Para dar zebra, Sérvia terá de ser melhor que EUA no ataque
Giancarlo Giampietro
Por Rafael Uehara*
Conforme o esperado, a seleção dos Estados Unidos avançou à final da #Rio2016 sem nenhuma derrota pelo caminho. Diferentemente das expectativas, porém, esse time não dominou seus adversários.
Estrelas como LeBron James, Stephen Curry e James Harden optaram por não participar esse ano, mas, ainda sim, a previsão era a de que esse grupo (que contem mais ou menos 10 dos 30 melhores jogadores da NBA) não teria problemas para bater todos os oponentes confortavelmente. O que não se materializou.
Quatro dos sete jogos que os Estados Unidos participaram foram competitivos até o último quarto. A defesa comandada por Tom Thibodeau tem sido relativamente pútrida considerando a vantagem em porte atlético que os americanos têm em relação aos demais adversários.
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E, tendo isso em vista, as rotações de Mike Krzyzewski são de coçar a cabeça, principalmente com relação ao fato de Draymond Green ter um papel muito pequeno nesse time. Green, quando o Warriors joga com formação menor, se transforma no melhor pivô da NBA. Tem um estilo de jogo perfeito para o padrão Fiba. Provavelmente corrigiria algumas das deficiências que esse time que mostrado.
Mesmo com esses problemas no lado defensivo, os americanos ainda sim tøem se mostrado muito difíceis de ser batidos devido ao seu poder ofensivo. Não jogam um ataque lindo de se ver, com a bola indo de lado a lado e maximizando todas essas estrelas dentro de um jogo coletivo. Porém, podem escalar o melhor grupo de atiradores do torneio, e isso tem feito muita diferença.
Parar os Estados Unidos é impossível. A Espanha teve a melhor defesa da primeira fase e só conseguiram segurar os norte-americanos a 82 pontos em 40 minutos.
Muito se tem feito da defesa sérvia, adversário dos norte-americanos na disputa pela medalha de ouro, depois das partidas contra Croácia e Austrália. O desempenho nesses jogos foi realmente de se aplaudir, ambos pelo aspecto estratégico armado pelo treinador Sasha Djordjevic e pelo comprometimento de seus jogadores no esforço para materializar seu plano de jogo.
Mas o quanto de chance os sérvios têm de fazer o impensável? De qualquer forma, provavelmente uma resposta positiva não terá nada a ver com sua defesa. Uma coisa é Nikola Kalinic parar Patrick Mills. Outra totalmente diferente é pedir que marque Kevin Durant. E mesmo que o faça, quem para Kyrie Irving? Quem impedirá que Klay Thompson e Carmelo Anthony se libertem para seus tiros de três se movimentando pelos lados da quadra?
Durante esse torneio, a chance real de bater os Estados Unidos tem se mostrado dependente da capacidade de acertar seus arremessos livres. Esse time é vulnerável e dá oportunidades aos adversários, que têm conseguido criar boas oportunidades sem marcação. Mas até agora ninguém se mostrou capaz de aproveitá-las a ponto de vencer no final.
Austrália, França e Espanha acertaram apenas 30,3% de seus 66 tiros de três pontos contra os Estados Unidos. A Sérvia, que chegou mais próxima do triunfo, tendo oportunidade clara de empatar o jogo da primeira fase no último lance da partida, acertou 10 de suas 25 bolas de três naquele jogo. Precisará de atuação similar neste domingo.
A dúvida é se esse time sérvio tem mesmo todo esse poder de longa distância para repetir tal atuação. Ninguém questiona que Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic podem acertar tiros de qualquer lugar da quadra, com ou sem marcação. Mas será preciso que Kalinic aproveite os tiros sem marcação que Teodosic criará para ele na zona morta e que Stefan Markovic seja um pouco mais agressivo contra a defesa pífia de Irving no pick-and-roll. Mais: Nikola Jokic ou Milan Macvan precisarão de tirar proveito de Cousins ou Anthony no pick-and-pop.
Uma vitória sérvia neste domingo fará muito bem para o basquete ao redor do mundo. Esta não é a melhor seleção que os norte-americanos poderiam ter, mas ainda sim é um grupo cheio de estrelas que não tem desculpa para não vencer. Se os sérvios ganharem o ouro, provarão aos norte-americanos que, se eles não jogarem basquete comprometido defensivamente e coletivo ofensivamente, mesmo que tenham vantagem em porte atlético, o nível ao redor do mundo avançou o suficiente para tornar sua dominância vulnerável.
Vamos esperar. É difícil mudar o palpite. A expectativa, ainda sim, é de que os Estados Unidos prevaleçam, mantendo o status quo em que vivemos.
*Rafael Uehara edita o ''Basketball Scouting''. Seu trabalho também pode ser encontrado nos sites ''Upside & Motor'' e ''RealGM'', como contribuidor regular. Vale segui-lo no Twitter @rafael_uehara.
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