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Arquivo : Gary Neal

Perguntas para Miami Heat x Charlotte Bobcats
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Giancarlo Giampietro

Vamos tentar abordar neste fim de semana cada uma das oito séries que abrem os playoffs da NBA. Até segunda-feira, pelo menos. A ver:

LeBron x Bobcats=61 pontos

LeBron x Bobcats = 61 pontos

– O que o Bobcats vai fazer com aquele número 6?
Charlotte viu Carmelo e, principalmente, LeBron se esbaldarem durante a temporada regular. O que talvez pouco saibam: o time de Steve Clifford terminou o campeonato como a sexta melhor defesa (atrás dos suspeitos de sempre: Indiana, Chicago, San Antonio e Oklahoma City Thunder e outra presença inesperada, o Golden State, em quarto). Agora, contra os atuais bicampeões, o futuro (e novo) Hornets vai precisar encontrar algum meio de frear a força da natureza #LBJ. LeBron teve média de 38 pontos por jogo nos confrontos, contando a jornada incrível dos 61 pontos. Não há quem possa criticar a dedicação, o empenho do ainda jovem Michael Kidd-Gilchrist, mas ele precisa de ajuda.

 – Oi, Dwyane, tudo bem? Como vai a vida?
Desde o dia 18 de março, o veterano co-piloto do Miami Heat ficou fora de 12 dos 16 jogos do time. Haja precaução com seus combalidos joelhos. Para o sujeito desenferrujar, foi escalado nas últimas três partidas, somando apenas 64 minutos no total. Foi contra Hawks, Wizards e Sixers, em três derrotas, com o time abrindo mão da luta pelo mando de quadra nos playoffs. Aliás, se formos comparar, o clube terminou com a mesma campanha do Houston Rockets e do Portland Trail Blazers. Por essa poucos esperavam. Muito tem a ver com o joga-ou-não-joga de Wade. LeBron ficou sobrecarregado durante a jornada, sem fôlego para ser, ao mesmo tempo, o grande cestinha e o grande defensor noite após noite – de acordo, claro, com os padrões altíssimos estabelecidos pelo superastro. Em fevereiro, no mês em que Wade ficou fora de quadra por apenas duas rodadas, a campanha foi de 10 vitórias em 11 jogos (a única derrota foi o, glup!, Utah Jazz), com o ala-armador somando 21 pontos, 5,6 rebotes, 5,5 assistências e 60,9% de aproveitamento de quadra, em 34 minutos. Spoelstra precisa de um rendimento desses para ter sucesso nos mata-matas. Mas vai ser logo de cara? Ou, contra o Bobcats, o técnico ainda conseguirá preservá-lo?

– Estaria o mundo preparado para se divertir com Josh McRoberts?
Ele já esteve iluminado pelos holofotes. Jogou por Duke. Vestiu a camisa do Los Angeles Lakers. Mas agora deu a sorte de estar do outro lado da quadra em uma série melhor-de-sete-que-precisa-ser-televisionada-por-motivos-de-LeBron. Melhor ainda: talvez calhe de o próprio LeBron ficar na sua cobertura, dependendo da rotação de pivôs que Spoelstra vai usar. Sucesso. Aqui, não conta só o visual, mas principalmente a habilidade do passe do ala-pivô, que caiu como uma luva como o parceiro de Al Jefferson. O Baby Al foi um estrondo durante o campeonato, com 21,8 pontos, 10,8 rebotes e double-doubles que te fazem engasgar na cadeira, mas fiquemos todos de olho no McBob.

– E, por falar, em pivôs, qual vai ser, Spo? Aliás, qual o time?
Em suas duas campanhas de título, o Miami Heat contou com contribuições significativas de Shane Battier, o Sr. Presidente, inteligente que só, alguém que casa bem com o sistema que gira em torno de LeBron, ajudando na defesa e espaçando o ataque. Os minutos do ala têm sido completamente irregulares. Em abril: 6, 0, 31, 20, 24, 3, 0, 15 e 40. Em março: 19, 21, 20, 16, 9, 16, 28, 11, 21, 15, 14, 9, 18, 8, 0, 24, 27, 0. Para comparar, em fevereiro, oscilou entre 17 e 35 (sim, algo ainda discrepante, mas com um tempo mínimo de quadra bem mais razoável). Em janeiro, foi desfalque por cinco noites, mas, quando jogou, ficou entre 19 e 31 minutos (num só jogo isolado, acima de 30, com o restante situado entre 19 e 21). Tudo isso para dizer que, com Battier, o Miami adota seu formato small ball. É o time que dominou a liga. Com Haslem ou Oden, alguns parâmetros mudam sensivelmente. Resta saber se Batier foi outro a ser resguardado, ou se despencou da rotação, mesmo. Rashard Lewis está no aguardo – credo. Mas é isso: foram diversos afastamentos/lesões durante a jornada. O entrosamento, a essa altura, já é algo natural, para quem convive há tanto tempo. Mas, de qualquer forma, fica a observação.

– Gary Neal, recordar é viver?
Ou melhor: longe da máquina azeitada que é o Spurs, será que esse temperamental cestinha tem a manha de marcar 24 pontos em 25 minutos contra o Miami Heat. O torcedor mais fanático da turma de San Antonio, aquele que realmente se preze, obviamente vai conectar o League Pass nos momentos em que Neal sair do banco de reservas, para conferir. Quem não se lembra da erupção do arremessador naquele espancamento que o time texano promoveu no Jogo 3 das históricas finais do ano passado? Na temporada regular, mudando de Milwaukee para Charlotte, Neal sustentou seus números (nada espetaculares, diga-se).

– Por fim, Kembinha, preparado?
É difícil melhorar quando se chama Kemba. Mas “Kembinha” dá conta do recado, né? Um amigão fanático por Fantasy se refere assim ao rapaz. Campeão universitário por Uconn, ele comemorou este ano as estripulias de Shabazzzzzzzz, tirou um sarro do MKG, descansou um pouco na reta final, tudo legal. Agora, vai ter de respirar fundo: nunca é legal para um armador enfrentar a blitz do Heat. Para alguém que fica tanto tempo com a bola, o subestimado armador do Bobcats comete poucos erros. Mas que se prepare, porque lá vem abafa em sua direção.

A diversão acabou, Kembinha. MKG não merecia isso

A diversão acabou, Kembinha. MKG não merecia isso


Recusa de Scott Machado ao Spurs em 2012 ganha outro contexto após duas demissões
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado

Não sei bem como me posiciono na hora de falar sobre “O que aconteceria se… ?”, sobre rotas alternativas, caminhos hipotéticos, saca?

É meio que da “natureza humana” (gasp!) ficar repensando as coisas? Remoendo, remexendo? Talvez. Mas é fato também que nem todo mundo age desta forma. São admiráveis também essas pessoas resolutas, que avançam como um trator, só mirando para a frente, sem volta. Desde que tenham um pouco de escrúpulo, claro.

Todo esse papinho filosófico para levantarmos uma pergunta daquelas, envolvendo Scott Machado:

“E se ele tivesse dito sim ao San Antonio Spurs?”

Foi uma lembrança do leitor “HFavilla”, em nosso post anterior sobre a dispensa do armador pelo Golden State Warriors. A de que o brasileiro nova-iorquino estava prestes a ser selecionado pelo clube texano no Draft do ano passado, na 59ª posição, mas forçou a barra para que Gregg Popovich o deixasse em paz.

Escreveu o “HFavilla”: “O erro do Scott aconteceu na noite do Draft, quando desprezou o San Antonio Spurs, que tem um armador que, apesar de estar no seu auge técnico, já é veterano e não possui nenhum reserva consistente ainda, fazendo com que o time procure por muitas alternativas. Passaria uns 2 anos evoluindo na Europa? Sim, provavelmente, mas é assim que as coisas funcionam por lá”.

Lembremos aqui o que Scott falou ao vizinho Balassiano em 2012: “O San Antonio Spurs me queria, e eu acabei recusando. Disse ao Aylton (Tesch, seu agente na época) que preferia tentar a sorte nas Ligas de Verão, porque sabia que iriam me mandar jogar fora dos Estados Unidos, algo que eu não queria. Foi uma decisão rápida, na hora mesmo, e que acabou dando certo. Logo depois o Houston Rockets me chamou pra jogar”.

Bem, nada na liga norte-americana é definitivo, como Scott agora já sabe bem. O que “dá certo” numa semana pode não se sustentar no mês seguinte. Contratado pelo Rockets, demitido pelo Rockets. Contratado pelo Warriors…

Reparem no termo que ele usa: “Uma decisão rápida, na hora mesmo”. Por ímpeto, claro. Scott cresceu em Nova York como jogador de basquete, uma cidade com muita tradição em seus playgrounds e colegiais, tendo revelado dezenas e dezenas de talentos que viriam a se tornar profissionais, especialmente armadores – Stephon Marbury, Sebastian Telfair, Mark Jackson são alguns exemplos de uma lista vasta. Neste contexto, imagine a expectativa, a pressão (também financeira), a ansiedade de um garoto da megalópole quando ele se aproxima da liga. Embora não tivesse o maior cartaz, o brasileiro fez um bom trabalho pela modesta universidade de Iona, entrou no radar dos scouts e desenvolveu legítima ambição de ser um cara de NBA.

Daí que, quando as coisas não saem conforme o esperado – descolar um contrato garantido na noite do Draft –, por vezes você se sente impelido a tomar um atalho, a querer resolver as coisas na hora. Foi a decisão que o armador tomou. Em vez de se colocar sob a alçada de uma franquia que é notória no desenvolvimento de seus atletas, preferiu se tornar um agente livre para ampliar seu leque de negociações. Fechou rapidamente com o Houston Rockets, mas acabou perdido nos planos do irrequieto gerente geral Daryl Morey.

Agora, as ressalvas. Os calouros selecionados na segunda rodada de um Draft também não têm presença certa na NBA, diga-se. Depende muito da equipe, de suas necessidades imediatas e do quanto gostam de um determinado jogador. Por exemplo: em 2008, o Bulls se empenhou horrores para ter o turcão Omer Asik. O Portland Trail Blazers o escolheu como o número 36 daquele recrutamento, mas foi convencido a repassá-lo para Chicago em troca de três escolhas futuras de segunda rodada. Três! Quer dizer, o gerente geral John Paxson realmente queria Asik.

No caso de Scott e do Spurs, ao fazer a escolha na penúltima posição da lista, não saberemos dizer se o Spurs estava necessariamente enamorado por Scott. Seria o caso de perguntar para Popovich ou RC Buford algum dia desses. Depois da recusa do brasileiro, o time optou pelo ala-armador Marcus Denmon, da universidade de Missouri. E não deu outra: Denmon iniciou sua carreira como profissional no basquete francês, sendo campeão nacional pelo Élan Chalon ao lado do pivô Shelden Williams.

Neste ano, Denmon participou da liga de verão de Las Vegas pelo Spurs. Quer dizer, estão monitorando o rapaz, de 23 anos. Na rotação do time, teve de dividir espaço com Nando De Colo e Cory Joseph, que são prioridade, e terminou com médias de 10,8 pontos, 2,8 assistências e 2,6 rebotes, em 21,8 minutos. O que ele faz de melhor é arremessar de fora, e ele mandou bala da linha de três pontos sem piedade (26 chutes no total, mais de cinco por jogo), que é sua especialidade. Acertou 38,5% desses disparos, um bom aproveitamento para as peladas que são esses confrontos. Pensando em seu progresso, seria um eventual substituto para Gary Neal, sendo moldando da mesma forma (em termo de vocação ofensiva), mas ainda com deficiências no drible. Não está pronto para a grande liga ainda, mas não é o mesmo que Rockets e Warriors acham o mesmo sobre Scott?

Há outros casos de escolhas de segunda rodada de Buford e Popovich que ainda não foram aproveitados no elenco principal. Entre os americanos, o ala-armador Jack McClinton (51 em 2009) e o pivô James Gist (hoje um nome top na Euroliga, 57 em 2008) são dois exemplos recentes. Temos também diversos jovens europeus nessa condição: o húngaro Adam Hanga em 2011 (também 59), o inglês Ryan Richards em 2010 (49), o centro-africano Romain Sato em 2004 (52), entre outros. Mas aí as coisas fazem mais sentido: são os clássicos casos de “stash picks”, quando as franquias da Europa fazem a seleção com o plano de já deixá-los nas ligas europeias para desenvolvimento.

Enfim, ser selecionado pelo Spurs e virar um jogador de NBA no futuro, então, não é uma ciência exata. Por outro lado, que o brasileiro não estava pronto também para a liga fica claro.

Mas, sabendo o que sabemos hoje, será que ali, nos minutos finais de uma looonga noite de 28 de junho de 2012, quando foi abordado pelos diretores do time texano, será que a resposta seria diferente?

 


Shane Battier reencontra o rumo no momento certo: o jogo da vida de um operário nerd
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Giancarlo Giampietro

Shane Battier

Os deuses do basquete fizeram as pazes com Shane Battier

O Shane Battier? Um cara muito chato.

Pelo menos para quem joga contra ele. Com os homens de San Antonio poderão afirmar agora, depois de o veterano de 34 anos ter reaparecido pelo Miami Heat para ser o coadjuvante de luxo de LeBron James no dramático Jogo 7 que deu o segundo título seguido ao clube da Flórida.

“Os relatos sobre meu falecimento foram um pouco prematuros. Essa é minha declaração de abertura”, foi o que disse o ala em sua coletiva pós-final, convidado para subir ao palanque, em lugar geralmente reservado para outro tipo de gente. Mas que, nesta ocasião foi merecido – e parece adequado, oras, para alguém apelidado de “Mr. President” (na China. Sério. É por causa do Yao Ming.).

Com uma retórica irônica e sagaz, que o torna um dos favoritos dos jornalistas, em quadra ele é daqueles que qualquer treinador vai amar. Por sua alta compreensão do que se passa em um jogo de basquete e sua disposição a se sacrificar em prol do time.

Domina os, digamos, fundamentos para se cavar faltas ofensivas, capacidade que vem se tornando mais e mais importante a cada temporada na medida em que as defesas apostam no congestionamento do garrafão no lado em que está a bola. Um tipo de posicionamento popularizado pelo maníaco Tom Thibodeau. No qual o deslocamento lateral é essencial, para a ocupação rápida de espaços, desencorajando as infiltrações adversárias. Assim: se vocês querem fazer a cesta, que chutem daí mesmo, de média ou longa distância, sabendo que ainda vamos contestá-lo.

Nesse sentido, Battier pode ser uma dor-de-cabeça para os atacantes mais arrojados (isso para não usar a expressão mais vulgar inglesa, que começa com “a pain” e termina com “ass”). Com instintos aguçados para ler a jogada, perspicácia e uma caixola que é um vasto banco de dados – ele devorava os relatórios estatísticos do Rockets –, ele aparece sempre na hora certa e no lugar certo.

Além das faculdades mentais, requer também para a missão a coragem e a entrega. A disposição para aceitar o contato. Trombar com um Tony Parker ou mesmo Danny Green pode não ser a pior coisa do mundo. Agora tente fazer isso quando quem vem em sua direção é um trem como Ron Artest ou… LeBron James.

Vocês acham que foi à toa que tanto o MVP da liga como Dwyane Wade recrutaram Battier dois anos atrás? Já deviam estar cansados deste nerd importuná-los em confrontos com Houston Rockets e Memphis Grizzlies. Da mesma forma, não demorou nada para que o ala aceitasse a oferta do Heat: ao menos ele tirava da sua frente dois dos jogadores mais difíceis de serem marcados também. Todos saíram ganhando. Menos as outras 29 franquias restantes.

Battier se tornou uma peça fundamental na construção do atual Miami Heat, devido a sua capacidade e disposição para marcar alas-pivôs e poupar LeBron James deste tipo de contato físico prolongado, ao mesmo tempo em que, no ataque, entra no papel de atirador, espaçando a quadra com seus chutes de três pontos.

Durante os playoffs, porém, o tiro de Battier parou de cair. Seu aproveitamento havia caído de 43% na temporada regular para apenas 25% nos mata-matas. Contra o Pacers, ele ainda não conseguiu se segurar na defesa, apanhando uma barbaridade de David West. Aí que Erik Spoelstra se viu obrigado a reduzir seus minutos – mas sem afastá-lo por completo da rotação. Havia a esperança, claro, de que uma hora ele pudesse voltar a contribuir, mesmo que continuasse mal no ataque, acertando apenas um de seus primeiros nove arremessos de longa distância. Do Jogo 1 ao Jogo 4, não atuou por mais do que nove minutos, perdendo espaço para Mike Miller.

Até que, na quinta partida, em meio ao terceiro revés diante de San Antonio, ele conseguiu fazer duas bolas de longa distância e tomou os minutos de Udonis Haslem, jogando por 18. Era um  sinal de que estava pronto para voltar? Infelizmente para o Spurs, sim. E o ala desembestou e acertou nove de seus próximos 12 arremessos de longa distância, incluindo uma atuação histórica no Jogo 7, com seis bolas convertidas em oito tentativas. Era uma bomba atrás de outra, a ponto de Spoelstra não poder mais tirá-lo (jogou por 29 minutos). “Eu acredito nos deuses do basquete e eles me deviam uma grande partida dessas”, disse Battier, para depois voltou a seu raciocínio mais terreno, analítca: “Fui muito mal na maior parte da série, então foi muito bom me recuperar de acordo com a lei das médias, do equilíbrio”.

Seus companheiros mal poderiam esperar por seu regresso. “O  Shane não acertava um arremesso desde eu não sei quando, mas hoje à noite ele estava simplesmente inconsciente”, disse Wade, rindo. “Ele é um jogador para grandes momentos. Por isso você fica muito na torcida por Shane, por tudo o que ele representa. Shane, ele é um do companheiros de equipe favoritos que já tive, tudo por causa do cara que ele é.”

Tá vendo? É um cara bacana. É só jogar com ele.


Cada jogo é uma história: Spurs devolve marretada contra Heat e volta a liderar as finais
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Giancarlo Giampietro

Danny Green on fire

Green matou 14 de 17 chutes de fora em 3 jogos de série (70,8%);  galera vibra

“Seven Nation Army”, do White Stripes. A música é boa demais, uma das melhores dos anos 00’s. O melhor riff, provavelmente. Mas, no esporte, já estava popularizada pelas torcidas de futebol europeias. Quem começou primeiro a gente não sabe. Provavelmente algum grupo de fanáticos ingleses, também afeitos ao rock. Daí que, quando o Miami Heat decide incorporá-la ao seu ritual de introdução das partidas dos playoffs, fica uma sensação meio contraditória: por um lado, continua sendo uma sonzeira; por outro… Ficou batido, né? Por isso, brotar agora desta cultura “oba-oba-viva-Miami” não era de se estranhar.

Daí que, no finalzinho do Jogo 3, a ironia não podia passar despercebida: o inspirado DJ do AT&T Center mandou ver com o superhit de Jack White, e os torcedores fizeram o coro. Mas muito mais por ironia do que qualquer outra coisa: a farra do Jogo 2 promovida pelos jogadores em quadra e levada adiante pelo público não iria passar batida para um grupo de torcedores tão acostumados a playoffs e decisões como os do Spurs.

Nesta terça-feira, então, quando a marretada no jogo foi devolvida, sobrou espaço para a tiração de sarro. San Antonio 113, Miami 77, e os texanos novamente liderando a série final da NBA 2012-2013.

O desafio para a tropa de Gregg Popovich, agora, é de fugir do mesmo clima de euforia em que os astros do Miami embarcam facilmente. Cada jogo num confronto de mata-mata tende a ser uma história. O placar geral está apenas em 2 a 1 – e, não, 120 a 70.

Até porque o Heat ainda não perdeu duas partidas seguidas nesta fase decisiva. Em geral, depois de uma derrota, se acostumaram a responder com autoridade. Tal como fizeram no segundo embate em casa.

Reservas do Spurs também comemoram

O banco do Spurs dessa vez pôde jogar pelos motivos certos, com seu time aplicando a surra

Há diferenças para serem destacadas, contudo. Entre eles o fato de os atuais campeões serem agora os forasteiros, jogando numa terra que parece ensandecida por conta do retorno de seus cowboys aos grandes duelos, aqueles que importam, que valem título. E, talvez mais importante, do outro lado está Gregg Popovich, que sabe administrar muito bem o ego de seus atletas.

Claro que o Coach Pop não entra em quadra para fazer o serviço, e por vezes é muito difícil jogar contra o Miami Heat, como ficou comprovado no terceiro período do Jogo 2 – quando eles criaram o caos em quadra e atropelaram os oponentes no contra-ataque. Acontece que, neste Jogo 3, a turma de LeBron se viu do outro lado da surra, e uma surra aplicada de modo diferente, na mesma terceira parcial.

O Spurs, com a participação consciente  de Tiago Splitter, voltou a ser uma das melhores defesas da liga, mas seu modo de proteger a cesta vem sendo muito mais cerebral do que físico, especialmente nesta série. Eles não investir necessariamente em abafar as linhas de passe, ou em acuar os armadores  com dobras assustadoras – ainda que os turnovers  do Heat tenham ocorrido – 16 no total, permitindo 20 pontos no contragolpe.

Muitos desses desperdícios, porém, aconteceram com os visitantes já grogues, desestabilizados diante de um time que estava muito mais aplicado taticamente e empenhado em fazer as pequenas coisas vitoriosas. Os anfitriões apanharam 19 rebotes ofensivos, salvaram inúmeras bolas que não estavam tão perdidas assim e não pararam de se mexer no ataque buscando o melhor espaçamento e a melhor posição para o chute.

E como esses chutes caíram. Foram 43 cestas de quadra (com aproveitamento de 48,9%), com 16 delas de três pontos (50% na mira, incrível). O estrago maior no ataque ficou por conta novamente do ala Danny Green, que somou 27 pontos, com sete chutes de longa distância, e do ala-armador Gary Neal, que marcou 24 pontos, com seis tiros de fora. Neal, na verdade, merece muito mais destaque por ter aprontado muito mais quando a partida ainda estava em aberto, anotando alguns arremessos com pura confiança, a mais de um passo da linha de três, enquanto Green acertou quatro dessas já no período final, quando Erik Spoelstra ainda teimava em manter seus titulares em ação por muitos minutos desnecessários, sem preservá-los como fez Pop no confronto anterior.

Ao menos eles já estavam sentados quando a música começou…

*  *  *

O Spurs aniquilou o Heat com apenas seis pontos e oito assistências de Tony Parker em  27 minutos. Só não dá para imaginar que a equipe de Popovich vá ter vida fácil assim em caso de o armador virar desfalque para a continuidade da série, por mais que Neal venha de uma noite mágica e que Manu Ginóbili tenha mais acertado que errado,. Mais do que entender o que acontece com LeBron James, o fato mais urgente da decisão se tornou a ressonância magnética pela qual ele vai passar nesta quarta de manhã em San Antonio. O armador francês foi retirado de quadra por um breve período para ser examinado no vestiário, sentindo dores na coxa e afirmou que sua presença no Jogo 4, na quinta-feira, ainda é incerta.

*  *  *

A essa altura, a pergunta já é válida: estaria LeBron James exausto fisicamente ou realmente tão incomodado assim com a defesa do Spurs e a postura de sempre-alerta de Kawhi Leonard? Acabou o gás ou talvez ele simplesmente ainda não tenha encontrado a melhor forma de lidar com a formação de barricadas promovida por Popovich para desencorajá-lo que a vá para a cesta? De modo que o cara perdeu toda a agressividade e ritmo no ataque, pensando demais no que fazer com a bola, hesitando. E, por favor, não confunda isso com “amarelar”: esse tipo de polêmica pela polêmica não vai ter espaço aqui.  No primeiro jogo em San Antonio, o superastro somou 15 pontos, 11 rebotes e 5 assistências, em 39 minutos de esforço em vão, acertando apenas 7 de 21 arremessos (33%). Quer dizer, novamente conseguiu números que seriam uma dádiva para qualquer jogador medíocre. Mas o pior é que estes números não contam muita coisa do que foi sua história no jogo, especialmente antes de marcar 9 pontos em sequência no terceiro período, quando tinha apenas quatro anotados até, então. O esforço de Kawhi Leonard e o apego ao plano  tático dos demais companheiros co Spurs é louvável, mas chegou a hora de o craque e Spo repensarem o modo como reutilizar seus diversos talentos.


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