Vinte Um

Arquivo : Hettsheimeir

Hettsheimeir também teria de batalhar para entrar na NBA
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Giancarlo Giampietro

Cavs, Mavs. Troque um cê por um eme, e seriam esses os clubes da NBA mais interessados em contratar Rafael Hettsheimeir, segundo informação do site espanhol Tubasket que reproduzimos aqui na sexta-feira passada.

Rafael Hettsheimeir enterra pela Seleção

Hettsheimeir cresceu para o basquete brasileiro no Pré-Olímpico de Mar del Plata em 2011

Faltou, no post anterior, apenas replicar o mesmo exercício que fizemos com Scott Machado, mostrando o quão difícil ainda está para o armador realizar seu sonho de criança na liga.

Direto ao ponto: para Hettsheimeir, os prospectos de descolar um contrato garantido, um contrato de verdade com o Cavaliers ou com o Mavericks também não são muito animadores.

Veja por quê:

– O time de Cleveland acabou de renovar com o ala Alonzo Gee e agora tem 18 jogadores em seu elenco: os armadores Kyrie Irving, Jeremy Pargo e Donald Sloan; os alas-armadores Dion Waiters e Bobbie Gibson; os alas Gee, CJ Miles Omri Casspi, Luke Walton, Luke Harangody e Kelenna Azubuike; e os pivôs Tristan Thompson, Samardo Samuels, Kevin Jones (ainda não oficializado), Jon Leuer, Tyler Zeller, Anderson Varejão e Michael Eric.

Três desses aqui precisam ser dispensados até o início da temporada: Azubuike, Jones e Eric não têm vínculos assegurados até o fim do campeonato; imagino que Sloan e Samuels devam estar na mesma barca. Teoricamente, então, são cinco brigando por essas vagas.

Rafael entraria nesse páreo: se estiver disposto a batalhar seu contrato e estiver com o joelho firme, bom para competir em um mês, certamente teria condições suficientes para se afirmar. Mas, considerando seu status no basquete europeu, não parece o melhor cenário de fato para o prosseguimento de sua carreira.

– Em Dallas, 15 já estão alinhados e todos com contrato garantido pelo menos até o fim do ano: os armadores Darren Collison, Delonte West, Rodrigue Beaubois; os ala-armadores OJ Mayo, Dominique Jones e Jared Cunningham; os alas Vince Carter, Shawn Marion, Jae Crowder e Danthay Jones; os pivôs Dirk Nowitzki, Elton Brand, Chris Kaman, Brandan Wright e Bernard James.

Hettsheimeir teria, então, de jogar muito no training camp e na pré-temporada para forçar sua entrada na equipe. De modo que, ou Donnie Nelson teria de articular uma troca de um jogador por nada – daquelas por uma escolha de segundo round do Draft, dinheiro, os direitos sobre um europeu aposentado ou um saco de batatas –, ou Mark Cuban teria de aceitar assinar um cheque para, digamos, um Bernard James da vida, e pagar ao pivô militar até o final da temporada mas sem poder usá-lo. Bastante improvável essa segunda alternativa, ainda mais que o trilhardário agora entrou para o rol dos menos gastões da liga.

Então, neste primeiro momento, tudo depende de dois fatores: o quão determinado Hettsheimeir estaria em jogar na NBA, não importando as condições contratuais, em contraponto com sua cotação no mercado europeu. Ao final da temporada passada, especulava-se o interesse de clubes da Euroliga – como o poderosíssimo Maccabi Tel-Aviv –, o que definitivamente não estaria tão mal.

Agora, devido a sua cirurgia, isso pode ter esfriado. E também, vai saber, pode pintar um clube da NBA empolgado de última hora.

Estamos de olho por aqui.

*  *  *

No caso de Scott e Hettsheimeir: seria interessante o Brasil chegar a sete representantes na liga norte-americana? Claro – isso se Leandrinho conseguir seu emprego, o que vamos abordar daqui a pouco aqui no Vinte Um. Mas desde que eles estejam jogando, né? Por mais que existam ótimos programas de desenvolvimento de atletas em algumas franquias, que exista a D-League para os mais inexperientes, essas duas alternativas não são necessariamente as melhores. O basquete europeu pode estar sofrendo com os efeitos da crise econômica mundial, mas ainda é competitivo e técnico o bastante para se apresentar como uma alternativa que não deveria ser menosprezada.


Hettsheimeir ainda desperta interesse na NBA, diz site espanhol
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Giancarlo Giampietro

O Dallas Mavericks contratou os veteranos milionários Elton Brand e Chris Kaman, mas ainda teria o interesse em contar com Rafael Hettsheimeir em seu garrafão na próxima temporada da NBA. O mesmo valeria para o Cleveland Cavaliers, de Anderson Varejão. Estes são os dois times tentando fechar uma negociação com o ais anti-Scola dos pivôs brasileiros.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

Primeiro: as informações são do site espanhol Tubasket, bem informado no mercado da Liga ACB, diga-se.

Agora… O mesmo veículo afirma que tanto Mavs como Cavs oferecem a Hettsheimeir um contrato parcialmente garantido, aos moldes do que Scott Machado firmou com o Houston Rockets. Isto é, ele poderia ser dispensado quando os clubes bem entendessem. Do tipo: assina com ele no sábado 8 de setembro e o dispensa um mês depois, e pronto.

Se proceder a informação, com o acréscimo que seria valendo o salário mínimo da NBA – US$ 473 mil por um ano, sem contar deduções de impostos –, não parece uma boa ideia para o pivô. Ele estaria trocando sua condição de figura emergente na Europa agora para correr o risco de ficar afundado no banco de reservas do outro lado do Atlântico. Em sua idade, considerando sua evolução gritante nas últimas duas temporadas, não seria o melhor momento.

Seus agentes podem desmentir, mas o palpite aqui no QG 21 é de que ele poderia fazer pelo menos o dobro dessa grana na Europa, assinando com um time de ponta, especialmente um que esteja disputando a Euroliga.

Financeiramente, aliás, existe uma brecha: segundo o Tubasket, 50% do salário mínimo já seria garantido a Hettsheimeir. Então, vá lá, de repente ele pode ganhar uns US$ 237 mil apenas por 50 dias de contrato em Cleveland ou Dallas. Mas… E como estaria o mercado europeu, então? Ele conseguiria compensar o restante com um bom acordo e, mais importante, já no meio da temporada, poderia encontrar uma situação esportiva que também valesse?

Enquanto reabilita seu joelho esquerdo operado e seu condicionamento físico, para ficar tinindo, o pivô e seus empresários têm essas questões muito importantes para ponderarem nas próximas semanas. A pré-temporada da NBA já está por começar, em outubro, e os clubes europeus já estão fazendo amistosos sem parar.

*  *  *

Para constar, os pivôs de Dallas no momento são Dirk Nowitzki, Elton Brand, Chris Kaman, Brandan Wright e o novato Bernard James  (que, na verdade, é mais velho que Hettsheimeir e foi draftado este ano depois de servir aos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque). Em Cleveland, temos Varejão, o promissor canadense Tristan Thompson, o calouro Tyler Zeller, que vem com a marca UNC, o jamaicano Samardo Samuels e Michael Eric. De longe assim, o Cavs parece a melhor pedida – ele tem totais condições de superar Thompson (provável titular), Zeller (que seria o primeiro reserva) e Samuels (que, salvo engano, também não tem contrato garantido) para entrar na rotação do time ao lado de seu compatriota. Mas o Mavs seria, ainda, o time mais empenhado em sua contratação.


Málaga reforça com pivôs seu elenco, e Augusto fica em situação nebulosa na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Um dos clubes mais fortes da Espanha e tradicionais da Europa, o Unicaja Málaga estava ficando para trás, bem para trás. Barcelona e Real Madrid mantiveram um núcleo fortíssimo e ainda fizeram contratações mais que pontuais para a próxima temporada.

Os catalães agora contam com o talento do pivô croata Ante Tomic, que veio do arquirrival, aliás, além de um certo armador legendário Sarunas Jasikevicius, de volta após nove anos, nos quais passou por praticamente todos os clubes de elite do continente. Já o Real acertou o retorno do Rudy Fernández, eleito vilão olímpico no Vinte Um, e com o pivô Marcus Slaughter, que nunca teve uma chance real na NBA e construiu sua carreira na Europa, jogando por agremiações menores até chegar ao primeiro escalão.

Augusto enterra na Espanha

Augusto: pivô muito atlético, veloz, saltador, mas que pode ficar preso no banco

E nada de o Málaga se mexer? Mesmo depois de terminar a Liga ACB passada com um decepcionante nono lugar, fora dos playoffs, e de uma campanha nada empolgante na Euroliga, com 17 vitórias e 17 derrotas?

Bem, na semana passada seu elenco enfim começou a tomar uma forma mais séria, e aí vem a má notícia na parte que refere ao basquete brasileiro: as contratações são pouco promissoras para o progresso de Augusto Lima. Três dos principais reforços para o técnico Jasmin Repeša são homens de garrafão: o norte-americano James Gist, o sérvio Kosta Perovic e o espanhol Fran Vázquez, que deixou o Orlando Magic falando sozinho mais uma vez. Eles se juntam ao croata Luka Žorić, e, de repente, a rotação de pivôs da equipe já parece deixar o brasileiro afundado no banco.

Claro que depende de Augusto também, de tentar se impor nos treinamentos e deixar um dos medalhões para fora. Mas é muito difícil: Gist, Perovic e Vázquez chegam com salários altos e status de soluções. Žorić seria o homem a ser batido, mas é muito mais experiente e foi dos poucos, do elenco passado, que agradou e seguiu no clube.

Augusto, hoje com 21 anos, vem sendo preparado em Málaga há tempos, em mais um caso de brasileiro que foi cedo para a Espanha para ser cultivado por um grande clube – trilha aberta por Tiago Splitter em 2000. Dezenas de jogadores daqui repetiram essa rota, e foram poucos os que vingaram. Dois deles apenas quando se desvincularam do Unicaja:

– Vitor Faverani, que hoje está por cima, precisou de uma reviravolta na carreira na temporada passada, na qual jogou pelo Valencia. Hoje é visto como um dos melhores pivôs da liga, mas, diga-se, vai ter de dar sequência ao trabalho e confirmar essa confiança toda no próximo campeonato.

– O armador Rafael Luz conseguiu sair do Málaga para o bem e, até onde se sabe, sem traumas com a diretoria. Na temporada passada, fez um bom campeonato pelo falido Alicante e agora está no Obradorio, com vida própria no mercado espanhol.

Tem também o Paulão, que acabou de assinar com o Cajasol, mas ainda busca estabilidade na carreira após uma jornada igualmente turbulenta pelo clube da Andaluzia. Se Faverani teve problemas de comportamento, o pivô revelado em Ribeirão Preto penava para se manter em forma devido a uma série de lesões que deixou muita gente frustada.

Augusto Lima, do Málaga

Augusto vai tirar o uniforme de treino?

É um problema: o Málaga investe em projetos de base, mas não consegue incorporar os talentos desenvolvidos ao seu time principal. Há muita pressão por resultados em uma liga bastante competitiva, e a saída de Aito Garcia no ano passado, um treinador mais afeito ao trabalho com jovens, não ajudou em nada.

Fica, então, esse impasse para Augusto, que também rendeu bem mais quando foi emprestado para o Granada em 2010-2011 e ganhou minutos preciosos. Tudo para,  campanha seguinte, de volta ao seu clube, ser atrapalhado por uma cirurgia nas costas. Não pôde mostrar serviço e agora enfrenta uma dura concorrência para pisar em quadra.

Lembrando que, até para o seu futuro longe da Espanha, a próxima temporada é muito importante para o brasileiro. Como vai completar 22 anos em 2013, ele participará do draft da NBA automaticamente. Seu jogo – de capacidade atlética, vigor e energia incomuns para alguém de seu tamanho – é bem conhecido pelos olheiros europeus, mas uma boa produção nos meses que antecedem o recrutamento de calouros da liga poderia alçá-lo até mesmo ao primeiro round.

Para produzir, no entanto, ele precisa, antes, jogar.