Derrota desmoralizante para o Canadá deixa Brasil extremamente pressionado na Copa América
Giancarlo Giampietro
(Atualizado: 16h30, com aspas de Magnano e Huertas.)
Depois de uma derrota por 29 pontos de diferença, 91 x 62 para o Canadá, podemos fazer, sim, um esforço hercúleo e tentar enxergar algum ponto positivo nesta história toda, mesmo sendo este o dia em que o Brasil viveu sua jornada de Paraguai no basquete.
Rebobinemos a fita para 2 de setembro de 2011, quando a seleção brasileira saía de quadra em Mar del Plata tentando digerir uma derrota para a República Dominicana, ainda pela primeira fase do Pré-Olímpico. Uma derrota que deixava sua tão sonhada classificação bastante ameaçada. O time não estava bem, sem consistência alguma, mas, a partir daquele revés, conseguiu se ajeitar com uma ajudinha da tabela, engatando uma sequência de três vitórias até chegar ao grande clássico do continente, contra a Argentina. Vocês, aí, se lembram do que aconteceu, né? Hettsheimeir.
Para recuperar a confiança de sua equipe naquele torneio, Magnano teve a sorte de poder preparar sua equipe para jogos contra Cuba, Uruguai e Panamá. Três sacos de pancada usuais. Agora, no nosso tenebroso presente, a situação mais ou menos se repete nesta Copa América, com o Uruguai e a Jamaica pela frente, os dois times (supostamente, em teoria…) mais fracos do Grupo A.
Mas os paralelos se encerram, infelizmente, por aí.
Já que…
1) O Brasil havia perdido por apenas cinco pontos para os dominicanos, e, não, por 29.
2) É difícil encontrar time mais frágil que Cuba neste tipo de competição para poder elevar o moral.
3) Na primeira rodada da segunda fase, um time mais forte que o Panamá vai surgir, sendo muito provavelmente a Argentina – ferida por sua própria derrota na estreia, fazendo deste confronto algo ainda mais alucinante.
4) Aquela seleção tinha um elenco muito superior que esta.
Daí que Magnano tem, agora, duas partidas (supostamente, em teoria…) mais fáceis para tentar juntar os cacos, os fragmentos da seleção se ainda tiver esperança de conseguir a classificação para a Copa América na quadra e quiser, de algum jeito, lutar pelo título continental em Caracas, na semana que vem.
Ao ser humilhado pelo Canadá, numa exibição que não animou em nada o almoço da família brasileira, a seleção se vê numa situação extremamente incômoda. Vai jogar a segunda fase, contra os quatro melhores times do Grupo B, já com duas derrotas, se vendo em desvantagem diante de porto-riquenhos e dominicanos (que, confirmando o favoritismo, avançariam sem nenhum revés), além de argentinos e canadenses (hipoteticamente com um revés cada). Se for esse, mesmo, o cenário para a próxima fase, a calculadora vai ser bem gasta pela comissão técnica – e a lavada deste domingo pode fazer uma baita diferença em qualquer conta necessária para definir os quatro classificados. Serão necessários no mínimo cinco triunfos nos próximos seis jogos.
Sobre a quadra? Se na Tuto Marchand o Brasil levou uma surra da cerebral Argentina e agora foi a vez de ser destroçado de um time hiperatlético como o Canadá – comparem as estatísticas gerais novamente para constatar que os norte-americanos foram superiores em TODOS os quesitos disponíveis. Duas equipes completamente diferentes e que impuseram vitórias acachapantes num intervalo de menos de dez dias, em mais uma prova que temos problemas muito sérios em andamento. ''O time veio para baixo quando a diferença foi subindo. Não tivemos força para reagir. Eles estavam jogando com muita facilidade. A defesa, que sempre foi ponto chave desde que o Rubén está no time, não funcionou, Estávamos perdidos. Tentamos e não conseguimos'', disse Huertas ao repórter Fábio Aleixo, do Lance.
De resto, não há muito o que colocar que fuja do que tem sido apontado desde a fase de amistosos. A convocação do argentino foi péssima. Seu time não tem senso coletivo algum em quadra. Harmonia, coesão, unidade, equilíbrio… Escolha o termo: é tudo o que tem faltado a esta equipe, com peças desconexas, que não se encaixam à medida que o treinador precisa utilizar seu banco e tocar sua rotação adiante. Apenas um quinteto com Giovannoni e Hettsheimeir de pivôs vem tendo alguma consistência, por ser essa a formação mais atlética (ou menos defasada, menos arrastada) que se pode usar com este grupo, uma vez que Felício parece descartado. De qualquer forma, seria extremamente injusto exigir 40 minutos intensos, impecáveis, sem faltas por jogo de Guilherme, que também nunca foi reconhecido como o melhor defensor.
E aí, para piorar, vemos o próprio campeão olímpico, logo ele, perder as estribeiras a ponto de ser excluído no quarto período, enquanto contestava diversas marcações do trio de arbitragem, querendo acreditar em alguma conspiração contra o Brasil neste torneio, uma conspiração pró-Caribe, ou algo assim.
Se há conspiração, isso é coisa para os diretores remunerados da CBB resolverem nos bastidores.
Em quadra, foi Magnano, mesmo, que se colocou em uma enrascada.
E ele sabe: ''Sou o primeiro preocupado e o primeiro responsável. Este Brasil não tem nada a ver com o Brasil que se preparou para esta competição'', disse o argentino, incluindo que foi ainda a pior partida de toda a sua gestão.
De uma coisa discordamos, no entanto: a preparação já não havia sido nada boa.
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Estamos falando de uma situação pontual. Uma seleção enrascada na Copa América. E, não, sobre o currículo de Magnano.
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Nas duas primeiras partidas nesta Copa América, o Brasil acertou apenas 45 de seus 125 arremessos de quadra. Acredite: 36%, incluindo arremessos de dois pontos. Na linha de três pontos, o rendimento é de 10-35, bom para 28%.
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Se as estatísticas da Fiba estão corretas – e precisam estar, já que são nossa única fonte –, a seleção só fez dez pontos de contra-ataque nas duas primeiras rodadas. Para um time que deve correr a toda hora, com base nos berros da comissão técnica na lateral da quadra, é um número muito alarmante. A estratégia não conseguiu ser colocada em prática. E, sim, este número está totalmente ligado ao anterior.
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Quando receber as informações sobre a vitória arrasadora do Canadá, Gregg Popovich será um homem feliz: não só vai se lembrar que Tiago Splitter está tirando todo o verão de férias pela primeira vez desde que chegou a San Antonio, como tomará nota dos 28 pontos em 33 minutos que marcou Cory Joseph, o reserva do Parker. Acertou 10 de 15 arremessos, ainda bateu oito lances livres e não cometeu sequer um turnover durante a partida, fazendo Larry Taylor de gato e sapato. Superagressivo em quadra, como se fosse um Allen Iverson, e ainda com a maior tranquilidade. Foi a feia a coisa, mesmo.
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Desfalque por desfalque, o Canadá tem hoje Steve Nash como gerente geral e, não, como armador. Andrew Wiggins, uma das maiores promessas do basquete mundial, também não se apresentou, assim como o ala-pivô Kelly Olynyk, calouro do Boston Celtics. Carl English, cestinha da Liga ACB, é outro que ficou fora.