Fratura no pé pode afastar Durant por mais de 2 meses
Giancarlo Giampietro
Domingo, faz muito calor em São Paulo, e o que mais você lê por aí são notícias de rescaldo do grande evento que a NBA fez no Rio de Janeiro na véspera. Sabemos que sempre vai ter gente emburrada pacas a detonar tudo, absolutamente tudo que se passou ao redor do amistoso entre Cleveland Cavaliers e Miami Heat, mas o saldo geral é de absoluto sucesso. Céu azul, gente, céu azul.
Até que… chega o alerta no celuar:
''KEVIN DURANT INJURY UPDATE.''
Ué, mas quem sabia que o ala do Oklahoma City Thunder estava lesionado, para começo de conversa?
Você abre o boletim oficial da franquia, divulgado pela própria liga norte-americana, e a cabeça meio que gira. As palavras-chave estão por ali, meio que espalhadas: fratura, possível cirurgia, fora de seis a oito semanas etc. Aquele pacote básico de informação que deprime qualquer um. Quando o sujeito do email, porém, é um Kevin Durant, a depressão chega muito mais forte.
Primeiro, pela razão óbvia, né? Estamos falando do MVP da temporada passada. Um dos dois melhores jogadores do mundo. Um cestinha incrível, que liderou a liga, por média, em quatro das últimas cinco edições. Que, em total de pontos, foi quem mais fez cestas em todos estes cinco anos, nos quais os 27,7 por partida de 2010-11 foram a menor contagem. Um craque.
Acima de tudo, porém, Durant é um junkie do basquete, daqueles que deve dormir com a bola ao lado do travesseiro, que jogou até… Literalmente não poder mais. Quer dizer: que pulou a última Copa do Mundo no meio do caminho e, de resto, estava sempre em quadra, sem parar.
Bem, segundo comunicado de OKC, com declaração do gerente geral Sam Presti, o clube e o jogador ainda não decidiram qual procedimento seguir. Durant tem o que se chama de ''fratura Jones'', no pé direito. ''Kevin nos avisou sobre o desconforto que sentia depois do treino de ontem. Fizemos, então, todos os estudos de imagem necessários'', afirmou. ''O tratamento tradicional para esta lesão requer um procedimento cirúrgico, e os casos recentes na NBA têm resultado num retorno ao jogo entre seis a oito semanas. Até que uma decisão seja tomada, não poderemos estabelecer um prazo para o caso específico de Kevin.''
Caso confirmem um período de afastamento das quadras de até dois meses para Durant, ele terá perdido 20 partidas da temporada. No total, em sua carreira, o ala ficou fora de apenas 16 jogos em sete campeonatos. A exuberância do ala não se manifestava apenas em seu talento com a bola e na evolução que apresentou ano a ano em seu jogo, mas também em sua durabilidade: nas últimas cinco campanhas ele também liderou a liga em total de jogos e minutos. Contando temporada regular e playoffs, ele disputou 461 partidas e ficou em quadra por 18.154 minutos. Somem mais 468 minutos entre Mundial de 2010 e Olimpíadas de 2012, e temos dá mais de 310 horas de basquete.
(Aqui, cabe uma ironia, daquelas bem dolorosa, mas cujo registro se faz obrigatório: considerando o movimento emergente nos bastidores da NBA para afastar os astros da liga das competições Fiba, tendo a fratura de Paul George como principal cartaz, o que vão dizer a respeito da grave lesão sofrida por outro astro, sem ter relação alguma com os torneios de seleção? Um astro que notoriamente se recusou a participar da Copa ao alegar estresse, desgaste, que não conseguiria se dedicar ao máximo – e que estava em meio a uma negociação de centenas de milhões de dólares com patrocinadores? Mark Cuban e todas as fontes anônimas da famigerada matéria de Wojnarowski devem estar confusos.)
Atentem ao termo empregado por Presti em sua declaração: ''tratamento tradicional'', implicando que talvez haja outros caminhos para serem seguidos. O mais simples seria fazer a operação o quanto antes e torcer para que sua recuperação ocorra em até um mês e meio. Mas cada caso é um caso, dependendo da gravidade da lesão etc – e os médicos do clube e os representantes do atleta precisam antes chegar a um acordo sobre como proceder com essa fratura que ocorre no osso do dedinho, geralmente na parte média do pé. Ela ganhou esse nome depois de ter sido detectada pelo ortopedista Robert Jones, um renomado médico galês, com título de Sir e tudo, em 1902. Detalhe: o doutor sofreu a fratura ao dançar.
Dos casos mais recentes de jogadores que tenham sofrido esse tipo de lesão, o mais emblemático é o de Yao Ming, o dócil e gigantesco chinês que abreviou sua carreira na NBA devido ao excesso de lesões. Obviamente essa menção só faz os torcedores de OKC e os fãs de Durant mergulharem ainda mais fundo num mar de aflição, mas talvez não dê para fazer relação alguma entre um jogador de 2,31 m de altura superpesado e um ala de 2,08 m peso pena.
Em entrevista a Royce Young, do ESPN.com, Presti procurou refrear o alarmismo que esse tipo de notícia causa. Especialmente num domingo de manhã. O cartola afirmou que a ''fratura Jones'' é a lesão mais comum entre jogadores da NBA e que o fato de o craque ter acusado o desconforto o mais cedo possível é positivo, para não dar chance de agravamento. ''Diante de uma adversidade, estamos agora procurando por oportunidades. Nesse tipo de situação, você desiste ou avança, e nós vamos avançar'', disse. Agora vamos ter de saber como o clube vai seguir em frente pela primeira vez sem Kevin Durant.