Vinte Um

Ainda é preciso paciência na hora de avaliar o renovado e irregular Los Angeles Lakers

Giancarlo Giampietro

Fab Four do Lakers

Por Rafael Uehara*

As expectativas não poderiam ser maiores para o início de temporada. Depois de ser eliminado pelo Thunder em cinco jogos pela segunda rodada dos playoffs passados, o Lakers fez as duas maiores aquisições no mercado de verão, contratando Steve Nash e acertando a chegada de Dwight Howard via troca. Havia algumas dúvidas em relação ao tamanho do elenco da equipe e se Mike Brown era o homem certo para liderar esse grupo de estrelas, mas, em grande parte, a avaliação da crítica (oi!) era de que eles seriam uma superpotência e um candidato claro ao título.

Bem, caminhando para a conclusão do segundo mês de temporada, ainda não aconteceu. O Lakers perdeu 12 de seus primeiros 21 jogos, mesmo tendo encarado a décima tabela mais fácil  da liga até o momento, segundo os dados de Jeff Sagarin, do USA Today.  Mike Brown já é passado faz tempo, depois de a equipe ter perdido quatro de seus cinco jogos iniciais, e Mike D’Antoni assumiu o cargo. A mudança de técnico, por enquanto, ainda não foi significativa, já que eles perderam sete de 11 partidas com o novo comandante.

Kobe being Kobe

Não se esqueçam que Kobe estava por trás da mudança ofensiva de Mike Brown, hein?

As circunstâncias por trás dos tropeços em LA não podem ser  ignoradas, contudo. A equipe começou a temporada tentando empregar um novo ataque, o sistema de Princeton, porque Kobe Bryant havia feito um lobby especificamente pela volta de um sistema de leitura-e-reação (read-and-react), semelhante ao dos triângulos de Tex Winter e Phil Jackson. Nash, então, fraturou a perna no segundo jogo da campanha, em Portland. A direção da fanquia optou pela demissão de Brown, já sem aguentar mais tantas críticas de fora, especialmente por parte de, justo quem!, Magic Johnson – que, a despeito de ser um comentarista na ESPN, ainda continua, de algum modo, num papel de consultor da franquia… Vai entender.

D’Antoni chegou, mas o time ainda não conseguiu se reagrupar. Agora é a vez de Pau Gasol desacelerar devido a uma tendinite no joelho, que o forçou a perder os últimos quatro jogos. Ah, e não se esqueça que Howard ainda está trabalhando para voltar a sua melhor forma, a forma com que pode fazer a diferença em qualquer jogo, depois de sofrer uma cirurgia nas costas que lhe custou meses de jogos na temporada passada e de preparação para esta.

O Lakers tem alguns problemas crônicos que são realmente ameaçadores para a legitimidade de seu favoritismo. Fora Ron Artest, por exemplo, o time não tem alguém física ou atleticamente capaz para defender no perímetro. E, caso você pense em Kobe, tudo o que estará fazendo é expor uma certa desatenção na hora de ver o astro defender (ou, talvez, não defender nada) nos últimos três anos. De acordo com os dados da Synergy Sports, o Lakers é apenas o 14º na hora de defender jogadas no mano a mano, 22º ao marcar os arremessadores que usam corta-luzes para se desmarcar, 26º ao defender jogadores que cortam para a cesta e 18º na hora de cobrir contra-ataques.

Nash e Gasol no banco

Dois distintos senhores testemunhando o início fraco de campanha do Lakers

Estas estatísticas todas são focadas apenas na defesa exterior deles e que provam o porquê de a equipe ter tanta dificuldade diante de equipes dinâmicas como o Grizzlies e o Thunder – na verdade, até mesmo rivais como Knicks e Rockets já tiraram sua casquinha. E o retorno de Nash não vai resolver este problema. Com a atual configuração do elenco, a única solução para isso seria um Howard 100% em forma debaixo do aro – algo sobre o qual não sabemos ao certo ainda quando e se vai acontecer.

Aí também temos a questão envolvendo Gasol. O espanhol não combina com o sistema ofensivo de D’Antoni. É um esquema que não chama jogadas de post-up no garrafão, a principal via do jogador para pontuar. Por mais completo que seja, o jogo de Gasol não envolve corridas velozes pela quadra, cortes para a cesta e um arremesso com pontaria certaria que ofereça mais espaçamento. Realmente não parece algo que possa ser encaixado ali. Faria muito sentido para o Lakers negociar Gasol para receber alguns jogadores atléticos no perímetro e mais arremessadores. Mas isso também não é fácil – seriam necessários US$ 19 milhões para compensar seu salário, algo que pediria talvez mais de um time no negócio, sempre um desafio.

Então, no fim, a paciência se faz realmente obrigatória na hora de avaliar este Lakers. É claro que devemos prestar atenção em suas falhas, mas ninguém também tem de se desesperar no momento, já que é o seu começo. Ainda há dois terços do campeonato pela frente, e dá para dizer com segurança de que será uma equipe diferente ao final da temporada regular – se não forem os nomes estampados nas camisetas, definitivamente será o modo como eles estarão estruturados em quadra.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.