Para Bauru, ao menos a final continua. No 1º jogo só deu Flamengo
Giancarlo Giampietro
Quando você junta em quadra uma equipe que está se arrastando e outra que está voando, chegando ao auge, pode dar isto, mesmo: 22 pontos de vantagem, não importando que esteja valendo taça. Na abertura da decisão NBB 7 nesta terça-feira, um Flamengo para lá de determinado atropelou o trôpego Bauru por 91 a 69, no Rio de Janeiro.
Após uma surra dessas, se há algo que pode servir de consolo para o time de Guerrinha, dono da melhor campanha da fase de classificação, é o fato de a final do campeonato nacional ter adotado o formato de melhor-de-três neste ano. Os bauruenses têm, então, a chance de se rever seu erros e se recuperar. Só não dá para dizer que seja em casa, já que terão de jogar em Marília, no próximo sábado, para tentar evitar um tricampeonato para o Fla.
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Para quebrar a hegemonia rubro-negra na competição, vão precisar promover uma reviravolta drástica em relação ao que vimos numa Arena da Barra que poderia estar mais cheia e vibrante. Pois não lembraram nem de longe o conjunto que já conquistou três títulos na temporada – Paulista, Liga Sul-Americana e Liga das Américas. Esteve, porém, com a mesma voltagem das partidas contra Franca e Mogi nas últimas semanas. A diferença é que agora encara um adversário ainda mais qualificado.
O sistema ofensivo Bauru já não tem o mesmo ritmo e a mesma fluência da primeira metade da temporada. Isso tem a ver com a perda em velocidade, seja pelo desfalque de Jefferson William como pelo desgaste de tantos jogos? Certamente. Mas não é só. Falta movimentar a bola, que tem empacado com facilidade. Nesses momentos de adversidade, os atletas têm procurado a definição por conta própria.
Do outro lado, um Flamengo na ponta dos cascos, muito mais ativo e organizado, numa combinação perfeita para um resultado estrondoso desses. Os atuais bicampeões tiveram forte pegada defensiva desde o início, desestabilizando a armação dos paulistas, congestionando seu garrafão, também sem permitir arremessos livres de fora.
Fischer, Alex, Larry tentavam infiltrar e davam de cara com dois defensores, invariavelmente. O resultado: turnovers e bandejas e chutes forçados em flutuação. Bem postados, os defensores dominaram os rebotes – destaque para a atuação do jovem Cristiano Felício, que já marca melhor que o americano titular, com um deslocamento de pés muito rápido para alguém de seu tamanho. Sabe fechar espaços como veterano. Bauru converteu apenas 36% dos arremessos de quadra, sendo que, nas bolas de dois pontos, foram 42,1%. Muitos erros, muitos rebotes, e o contra-ataque facilitado.
O time da casa venceu a disputa nas duas tábuas por 27 a 12 no primeiro tempo, e aí o estrago já era gigantesco, com o placar sinalizando 49 a 28. No final, a vantagem nos rebotes ficou em 43 a 31. ''Viemos preparados para disputar cada bola. Acho que foi o grande diferencial da equipe hoje. Todos brigando pelos rebotes e cobrindo na defesa, algo importante para enfrentar um time que pode jogar com até cinco homens aberto. Conseguimos defender muito bem, anulamos alguns jogadores deles por boa parte do jogo'', afirmou o ala Marquinhos, ao SporTV.
O Flamengo foi o time mais veloz e mais físico em quadra, amplamente superior no jogo interno tanto no ataque como na defesa. Rafael Hettsheimeir e Murilo acertaram juntos apenas 5 de 15 arremessos de dois pontos, sem espaço para operar no garrafão. Isso teve a ver com energia (o termo usado por Guerrinha em diversos pedidos de tempo), claro, manifesta na disposição defensiva dos atuais bicampeões, mas não dá para explicar uma lavada dessas só por essa via.
Bauru sente muito a falta de Jefferson William, por ser um ala-pivô leve e bom de rebote. É o contraponto perfeito para Olivinha e Herrmann. A dupla de pivôs de hoje tem muita técnica e força, mas é bem mais lenta, comendo poeira em transição e também apresentou dificuldade para completar as rotações defensivas nesta terça. Claro que não ficam apenas na conta dos grandalhões os 91 pontos flamenguistas. Teve cesta para todo mundo: Vitor Benite marcou 16, seguido pelos 15 de Laprovíttola, Marquinhos e Olivinha.
No ataque, Jefferson ajuda a espaçar a quadra para facilitar a vida dos armadores. Mas o time teve tempo para se ajustar a esse desfalque e até ganhou a Liga das Américas com esta formação. Contra o Fla, porém, aconteceram investidas individuais em excesso e nenhuma fluidez. No terceiro período, deu para contar, por exemplo, até cinco posses de bola seguidas sem que nem mesmo três passes fossem trocados.
''Não falo que tenha falado energia, falo que faltou inteligência, e isso foi minando nossa força. Disposição teve, mas faltou cabeça'', disse Alex, ao SporTV. ''Essa não foi a nossa equipe. Jogamos de modo errado, no ataque e na defesa. A gente facilitou para que eles tivessem esse aproveitamento. Tem de esquecer e focar na segunda partida.''
Depois da torção de tornozelo de Murilo, Guerrinha escalou quatro abertos ao lado de Rafael ou Thiato Mathias. O panorama mudou um pouco. Bauru já venceu o quarto período por 26 a 21. Isso poderia já representar um começo, mas seria injusto com o Flamengo, que tinha a partida absolutamente resolvida com menos de meia hora de duração. O jeito, mesmo, é correr para Marília, renovar o fôlego e encontrar outro rumo em direção à cesta. E essa é só metade do problema. Pois o Flamengo está jogando muita bola.