Vinte Um

Prêmios! Prêmios! Os melhores do Oeste antes do All-Star

Giancarlo Giampietro

Estamos na fase de premiação, né? Logo mais o Boyhood deve, precisa, merece ganhar os prêmios mais importantes na cerimônia do Oscar. Bem longe do glamour de Hollywood, aqui na base do conglomerado 21, sediado na Vila Bugrão paulistana, é hora de olhar para o que aconteceu em mais de metade da temporada da NBA e distribuir elogios. Claro que elogios totalmente irrelevantes para os astros da NBA, mas tudo bem.

Fizemos o paupérrimo Leste nesta terça. Agora é a vez das enchentes do Oeste, no qual o Golden State Warriors aparece com chances de fazer a rapa:

Uma foto já com ar de clássica para um jogador que ainda vai dar muito o que falar

Uma foto já com ar de clássica para um jogador que ainda vai dar muito o que falar

MVP do Oeste Selvagem: Anthony Davis
Enquanto ainda vivemos o suspense em torno do New Orleans Pelicans – se eles vão conseguir, ou não, uma vaga nos playoffs –, não consigo apontar em outra direção que não para a espetacular monocelha de Anthony Davis. Existem aqueles que só toleram a ideia de eleger um Jogador Mais Valioso que defenda um clubes vitorioso, não? Pois nem mesmo estes podem virar a cara para o garoto de apenas 21 anos (sim, podem se assustar!), que barbarizou na temporada até aqui. Afinal, o Pelicans ainda está na briga por uma vaga nos mata-matas. Só não está garantido por jogar nessa conferência infernal. Isso já diz muito sobre seu talento.

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Davis pode fazer quase tudo em quadra (proteger o aro, finalizar com maestria, chutar de média distância, atacar os rebotes, atropelar quem acha que pode bloqueá-lo etc.). E ele executa de modo impressionante, com plástica, inteligência e aproveitamento altíssimo – aliás, sustenta o maior índice de eficiência da história.  De qualquer forma, entendo: Stephen Curry e James Harden são opções absolutamente viáveis. Não precisa falar muito sobre eles, né? Curry lidera a melhor equipe da conferência, sendo um pesadelo no ataque (a partir do momento que cruza a linha central, as defesas precisam grudar nele) e também apresentando significativa melhora na marcação. Sem ele, o Warriors seria bem mais fraco. Porém, não dá para ignorar o baita elenco ao seu redor. Já o Sr. Barba está jogando o melhor basquete de sua vida, inclusive, acreditem, pressionando os adversários. Sem Dwight Howard, o Rockets tem campanha de 13-4. É um número impressionante que faz de Harden o vice nessa lista e que valeria, admito, como excelente argumento para destronar Davis. Howard vai ficar afastado por um mês, no mínimo. Dependendo dos acontecimentos, ao final do campeonato esse voto pode mudar.

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Escapou de Nova York

Melhor técnico: Steve Kerr
Terry Stotts, coitado, acaba ofuscado novamente, mesmo que ele tenha elevado o padrão de seu Portland. Dave Joerger conseguiu adicionar elementos interessantes para o ataque do Memphis Grizzlies, sem perder a intensidade defensiva, deixando a equipe muito mais equilibrada. O Doc Rivers executivo atrapalha a vida do Doc Rivers técnico, que faz ótimo trabalho mesmo sem ter um banco de reservas. São todos candidatos sólidos. Mas o impacto que Steve Kerr causou no Golden State Warriors supera tudo isso.

Sob sua direção, o time tem a defesa mais eficiente, o segundo melhor ataque. O que resulta no maior saldo de pontos (disparado, com 11,6 por partida, contra 6,9 do Atlanta e 5,3 do Memphis) e um aproveitamento sempre acima dos 80% no campeonato. Se compararmos o elenco do ano passado com o deste ano, as novidades são Leandrinho – que recuperou seu lugar na rotação e vem jogando muito bem, por sinal – e Shaun Livingston. Quer dizer: não foi no mercado de jogadores que o time se reforçou para dar esse salto. Mark Jackson fez um trabalho até que competente em elevar o senso competitivo do clube. Mas Kerr os colocou em outro patamar. Se fosse para se pautar exclusivamente pelos números, este é o grande favorito ao título.

Melhor defensor: Draymond Green
Green foi um baita achado para o Warriors no Draft e é uma das grandes forças por trás dessa maravilhosa campanha. Curry e Thompson ganham os holofotes com razão, mas este curinga, um verdadeiro pau-pra-toda-obra, é o cara que ajuda a dar a liga. No ataque, mesmo que converta apenas 33% de seus arremessos de três, ele conseguiu desenvolver a reputação de ser uma ameaça a ponto de abrir as defesas. Mas é do outro lado da quadra, mesmo, que ele causa para valer, marcando quem quer que Steve Kerr peça, incluindo os pivôs pesos pesados para as ocasiões em que Andrew Bogut estiver de molho. Com o australiano ao seu lado, fica mais solto para romper linhas de passe e brecar os oponentes no mano a mano, com a rara combinação de mais de um toco e um roubo de bola por partida.

O mais legal: Green faz isso tudo sem ser o jogador mais alto (listado oficialmente com 2,01 m), ou o mais ágil, ou quem mais salte. É tudo energia, força e, principalmente, visão de quadra. Sua ascensão cria um problema até: o passe já se valorizou bastante, e o Warriors pode ter dificuldades financeiras para segurá-lo. De modo que Andre Iguodala e David Lee se tornam descartáveis. Mas essas discussões ficam para depois: o time sonha com o título primeiro, e tem em Green um jogador vital para as batalhas dos playoffs. Outras alternativas: Marc Gasol (o de sempre em Memphis), Tim Duncan (idem em San Antonio), Tyson Chandler (ibidem em Dallas), Rudy Gobert (um freak) e Patrick Beverley (uma peste em Houston).

Green e Speights dão profundidade ao elenco do Warriors

Green e Speights dão profundidade ao elenco do Warriors

Melhor sexto homem: Marreese Speights
É, amigos, eu avisei: corria o risco de dar só Golden State. Entre todos os jogadores do Oeste que começaram um máximo de 15 partidas como titular, Isaiah Thomas e Jamal Crawford despontam como os cestinhas no Oeste, respectivamente com 15,7 e 15,4 pontos no momento em que fechei esse texto (sexta-feira). Não é nenhuma surpresa. Enquanto Spencer Haweks não encontra seu lugar em L.A., Crawford é o banco do Clippers. Já Thomas, com sua velocidade, ignora qualquer um que esteja em seu caminho para a cesta. Até mesmo os companheiros. Speights tem 12,3 pontos – mas com seis minutos e três arremessos a menos de quadra em média. O pivô também supera a dupla em índice de eficiência, ainda que Thomas o siga de perto que Rudy Gobert e Brandan Wright estejam acima na tabela.  Entre volume e eficiência, ele está no meio do caminho, ajudando a dar um descanso salutar a Andrew Bogut e mantendo o banco de reservas do Warriors com alto volume ofensivo, compensando também a baixa de David Lee por um bom tempo. Gobert, pelo modo como altera a retaguarda do Utah Jazz (mesmo com a ótima presença defensiva de Derrick Favors no time titular), e os dois arremessadores de Seattle são os principais concorrentes, além de um revigorado Beno Udrih em Memphis. Agora, um comentário que não acrescenta em nada: Speights pode fazer o que for em quadra, mas sua profissão, com esse nome, com aquela cara, deveria ser boxeador. E pronto.

Gobert, Wiggins (e Dieng entre eles): novíssima geração

Gobert, Wiggins (e Dieng entre eles): novíssima geração

Jogador que mais evoluiu: Rudy Gobert
Acho que, desde a Copa do Mundo, já deu para perceber o mais espigão dos franceses ganhou muitos pontos aqui no VinteUm, né? O pivô melhorou demais em Salt Lake City e forçou sua escalação pelo técnico Quin Snyder. Enes Kanter vai dançar nessa. Ainda em Utah, Gordon Hayward se tornou o líder e a referência ofensiva com que os torcedores e as meninas da cidade tanto sonhavam. Shabazz Muhammad reinventou seu corpo e virou uma máquina de fazer cesta dentro do garrafão com seus ganchinhos de canhota. Há um ano, muitos acreditavam que ele estaria na China a essa altura do campeonato.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Não muito o que discutir aqui. O mais engraçado, mesmo, é que havia gente bem dividida antes de o canadense ir para a quadra: os que apostavam piamente em seus atributos atléticos, imaginando que seu amadurecimento técnico chegaria prontamente, enquanto, do outro lado, os avaliadores estatísticos questionavam bastante o potencial do ala, devido aos números que produziu em sua única temporada em Kansas. E como ele tem se saído até agora? Um pouco no meio do caminho, claro. Wiggins jogou dois primeiros meses de certo modo preocupantes, cometendo mais turnovers do que qualquer outra coisa e tendo dificuldade para acertar a cesta. Aí veio janeiro, e o ala alcançou a marca de 20 pontos em sete partidas, incluindo um recorde pessoal de 33 contra o Cleveland Cavaliers, o time que lhe virou as costas. Nesse mês, ele teve médias de 19,8 pontos, 4,6 rebotes, 2,5 assistências e 47,1% nos arremessos, contrariando qualquer previsão numérica. O suficiente para lhe colocar acima de Jusuf Nurkic, que vem sendo o calouro mais eficiente, mas não carrega responsabilidade similar em Denver. Porque é o seguinte: com adolescentes nunca é cedo demais para ser precavido. Se o que Wiggins produziu em Kansas ficou aquém ou acima, por exemplo, do que Tyreke Evans fez em Memphis, por exemplo, não quer dizer que seja um deles seja um fiasco. Cada um se desenvolve ao seu tempo.

Primeiro time
Chris Paul
Stephen Curry
James Harden
Anthony Davis
Marc Gasol

Segundo time
Damian Lillard
Russell Westbrook
Klay Thompson
Blake Griffin
LaMarcus Aldridge

Terceiro time
Mike Conley
Gordon Hayward
Kawhi Leonard
Tim Duncan
DeMarcus Cousins

Observações: Kevin Durant jogou muito pouco para entrar no primeiro time, embora ele seja do primeiro time de todo O Universo; a linha de frente no Oeste é ridícula a ponto de Zach Randolph ficar fora – posso 'roubar' um pouco ao escalar CP3 e Curry na mesma backcourt, mas mandar Z-Bo, Timmy e Boogie juntos na terceira equipe seria exagerar na dose, e a campanha do Spurs com Kawhi mostra o quanto o ala se tornou relevante por lá. DeAndre Jordan também fica fora, mas isso não quer dizer que não tenha seja um grande pivô, assim como Tyson Chandler. Monta Ellis é o motor do excepcional ataque do Dallas, mas prefiro optar por Hayward, que se transformou em tudo o que a torcida do Utah Jazz sonhava e acaba sendo o único atleta selecionado aqui cujo time perdeu (muito) mais do que ganhou.