Chefão do Celtics diz que gostaria de manter Leandrinho apesar de lesão. Mas calma
Giancarlo Giampietro
Vamos tentar entender o que vem por aí no futuro de Leandrinho, sem exercícios de futurologia ou sentimentalismo.
A melhor notícia para o ala-armador, depois da primeira lesão drástica da carreira do brasileiro desde sua chegada aos Estados Unidos, saiu nesta quarta-feira. Foi tão rápido como o brasileiro gosta de atacar: o vice-presidente do Boston Celtics, chefão das operações de basquete Danny Ainge afirmou que pretende manter o ligeirinho em seu elenco, a despeito da ruptura de ligamento colateral do joelho que o jogador sofreu em derrota para o Charlotte Bobcats na segunda-feira.
''Nós adoramos o que Leandro fez'', afirmou o cartola. ''Mesmo com nosso time próximo das multas de tetlo salarial, sentimos que Leandro ajudaria nosso e que sua hora iria chegar para nós aqui. É uma perda difícil.''
É raro e legal ver um dirigente se pronunciando desta maneira. Teoricamente, o vínculo de Leandrinho com o Celtics vence ao final da temporada, e, a partir daí, o clube não teria obrigação alguma a mais com o atleta. Saber do interesse em elaborar um novo contrato com o brasileiro nessas condições, então, se torna algo bastante positivo.
Mas sempre tem um ''mas'', não?
E nesse caso não estamos falando de um, porém de vários:
– Foi uma sinalização de Ainge, mas não uma promessa;
– Ainge é o mesmo dirigente que já afirmou que nunca mexeria com seu antigo ''Big 3'' – Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen –, mas que, na temporada passada, por pouco não fechou um negócio que enviaria Ray-Ray para Memphis em troca de OJ Mayo. Isso já foi confirmado até por Doc Rivers, uma informação que ajuda a entender o porquê de Allen ter assinado com o arquirrival Miami Heat para esta temporada, a despeito de ter uma proposta maior de Boston na mesa;
– Ainge também é o mesmo dirigente que, simultaneamente ao bate-papo com o Grizzlies, também quase despachou Pierce para o Nets, em troca de uma escolha de ''Draft'' que acabou endereçada ao Portland por Gerald Wallace, escolha que acabou se transformando no extremamente promissor armador Damian Lillard;
– Tudo isso não para dizer que Ainge não tem palavra. O problema é que, no mercado volátil da NBA, há muitos fatores que influenciam, que pesam na decisão de um dirigente. Pensando na atual situação do Celtics, muitas dessas casualidades serão respondidas nos próximos oito dias, até 21 de fevereiro de 2013, que é a data-limite para trocas na atual temporada. Por exemplo: tudo indica que Ainge não vá se desfazer de Garnett ou Pierce nesta temporada, curioso para ver no que pode dar a atual campanha, a despeito de tantas baixas. Mas isso não quer dizer também que o ex-armador esteja com o telefone desligado. Ele poderia tentar buscar algum substituto para Leandrinho mesmo ou Rondo nesta temporada. Qualquer negócio que traga a Boston mais peças do que sairão pode influenciar em qualquer negociação com o brasileiro no futuro. No sentido de que o clube pode já se comprometer com o máximo de jogadores possível (15) para uma temporada. Chegando então ao período, pré-Draft, em que as negociações entre todas as franquias se intensificam, não dá para ter certeza alguma de que Ainge vá poder assinar com Leandrinho, ou não;
– E para Leandrinho? Valeria assinar com o Celtics? Não vamos nos esquecer que o jogador, oras, é parte interessada em qualquer negociação também. Por enquanto, o brasileiro não vai passar por cirurgia, pois, além da ruptura do ligamento cruzado anterior, ele sofreu uma lesão também no ligamento médio. Antes de passar por uma cirurgia, ele tem de esperar a reabilitação desse segundo problema. Ou seja: vai acabar demorando um pouco mais sua reabilitação, de modo que ele poderia ter sua pré-temporada para 2013-2014 ameaçada. Desta forma, qualquer negócio firmado com antecedência poderia ser de grande valor. Por outro lado, será que, com o susto da lesão, Leandrinho estaria disposto a conviver com contratos que duram apenas um ano – como foi obrigado a assinar em 2012? Será que ele estaria interessado a voltar para Boston, diante da complicação que foi descolar tempo de quadra no atual campeonato? Será que Terry, Rondo ou Lee continuarão no time? Enfim, são várias questões nesse sentido.
Para alguém que joga com tanta velocidade, é de se imaginar o quão difícil será para Leandrinho o período que vem pela frente: pisar no freio, se medicar, passar por uma cirurgia séria, fazer horas de fisioterapia e, ao mesmo tempo, deixar a vida correr por conta própria, esperar, esperar, esperar e matutar. Matutar bastante.