Jukebox NBA 2015-16: Houston Rockets, e essa coisa de química
Giancarlo Giampietro
Em frente: já estamos nos playoffs e o blog vai tentando fazer uma ficha sobre as 30 franquias da liga, apelando ainda a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:
A trilha: ''I Am Chemistry'', Yeasayer
O Houston Rockets foi para a quadra nesta quarta-feira, em Oakland, sabendo que, de modo mais que improvável, uma grande porta lhe havia sido aberta. Podem até chamá-la de Porta da Esperança, se quiserem. O Golden State Warriors estaria sem Stephen Curry. Nesse quadrante dos playoffs, o cenário ficou ainda mais incerto (e interessante) devido às desfiguração do Clippers, agora sem Chris Paul e Blake Griffin. Então que tal respirar fundo e tentar uma última vez colocar a casa em ordem? Estava bem em cima da hora, sim, mas dava tempo de reagir e tentar salvar uma temporada que avançou de modo turbulento, desde o training camp.
Qual foi a resposta, então, que eles deram? Contentar-se em apanhar do Warriors desde o tapinha inicial, mesmo. Com 12 minutos de jogo, o time da casa já vencia por 17 pontos, tendo anotado 37. Alguém aí falou em resistência, orgulho e seriedade? Nada: terminou 114 a 81, uma vergonha. E fim de papo, fim de suplício.
Aparentemente, só James Harden tinha interesse no jogo, na metade do jogo que lhe convém: o ataque, ao converter seis de seus primeiros sete arremessos. Àquela altura, seus companheiros haviam simplesmente errado todas suas 12 tentativas de cesta. Aí, meus amigos, com Shaun Livingston inspirado, Klay Thompson bombardeando, Draymond Green e Iguodala fazendo a bola girar, o estrago já era imenso. Foi um desfecho emblemático, aliás. Harden fazendo de tudo, mas por conta própria. E, mais tarde, nos últimos minutos, com a barba de molho, via Dwight Howard em ação, até os últimos segundos, sem a menor chance de reação. Algo até bizarro para a tradição da liga.
São vários pontos aqui:
1) Harden e Howard claramente não são os mais chegados, por mais que neguem publicamente. Diversas fontes, anônimas ou não, apontaram no decorer do ano que, no mínimo, os dois astros não se dão bem. Antes do All-Star Game, aliás, em conversas separadas com a diretoria, um teria pedido a cabeça do outro. Podemos citar aqui David Thorpe, analista do ESPN.com e, principalmente, treinador particular de Corey Brewer e alguém que tem longo relacionamento com a franquia, já que trabalha com Kevin Martin e Courtney Lee também. Outro que não fez muita questão de esconder esse trauma: Jason Terry, o tipo de veterano que sente que já não deve mais nada a ninguém e sai falando sem filtro nenhum. ''Não tem química nenhuma neste grupo. É horrível para…'', esbravejou à frente de diversos jornalistas após uma derrota para o Portland, em fevereiro, sem que estivesse dando entrevista, marchando em em direção ao vestiário. Foi o último ano antes do intervalo para o All-Star Game. ''Se você olhar bem, vai ver que a química do time não está do modo como gostaria, e espero que o descanso seja o que precisamos. Cada um indo para o seu lugar e se afastando. É como um casamento. Talvez você precise de um tempo distante para se acertar'', disse, pouco depois, mais calmo, mas ainda realista, pouco antes do jogo festivo em Toronto.
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2) Sobre Harden jogando sozinho: não foi assim desde sempre? Depois de fazer um ótimo campeonato em 2014-15, o Sr. Barba entregou novamente números aparentemente maravilhosos, mas em outro contexto, individualista demais, alienando os parceiros, Howard entre eles. Pode-se interpretar de duas formas essa vocação egoísta: o elenco não estava rendendo nada, mesmo, muito abaixo do esperado. Por outro lado, será que essa queda brusca não se deve justamente a uma falta de sintonia com Harden? Virou bola de neve.
Howard já não é mais a mesma figura imponente de cinco anos atrás. Vai ter seus espamos de quando em quando, mas não existe mais garantia de que possa dominar o garrafão diariamente. De todo jeito, é justificável que tenha sido diversas vezes ignorado por completo no ataque?
3) Ainda sobre Harden, recuperando também as informações passadas por Thorpe e que foram confirmadas em diversos relatos anônimos: o astro se apresentou ao training camp com Kevin McHale totalmente fora de forma. Pegou muito mal com boa parte do elenco, claro. Afinal, ele supostamente deveria liderá-los. Não só como um exemplo de conduta, mas essencialmente porque o sistema ofensivo do Rockets depende muito, mas muito mesmo de suas habilidades. Harden é o armador de fato do time e também seu principal cestinha.
Junte as peças: no ano anterior, Harden chegou voando ao time, depois de um papel de destaque pelo Team USA pela Copa do Mundo. Em 2015, ele ganhou as capas doa tablóides ao lado de sua namorada, Khloé Kardashian. Não vou eu julgar a moça, nem dar link para o TMZ, mas o que podemos dizer é que muita gente na NBA via nessas fotos um sinal de perigo. Fato é que, no início de campanha, ele não conseguiu render em alto nível. O time afundou junto. A crise era tão grande nos bastidores que o gerente geral Daryl Morey se sentiu obrigado a demitir McHale, que havia acabado de renovar seu contrato por três temporadas, com apenas 11 (!) partidas disputadas. Foi aquela tentativa básica de se gerar um fato novo e agitar as coisas. Ele se defende dizendo que, de esperasse um pouco mais, poderia ser muito tarde. Com a classificação obtida apenas na última noite da temporada regular, após 37 vitórias e 34 derrotas, pode ser o caso. Ou, numa outra trilha, com Harden recuperado, talvez o time pudesse ter reagido com McHale, mesmo, e jogado ainda mais. Vai saber.
Devido à demissão do to técnico de melhor aproveitamento na história da franquia, com 59,8%, à queda geral desempenho do elenco (alguém se lembra daquele tal de Terrence Jones, por acaso?) e ao desacerto com Ty Lawson, o dirigente foi duramente questionado. A principal linha foi a seguinte: taí o cara dos números se estrepando e aprendendo da pior forma que o basquete, que o esporte se faz na prática, na quadra, no vestiário.
Certo.
Mas como explicar que, praticamente com uma base idêntica, o Houston Rockets tenha chegado à final do Oeste pela temporada passada? Ele não montou aquele belo time seguindo as mesmas práticas? Além disso, o que dizer dos times que quase não dão bola aos números, contratam técnicos boleiros e se dão mal do mesmo jeito? Pois é: não cola esse argumento simplista e, de certa forma, revanchista.
É óbvio que a situação escapou do controle de Morey, McHale e Harden/Howard. O difícil é entender exatamente o que aconteceu. Como é possível que a química de um time se desfazer de forma tão abrupta? Pois é. Pode parecer chavão esportivo para muitos. Mas a harmonia de vestiário vai ser, na maioria dos casos, tão preponderante como o talento de seus jogadores, com números, grana para egos e diferentes currículos para administrar. Pode achar bobagem, mas, mesmo sem Curry, o Warriors avançou com tranquilidade, um ano depois de eles terem se enfrentado em uma final de conferência mais competitiva.
Daí que, além do título óbvio, que Walter White adoraria, a faixa do Yeasayer se encaixa também por sua formação: é mais uma das tantas bandas estabelecidas na onda semi-novo-eletrônica-multicultural-étnica do Brooklyn. Sendo, na minha modesta opinião, mais talentosa e, hã, harmônica do que 90% de seus, hã, pares.
Mas, bem, de volta a Houston. Não dá para colocar tudo na conta de Lawson, a grande novidade, coitado, a despeito de seus problemas pessoais sérios e do fiasco que resultou sua contratação. Em teoria, o baixinho chegaria para aliviar a carga de Harden, como uma segunda opção de criação, também acelerando ainda mais o ataque. Na prática, foi um desastre. Como podemos notar agora que veste a camisa do Indiana, o ex-condutor do Denver não tem conseguido repetir suas melhores atuações. Parece ter virado um armador qualquer. Mesmo se estivesse voando, porém, sua parceria com Harden não funcionou taticamente, e não por um dilema inédito na história do esporte: ambos entregam mais quando estão com a bola. E, por mais que se esperneie, só há uma bola em jogo.
McHale demorou para enfrentar a questão. Poderia ter separado os dois o máximo possível, desde os primeiros jogos. Quando o barbudo fosse descansar, que Lawson fosse acionado para controlar o show. A questão é que, mesmo quando essa estratégia foi posta em prática, não funcionou tão bem. Como quase tudo o que foi tentado durante a campanha: a seleção de Sam Dekker, sabotado por lesões, a queda de McHale, a volta de Josh Smith, a troca vetada de Motijeunas e Thompson com o Detroit, entre outras cortadas. Ao menos, em seu retorno da China, Michael Beasley deu saudável contribuição ao ataque, mesmo que na defesa a história seja outra.
Foi uma espiral de desencontros. Agora o clube vai ter de juntar os cacos e ver quais as possíveis soluções. Daryl Morey está garantido pelo proprietário, Les Alexander. Mas parece pouco provável que Bickerstaff seja efetivado, mesmo que tenha cumprido sua missão numa situação muito desconfortável, como um interino de um time fragmentado. Jeff Van Gundy, técnico do time de 2003 a 2007, e Luke Walton já foram sondados e serão entrevistados.
Em relação ao vestiário, a primeira dúvida é a permanência de Howard, que vai exercer cláusula contratual e entrar no mercado. Aos 30 anos, não está tão velho assim. Mas não dá relevar seus problemas crônicos nas costas e joelhos, que são resultado de 12 anos de liga. Ou seja: são 30 anos de idade, mas com milhagem de veterano que pulou diretamente do high school para a NBA. Sem contar a reincidência no quesito disciplinar: lidar com Harden, pode não ser fácil, mas o pivô também acumula desafetos ou gente desconfiada desde Orlando. Kobe que o diga.
O Sr. Barba também vai ter de passar seu ano a limpo. Fechar o ano com 29,0 pontos, 7,5 assistências e 6,1 rebotes não é de se fazer desfeita. Com estas médias, veja quem lhe faz companhia. Bateu 837 lances livres, ou 174 a mais que o segundo, Boogie Cousins. Não dá para acusá-lo de omissão. O cestinha, que tanto quis sair da sombra se Durant e Westbrook, precisa entender que nem tudo é sua responsabilidade. Não precisa, nem deve tentar fazer tudo sozinho. Tampouco pode esperar que o controle de 100% das ações no ataque vire 10% de compromisso na defesa, sem achar que o desequilíbrio nessas ações vá gerar consequências. Acho que isso ficou claro na última partida do calendário. Daqui a alguns meses, ele poderá reencontrar os companheiros de seleção e se lembrar de como é que se faz.
''Já lido com isso há bastante tempo. Você vai enfrentar todos os tipos de adversidade. O modo como as enfrenta é o sinal de que tipo de time você tem. Nosso time não foi forte o bastante mentalmente para enfrentar essas adversidades e aprender. Fica uma lição para Harden. Como estrela da equipe, você tem de enfrentar certas questões e ainda ser capaz, mentalmente, de elevar seu jogo junto com seu time e levá-lo até onde você quiser que ele vá'', disse Terry, ainda em Oakland, nesta quarta.
São tantas coisas para o Rockets resolver que nem vai dar tempo de acompanhar o desfecho da temporada. O Trail Blazers vai se aproveitar dos desfalques dos concorrentes? O Warriors vai resistir? O Rockets poderia, mas se recusou a discutir e se envolver com as respostas. Melhor evitar. Antes de se meter em ponderações, nada como o Caribe. Ninguém é de ferro.
A pedida? A essa altura, o clube só espera que possa contratar um técnico que consiga se comunicar com Harden (e Howard?) e tirar o máximo de um dos jogadores que é um dos cinco melhores da liga
A gestão: é… Depois de tanto tempo em que Daryl Morey tripudiou em cima da concorrência — sem tantas provocações, que fique claro, mas rapelando praticamente todo mundo em uma mesa de negociação da liga. Basta revisitar a troca por James Harden. Que tenha pago Kevin Martin, Jeremy Lamb e duas escolhas de Draft (que se transformaram em Steven Adams e Mitch McGary) e uma de segunda, é uma das maiores barganhas que podemos listar aqui.
Mas teve muito mais:
– em 2007, sabendo que Vassilis Spanoulis não queria saber mais dessa brincadeira, mandou seus direitos e uma escolha de segunda rodada e acolheu Luis Scola, quando a lenda argentina enfim deixou o basquete espanhol para se testar contra os melhores atletas do mundo;
– em fevereiro de 2009, em mais uma troca tripla, mandou Rafer Alston para Orlando e recebeu, de Memphis, o ala-pivô Brian Cook e Kyle Lowry.
– em fevereiro de 2010, sabendo a ânsia que o Knicks tinha para limpar salário e correr atrás de LeBron James, Chris Bosh e Dwyane Wade no mercado, conseguiu extorquir Donnie Walsh: mandou o restinho de contrato de um quebrado Tracy McGrady para NYC e recebeu Jordan Hill (ainda visto como um pivô promissor e que renderia dividendos no futuro), Jared Jeffries e uma escolha de primeira rodada (desperdiçada em Royce White, é verdade). Além disso, ainda arrastou o Sacramento Kings para a troca tripla e recebeu Kevin Martin, que era muito mais produtivo que T-Mac àquela época e, depois, seria peça central para receber Harden;
Seu retrospecto na segunda rodada do recrutamento de calouros também é invejável: Steve Novak (número 32, em 2006), Carl Landry (31 em 2007), Chase Budinger (44 em 2009) e Chandler Parsons (38 em 2011), e ainda precisa ver se Sergio Llull (34 em 2009) vai aceitar um dia se despedir de Madri. Se você acha pouco, basta fazer uma pesquisa, ano a ano, para ver o quanto se aproveita na segunda metade dos Drafts… Em relação à primeira rodada, Aaron Brooks (26 em 2007 e que, mais tarde, renderia Goran Dragic e uma escolha de Draft), Patrick Patterson (14 em 2010) e Clint Capela (25 em 2010) foram alguns sucessos. Terrence Jones ainda é uma incógnita, enquanto Marcus Morris não foi bem aproveitado.
(Agora, claro que o cara não é infalível. Uma troca equivocada em 2010 foi quando mandou uma escolha de primeira rodada para o Nw Jersey Nets para apostar em mais um cabeça-de-vento como o ala Terrence Williams. No mesmo ano, trocou Trevor Ariza por Courtney Lee. Depois, mandou Courtney Lee para Boston sem receber nada de valor em troca, a não ser uma escolha de segunda rodada – que, de todo modo, também foi no pacote por Harden e se transformou em Alejandro Abrines. O fato de ter ido atrás de Ariza depois mostra arrependimento. A aquisição dos direitos de Jermaine Taylor e Joey Dorsey pela segunda rodada do Draft também não colou. Royce White foi um fiasco no Draft de 2012.)
Se for para filtrar toda essa enxurrada de transações, o saldo é bem positivo. Tudo parecia correr direitinho. No ano passado, o projeto com Harden-Howard rendeu ao time sua primeira final de conferência desde a era Olajuwon. Um ano depois, porém, está à procura de novas respostas. Vamos ver no que dá. Não esperem que ele fique parado.
Olho nele: Patrick Beverley
Temos aqui um caso que desafia qualquer nomenclatura: na defesa, o camisa 2 vai defender armadores de um lado e, do outro, vocês sabem, se desloca para o lado, sendo mais um chutador à espera de definições do barbudo. Já que Harden domina a bola, ao seu lado, na backourt, Beverley acaba sendo um complemento perfeito, ainda mais agora que atingiu o aproveitamento de 40% nos tiros de três pontos, ajudando a espaçar a quadra para as infiltrações do craque do time. Funciona melhor em comparação com Ty Lawson. O que não quer dizer que seja um jogador superior.
Mas seu ganha-pão ainda é a defesa, o que deixa a parceria com Harden ainda mais conveniente em termos táticos. Contumaz, ágil com os pés e as mãos, desperta a ira dos mais esquentadinhos e recebe elogios e respeito daqueles que sabe como essas coisas funcionam para aqueles que nem sempre foram vistos como estrela, como Draymond Green, que foi fazer a escolta de Steph Curry depois de ele e Beverley terem se enroscado no primeiro tempo do Jogo 1. ''Você meio que espera isso de um cara como Pat. Foi o modo como ele construiu sua carreira na liga. Agora ele ganhou seu contrato, mas ainda joga do mesmo jeito. E eu o respeito que ele se mantenha fiel ao seu estilo. Ele não foge disso'', disse o ala-pivô.
Um card do passado: Scottie Pippen. Sabe essa história de se montar supertimes, com múltiplos candidatos certeiros ao Hall da Fama? Definitivamente não começou com os superamigos de Miami. nem com o Los Angeles Lakers de Kobe, Gasol, Nash & Howard, aquele fiasco retumbante. São várias as tentativas no decorrer da história da NBA, e o Houston Rockets da temporada 1998-99 (que, na verdade, só foi disputada em 99, mesmo, devido a estes lo(u)cautes da vida…) é um desses casos, lembrando bastante o caos vivido por L.A. em 2012-13.
Pippen não queria ver a diretoria do Chicago Bulls nem mesmo se o gerente geral Jerry Krause estivesse dirigindo um carro-forte cheio de barras de ouro. O ala era a frustração encarnada devido ao seu contrato realmente pífio — e à recusa do clube de renová-lo — e só não havia forçado sua saída da franquia anos antes graças aos apelos de Michael Jordan e Phil Jackson. Quando os dois partiram, o ala foi junto, aceitando uma proposta do Rockets. Lá, jogaria ao lado de Hakeem Olajuwon e Charles Barkley, assumindo a vaga aberta pela aposentadoria de Clyde Drexler. A negociação despertou tanto interesse que rendeu a Pippen uma capa da Sports Illustrated, a única de sua carreira para a qual posou solitário. O time nunca rendeu aquilo que o técnico Rudy Tomjanovich esperava, a despeito das 31 vitórias e 19 derrotas, que renderam apenas o quinto lugar na conferência. Nos playoffs, o Rockets foi eliminado já na primeira rodada por um Lakers ainda pré-Phil Jackson, por 3 a 1. Só não foram varridos devido à melhor atuação de Pippen pelo time, somando 37 pontos e 13 rebotes no Jogo 3.
Pois o hexacampeão nem perdeu tempo. Dias depois da eliminação, comunicou ao clube que não havia mais clima para ele ficar lá. Queria ser trocado, afinal de contas. Barkley não perdoou: ''Ele querer sair depois de uma temporada é uma grande decepção. O clube fez de tudo para contratá-lo, os torcedores o trataram tão bem''. Acontece que o que Chuckster não contou foi que ele era justamente a principal razão para o descontentamento de Pippen, que diria: ''Não pediria desculpas a Charles Barkley nem mesmo sob a mira de uma arma. Ele jamais poderia esperar desculpas de mim. Na verdade, acho que ele me deve desculpas por ter se apresentado para jogar com sua bunda gorda''. Ouch. Problemas de quê? Relacionamento… Química, claro. Além de gordura localizada, no caso.
Naquele ano, a temporada começou muito tarde. Não foi só Barkley que chegou fora de forma para jogar o campeonato. Foram dezenas de atletas nessas condições, o que arranhou, e muito, a imagem do sindicato, que havia se metido numa briga ferrenha com os proprietários pela divisão de lucros da liga. Por outro lado, segundo dizem por aí, os jogadores do San Antonio, time que ganharia seu primeiro título, chegaram voando. Eles teriam se reunido na cidade mesmo semanas antes da resolução do lo(u)caute, de modo informal — ou ''pirata'', mesmo, como você preferir — para treinar com Gregg Popovich. As atividades estavam proibidas.
Pressionado, o Rockets mandou Pippen para Portland, em troca de um pacote que não empolgou muito: Stacey Augmon, Kelvin Cato, Ed Gray, Carlos Rogers, Brian Shaw e Walt Williams. Cato, pelo menos, faria parte do pacote futuro que levaria Tracy McGrady à equipe.
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