Vinte Um

Deu Argentina de novo: Brasília erra muito e perde em casa para Regatas Corrientes

Giancarlo Giampietro

Alex x Washam

Nem Alex, excelente defensor, teve muito sucesso contra Washam

Você pode não acreditar, mas, num embate entre brasileiros e argentinos no basquete masculino, deu Argentina. Nesta quinta-feira, o Brasília tinha seu confronto com o Regatas Corrientes muito bem encaminhado no primeiro tempo, mas se atrapalhou todo na etapa final, com um festival de desperdícios de posse de Nezinho, e acabou derrotado por 93  a 91, em casa.

Não só o revés conta como mais um no histórico recente entre clubes dos dois vizinhos, como também custou aos candangos a liderança do Grupo B da Liga Sul-Americana.

O Brasília chegou a abrir 17 pontos de vantagem com 14 minutos de jogo, quando caía tudo de três pontos e Guilherme Giovannoni (24 pontos no total) não encontrava resistência em suas investidas. Dava tudo certo. Depois o que acontece? Roda VT: na volta do intervalo, com um pouco mais de pressão sobre a bola, os argentinos conseguem desestabilizar os anfitriões, e aí acontece um carnaval de decisões equivocadas com a bola que permitem aos adversários, de pinguinho em pinguinho, a redução da desvantagem e a virada.

Nezinho, por conta própria, somou seis erros individuais, com muitos passes descabidos. Muitos deles difíceis de engolir. Por exemplo quando o armador, experiente que só, salta com a bola no meio da quadra sem um objetivo claro e acaba atirando a batata quente para os outros resolverem.

Sabemos que é um jogador tinhoso. Nezinho não se conforma com os erros que comete e passa a enfrentar a questão de frente. Em muitos casos, trata-se de uma boa postura. Não se deixar abater para supostamente manter a cabeça no lugar. O problema com o veterano é que o complemento desta fórmula nem sempre funciona. Quando voltou do banco, ele desembestou a chutar suas bolas de três pontos na corrida, sem paciência alguma. Por mais que alguns desses disparos tenham chorado, são bolas bastante absurdas nessa altura da carreira.

Uma delas veio em momento crucial. Após uma falha da arbitragem e o destempero do técnico argentino, o Brasília pôde bater quatro lances livres, abrir cinco pontos de vantagem com pouco mais de 1min30s no cronômetro e ainda ter a posse de bola. Posse que terminou com o disparo de longa distância em péssima hora, a possibilidade de um contra-ataque e o início de uma última reação dos visitantes. Reação que terminou com uma bola de dois pontos do americano Dartona Washam (23 pontos) a 2s do fim, debaixo da tabela, numa pane defensiva que também custou caro.

O torneio continental tem mais dois rounds entre brasileiros e argentinos. Pelo Grupo C vão se enfrentar o Peñarol deles e o Flamengo. Enquanto pelo Grupo D o confronto ocorre entre São José e o tradicional Libertad Sunchales.

*  *  *

Em termos de aproveitamento de quadra, o Brasília teve uma ótima jornada, com 56,1% no geral (618% nas bolas de dois pontos e 47,8% nas de três), todos bem superiores ao que apresentou o adversário, respectivamente com 47,5% (56,3% e 37%). O que acabou determinando a derrota foram os 16 desperdícios de posse de bola contra apenas sete dos oponentes, além da discrepância no número de lances livres, devido ao elevado número de faltas do time da casa: 27 contra 18.

*  *  *

Algo que chamava muito a atenção vendo o jogo: a enorme diferença de capacidade atlética dos jogadores de Brasília contra os rivais do Regatas. Alex, Nezinho, Tischer, o energégico Isaac, Ronald… Esse povo sobrava nesse quesito. Ainda assim, foram os argentinos quem bateram muito mais lances lives, dada a indisciplina dos oponentes e o acúmulo de faltas muitas vezes desnecessária. O time da casa cobrou apenas 21 lances livres e converteu 16. Os forasteiros tiveram 37 lances livres, matando 27. São nove pontos de diferença nesse quesito. Foram incontáveis os lances em que o corajoso Paolo Quinteros bateu a primeira linha de defesa candanga com fintas simples para entrar no garrafão e causar um rebuliço.