Troca de alas reservas revela como funciona um pouco dos bastidores da NBA
Giancarlo Giampietro
Na terça-feira, uma das trocas mais insignificantes da história da NBA foi fechada: o Charlotte Bobcats mandou o esquenta-banco oficial Matt Carroll para o New Orleans Hornets, em troca do ala Hakim Warrick, que até hoje é mais conhecido, mesmo, como o parceiro de Carmelo Anthony na conquista do título universtiário de 2003 por Syracuse do que por qualquer coisa que tenha feito entre os profissionais.
Não era definitivamente algo digno de um post.
Então o que este texto está fazendo aqui?
(E, sim, essa pergunta é o cúmulo da metalinguagem. Mas agora vocês vão entender aonde queremos chegar:)
O texto nasceu quando somos brindados com uma declaração interessante do técnico Monty Williams, do Hornets, indicando qual a motivação de seu time fechar um negócio tão pouco impactante como esses. Uma resposta que diz muito sobre como funciona os bastidores das franquias, da relação de técnicos e dirigentes com seus atletas na liga.
''Não me senti bem de ter Hakim sentado no banco daquele jeito'', disse o treinador, sobre o ala que havia entrado em quadra em apenas uma partida nesta temporada, jogando por apenas sete minutos na derrota para o Sixers.''Não sentimos que era certo fazer isso quando o cara faz tudo aquilo que supostamente tem de fazer e não ganha a chance de jogar.''
Warrick chegou ao clube este ano, como peça complementar no negócio que levou para o Hornets o pivô Robin Lopez, escudeiro do ultrapromissor Anthony Monocelha Davis. Embora não tenha uma carreira marcante na NBA, o ala ao menos teve campanhas muito mais produtivas que Carroll, com média de 9,3 pontos por jogo e um índice de eficiência acima da média. Em Nova Orleans, porém, não ia ter muitas oportunidades, por estar atrás de Davis, Ryan Anderson, Al-Farouq Aminu e Darius Miller na rotação. ''Avaliando bem, fizemos essa troca em nosso detrimento, perdendo um cara como Hakim, que sabe jogar. Sentimos que devíamos a ele abrir uma oportunidade para que ele joge, especialmente sendo este seu último ano de contrato'', completou Monty.
E aí está uma frase reveladora. Se ele não vai para quadra, começam as aflições: o que será de seu futuro na liga? Passou o seu tempo? Se ninguém vai me ver em ação, como pode ser contratado? Ainda mais com as restrições salariais que ficarão ainda mais duras nas próximas temporadas. Se o jogador estiver aflito, infeliz por não entrar em quadra, seria uma influência positiva no vestiário? Quantos desses casos, como o de Warrick, não estão espalhados pelos 30 clubes participantes?
Num mundo de atletas milionários extremamente paparicados, essas são questões para os cartolas e técnicos administrarem e que vão muito além de pranchetas, enterradas e reclamações com árbitros e têm impacto direto no produto oferecido em quadra, já que afetam a química de um elenco.
Nesse sentido, Carroll seria uma dor-de-cabeça muito menor para Williams remediar. Um jogador muito mais acostumado a ficar no banco, a ser uma peça complementar de elenco, mantido hoje na liga muito mais por seu profissionalismo do que por suas habilidades atléticas. ''Sempre podemos usar caras que sabem arremesssar'', diz o técnico. ''Matt tem uma boa rodagem, mas não jogou muito nos últimos anos. Então não sabemos. Vamos ver o que acontece. Mas nós certamente queríamos ajudar Hakim a se envolver em uma situação na qual poderia jogar mais.''