Cesta da Jamaica! O novo capítulo da crise com Fiba, e a humilhação da CBB
Giancarlo Giampietro
''Fiba recusa proposta da CBB e seleções de basquete podem até ser suspensas''. A essa altura, vocês já leram a matéria de assinatura tripla aqui do UOL Esporte que revela o mais novo capítulo da saga que agora humilha o basquete brasileiro no mundo inteiro. Jornalistas americanos, espanhóis, argentinos, gregos… Já estão todos repercutindo a pindaíba nacional. A última é que as equipes brasileiras podem ser suspensas de atividades internacionais nos próximos meses. Isso inclui a Copa América e até mesmo a Copa Intercontinental entre Bauru e Real Madrid. Ah, e alguém falou de vaga olímpica?
Se não bastasse o fato de a seleção brasileira ter perdido para Uruguai e Jamaica – não dá realmente para ignorar que todo esse causo tem origem em derrotas históricas em quadra, em 2013 –, agora é a hora de passar carão do ponto de vista de *gestão*, estendendo suas mazelas financeiras para o âmbito internacional, devendo dinheiro justamente para seu, digamos, 'chefe'. Dá para dizer que não é a atitude mais esperta, ainda mais no atual contexto.
Já escrevi aqui no mês passado: ''A CBB escolheu a pior hora para ficar em dívida com a Fiba, que vive um de seus períodos mais agitados nos bastidores, com a ideia de expansão de sua marca (e do basquete, quiçá). A troca do nome de Campeonato Mundial para Copa do Mundo, o deslocamento da competição para um ano ímpar, fugindo de eventual conflito com a Copa do futebol, a trabalhosa proposta de alteração no calendário de seleções, com inclusão de eliminatórias… Tudo com alcance global, em larga escala. Mas as mexidas não param por aí, fazendo um movimento agressivo apara reassumir o controle da Euroliga, sob o comando de um agora incisivo secretário geral Patrick Baumann''. Geralmente acusamos as federações de serem ineptas, inertes. Neste momento, a Fiba está em alvoroço, independentemente da pureza de seus motivos. Eles querem bufunfa, claro. Da CBB, dos clubes europeus e de todo mundo – e os cartolas brasileiros deveriam saber disso.
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A entidade agora exige uma solução (leia-se ''pagamento'') até 31 de julho. Afinal, a logística da Copa América (feminina e masculina) depende disso. Uma reunião vai ser realizada durante os Jogos Pan-Americanos, em Toronto, de 21 a 25 de julho, para saber o que se fazer. Até lá, deve acontecer alguma correria por aqui para se levantar o máximo de bufunfa possível, talvez adiantando cotas de patrocínio – prática que só serve para deixar a confederação mais estrangulada no futuro.
O pior: o convite foi vendido para a CBB em janeiro de 2014. Há um ano e meio. Desde então, a confederação simplesmente não encontrou um meio de pagar a quantia de US$ 1 milhão em sua totalidade, se estrepando enquanto o câmbio decolava no ano passado, é verdade. Até agora, pagaram apenas US$ 300 mil. A última proposta foi de parcelar a parcela: os US$ 700 mil restantes (que equivalem a duas prestações do ingresso na Copa do Mundo). De novo: desde fevereiro de 2014, tiveram 17 meses para se preparar, e não o fizeram. É difícil de entender isso.
Será que a intenção era dar um calote, acreditando que tudo passa nessa vida, sem imaginar que a Fiba jamais ameaçaria tirar uma potência (do passado) como o Brasil dos Jogos Olímpicos? Bom, vamos supor que não, pela boa-fé. Até por termos todos os fatos expostos sobre a falência de seu escritório, que hoje já deve R$ 13 milhões na praça, a despeito dos constantes pedidos de socorro ao Governo para custeio das operações de suas equipes em viagens internacionais.
Até por conta dessa penúria, o mais prudente era realmente aceitar a eliminação da Copa do Mundo e tirar o time de quadra, mesmo que a seleção tenha sido competitiva na Espanha. Entrar pela porta dos fundos, só para manter uma sequência de participações nos Mundiais não vale este vexame. Sim, é um vexame, não importando o desfecho desta história. Mesmo que a Fiba arrefeça, não vejamos o sorriso de sempre, como se nada tivesse acontecido. Como se fosse uma vitória. No futebol, convencionou-se a expressão ''gol da Alemanha'', certo? Aqui, encerramos com ''mais uma cesta da Jamaica''.