Cartola sinaliza que Scott Machado só será aproveitado a longo prazo pelo Rockets
Giancarlo Giampietro
O aproveitamento de Scott Machado pelo Houston Rockets não deve acontecer tão cedo, a julgar por uma entrevista do vice-presidente de operações de basquete, Gersson Rosas, ao blog “Ridiculous Upside”, o armador ainda é encarado como um projeto de longo prazo.
O Rockets tem deixado o brasileiro nova-iorquino permanentemente com sua filial na D-League, o Rio Grande Valley Vipers, onde por vezes tem a companhia de mais dois calouros do, digamos, time de cima: os alas-pivôs Terrence Jones e Donatas Motiejunas. Esse par o cartola julga mais preparado para encarar uma concorrência de alto nível. Por outro lado….
“Machado é um caso diferente”, conta. Para, então, abrir o jogo sobre o que esperam do rapaz nos próximos meses, elencando uma espécie de (loooonga) lista de tarefas de casa que Scott tem de cumprir.
“Ele não foi draftado, e, sendo um armador, ele joga na posição mais difícil de se fazer a transição da universidade para a NBA. Estamos investindo muito tempo e nossos esforços ao permitir que ele conduza um time. Queremos que ele faça um bom trabalho coordenando o ataque, fazendo boas jogadas e colocando seus companheiros nos lugares certos para que tenham sucesso. Melhorar do outro lado da quadra como um defensor também é importante. Na D-League, Scott também está em posição de se tornar um marcador melhor. Tudo se resume a aprender como defender melhor os pick-and-rolls, ser um reboteiro consistente na defesa e apenas entender o jogo dos dois lados. O que estamos fazendo é desenvolver um cara que pode causar impacto como um armador reserva.”
Olha, em princípio, não são os comentários mais animadores, não? Nada como a boa e sumida franqueza. Na opinião de um dos três ou quatro principais tomadores de decisão do Rockets, o brasileiro ainda tem muito arroz e feijão para comer antes de se tornar uma presença regular no elenco de Kevin McHale.
Na D-League, os números do armador ainda se mostram pouco eficientes, chamando a atenção especialmente o baixo aproveitamento nos arremessos de quadra e o elevado número de desperdício de posse de bola, e justificam o discurso exigente e, ao mesmo tempo, paciente de Rosas – que, a propósito, esteve no Brasil em 2007 para observar os jogos do Pan do Rio de Janeiro. Creiam.
Agora, um ponto a ser destacado nesse extenso comentário é o fato de a franquia texana estar realmente jogando suas fichas no progresso do rapaz. De modo que enxergam muito potencial para ser explorado. Lembrando: diversos jogadores veteranos foram dispensados no início do ano, já com seus salários garantidos, para que pudessem manter Scott sob sua alçada.
Assim como fizeram com o pivô Greg Smith no ano passado. O jogador, que também passou batido pelo Draft, foi aproveitado em pouquíssimas partidas na temporada passada, ficou um tempão na D-League – onde foi dominante, diga-se – e neste ano emergiu como um excelente reserva para Omer Asik. Sua trajetória é um evidente exemplo que deve servir para motivar qualquer atleta relegado ao campeonato de desenvolvimento. Grupo a que Scott, no momento, pertence.
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As avaliações sobre o desempenho de qualquer jogador na D-League também merecem cuidado: o cotidiano de seus clubes pode ser caótico, por diversos motivos: a rotação constante dos elencos, as idas e vindas dos jogadores da NBA, muita gente querendo mostrar serviço de qualquer forma e a qualquer preço, viagens mais complicadas, menores salários e mais. No caso do Vipers, ainda há a segurança de que seu departamento de basquete é inteiramente gerido pela direção do Rockets. Ainda assim, ser um armador puro, organizador, nesse contexto, não é fácil.
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Um atleta interessante de se observar no elenco do Vipers nesta temporada é o alemão Tim Ohlbrecht, de 24 anos. Ele já foi considerado pelos olheiros europeus como uma grande aposta, mas teve um início de trajetória como profissional um pouco frustrante, com sua dedicação sendo questionada em diversas ocasiões. Pelas poucas partidas do sujeito assistidas no QG 21, seu talento como reboteiro e arremessador é realmente instigante. A opção por deixar a Europa e encarar a “Segundona” da NBA é bem incomum e quiçá sinalize que o alemão tenha caído na real e esquecido os comentários de “próximo-Dirk-Nowitzki”, buscando endireitar a carreira.