Leandrinho faz a alegria do vestiário, diz técnico do Warriors
Giancarlo Giampietro
Alvin Gentry é uma das figuras mais simpáticas que você vai encontrar no universo da NBA. Fala sério, sim, mas invariavelmente vai soltar um sorriso na entrevista, no contato com seus atletas e, ok, no contato com árbitros, mas de modo irônico. Talvez seja sua principal qualidade e aquela que o faz prosperar na liga, já com 25 anos de experiência no banco de equipes profissionais.
Foi com essa simpatia que o principal assistente técnico do Golden State Warriors parou por alguns minutinhos preciosos para falar com um anônimo repórter brasileiro, depois de ter falado em link ao vivo com o elegante Rick Fox, o ex-campeão do Lakers, hoje a serviço da NBA TV. No fim de semana das estrelas em Nova York, ele faz o papel de treinador do time dos americanos.
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Segundo fez questão de enfatizar ao VinteUm, o ala-armador Leandrinho poderia ser considerado uma versão sua mais jovem – 32 anos mais jovem, para ser mais preciso –, conquistando quem estiver por sua frente.
Esse é um fator muito valorizado no campeonato, tanto ou mais que os números. É o tipo de comportamento que garante ao hoje veterano brasileiro uma oferta atrás da outra no mercado de agentes livres, mesmo que de ano em ano. Desde que viu seu segundo e grande contrato expirar, o ala-armador tem assinado por vínculos de uma temporada. Com o Golden State, foi a mesma coisa, e com um agravante: seu contrato não era garantido.
Mas Leandrinho ficou, mesmo que, em determinado momento, tivesse visto o ala Justin Holiday (irmão do Jrue) lhe tomar praticamente todo o tempo de quadra disponível para a reserva, ao lado de Andre Iguodala e Shaun Livingston. Em janeiro, o brasileiro teve média de apenas 8,6 minutos e 4,7 pontos.
Só não deixou a peteca despencar nessa fase de maré baixa. Quando foi chamado de volta por Steve Kerr, estava pronto para render. Em seis jogos em março, suas médias já são: 10,5 pontos e 16,5 minutos, com 45% de aproveitamento nos tiros de três pontos. Em seis dos últimos oito jogos, teve duplos dígitos na pontuação. Quer dizer: não é só de tapinha no ombro e piadas que um jogador sobrevive. Vejamos:
21: Sendo de um site brasileiro, você já pode supor que a primeira pergunta é sobre o Leandro Barbosa, né? Houve umas semanas em que ele perdeu seu espaço no time, vendo o Justin Holiday jogar bem mais. Agora, porém, está fazendo parte da rotação novamente e contribuindo. Qual a importância dele nos seus planos?
Eu gosto de chamá-lo de LB. E o que vejo e digo sempre sobre o LB é que ele é um cara tão bom de grupo e muito profissional. Então teve essa sequência, mesmo, em que ele ficou fora da rotação, mas ia todo o dia para o treino e dava um duro danado para retornar. E nos últimos jogos, sério, ele jogou muito, muito bem e nos salvou em algumas ocasiões, pelo modo como saiu do banco, pontuando.
Você tem uma relação de longa data com ele, desde os tempos como assistente do Mike D’Antoni. Vendo esse Leandro de hoje e o Leandrinho de antes, que paralelos podemos fazer?
Ele está muito mais tranquilo em quadra, claro. Entende muito mais o jogo, fazendo coisas bastante inteligentes durante uma partida de basquete. Ao mesmo tempo, não perdeu quase nada de sua rapidez, o que é incrível. Para um cara que está há anos na liga, há 12 anos, e passou por uma cirurgia no joelho, e ainda é um dos caras mais rápidos que você vai encontrar na liga. Reforço que ele realmente é um companheiro muito querido por todos.
Já li sobre isso. Sobre como ele é festejado no vestiário quando encontra antigos companheiros? Qual tipo de coisa ele faz para ser tão popular assim?
Acho que se fôssemos fazer uma eleição no nosso time sobre quem seria o atleta mais popular, ele ganharia. É um cara divertido e que está sempre dando atenção a todos. Ele proporciona muita energia para o nosso time, energia no dia a dia para o vestiário, o que é sempre muito bom e importante.
Sobre a equipe como um todo, foi um sucesso nessa primeira metade do campeonato. Você já esteve envolvido com grupos nos mais diversos estágios. Qual a avaliação que tem sobre este grupo?
Para nós, o que interessa é estar jogando um basquete excelente quando chegarmos a abril e maio. Temos o potencial de fazer isso. Mas não dá para esquecer da conferência na qual estamos jogando, a Oeste, que tem um monte de times excelentes.
Correndo o risco de ver um Oklahoma City Thunder pela frente…
Pois é, não quero que eles se classifiquem como oitavo, ok? (Risos)
Talvez sétimo, então? (Risos)
Agora que eles estão saudáveis, vão alcançar um nível muito alto de jogo e terão a chance de subir… Mas a verdade é que são todos times muito bons e vamos encarar um deles, independentemente de quem seja. Vai ser complicado, de qualquer forma.
Bom, para fechar: você já havia trabalhado com o Steve Kerr em Phoenix também, com ele no escritório de gerente geral. Estamos falando de um cara que já venceu seus campeonatos como jogador, foi um comentarista popular e agora tem um dos melhores times da liga sob seu comando. Qual o segredo desse cara?
É… Acho que o primeiro fator é que ele é um comunicador excelente e tem um relacionamento excelente com todos, incluindo aí os jogadores. Além disso, obviamente se dedica bastante ao que faz. Ele sempre quis ser um treinador, tinha esse plano de virar um treinador um dia e se preparou para isso. Talvez até por cinco ou seis anos tenha se preparado. Você pega isso e adiciona seu conhecimento de causa, seu conhecimento sobre o jogo, e não vejo como ele não se tornasse um treinador muito bom, assim como fez nos outros cargos que ocupou.