Vinte Um

Knicks diversifica ataque e resgata Carmelo Anthony para empatar série

Giancarlo Giampietro

Melo no ataque

Carmelo ataca o grandalhão Hibbert em movimento

Em seus últimos quatro jogos, Carmelo Anthony havia arremessado 110 vezes. E acertado 35. Isso dá um aproveitamento de 31,8%, e não estamos falando de chutes de três pontos, mas arremessos de todos os cantos da quadra, incluindo os mais próximos ao aro.

Cruzes, hein?

Dos números acima, o número que assusta mais, acho, são as 110 tentativas. Média de 27,5 por jogo. Quer dizer, Melo estava, no mínimo, jogando por 55 pontos possíveis por duelo, sem contar os tiros de longa distância e os lances livres. Chuta, chuta, chuta, e chuta mais um pouco. Depois perguntam por que o Tyson Chandler tem dores nas costas. Vai pular tanto assim por rebote, vai. 😉

Mas é desta forma que o New York Knicks foi construído, mesmo. Seu plano de jogo vive ou morre por seu superastro. Felton vai ciscar aqui e ali para tentar abrir a defesa. Os chutadores vão se espalhar pelos cantos do ataque e o ala vai aparecer no ''cotovelo'' do garrafão para entrar em ação e gastar seu vasto repertório de movimentos.

O problema é que, de tanto recurso que o cara tem, por vezes o ataque da equipe pode ficar muito acomodado, estagnado, um prato cheio para boas defesas. Bota no Melo que ele resolve, ué. E a estrela gosta – tem a vocação de Oscar, Kobe, Jordan, Marcelinho neste caso, de atirar primeiro e perguntar depois.

Nesta terça, porém, na surra por 105 a 79, sobre o Pacers, igualando a série em 1 a 1, o Knicks procurou diversificar um pouco suas ações ofensivas e, enfim, resgatou seu cestinha do Pólo Norte.

Em vez de se contentar com jogadas de isolamento contra um defensor versátil e eficaz como Paul George. Em diversas ocasiões, mas, especialmente no segundo tempo, Felton e  Prigioni davam aquela enroladinha básica com a bola ao cruzar a quadra, enquanto o ala partia em direção a Chandler para uma série de corta-luzes diferentes – e Chandler, com sua envergadura e agilidade, é um dos melhores nesse quesito, daí que, se você for olhar sua linha estatística e dizer que, poxa, ''fulano fez só oito pontos e pegou quatro rebotes'', pode correr o risco de julgar sua partida como 'fraca', 'apagada', quando há muitas outras formas de se contribuir para uma vitória no basquete.

Para ficar mais divertido, por vezes, o próprio Carmelo fazia um corta-luz prévio em cima do marcador de Chandler para, depois, receber a troca de favores do pivô, numa ação que pode deixar os defensores desnorteados, liberando o atacante por alguns segundos preciosos. O passe vem na mão e aí é caixa. Além disso, Anthony partiu para outros cantos da quadra e também procurou se desgarrar rapidamente, em movimento, em situações de transição, antes que a sufocante defesa do Pacers se recompusesse inteiramente.

Resultado: oele voltou a ter um a ter um volume de jogo altíssimo, com 26 disparos, mas com um rendimento bem mais palatável, convertendo exatamente a metade, aproveitando seu melhor posicionamento. Terminou com sua linha clássica de 32 pontos e 9 rebotes.

Se os chutes de longa distância no geral não caíram com a frequência desejada – foram apenas 10 cestas em 30 –, a (nem tão) simples reabilitação de Carmelo é uma notícia para o técnico Mike Woodson e o torcedor  (e cineasta genial nas horas vagas) Spike Lee.

Agora só resta mais uma expedição ao frio polar para recuperar JR Smith. Este ainda está com as mãos congeladas.

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O que mais deu certo para o Knicks?

Na defesa, para tentar cortar o jogo interior potente do Pacers, Woodson resolveu atacar a raiz, com razão. Sua defesa pressionou bastante as linhas de passe e desestabilizou os limitados atletas de perímetro do adversário, que cuidaram muito mal da bola, cometendo 21 turnovers. Quatro atletas de Nova York tiveram dois roubos de bola – foram 11 no geral para equipe.

Esse abafa funcionou com perfeição do final do terceiro período em diante, quando os visitantes ficaram mais de dez minutos sem fazer uma cesta de quadra. Impressionante: sem saber o que fazer, a rapaziada tacava bolas desequilibradas de fora para amassar o aro do Garden. Foi essa sequência que tornou um jogo apertado em 36 minutos numa lavada ao final dos 48.

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Pablo Prigioni teve um jogo perfeito: com 10 pontos, 4 assistências, 4 rebotes, convertendo todos os seus quatro arremessos, dois deles de longa distância, sem perder a bola uma vez sequer. A exigente torcida nova-iorquino aprovou e gritava ''Pablo!'' toda hora. Engraçado ver um veterano como o argentino virando mascote a essa altura da carreira.

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Do lado do Pacers, a despeito de seus sete erros com a bola, impressiona a confiança com que Paul George vem se apresentando nos playoffs. Dá para perceber de cara por sua postura corporal, agindo com desenvoltura e firmeza em seus movimentos. Cresceu demais o rapaz na ausência de Danny Granger e com as tentativas, erros e acertos ao longo do campeonato.