potencial atlético do jogador sempre foi evidente, assim como sua versatilidade, preenchendo a tabela de estatísticas. Mas ainda havia muito o que trabalhar em seu jogo, como o físico, a consistência e fundamentos (rebote nunca foi o seu forte, por exemplo, a despeito de sua altura, impulsão e agilidade).

Os scouts começaram a se cansar do cara, a garotada em Duke também, e McBob resolveu sair ao final da segunda temporada. No fim, não fez uma coisa (entrar cedo, após o colegial, com base na aposta em seu talento natural), nem outra (ir para a faculdade para desenvolver seu jogo e se candidatar como um prospecto refinado). Resultado: despencou até a 37ª posição do Draft de 2007, via Portland Trail Blazers.

Na Rip City, o ala-pivô foi o jogador que menos minutos recebeu de Nate McMillan: apenas 28. No ano todo!  Bem, em 2008 acabou trocado para o Indiana Pacers, voltando para sua cidade natal com a benção de Larry Bird. Demorou dois anos, mas na temporada 2010-11, enfim, ele virou um jogador de NBA de verdade, com 22,2 minutos por partida, dividindo posição com Tyler Hansbrough, enquanto David West não chegava.

Como agente livre em 2011, assinou com o Los Angeles Lakers – a ideia dos Busses era combiná-lo com Troy Murphy para tentar suprir a ausência de Lamar Odom. Não deu tão certo assim, e na temporada seguinte ele acabou envolvido na supertroca que levou um suposto superpivô que marcaria história no time. “Isso não me incomoda. Não é que eles me trocaram por uma máquina qualquer ou algo assim. Eles me trocaram por um dos melhores jogadores da liga”, afirmou.

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

Em Orlando, McBob nem bem arrumou as malas  e já teve de se mudar para Charlotte, aos 25 anos.  “Estava em uma situação horrível em Orlando, onde eles só queriam me ver fora dali. Eles queriam jogadores jovens e contratos expirando. Em Los Angeles, também não estava muito bem, mas isso não é culpa de ninguém. Foi apenas o jeito como as coisas evoluíram para os agentes livres depois do locaute”, disse.

E foi pelo Bobcats que se encontrou.  Embora continue mal nos rebotes, vem com o melhor índice defensivo de sua carreira. Mas o que chama mais a atenção, mesmo, é sua média de 4,3 assistências por jogo, tecnicamente empatado com o armador Kemba Walker no fundamento. Além disso, ele é o segundo que mais cestas de três fez na temporada, atrás também de Walker.

“Tem sido ótimo para mim até aqui, em termos de ganhar uma oportunidade de jogar na minha posição. Você não quer nunca se acostumar em quicar de um lado para o outro. Este é meu sexto ano e já vi tanta coisa. Agora só quero ficar em um lugar em que eu tenha a oportunidade de ajudar e, tomara, vencer algumas partidas”, disse o ala-pivô.

No que depender Michael Jordan, de Charlotte ele não sai: “Espero que ele não exerça sua cláusula contratual. Temos de fazer de tudo para manté-lo”, disse o proprietário da franquia.

Menções honrosas: Gerald Green em Phoenix, Michael Beasley em Miami, Andray Blatche no Brooklyn, Wesley Johnson em Los Angeles e Lance Stephenson em Indiana. Quem mais?


Tudo errado em Philadelphia: Sixers termina a 1ª semana semana invicto
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Giancarlo Giampietro

MCW, fazendo de tudo para estragar os planos de inscuesso do Sixers

MCW, para com isso

Talvez os jogadores do Philadelphia 76ers não tenham entendido direito o recado. Sam Hinkie, o novo gerente geral da equipe, estava fazendo de tudo para sabotar seus prospectos para esta temporada, com o objetivo de se colocar no páreo para as melhores posições do próximo Draft.

Ele foi o último a contratar um treinador. Sua folha salarial não atinge nem mesmo o mínimo requerido pela liga. O elenco parecia mais preparado para competir na D-League do que da liga principal.

E o que a rapaziada me faz em quadra, na primeira semana da temporada? Vencem. Não param de vencer – já são três triunfos em três rodadas. Não contentes em bater o Miami Heat na noite de abertura, eles ainda derrotam o Chicago Bulls.

Aí, não, né? Exageraram. Tudo errado!

“Sabemos o que todos têm dito e escrito sobre nós”, afirma o treinador Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e ex-comandante da seleção australiana masculina. “Nossos caras estão se dedicando no dia a dia, algo que sempre foi nossa mensagem. Sou sortudo de ter encontrado um grupo que curte tanto a companhia de cada um que gosta de jogar junto.”

Mas tudo isso pode não passar de apenas um equívoco  por parte do armador Michael Carter-Williams, grande responsável em quadra por esse sucesso inesperado. Sabe como é, né? O cara é novato, ainda não entende direito como devem funcionar a coisas.

A escolha número 11 do Draft tomou a semana inaugural da NBA de assalto, com inacreditáveis médias de 20,7 pontos, 9 assistências e 4,7 rebotes. Sua atuação contra o Heat, aliás, foi uma das maiores estreias da história, beirando um quádruplo duplo absurdo.

“O técnico me dá muita confiança. Posso jogar com liberdade e apenas fazer as coisas acontecerem para minha equipe”, afirma.

Só não pode colocar toda a culpa no calouro, todavia. Um veterano como o pivô Spencer Hawes deveria saber muito bem que seus 19,3 pontos e 11,3 rebotes não ajudam em nada, mas nada mesmo nos grandes objetivos do clube. Além do mais quando ele resolve acertar 50% de seus arremessos de três pontos.

E o que dizer de Evan Turner? Com um rendimento um tanto decepcionante para alguém que foi o número dois do Draft de 2010, o ala me resolve, justo agora, elevar seu padrão de jogo, dividindo bem a bola com Carter-Williams – algo que não consegui nos últimos anos ao lado de Jrue Holiday ou Andre Iguodala.

Enfim, são diversos os detalhes que encaminham esse inesperado início. Com três vitórias, o Sixers só precisa de mais sete para ao menos escapar da pecha de “pior equipe da história”, título que pertence justamente à versão de 1972-73 da franquia (9-73!).

Era algo que muitos julgavam como uma séria ameaça para este elenco. Mas está cedo ainda, de qualquer forma. Sam Hinkie ainda tempo suficiente para mexer em seu time e colocar a equipe no seu devido rumo. De derrotas.


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