As semifinais da Copa do Mundo em números
Giancarlo Giampietro
Gente, vocês querem números? Faltam apenas quatro jogos para o sonho de uma Copa do Mundo de basquete de verão terminar. Com quatro times em disputa, sendo que um vai sair de mãos abanando, assim como aconteceu com Brasil e Espanha. Mas, isso, claro, vocês já sabiam. Vamos com outros dados, então:
102,3 – Os EUA têm o melhor ataque da Copa, e o restante não chega nem perto. Com 102,3 pontos por jogo, abriram quase 20 de vantagem para a Espanha, que agonizou diante da defesa sufocante dos franceses nesta quarta. Entre os que ainda estão no páreo, a Sérvia aparece em segundo, com 80,1, ajudada pela sacolada que deram no Brasil. A Lituânia anotou 76 pontos em média, enquanto a França tem 72,9 (apenas a 14ª no geral).
68,8% – Sérvia e França estão empatados com este fraco aproveitamento em seus lances livres, valendo as 17ª e 18ª posições no ranking geral. Os EUA, com 71,3%, aparecem em 13º. A Lituânia tem 75,2%, em quarto. Por curiosidade, as Filipinas lideraram o quesito, com 79,6%.
44 – Este a gente colocou no primeiro dessa texto dessa série estatística, mas, depois da tragédia espanhola, vale o reforço: foi em 1970, há 44 anos, a última vez em que o país anfitrião viu sua seleção comemorar o título: a Iugoslávia. O que, nos tempos de hoje, nem vale: eram vários países em um, sendo que três deles disputaram a atual edição: Croácia, Eslovênia e Sérvia.
28 – É a média de idade da Lituânia, o time mais velho entre os semifinalistas. O restante? França e Sérvia empatam com 26 anos, enquanto os Estados Unidos têm 24. Este talvez seja o dado mais relevante para colocar em perspectiva a campanha brasileira, com uma seleção de 31 anos. Todas essas quatro potências já têm uma base armada para o próximo ciclo olímpico.
23,8 – Surpreendentemente, o ala Klay Thompson é o jogador americano que mais tempo fica em quadra no Mundial, com 23,4 minutos, contra os 23 cravados de Kyrie Irving. No total, isso representa apenas três minutos a mais (164 a 161). O pivô Andre Drummond, convocado basicamente como apólice de seguro num eventual embate com a Espanha que agora jamais vai acontecer, somou 38 minutos, quase uma partida de Fiba inteira (6,3 por partida).
22,1 – O quanto a França arremessa de três pontos por jogo, o maior número entre os quatro semifinalistas, mesmo que eles tenham, de longe, o pior aproveitamento (ridículos 31,6%). EUA, Lituânia e Sérvia estão todos na casa de 19 chutes de longa distância por rodada, com os lituanos, claro, tendo a melhor pontaria: 40%. Culpa do pivô Darjus Lavrinovic, que tem acertado surreais 62,5% de seus arremessos, e do armador Adas Juskevicius (57,1%). O Brasil se despediu do torneio com 16,9 tentativas e 37,3% de acerto.
20 – Erros para a Espanha em arremessos de três pontos em sua derrota para a França, tendo tentado 22 disparos. Ok, é um número que pertence muito mais fase anterior, mas, nestes tempos de redes sociais em ebulição por conta desse processo chamado ''Festa da Democracia'', todo mundo parece acreditar que jornalismo é manipulação, né? Então tomem aqui a prova mais clara. (Na verdade, o número é fundamental para explicar a classificação francesa, com uma linha defensiva assustadora, que arrepiou os espanhóis: um time desse nível acertar apenas 9,1% de seus chutes de fora? #sacrebleu).
13,9 – Dos 48 jogadores que ainda podem jogar o Mundial nesta reta final, Miroslav Raduljica, quem diria, é o cestinha, com 13,9 pontos. Logo em sua cola vem o Anthony Davis, mas pode chamar de Monocelha, com 13,7. Passaram quatro equipes que não dependem tanto assim de um jogador para carregar o ataque. Verdade seja dita: era o mesmo caso do Brasil. Entre os 20 principais pontuadores, em média, do torneio, apenas Kenneth Faried, com 13,0, se junta ao sérvio e a seu compatriota nessa. Desta forma, José Juan Barea ao menos pode acrescentar esta linha em seu currículo: ''*Cestinha da Copa do Mundo de basquete 2014, com 22,0 pontos – só não perguntem, por favor, qual foi a campanha do meu time''.
9,9 – Por falar em cestinhas, esta é a média de pontos de Nicolas Batum no torneio. O ala do Blazers, acreditem, lidera a seleção francesa nesse quesito. Joffrey Lauvergne tem 9,4, Thomas Heurte, 8,4, Boris Diaw, 7,9, e por aí vamos… Incrível.
4 – A França falhou em marcar que 70 pontos em quatro de seus sete jogos na competição. Se formos descartar os dados computados contra Egito e Irã, restaria apenas uma partida, então, em que cruzaram essa… Nada fantástica marca. E foi contra quem? Justamente a Sérvia, seu adversário das semis, vencendo por 74 a 73. Mas, 'bora lá repetir todo mundo: ''Cada jooooogo é uma históooooria''.
1 – Apenas um time não tem sequer um atleta com contrato de NBA em seu elenco: a Sérvia. Raduljica jogou o campeonato passado pelo Bucks, foi trocado para o Clippers e acabou dispensado, como já foi amplamente divulgado, embora a turma em geral insista em ignorar isso. O ala Bogdan Bogdanovic foi draftado pelo Phoenis Suns neste ano, em 27º, mas vai seguir sua carreira na Europa, pelo Fenerbahçe, talvez por mais dois anos, antes de pensar numa transferência. No clube turco, terá a companhia de Nemanja Bjelica, jogador já selecionado pelo Minnesota Timberwolves. Quem sabe Flip Saunders não decide dar uma chance para o ultratalentoso ala-pivô num futuro próximo? Sem Kevin Love, há vagas. E aqui vale um destaque importante: é muito tentador escrever que a Sérvia não tem sequer um jogador de NBA. Porque, a julgar pela cobertura geral do Mundial, só importa quem joga nela, né? Só o selo de aprovação da liga atestaria a qualidade de um atleta. Aí vem a Sérvia, e… Pumba.
0 – Nenhum jogador naturalizado vai disputar as semifinais. Quem chega mais perto disso é o Kyrie Irving, que nasceu na Austrália, mas se mudou com o pai, mais um desses ciganos e jogadores americanos, aos dois anos de idade. Sábia decisão a dele, já que os Boomers têm dono: Patty Mills, e ninguém tasca. Sem contar que, em 2020, será a vez de Dante Exum. Ah, a França tem suas importações também, mas em outras circunstâncias. Tanto Florent Pietrus como Mickael Gelabale procedem de Guadalupe, que fica no Caribe, mas ainda é território francês. O ala reserva Charles Kahudi é de Kinshasa, no Congo, mas fez toda a sua carreira no país latino, algo mais que recorrente.