Vinte Um

Arquivo : Sasha Kaun

Jukebox NBA 2015-16: Cavs, LeBron e os Beatles
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-cavs-beatles

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Golden Slumbers/Carry That Weight/The End/Her Majesty”, por eles, The Beatles

Por quê? Antes de mais nada, o blog já se defende de possíveis críticas de que tenha roubado aqui ao escolher quatro faixas para escrever sobre o Cavs, em vez de uma. Mas, calma lá, campeão: é simplesmente ouvir o trecho final de “Abbey Road” e separar uma da outra. Este é um medley de verdade, uma jam session feita para ser ouvido de uma vez. E o título de cada faixa se encaixa quase que perfeitamente para a História do Reencontro do (Autodenominado) Rei e seus Cavaleiros. Só precisa de uma adaptação.

Primeiro lidamos com os os sonhos dourados de LeBron. “Uma vez havia um caminho de retornar para casa”, canta Paul McCartney com leveza, como se fosse um cantiga de ninar. “Os sorrisos acordam quando você se ergue”, também diz. Depois, os Beatles vêm num coro opressor: ah, é? Voltou, mesmo!? Então vai ter de “carregar aquele peso por um tempão“. É, garoto, um peso, e tanto.  Aí que estamos chegando ao fim, como o jogador sabe, como o time sabe. Macca avisa: “E no fim, o amor que você toma é igual ao amor que você faz”. Não pensem em impurezas, meninos, mas na relação de adoração de Ohio/Cleveland ao prodígio, e o que ele pode dar em troca. Para fechar, aí a gente troca o “her” por “him”, embora em português fique tudo na mesma: “Sua Majestade“, o Rei, e não a Rainha, e como cortejá-lo.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Vai… tem tudo a ver, né? Para além da solenidade que foram as últimas gravações dos Beatles em 1969. Pois tudo o que se passa em Cleveland nesses dias gira em torno de LeBron. De maneira justa, ou não, ele tenta tomar o clube de refém, com o proprietário Dan Gilbert e o gerente geral David Griffin oferecendo resistência pontual aqui (David Blatt infernizado pelo astro) e ali (as negociações arrastadas e ridículas com Tristan Thompson). Agindo desta maneira, pressionando a franquia via redes sociais, e tudo, retomo o que já escrevi em relação ao campeonato passado: enquanto agir desta forma, LeBron vai ter de arcar com as consequências. Se ele quer ser o Rei, déspota, vai ter de se responsabilizar pelo que acontece no final. Se o Cavs perdeu para o Warriors, foi ele que perdeu. Pois não dá para interferir na função dos outros, em algo que não lhe compete, e, no final, com mais um vice-campeonato no currículo, culpar os Deuses ou a família Gilbert.

A pedida: vice-campeonato da Divisão Central!

(“Ha!”, expressaria o Mallandro.)

Cavs, campeão do Leste: muito pouco para Gilbert e LBJ

Cavs, campeão do Leste: muito pouco para Gilbert e LBJ

É título ou nada para os LeBrons, claro. Já poderia ter acontecido no campeonato passado, não fosse a derrocada física do time nos mata-matas, por lances de azar, como o golpe de Kelly Olynyk em Kevin Love e a fratura no joelho de Kyrie Irving durante as finais. A tendência é falar que eles levariam. Mas, com as duas estrelas em forma, talvez o sistema utilizado por Blatt (ou LeBron…) seria diferente. A dinâmica da série seria outra, então vai saber.

Fato é que, com a atual formação, eles têm time para acabar com a maldição de Cleveland. O elenco é balanceado e tem arremesso, bons defensores no perímetro e uma coleção de pivôs para marretar o adversário, mesmo sem Thompson, sejá lá quando a diretoria e a turma de LBJ vá resolver isso.

A negociação com o pivô canadense pode dizer muito sobre o time. Não necessariamente devido aos seus talentos, mesmo que ele seja um defensor extremamente valioso por sua capacidade para frear armadores no pick-and-roll e que também represente um pesadelo no ataque aos rebotes ofensivos. Daí a pedir US$ 94 milhões por cinco anos de contrato (ou o equivalente a essa quantia em três anos), mesmo na nova economia bombada da NBA, é se colocar para além da fronteira do absurdo.

A franquia e o jogador ficam num impasse curioso. Da parte do jogador, se mantiver a pedida, ele e sua agência (que, na prática, gente, tem LeBron como sócio) vão simplesmente ter de torcer para que as coisas no Cavs deem errado, seja pelo acúmulo de reveses ou lesões. Para constar, Mozgov está voltando de cirurgia recente no joelho, Varejão ainda precisa tirar a ferrugem vindo de uma no tendão de Aquiles e mesmo Love também está nos últimos estágios para retornar de operação no ombro. Ah, sim, e Kyrie Irving e Iman Shumpert ainda não têm data prevista para retorno.

Bem legal, não?

Get it done!!!! Straight up. #MissMyBrother @realtristan13

Uma foto publicada por LeBron James (@kingjames) em

Se essa situação se arrastar por mais algumas semanas e o time sofrer em quadra devido aos desfalques, então a diretoria poderia se sentir pressionada a arrefecer nas conversas e dar ao outro lado o que eles pedem, que é uma demanda ridícula. Ou isso, ou Thompson vai ficar o ano inteiro parado, perder alguns milhões para já e voltar ao mercado do ano que vem como agente livre… Mas novamente restrito, com sua cotação muito provavelmente avariada.

Da parte da franquia, existe sempre o risco LeBron. O craque vai continuar pressionando? Seria ele capaz de “entregar” jogos para ajudar seu amigo e cliente? Talvez seja um exagero até mesmo cogitar isso, mas, nos bastidores, o quanto de escarcéu ele poderia fazer? E o restante do time? Conseguiriam ficar alheios ao tumulto? Aqui, de primeira, vejo esse lenga-lenga como a principal – e talvez única – ameaça ao Cavs no Leste.

Em termos de apostas, imaginar o Cleveland campeão da conferência é aquela mais chega perto de uma barbada.  O Atlanta tem um grande desafio que é replicar a química da temporada passada, enquanto confere se é possível jogar desta forma com uma linha de frente mais alta e pesada. O Chicago passa por alterações muito mais drásticas em seu sistema. Para mim, dependendo desses ajustes, seriam os únicos candidatos a aprontar. De resto… o Washington não tem artilharia para aprontar nesse nível, assim como o Toronto Raptors ou os emergentes Boston Celtics e Milwaukee Bucks.

LeBron, é tudo dele

LeBron, é tudo dele

Então creio que ficamos nisso: o maior inimigo do Cavs em sua conferência pode ser seus bastidores, com a relação entre LeBron e Blatt também merecendo atenção.

A gestão: tentando se estabelecer. Aqui, as coisas vão depender muito do comportamento de LeBron e de como Dan Gilbert vai reagir a isso. David Griffin mostrou na temporada passada que, mesmo sob grande pressão, é um grande negociador, fazendo valer os elogios que recebia dos companheiros quando era assistente de Colangelo e Kerr em Phoenix. As trocas que fechou no meio da temporada, com o aval do craque, diga-se, salvaram o time e deram a Blatt mais matéria-prima com que trabalhar, para além do trio de astros e dos amiguinhos do Rei. O processo continuou este ano com a adição de Kaun (excelente finalizador próximo ao aro, forte toda a vida, bom patrulheiro de garrafão, para compor uma rotação russa de pivôs gigantes), Richard Jefferson (experiência, chutes da zona morta e versatilidade num corpo ainda mais ativo que o de James Jones) e, principalmente, Mo Williams (num papel reduzido, vindo do banco de reservas, como lhe cai bem, ao mesmo tempo que serve como uma apólice parcial de seguro para as lesões de Irving).

Inseguro ou ultrajado, Blatt se comportou de modo arrogante em alguns momentos da temporada passada, embora isso deva ser minimizado devido ao contexto ao seu redor. A contratação de LeBron jogou pressão para cima do técnico desde o início e é complicado de se estabelecer um relacionamento com um astro dessa magnitude. Por outro lado, nos playoffs, depois de ser salvo por Tyronn Lue com um pedido de tempo que poderia ser desastroso na série contra Chicago, o treinador deu seguidas provas de como pode ser uma peça valiosa para o time, até que a virada que o Cavs sofreu na final voltou a suscitar relatos preocupantes sobre como ainda estaria sendo destratado pelo seu principal jogador.

O brasileiro: Anderson Varejão só quer uma coisa: ficar saudável e poder completar uma temporada, ou pelo menos chegar à marca de 70 partidas pela primeira vez desde… 2011. São muitas lesões desde, então, o que é a pior coisa que pode acontecer para um atleta. O Cavs, em teoria, mesmo sem Thompson, estaria coberto dessa vez para inserir o pivô aos poucos em sua rotação e preservá-lo para a hora que importa – um controle de minutos, abaixo de 20 por partida, talvez fosse o mais recomendável. O duro é que, no início de campanha, com Thompson fora e a dupla titular em fase de reabilitação, pode ser que seus serviços já sejam exigidos.

Kevin Love, agora de bem com a vida e tudo o mais?

Kevin Love, agora de bem com a vida e tudo o mais?

Olho nele: Kevin Love. Se formos comparar sua produção com a dos tempos de Minnesota, obviamente sua primeira temporada em Cleveland foi inferior. Mas, como terceira opção no ataque, isso era mais que esperado. De qualquer forma, Blatt, LeBron e Irving reconhecem que os diversos talentos do ala-pivô (como referência no garrafão, reboteiro ofensivo e passador a partir do poste alto) não foram aproveitados na medida da certa, com o jogo muito focado nas jogadas de pick-and-roll com os outros dois astros. Ele tem agora um contrato polpudo (U$ 110 milhões por cinco anos) e gente empenhada para que seu jogo se encaixe e deixe a equipe ainda mais perigosa. Quanto melhor ele jogar e quanto mais isso durar, pior fica a situação de Tristan Thompson como agente livre. Com o time completo, tendo Love ao lado de LeBron e Mozgov na linha de frente, simplesmente não sobram tantos minutos para o ala-pivô canadense.

Daniel Gibson, Cleveland, card, 2007Um card do passado: Larry Hughes. Da primeira vez em que LeBron chegou a uma final de NBA pelo Cavs, em 2007, o segundo jogador que mais acumulou minutos em média nos playoffs pela equipe foi o ala-armador draftado pelo Philadelphia 76ers. O cara que havia sido contratado por Danny Ferry para ser o principal comparsa do então jovem astro de 22 anos no perímetro, embora não fosse um bom arremessador de longa distância e precisasse tanto da bola como LBJ para produzir. A passagem do ala por Cleveland não deixou saudade nenhuma, com o arrependido gerente geral se desfazendo de seu contrato assim que pôde, logo na temporada seguinte.

Tudo isso para dizer que, agora veterano, se os acidentes da campanha passada não se repetirem, James tem muito mais ajuda ao seu lado para tentar conquistar o terceiro anel de campeão e dar o troféu pela primeira vez ao clube. Com todo o respeito a Zydrunas Ilgauskas, Drew Gooden, Sasha Pavlovic, Damon Jones, Eric Snow e Boobie Gibson.


O Final Four 2015 da Euroliga em números
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

f4-euroleague-teamlogos

A maior competição de basquete do mundo (Fiba) aguarda um novo campeão. Nesta sexta-feira temos as semis, com o anfitrião Real Madrid, bastante pressionado, enfrentando o estreante Fenerbahçe, do legendário Zeljko Obradovic, enquanto o CSKA Moscou reencontra um pesadelo na forma de Olympiakos, clube pelo qual foi derrotado de maneira inacreditável na decisão de 2012.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

A disputa por medalhas acontece domingo. Antes de falar sobre os jogos em si, seus principais personagens e tal, segue um apanhado estatístico sobre o evento. #F4Glory:

17 – É a soma de títulos entre os quatro candidatos deste ano, com o Real puxando a fila, com oito, seguido por CSKA (seis) e Olympiakos (três). O Fenerbahçe luta pelo caneco pela primeira vez. O detalhe é que o Real não ganha a parada desde 1995, quando era dirigido por Zoc Obradovic, justamente o atual comandante do Fener.

16 – Os jogadores que já tiveram passagem pela NBA e que estão relacionados para os próximos quatro jogos. O clube que tem mais representantes nesse sentido é o CSKA Moscou, com Andrei Kirilenko (ele, mesmo), Nando De Colo (Spurs, Raptors), Demetris Nichols (Cavs, Bulls e Knicks), Sonny Weems (Raptors e Nuggets), e Victor Khryapa (Bulls, Blazers, alguém com quem a liga não teve paciência, infelizmente). Sempre com o asterisco de que nem sempre o selo da liga americana vale para alguma coisa no cenário europeu. Que o diga a dupla do Olympiakos Vassilis Spanoulis e Oliver Lafayette. Enquanto o genial armador grego foi desprezado de modo inacreditável por Jeff Van Gundy durante toda uma temporada em Houston, Lafayette, hoje da seleção croata, fez apenas uma partida em sua vida pelo Boston Celtics. Então o conceito de NBA é relativo: tanto Spanoulis merecia muito mais chances no time de Yao e T-Mac, como Lafayette passou batido por lá e só foi se desenvolver na Europa, mesmo.

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

15 – Levando em conta os atletas utilizados durante a campanha, o elenco dos quatro semifinalistas reúne 15 nacionalidades diferentes. A pátria com mais representantes numa Euroliga? Os Estados Unidos da América, claro, com um contingente de também 15 jogadores: Weems, Nichols, Aaron Jackson, Kyle Hines (CSKA); Andrew Goudelock, Ricky Hickman (Fenerbahçe); KC Rivers, Marcus Slaughter, Jaycee Carroll (Real Madrid); Brent Petway, Othello Hunter, Bryant Dunston, Lafayette e Tremmell Darden (Olympiakos). Os demais: 12 gregos, oito turcos, oito russos, quatro espanhóis, três sérvios, dois argentinos (nossos amigos Nocioni e Campazzo, ambos do Real). O resto aparece com um cada: Croácia, França, Lituânia, México, Bielorrússia, Geórgia, República Tcheca e Tunísia. Com a eliminação do Barça de Huertas, pelas quartas de final, e do Limoges de JP Batista, pela primeira fase), não restou nenhum brasileiro – no evento principal, no caso, pois nas finais do torneio juvenil, o Adidas Next Generation tournament, consta o pirulão Felipe dos Anjos, de 17 anos, pivô de 2,18 m do Real Madrid.

14 – Este é o 14º Final Four da carreira de Obradovic, o técnico do Fenerbahçe, com seis clubes diferentes, sendo o recordista disparado em ambos os quesitos. Em suas 13 tentativas anteriores, ganhou impressionantes oito títulos. Se fosse um clube, estaria empatado com o Real Madrid, o único octocampeão. Foi bem-sucedido com o Partizan Belgrado em 1992, o Joventut Badalona em 1994, o Real Madrid em 1995 e o Panathinaikos em 2000, 2002, 2007, 2009 e 2011. Tá bom? A única equipe que o sérvio falhou em levar ao F4 foi o Benetton Treviso, em 1998. Em termos de equipes, o CSKA Moscou é aquela que mais disputou as semis da Euroliga, chegando perto do título também em 14 ocasiões – no formato moderno, de 1988 para cá, já contando esta edição. Triunfou em 2005, 06 e 08. O Olympiakos tem dez aparições, enquanto o Real Madrid, oito. Entre os atletas, Victor Khryapa, um ícone do clube, chega ao seu décimo.

Zoc de novo, agora pelo Fener

Zoc de novo, agora pelo Fener

10 – Na revanche entre CSKA e Olympiakos, estarão presentes em quadra nove atletas que disputaram a histórica decisão de 2012, decidida com uma bola de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. O próprio Printezis segue defendendo o clube grego, ao lado dos compatriotas Spanoulis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas. Pelo fronte russo, temos Kirilenko (que saiu e voltou, após passagens por Minnesota e Brooklyn), Khryapa, Teodosic, Sasha Kaun e Andrey Vorontsevich, além do pivô norte-americano Hines, que vive um momento especial, ou estranho, campeão há três anos e que virou a casaca.

7 – A Euroliga já anunciou as seleções da temporada. Dos 10 jogadores apontados, sete vão jogar o Final Four: Milos Teodosic (CKSA), Spanoulis (Olympiakos), Bjelica (Fenerbahçe) e Felipe Reyes (Real Madrid) no primeiro time, enquanto Nando De Colo (CSKA), Andrew Goudelock (Fener) e Rudy Fernández (Real) aparecem na segunda equipe. O gigante sérvio Boban Marjanovic, do Estrela Vermelha, completa o quinteto ideal, enquanto a segunda unidade conta ainda com o ala Devin Smith, do Maccabi Tel Aviv, e com o pivô croata Ante Tomic, do Barcelona.

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

6 – Os clubes da NBA possuem os direitos sobre meia dúzia de atletas dos quatro melhores clubes da temporada europeia. Caras que já foram draftados no passado, mas que ainda não cruzaram o Atlântico. São eles: Sasha Kaun (30 anos, CSKA/56º em 2008, pelo Cavs); Emir Preldzic (27 anos, Fenerbahçe/57º  em 2009, pelo Cavs, mas cujos direitos hoje pertencem ao Mavericks); Nemanja Bjelica (27 anos, Fenerbahçe/35º em 2010, pelo Minnesota Timberwolves); Bogdan Bogdanovic (22 anos, Fenerbahçe/27º pelo Suns, em 2014); Georgios Printezis (30, Olympiakos/ 58º em 2007, pelo Raptors, mas cujos direitos hoje pertencem ao Hawks; Sergio Llull (Real Madrid/34º pelo Rockets, em 2009).

 4 – A superpotência CSKA chega ao seu quarto Final Four consecutivo, tendo terminado em segundo, terceiro e quarto, respectivamente, nas últimas três edições. Após dois vice-campeonatos, o Real joga pela terceira vez seguida, enquanto o Olympiakos retorna após o bi de 2012 e 2013.

PS: O canal Sports+ transmite o Final Four da Euroliga com exclusividade. Estou nessa com a companhia dos chapas Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato e Rafael Spinelli.


Euroligado: Real passa por apuros na 2ª semana
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

O jogo da rodada: UNICS Kazan 75 x 76 Real Madrid
Não é porque o Real Madrid tem o elenco mais estrelado da Europa, listando nove atletas que disputaram a última Copa do Mundo, em times de ponta, que sua vida vai ser naturalmente fácil na Europa. Aliás, talvez eles nem queiram mais saber de moleza, mesmo. No campeonato passado, a equipe merengue atropelou a concorrência na primeira metade de competição, só para, na decisão, ver o valente e camaleônico Maccabi Tel Aviv de David Blatt erguer a taça. Não estamos falando de pontos corridos, então. De modo que toda vitória tem mais ou menos o mesmo peso – desde que, nas fases de grupo, você não precise do saldo de cestas para desempate, certo?

Então tudo bem. Os madridistas passaram um baita aperto nesta sexta-feira, mas conseguiram vencer o time russo, que está de volta ao campeonato pela primeira vez desde 2012, naquela que é apenas sua segunda participação. Graças a um arremesso a 1s2 do fim pelas mãos do armador Sérgio Llull, concluindo uma virada num quarto período duríssimo, vencido por 21 a 19. Justamente os dois pontos do final.  Mas acha que isso foi o bastante de drama? Nada. O Real chegou a liderar o placar por 74 a 72 a 13s9, até que o ala James White, muito mais conhecido por suas enterradas seminais, converteu uma cesta de três pontos, com 7s7 no cronômetro. Mas aí o armador da seleção espanhola ficou isolado com o pivô D’Or Fischer e conseguiu a separação para converter sua bomba.

Detalhe: Rudy Fernández e Gustavo Ayón lideraram o ataque do Real, agora líder do Grupo A, com dois triunfos Sabe com quantos pontos? Foram dez para cada um, só. De resto, tivemos Andrés Nocioni e e Ioannis Bourousis com 9, Salah Mejri com 8, mais dois com 7, dois com 6 e dois, com 2 pontos. Llull, o herói, foi dos que terminou com sete, vejam só.

Foi um jogo mais coletivo do Real que acabou prevalecendo no final diante de uma equipe que teve o americano Keith Kangford como cestinha, com 23 pontos – em 29 minutos e 17 arremessos. Um dos destaques do último campeonato, mas vestindo a camisa do Olimpia Milano, o ala-armador revelado por Kansas arrebentou mais uma vez, para variar. O ala-pivô grego Kostas Kaimakoglou também fez bela partida, mas de doação: errou sete de seus nove arremessos de quadra, mas somou nove pontos, 11 rebotes, cinco asssistências e dois roubos de bola. Permitiu, dessa forma, que pudéssemos construir a seguinte frase, peculiar: era Kaimakoglou para todo lado.

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: num grupo enroscado com o B, qualquer vitória é para comemorar bastante. No caso do Barcelona, vencendo o Olimpia Milano por 15 pontos, na Itália, uma arena complicada de se jogar, estamos falando de um baita resultado. Foi um triunfo tão seguro para o clube espanhol, que o armador nem foi muito exigido. O Barça promoveu um bombardeio de três pontos no primeiro tempo, acertando 8-12, e administrou a partir daí. Foram três pontos e quatro assistências para ele em 22 minutos.

JP Batista: a melhor notícia é que o Limoges venceu a primeira. A segunda boa notícia é que o pivô pernambucano foi novamente efetivo. Em 17min55s, ele somou 11 pontos e cinco rebotes, ajudando a carregar a defesa do Cedevita Zagreb de faltas, na vitória por 71 a 60. Batista sofreu quatro faltas na partida e converteu cinco de seus seis lances livres. Nos arremessos de quadra, foram 3-6. De negativo, para descontar em seu índice de eficiência, foram três desperdícios de posse de bola. O nobre ala Nobel Boungou-Colo, de 26 anos, foi o grande nome da partida, com 17 pontos, 4 rebotes, 3 assistências e 3 roubos de bola.

Lembra dele?
Esteban Batista (Panathinaikos) – E como não lembrar de nosso amigo uruguaio, medalhista de bronze, inclusive, no Pan Rio 2007? Pois o pivô ainda está em pelna forma no basquete europeu. Nesta quinta, tive a oportunidade de transmitir pelo Sports+ o confronto do gigante grego com o Bayern e confesso que fiquei surpreso e impressionado com a atuação de Batista. Não que ele seja mal jogador. Pelo contrário. Mas é que, depois de tantos problemas físicos em sua carreira, esperava um jogador ainda mais lento, menos efetivo, aos 31 anos. O pivô, todavia, fez estragos no garrafão bávaro, com 18 pontos (9/11 nos arremessos!) e 7 rebotes. O cara sabe se mexer bem na zona pintada com e sem a bola, gerando oportunidades de cestas fáceis para seu time. A munheca ainda está precisa, assim como o jogo de pés, leve, especialmente para alguém de seu porte físico. Esta á sexta Euroliga de seu currículo, tendo defendido o Maccabi Tel Aviv, o Baskonia e o Anadolu antes. Já está na Europa desde 2009, depois de uma apagada passagem pelo Atlanta Hawks, pelo qual mal jogou em duas temporadas.

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia, exige marcação dupla

Um causo
A temporada mal começou, e o Galatasaray já está devendo salário para seus atletas. O clube turco investiu mais para a composição do seu atual elenco, aparentemente sem garantias de que lhes poderia pagar. A situação, claro, já causou desconforto nos bastidores, com os atletas ameaçando rescindir seus compromissos e migrar para a concorrência, enquanto é tempo. O técnico Ergin Ataman é que em está fazendo as vezes de intermediador nessa. Agora, a favor do armador Nolan Smith ele não vai agir. Pelo contrário. Durante um jogo da liga turca, o americano ex-Blazers se irritou com alguma bronca do turco e, sentado no banco, simplesmente atirou a toalha na direção do treinador. Ele foi colocado para treinar com juvenis, até que pediu desculpas. Resultado: desculpas não aceitas. Nesta quinta, jogando pela honra, o Galatasaray até venceu o Valencia por 71 a 64, fora de casa, se segurando após ter vencido o primeiro tempo por 47 a 24. Ao final do jogo, quando questionado se iria contratar alguém para a vaga de Smith, Ataman ao menos foi mostrou correção: “Nossa tarefa no momento não é contratar um novo jogador, mas satisfazer os nossos”.

Um lance
Neste confronto entre o time turco e o espanhol, Carlos Arroyo, grande líder do Gala, fez das suas. Espie só a finta que ele deu no armador belga Sam van Rossom:

Já foi, amigão? Foi cedo… Fique um pouco mais.

O porto-riquenho, daqueles que trata a bola como se fosse ioiô, marcou 16 pontos e deu 5 assistências na vitória, em 34 minutos. É impressionante, aliás, a forma física de nosso velho rival. Aos 35 anos, incansável. Quem imaginaria por uma dessas?

Em números
227 –
A lenda viva Dimitris Diamantidis assumiu o quinto lugar na lista dos atletas mais rodados de Euroliga, fazendo sua partida de número 227 nesta quinta-feira, deixando o espanhol Sergi Vidal e Sarunas Jasikevicius para trás. Acima dele estão apenas Juan Carlos Navarro (260 e contando…), Theo Papaloukas, Kostas Tsartsaris e Mike Batiste. Os dois últimos foram seus companheiros de Panathinaikos, clube habituado a ir longe no torneio. Nesta edição, porém, todo cuidado é pouco. No Grupo da Morte, o C, o clube grego perdeu para o Bayern de Munique naquele que pode ser um confronto direto pela quarta vaga. Ainda acho que Barcelona e Fenerbahçe passam nas duas primeiras posições e que o Milano, agora com duas derrotas, vai se recuperar e passar em terceiro. Sobra um posto.

70,6% – É o aproveitamento nos arremessos de quadra do pivô Sasha Kaun em toda a sua carreira de Euroliga. Ele disputa agora sua sexta temporada, sempre pelo CSKA Moscou. O russo foi campeão universitário por Kansas, acabou draftado pelo Cleveland Cavaliers, mas nunca se interessou muito em jogar na NBA, ganhando um belo salário em casa. Excepcional defensor, ele evoluiu consideravelmente no ataque desde que voltou para casa. Não espere movimentos muito criativos, ousados por parte dele. O cara sabe suas limitações – e vem daí o altíssimo rendimento. Nesta quinta, na revanche moscovita contra o Maccabi (vitória em casa por 99 a 80), ele acertou 7 de seus 11 arremessos e/ou cravadas, somando 17 pontos em 22 minutos.

34 – O saldo de pontos da vitória do Zalgiris Kaunas para cima dos russos do Nizhny Novgorod: 97 a 63. Já valeu como a maior surra desta temporada. Seis atletas do clube lituano se dividiram entre os 10 pontos de Arturas Gudaitis e os 13 do veterano pivô Paulius Jankunas. Um dado impressionante da partida: o time da casa acertou 72,9% nos arremessos de dois pontos (35/48), contra uma defesa esburacada.

Tuitando

O craque Bastian Schweinsteiger e o zagueiro Holger Badstuber prestigiaram a vitória do Bayern sobre o Pannathinaikos em Munique. Esta é mais uma boa ocasião para relembrar o namoro de Schweinsteiger com o basquete. O meia alemão é realmente apaixonado pela modalidade e, inclusive, chegou a flertar em defender o time basqueteiro do clube bávaro em 2012. Quem revelou foi o ex-treinador da equipe e da seleção alemã, Dick Bauermann, em sua biografia. Na reta final da temporada,  jogando na Segunda Divisão, o Bayern já havia assegurado sua promoção à elite alemã, em seu projeto de retomada no esporte. Foi por pouco que Schweinsteiger não foi para a quadra – no fim, a diretoria do futebol não quis correr o risco. Fica a anedota.

O Bart Simpson resolveu dar as caras em Milão para apoiar o Olimpia e Daniel Hackett. Não deu muito certo contra o Barça de Huertas.

A família do basquete lituano é assim. Kuzminskas joga a Euroliga pelo Unicaja Málaga, mas isso não vai impedi-lo de parabenizar o modesto Neptunas Klaipeda, um dos surpreendentes estreantes desta temporada, por sua primeira vitória. E foi de modo dramático, daquelas com arremesso desequilibrado quase no estouro do cronômetro também, para derrubar o Estrela Vermelha, pelo Grupo D: 83 a 81.  Valdas Vasylius fez uma cesta de improviso. Veja só:


Final Four da Euroliga: os jogadores vinculados a clubes da NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Ante Tomic faz farra

Ante Tomic crava contra os ex-companheiros de Real Madrid. Deixaram escapar…

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar mais um post sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana. Aqui, seguem alguns atletas que já foram selecionados no Draft:

Sergio Llull (Real Madrid): o armador espanhol de 25 anos  foi a 34ª escolha do Draft da NBA de 2009, via Denver Nuggets, mas para o Houston Rockets, que desembolsou US$ 2,25 milhões (!!!) só para adquirir seus direitos. Essa é a compra mais cara de um pick na segunda rodada do recrutamento de calouros da liga. Então, sim, dá para dizer que Daryl Morey aguarda ansiosamente o dia em que poderá por as mãos neste explosivo jogador, um atleta de calibre da NBA que vem melhorando a cada temporada. O problema? Existe a possibilidade de que ele demore muito para cruzar o Atlântico, se é que vai fazer um dia. Seu contrato com o Real vai até 2014 e ele já deu a entender que não veria impedimento para estender esse vínculo. Estatísticas.

Nikola Mirotic (Real Madrid): o ala-pivô naturalizado espanhol tem 22 anos apenas, mas já é uma estrela na Europa e estaria pronto para defender o Chicago Bulls (que o selecionou em 2011 com a 23ª escolha) agora mesmo nos playoffs não tivesse um detalhe: o contrato com o Real até 2016. Mas os fãs do Bulls podem ficar tranquilos: a expectativa é que, no meio do caminho, ele negocie uma rescisão para tentar a NBA. Ainda precisa melhorar como um passador, mas sabe colocar a bola na cesta com tiros de média e longa distância e movimentos mais desenvolvidos próximo do garrafão. Sólido reboteiro e presença incômoda na defesa devido a sua envergadura. Estatísticas.

Kostas Papanikolau (Olympiakos): inicialmente draftado pelo New York Knicks no ano passado em 48º, teve seus direitos adquiridos pelo Portland Trail Blazers na negociação que mandou Raymond Felton e Marcus Camby de volta a Manhattan. Tem contrato até 2014 com o clube ateniense e estaria na mira do Barcelona. Eleito “a estrela ascendente” da temporada, aos 22 anos, é um ala muito forte e atlético que refinou seu arremesso a tal ponto que chega ao Final Four com aproveitamento de absurdos 52,7% na linha de três pontos. Bom reboteiro e defensor na posição. Estatísticas.

Ante Tomic (Barcelona): croata de 26 anos e 2,17 m de altura, escolhido pelo Utah Jazz na 44ª posição do Draft de 2008. Eleito o melhor pivô da temporada, com justiça. Vestindo a camisa do Barça, em muitos momentos relembra Pau Gasol em seus movimentos no garrafão. Tem um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados, em direção ou no sentido contrário da cesta, podendo compensar algum desequilíbrio com munheca certeira (aproveitamento de 66,7%, terceiro melhor do ano). Tem contrato até 2015. Não está claro se tem interesse em jogar na NBA, mas seria um desperdício o Utah não tentar. Estatísticas.

Sasha Kaun (CSKA Moscou): existem lenhadores canadenses e existem lenhadores russos também, claro. Formado na universidade de Kansas, pela qual foi campeão ao lado de Mario Chalmers e Darrell Arthur em 2008, Kaun regressou para Moscou para construir uma firme carreira como uma força defensiva. Agora, se apresenta também como um jogador que precisa ser marcado perto do aro, tendo convertido 72,8% nos arremessos de dois pontos, algo elevadíssimo. Só uma coisa: na hora em que ele for cobrar lances livres, melhor fechar os olhos (51,6% e 49 air-balls segundo estatísticas extraoficiais). Kaun poderia dar uma força para Anderson Varejão em Cleveland, mas renovou seu contrato por três anos com o CSKA. Estatísticas.

Há também o caso de Erazem Lorbek, que hoje tem seu “passe” vinculado ao San Antonio Spurs, que está numa outra lista de jogadores que a NBA não conseguiu aproveitar:

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Transmissões na sexta e sábado a partir de 12h45 (horário de Brasília). Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>