A primeira decisão certa de Michael Jordan? Novo técnico do Bobcats é aclamado
Giancarlo Giampietro
Olha, vocês podem até estranhar, ou e assustar, mas, A julgar pela reação despertada pela contratação de Steve Clifford como técnico do Charlotte Bobcats, dessa vez o melhor jogador de todos os tempos e um dos piores dirigentes da história, parece que o cartola Michael Jordan acertou uma.
É sério.
Entre jogadores que já trabalharam com o treinador e outros companheiros de prancheta, como um amigo disse, parecia a maior injustiça do basquete, para não dizer do mundo, que Clifford, assistente toda a vida, ainda não estivesse à frente de uma equipe. Qualquer equipe que fosse. Mesmo que seja o Bobcats.
E, bem, tomara mesmo que seja o caso, né?
Afinal, ele será o sexto treinador diferente da franquia desde a temporada 2006-2007. A lista de antecessores: Bernie Bickerstaff, Sam Vincent, Larry Brown, Paul Silas e Minke Dunlap.
Desses, quem teve o melhor rendimento foi o legendário Brown, único treinador a ter sido campeão tanto universitário como da NBA. E, por melhor rendimento, saiba que estamos falando de aproveitamento de 45,8% em duas campanhas. Abaixo da mediocridade, isto é, ainda que, no meio do caminho, tenha garantido pela única vez o Bobcats em uma edição dos playoffs, em 2010, com mais vitórias (44) do que derrotas (38).
Com as constantes trocas que pede e orquestra, ele conseguiu reunir um elenco realmente decente, com Stephen Jackson, Gerald Wallace, Raymond Felton, Boris Diaw, Tyson Chandler, Nazr Mohammed, Tyrus Thomas, Raja Bell, Gerald Henderson e DJ Augustin. Esse não lembra um time de NBA? Quer dizer, pelo menos em 2010, quando Thomas ainda estava vivo e Wallace e Jackson, sem problemas de junta, lembrava, sim.
O problema é que Brown não consegue parar sossegado. A cada mês ele se enamora por um jogador e passa a detestar o outro. E toca mandar mensagem, telefonar, beliscar, cutucar o ombro e fazer sinal de fumaça em direção ao proprietário e o gerente geral para pedir mais e mais negociações. Até que chega aquele momento em que a relação fica (ficou) insustentável.
De acordo com relatos diversos, Jordan não deve ter esse tipo de problema com Clifford. ''Acho que ele tem grande habilidade com as pessoas e grande qualidade como um técnico de basquete'', afirmou Jeff Van Gundy, ex-comandante do Knicks e do Rockets, hoje comentarista da ESPN. ''Steve é o tipo de cara que pode treinar times jovens em reconstrução, times que estejam beirando os playoffs e times experientes. Eu realmente acredito nisso.''
Clifford trabalhou com JVG nas duas franquias. Seus laços com a família Van Gundy, então, se estenderam para Stan e o Orlando Magic, com o qual trabalhou de 2007 a 2012 – e as coisas funcionam assim, mesmo, na liga. Os cargos de técnicos são constantemente entregues, distribuídos dentro de uma irmandade. De vez em quando um ou outro escapa, como no próprio caso do novo Bobcat, que esteve com o Lakers no último campeonato, deslocado no estafe de Mike D'Antoni.
A irmandade dos Van Gundy tem Pat Riley como patrono, Erik Spoelstra como o caçula e Tom Thibodeau, outro ex-assistente do Rockets, no meio. Essa turma toda saiu estourando champanhe por aí por esses dias. Thibs mandou mensagem para SVG: ''Este é um grande dia para todos nós''.
Sobre o assunto, SVG se tornou a fonte número um para os jornais de Charlotte, uma vez que chefiava a comissão com Clifford por cinco anos em Orlando. ''Steve é um grande treinador. Ninguém merecia mais. Ele não tem ponto fraco. É ótimo no riscado e um tremendo professor. Vai deixar seu time preparado todas as noites'', disse.
Agora, os elogios não se resumiram só aos amigos. Diversos jogadores elogiá-lo. Entre eles: JJ Redick, Marcin Gortat, Quentin Richardson e Hidayet Turkoglu, entre eles. ''Parabéns! Grande técnico e ótima pessoa! Grande contratação! Adorei trabalhar com ele'', tudo nessa linha. ''O Bobcats vai vir forte no ano que vem!'', sublinhou Gortat. Isso não é nada normal, gente. De jogadores falarem em público de um treinador com o qual nem vínculo direto eles têm mais.
Fica a expectativa, então, para o trabalho que vai ser realizado em Charlotte, em sua primeira jornada como treinador principal. ''Qualquer bom treinador tem uma boa e clara visão sobre como quer ver seu time treinando e jogando – e eu tenho isso. Já vi que a carga certa de trabalho e de comunicação podem fazer para um time. Sim, sou inexperiente como treinador, mas estou confiante e sei como quero fazer isso'', disse o técnico, que assina contrato de dois anos com um terceiro opcional para a franquia.
Clifford vai herdar uma equipe que venceu apenas 28 partidas e perdeu 120 nos últimas duas temporadas. Um aproveitamento de 18,9% no geral, cacilda. Quer dizer, então, que vai precisar de toda a boa fé do mundo. Quando chegou a parada do All-Star Game, já eram 12 vitórias e 40 derrotas.
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No dia 24 de novembro de 2012, o Charlotte Bobcats tinha sete vitórias e cinco derrotas. No início de campanha, bateram Indiana Pacers (veja só!) e Dallas Mavericks. Uma nova era! Que nada: até o dia 29 de dezembro, eles perderam 18 partidas seguidas, e o sonho acabou. Foram terminar o ano com 21 triunfos e 61 reveses, graças a uma inacreditável sequência de três resultados positivos nas últimas rodadas.
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É por isso que fica qui, então, uma paródia da música ''Don't Stop Believin''', da banda Journey, sobre as dificuldades de se jogar pelo Bobcats:
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No momento, o processo de mudança de Charlotte Bobcats para o bom e velho Hornets ainda não tem um prazo certo, mas deve acontecer. Pode ser que seja concluído apenas para 2014-2015. Pelo menos essa parte do universo se acerta, né? Se o Jazz não está nem perto de sair de Utah, voltando para New Orleans, que pelo menos a marca Hornets volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído.