Trajetória de pivô emergente do Rockets serve de exemplo para Scott Machado
Giancarlo Giampietro
Matt Smith? Pat Smith? Jack Smith?
Não, nada disso. É Greg Smith. E você conhece o Greg Smith?
É o pivô do Houston Rockets, jogando sua segunda temporada na NBA. Reserva do Omer Asik, o turco que você realmente deveria ter destacado em seu caderninho de anotações. (Se não fez, corra para vê-lo em ação. Um baita jogador).
Mas o Smith? Com esse nome tão comum nos EUA que poderia lhe valer a condição de anônimo, jogando 15 minutos em média por um time que não é exatamente a sensação do momento, é bem capaz que ele tenha passado batido mesmo na hora de se vasculhar a liga norte-americana em busca de informação.
De todo modo, para o aficionado brasileiro, a trajetória do grandalhão ajuda a dar um pouco de precioso contexto em torno de Scott Machado, o armador que vive uma situação difícil, já que o gerente geral Daryl Morey acabou de dispensá-lo.
Assim como Machado, Smith não jogou em uma universidade norte-americana de ponta – ele cursou em Fresno State. Assim como Machado, não foi dfraftado –se inscreveu no recrutamento de calouros em 2011, um ano antes do nova-iorquino filho de gaúchos e não teve seu nome chamado. Assim como Machado, foi acolhido prontamente pelo Rockets como um projeto de longo prazo.
Participou do training camp pelo clube texano em 2011, mas foi cortado do elenco principal após ter disputado apenas dois amistosos na pré-temporada – de novo: tudo muito familiar com a trajetória do armador. O jogador teve, então, de se contentar em jogar na D-League, a liga de apoio da NBA na qual o “D” vale por desenvolvimento. E ele realmente se desenvolveu.
Enfrentando veteranos rodados e alguns atletas inexperientes, Smith desfrutou de uma campanha de sucesso pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Rockets, com 16,6 pontos, 7,8 rebotes e aproveitamento de 66,8% nos arremessos em pouco mais de 28,2 minutos. Foi tão bem que mereceu uma recompensa: um contrato ao final da temporada com o próprio clube de Houston, que, desta forma, conseguiria mantê-lo sob sua alçada. (Funciona assim: o clube oferece um contrato de dois anos para o atleta, no qual geralmente o segundo não tem nada de dinheiro garantido; ainda assim, esse time ao menos garante os direitos sobre o jogador, podendo dispensá-lo a qualquer hora.)
O pivô iniciou o atual campeonato no mesmo barco de Scott Machado: não tinha um vínculo assegurado, tendo de convencer o técnico Kevin McHale e a direção de que valeria a pena investir mais em seus talentos. Os dois passaram juntos por um momento dramático no final de outubro, quando o Rockets tinha 20 atletas sob contrato e precisaria dispensar cinco deles antes que a competição iniciasse.
No fim, Morey continuou com seus movimentos ousados, manteve a dupla inexperiente e torrou cerca de US$ 6 milhões de salário ao mandar embora alguns veteranos estabilizados na liga. Na semana passada, quando chegou o ala James Anderson, foi a vez de Daequan Cook ser chutado e de mais US$ 3 milhões serem triturados. Agora, para abrir espaço para Patrick Beverley (escrevo mais sobre ele em breve), chegou enfim a vez de Scott. Greg Smith ficou.
Com o maior par de mãos já medidos na preparação para o Draft –, ótima envergadura e a cabeça amadurecida após tantos testes o pivô tem seu lugar fixo na rotação de McHale, e o que se escuta vindo de Houston é que o técnico já estuda um meio de abrir mais espaço para o cara em sua escalação, estudando colocá-lo ao lado de Asik.
Pudera: segundo as estatísticas mais avançadas, Smith seria hoje o 27º jogador mais eficiente de toda a NBA. Manu Ginóbili, Serge Ibaka e Paul Pierce são, respectivamente, os 28º, 29º e 30º da lista. (O que não quer dizer que sejam inferiores, claro. Mas é uma avaliação que mostra o potencial do jogador e que tem, em seu topo, pela ordem, as seguintes figuras: LeBron James, Kevin Durant, Chris Paul e Carmelo Anthony. Justa?)
Enfim. Parece até uma fábula. Mas que deveria ser estudada com atenção por Scott Machado. Ser dispensado pelo Rockets definitivamente não é o fim da linha, como você pode ver neste link aqui do DraftExpress.
Nessa entrevista, o antes desconhecido e dispensado Greg Smith diz o seguinte, com muita confiança: “Consigo me enxergar como um ala-pivô ou pivô titular em qualquer equipe da liga, de preferência no Rockets. Seria um bom jogador com o qual você pode contar e que ajudaria um time a vencer. E, daqui a cinco anos, acredito que poderia ser um All-Star”.
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No ano passado, durante o lo(u)caute da NBA, Smith jogou no México, para fazer um troco. Perto de Fresno, na fronteira com os EUA, mas, ainda assim, o México, que não é lá o principal pólo que você vai pensar quando o assunto é basquete. “No primeiro momento eu não queria jogar lá. Havia algo de errado, mas então decidi que iria, sim, e que seria por uns cinco ou seis meses. Quando cheguei, foi difícil, mas eu aprendi muito sobre mim mesmo, crescendo e amadurecendo. Joguei por três ou quatro meses, e aprendi muito enfrentando caras experientes que não se importam com quem você seja, com seu nome ou com qualquer outra coisa. Eles jogavam duro”, diz o pivô.
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“É complicado para os jogadores jovens, porque eles estão vindo da universidade ou da Europa, onde estão acostumados a jogar mais de 30 minutos. Vir para cá, em Houston, com tempo limitado de quadra é difícil. Esse é o desafio para eles ao entrar na NBA, procurando se estabelecer. Achamos que a D-League dá a eles uma grande vantagem para continuar jogando e, ao mesmo tempo, trabalhar em suas fraquezas.”
Esse já não é mais o Greg Smith falando, mas, sim, de Gersson Rosas, o vice-presidente de basquete do Rockets, e gerente geral do Rio Grande Valley Vipers.
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