Michael Jordan abre os cofres e convence Al Jefferson a jogar pelo Bobcats
Giancarlo Giampietro
Pronto, já podem dar a chave de cidadão de Charlotte para o Baby Al. Não é todo dia que um agente livre topa uma enrascada dessas.
Mas, sem paciência para ver o que o mercado lhe reservaria quando o chorão do Dwight Howard, o pivô ex-Utah Jazz, pouquíssimo badalado considerando os outros nomes que centralizavam as atenções nos primeiros dias de negociatas, topou nesta quinta-feira um contrato de três anos e algo perto de US$ 40 milhões para vestir a camisa de um eterno saco de pancadas.
Os dois primeiros anos de vínculo seriam garantidos – e o atleta poderia exercer uma cláusula antes do terceiro. Providencial essa, aliás: embolsa uma boa grana por dois campeonatos e, se as coisas seguirem na mesma para o eterno saco de pancadas, consegue zarpar e, talvez, ir atrás daqueles contratos descarados em busca de um anel.
Outra grande notícia aqui é o fato de Michael Jordan ter assinado o cheque. Obviamente estamos falando de outro que perdeu a paciência – ''Que novidade'', pode falar. No ano passado, quando seu time terminava a temporada do lo(u)caute com a pior campanha da história, MJ dizia que tudo bem, que tinha tempo. Convocou uma série de coletivas para dizer que estava de acordo com o plano. Queriam seguir o modelo de OKC: estocar altas escolhas de Draft e formar um time bom e sustentável.
Bem, atiraram toda essa papelada pela janela agora.
Para fechar o negócio (quase) bombástico, o Bobcats terá de anistiar o ala Tyrus Thomas, que tem a honra de resgatar esse termo que já andava em desuso no mercadão da liga. Funciona assim: uma equipe teria o direito de escolher um contrato que considere ingrato em seu elenco para limpá-lo de sua folha salaria. O clube ainda paga os salários do atleta, mas ao menos consegue um respiro para buscar novas contratações sem se enforcar com multas pesadas. Ou seja: Thomas vai embolsar US$ 18 milhões nos próximos dois anos sem precisar pisar em Charlotte tão cedo. Amém.
Na quadra como fica?
O técnico Steve Clifford, outra novidade, ganha um dos pivôs mais talentos ofensivamente de toda a liga – Jefferson pode matar de média distância com regularidade e sabe jogar de costas para a cesta, com jogo de pés criativo e boa munheca. Um sólido reboteiro também. São praticamente 18 pontos e 10 rebotes garantidos por partida. Do outro lado, porém, Bismack Biyombo não poderia ser mais útil, já que seu novo companheiro de garrafão é meio que um peso morto na defesa. Lento, vulnerável em jogadas de pick-and-roll, o recém-contratado também não intimida na hora de proteger o aro. De qualquer forma, o garrafão fica reforçado, ainda mais com o promissor Cody Zeller adicionado via Draft.
Um problema a ser resolvido, porém, é o fraco jogo de perímetro do Bobcats. Para Jefferson poder atuar, precisa-se de arremessadores desesperadamente. Se Michael Kidd-Gilchrist conseguir se apresentar pelo menos como um atacante medíocre nos tiros de média ou longa distância, já ajudaria bastante. Se Ben Gordon também tiver um mínimo de boa vontade, também seria de bom grado.
De qualquer forma, seria recomendável Jordan investir alguns tostões a mais num especialista. Mas, calma lá também. Em termos de Bobcats, o que eles toparam pagar hoje foi algo já histórico.
PS: os negócios só podem ser oficializados no dia 10 de julho. Até lá, pode ser que o Utah Jazz tope algum negócio paralelo com o Bobcats, que mandaria algo em troca do pivô no esquema ''sign-and-trade'' (''assina-e-troca''). De todo modo, o time de Salt Lake City está interessado, mesmo, em ver seus dois garotões – Derrick Favors e Enes Kanter – se desenvolverem, e chegou a hora de ver o que eles podem oferecer para valer.