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Dallas Mavericks: de volta para o futuro
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Nem faz tanto tempo assim, né?

Nem faz tanto tempo assim, né?

Valeu a pena ter desmontado um time campeão pelo direito de contratar Monta Ellis e Chandler Parsons? Na frente da câmeras, um bilionário confiante como Mark Cuban, o dono de franquia mais atirado da NBA, militante das redes sociais, pronto sempre para desafiar os jornalistas e os concorrentes, certamente vai dizer que sim. Vai dar de ombros: tipo, vocês não sabem do que estão falando.

Mas pergunte a Shawn Marion, José Juan Barea, DeShawn Stevenson e até mesmo a Tyson Chandler, que está de volta a Dallas, o que eles pensam a respeito. Você pode esperar respostas que variam da ironia ao rancor, de uma gargalhada a lágrimas deprimidas, num reflexo da decisão corajosa – e duvidosa – que Cuban e Donnie Nelson tomaram no verão de 2011, abrindo mão de vários integrantes do único time da franquia que conseguiu o título, depois de centenas de milhões de dólares gastos e diversas tentativas frustradas.  “Nós não demos a nós mesmos a chance de defender o troféu”, lamenta Marion, ainda hoje, em Cleveland.

As regras trabalhistas e o modelo de negócios da liga americana estava passando por uma drástica fórmula de reformulação, e a diretoria do Mavericks optou por não estender o contrato de diversas figuras importantes da campanha vitoriosa, de imediato, para preservar a tão propalada “flexibilidade” em suas operações. A ideia era não assinar contratos de longo prazo, em busca de teto salarial para conseguir mais uma superestrela para jogar ao lado de Dirk Nowitzki.

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Na época, Cuban se gabava de enxergar o futuro da liga dois passos à frente dos concorrentes – e que prorrogar o vínculo de seus campeões seria oneroso a médio e longo prazo. Ok, tirando David Kahn, ninguém quer pagar US$ 4,5 milhões em média para Barea, a despeito dos estragos que ele fez contra o Miami Heat na final. Mas e quanto a Tyson Chandler? O Mavs abriu mão de um excelente defensor em seu auge. Com um adendo: um excelente defensor de 2,13 m de altura, inteligência, força física e liderança. Numa confissão de arrependimento, se viram obrigados a resgatá-lo três anos depois. Três anos mais velho, no caso.

Com o espaço na folha salarial, os caras bem que tentaram. Queriam Deron Williams – e deram sorte de não consegui-lo. Dwight Howard nem aceitou a piscadela direito. Chris Paul não foi para o mercado. Carmelo, LeBron… Sonhar não custava nada. No fim, os novos companheiros de impacto para o craque alemão se tornaram Ellis e Parsons, mesmo. Ellis fez seu melhor campeonato sob a orientação do crânio Rick Carlisle, desafogou a vida de Nowitzki e, ganhando US$ 8,6 milhões este ano, tem um salário que parece barganha – seu ex-companheiro de Milwaukee, Brandon Jennins ganha apenas US$ 600 mil menos, e ele só se equivaleria a Monta em seus delírios egocêntricos. O que economizaram nesse negócio, contudo, tiveram de despejar na conta bancária de Parsons. Para tirar o ala de Houston, só mesmo pagando US$ 45 milhões por três anos, num contrato cheio de artimanhas para evitar que o Rockets cobrisse a oferta. Como se precisasse.

Com Nowitzki ainda desafiando a lógica, esses dois reforços, a volta de Chandler, um elenco de apoio experiente e competente e um treinador ainda subestimado, o Mavs está fortíssimo. Só não dá para dizer que esteja mais perto do título do que três anos atrás…

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

O time: o ataque do Dallas vai seguir de elite, não há dúvida. Na temporada passada, foi o segundo mais eficiente da liga, empatado com o do Miami. Nowitzki ainda é a figura central aqui, com sua incrível capacidade de conversão nos arremessos, que contraria sua mobilidade cada vez mais reduzida. Nesse ponto, mais uma vez se faz necessário o elogio a sua dedicação nos treinamentos. Com o alemão representando ainda uma séria ameaça para qualquer defesa, por sua capacidade de matar de qualquer canto da quadra.

A presença de Ellis, um criador de primeira, ajuda a aliviar a pressão em cima do líder e também gera chutes mais fáceis. Parsons também oferece arremesso de longa distância e versatilidade, se movimentando muito bem sem a bola. Devin Harris chegou ao ponto de sua carreira em que virou subestimado. Jameer Nelson vai conduzir as coisas com segurança e também ameaça no perímetro. A defesa, porém, foi outra história: o Mavs se posicionou entre os dez piores para proteger sua cesta (8º pior, para ser mais exato), e a esperança é que a presença de Chandler, muito mais atento, alto e competitivo que Samuel Dalembert, ajude o time a subir uns dez degraus nessa lista, pelo menos. Se acontecer um milagre desses, a equipe sobe junto na duríssima conferência.

A pedida: para o Mavs seria muito importante o mando de quadra já na primeira rodada. Isso, claro, se eles chegarem aos playoffs. No Oeste, nunca se sabe…

Olho nele: Al-Farouq Aminu. O ala de 24 anos também foi contratado nas férias, mas sem a mesma badalação de Parsons. Porque, claro, é um jogador bastante inferior ao ex-garoto-propaganda do Rockets. Existem algumas coisas que Aminu sabe fazer muito bem, porém. É um excelente reboteiro para alguém de sua estatura, nem sempre jogando perto da cesta, com média de 8,5 na carreira, em projeção de 36 minutos. Oitava escolha do Draft de 2010, o jogador não tem lá uma posição definida, o que dificultou um pouco seu aproveitamento nas casas anteriores (Clippers e Pelicans). Mas é um atleta de primeiro nível, que pode ser muito bem aproveitado por uma cabeça aberta como a de Carlisle, que sabe tirar o máximo de seus comandados. Seu estilo, aliás, se encaixa com o de Dirk, atacando a tábua ofensiva com voracidade, enquanto o alemão tem liberdade para chutar de média para longa distância. Aminu, que defende a Nigéria em competições Fiba, pode ajudar no balanceamento de quadra, assim como ocorreu com Shawn Marion no passado.

Abre o jogo: “Ele me pareceu cansado hoje, e seu arremesso estava saindo curto. Ele está trabalhando para perder um pouco de peso. Ele está um pouco mais pesado. Isso é um trabalho em progresso, e hoje foi uma das noites que esse peso extra o atrapalhou”, disse o técnico Rick Carlisle, sobre Parsons, após uma derrota para o Oklahoma City Thunder em amistoso de pré-temporada. Para o treinador, o ala precisaria perder no mínimo 2,3 kg (cinco libras). A declaração sobre o homem de US$ 15 milhões anuais, claro, não pegou bem.

Abre o jogo 2: Parsons disse que daria conta disso. Depois, o treinador se viu obrigado a divulgar um comunicado pedindo desculpas ao jogador e todo seu elenco. “Foi injusto e inapropriado destacar Parsons. Foi um erro de julgamento”, afirmou. Aí o reforço disse que tudo bem: “Ele veio falar de homem para homem, e temos um ótimo relacionamento. Já ficou no passado, agora vamos seguir em frente. Isso apenas mostra que tipo de cara ele é. Estamos nessa juntos”, disse. Carlisle, então, brincou: “Caso fechado. Já recebi minha punição. Minha esposa e minha filha agora são seguidoras oficiais de Chandler Parsos no Twitter e no Instagram”.

Você não perguntou, mas… saiba que, nas férias, aos 36 anos, com aproveitamento excepcional e mais de US$ 200 milhões ganhos durante toda a carreira, Dirk achou que era prudente desenvolver uma nova mecânica de arremesso, de modo que se tornasse mais rápido em sua elevação, uma vez que a agilidade nas pernas já está bastante reduzida. Trabalhou, para isso, com seu bom e velho amigo/mentor Holger Geschwindner.

Detlet Schrempf, NBA, Alemanha, rookie, card, MavsUm card do passado: Detlef Schrempf. Muito antes de Nowitzki, o Dallas Mavericks teve seu primeiro ala vindo da Alemanha, com mais de 2,05 m e exímio arremessador. Quer dizer: Schrempf era alemão, mas não havia chegado diretamente de seu país, mas, sim, da Universidade de Washington, pela qual se formou. Aos 23 anos, ele estreou em Dallas na temporada 1985-86. Era reserva de uma grande equipe de meados dos anos 80, com Rolando Blackman, Mark Aguire, Derek Harper, Sam Perkins, entre outros. Num tremendo erro de cálculo, acabou trocado em fevereiro de 1989 para Indiana Pacers em negociação pelo pivô Herb Williams (cara que, depois, viraria patrimônio vivo do New York Knicks). Em Indiana, pela primeira vez, depois em Seattle, ele seria eleito para três All-Star Games, numa bela carreira. Schrempf era bastante sólido e versátil, fazendo de tudo um pouco, e bem. Ele se aposentou em 2001, aos 38 anos. A essa altura, seu compatriota já havia concluído sua terceira temporada na liga e era uma estrela em ascensão.


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