Vinte Um

Rodman vira embaixador em visita a ditador norte-coreano apaixonado por basquete

Giancarlo Giampietro

Sr. Rodman, embaixador

CIA, que nada: mandaram o Rodman, mesmo, para a Coreia do Norte

Numa situação política absurda, realmente faz sentido ter um Dennis Rodman como embaixador.

Antecessor de Ron Artest – aquele que tem um fantástico mundo só dele, relatado aqui em casa – na prática do lunatismo na NBA, o ''Verme'', um dos melhores defensores e reboteiros da história, foi convocado pelo produtor Shane Smith para rodar um epsódio de sua série ''Vice'' na Coreia do Norte. Isso depois de ele ter descoberto que o basquete e, mais especificamente, o mítico Chicago Bulls dos anos 90 conseguiam vencer qualquer resistência do regime norte-coreano com o que esteja etiquetado como made in USA.

Smith, que realizou dois documentários no país asiático, mal podia acreditar quando se deparou com uma bola autografada por Michael Jordan estava exposta no museu nacional, na Sala dos Troféus. Segundo consta, o ''artefato'' havia sido entregue a King Jong-il em 2000. O falecido ditador a teria como um tesouro, como prova de sua curiosa admiração pelo esquadrão comandado por Phil Jackson. ''É estranho porque, quando você chega lá, tudo é muito anti-Americano. As crianças norte-coreanas são alimentadas com propaganda anti-Americana basicamente desde o dia em que nascem. Mas é OK gostar de basquete americano'', relata o produtor.

Se voltar a visitar o país acompanhado de Michael Jordan sempre foi algo, digamos, nada realista, a melhor ideia possível era  chamar Rodman, mesmo. ''Dennis topa tudo e qualquer coisa'', resumiu Smith, que também contou alguns Globetrotters para formar uma equipe para a brincadeira que deve durar algo em torno de quatro dias em Pyongyang. O grupo vai participar de um acampamento para ciranças e de alguns amistosos contra combinados norte-coreanos. Mas o grande objetivo, mesmo, seria uma reunião com Kim Jong-un, líder que teria herdado de seu pai a devoção ao basquete.

Sim, Rodman na mesma mesa com o homem que nem pode ouvir falar de Barack Obama.

Não é de se esperar que de um eventual encontro entre essas duas… Hã… distintas personalidades saia qualquer resolução sobre os prometidos testes nucleares por parte do Exército norte-coraeno.

O Verme talvez precisasse de uma ajuda de Artest nessa.

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Com 2,01 m de altura (oficiais, diga-se, embora digam que ele não chegasse a tanto), Rodman liderou a NBA por sete anos seguidos em rebote por jogo, de 1991 a 1995, jogando por Pistons, Spurs e Bulls. Sua melhor média aconteceu em 2001, com incríveis 18,7. Em sua carreira, foram 13,1 por partida.

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Rodman se despediu da NBA na temporada 1999-2000, como jogador do Dallas Mavericks, aos 38 anos, e média de 14,3 rebotes (!). Ele dormia na mansão do proprietário da franquia, Mark Cuban. O namoro entre os dois excêntricos durou pouco: foram apenas 12 partidas ao lado do então adolescente Dirk Nowitzki, em seu segundo ano na liga. Na ocasião, ele ventilou a seguinte ideia: queria enfrentar o comissário David Stern em uma luta de boxe. ''Gostaria que eu e David Stern pudéssemos colocar umas malditas luvas e subir no ringue'', disse. 😉

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Apenas um jogador coreano esteve em quadra pela NBA. No caso, um sul-coreano. Foi o pivô gigante Ha Seung-Jin, de 2,21 m, ex-pivô do Portland Trail Blazers, o qual defendeu entre 2004 e 2006. Ele chegou a ser titular em quatro partidas e teve como recorde os 13 pontos anotados em um confronto com Los Angeles Lakers em 2005. De modo inacreditável, porém, deve ser mais lembrado por sua contribuição ao status de Jail Blazers da franquia do Oregon na década passada, quando resolveu sair no tapa com o bósnio Nedzad Sinanovic (2,22 m de altura!!!), depois de um nada inspirado confronto mano-a-mano em quadra, durante treinos de pré-temporada. Hoje aos 27 anos, Seung-Jin atua na liga nacional de seu país.