Bagunça no elenco do Rockets ainda é empecilho para o sonho de Scott Machado
Giancarlo Giampietro
Estamos assim, então: é provável que Scott Machado assine seu contrato com o Houston Rockets no decorrer desta quinta-feira, numa pequena grande vitória em sua batalha para se firmar na NBA.
Explicando o contraponto entre pequena e grande: o brasileiro nova-iorquino dá mais um passo para esquecer a frustração de ser ignorado no Draft, cria um vínculo oficial com um clube e vai ter sua chance. O porém é que, por mais que tenha três anos o acordo, ele poderá ser desfeito no momento em que a franquia texana achar melhor. É o famigerado contrato sem garantias, um asterisco importante.
Scott vai para o training camp com Kevin McHale, poderá participar eventualmente da pré-temporada, mas não está necessariamente assegurado no elenco para o início do campeonato.
Aliás, em termos de plantel, o supernerd Daryl Morey tem uma tremenda bagunça para resolver nas próximas semanas. Com Scott, o Rockets terá 20 atletas sob sua alçada – quatro quintetos, um número elevadíssimo. O máximo que um clube pode carregar para a temporada são 15. Fazendo essa complicadíssima conta, decorre que cinco terão de ser cortados.
E aqui a questão não é nem confiar, ou não, no jogo do armador. O problema é que, dos 20 atletas, 16 já têm contratos garantidos para a próxima campanha. Estes aqui: Jeremy Lin, Toney Douglas, Shaun Livingston (armadores); Kevin Martin, Chandler Parsons, Carlos Delfino, Jeremy Lamb, Marcus Morris, Royce White, Terrence Jones, JaJuan Johnson, Gary Forbes (alas); Patrick Patterson, Omer Asik, Donatas Motiejunas, John Brockman (pivôs).
Além disso, com o mesmo status de Scott estão o armador Courtney Fortson (seu rival por tempo de quadra durante a Summer League de Las Vegas), o ala Diamon Simpson (veterano de D-League e com boa participação na última liga australiana) e o pivô Greg Smith (destaque em seu primeiro ano de D-League e promissor).
É muita gente, e a conta não fecha. Para entender como o Rockets chegou a esse ponto: a ideia era acumular muitos jogadores jovens e contratos pequenos e não-garantidos para tentar emplacar uma troca por Dwight Howard – ou Andrew Bynum como plano B. Ele estava atrás de uma superestrela para liderar o clube desde a aposentadoria de Yao Ming, o gigante gentil. Não conseguiu, e deve ter enchido a cara ao tomar nota da negociação que mandou Howard para o Lakers e Bynum para o Sixers.
Morey agora claramente precisa orquestrar alguma troca. Qualquer troca em que pelo menos dois jogadores saiam e um chegue. Para Scott Machado, seria mais interessante ainda que fossem embora quatro ou cinco dos texanos.
Mas como e com quem seria fechada a transação? Boa parte dos times já apresenta elencos fechados, definidos. Além disso, os dirigentes sabem que seu concorrente está em uma enrascada, numa posição desfavorável para barganhar. Na pior das hipóteses, ele vai ter de simplesmente dispensar um jogador de contrato garantido e pagar seu salário na íntegra. Dinheiro jogado fora, isto é.
Desculpem a água no chope, mas, para ver seu sonho de NBA se realizar, o armador brasileiro vai precisar jogar muito nos treinos do Rockets e, ainda assim, esperar, depender que Morey, considerado um dos cartolas mais inventivos da liga, bote a caixola para funcionar.