Nash vai para o Lakers. Bomba! De verdade
Giancarlo Giampietro
Coloquemos primeiro sem eufemismo: é como se o Rogério Ceni estivesse se transferindo para o Corinthians. Como se o Valdivia estivesse indo para o São Paulo. Como se o Deco deixasse o Flu de última hora para ingresar no Flamengo. Como se o Ronaldinho (já!) saísse do Atlético Mineiro para o Cruzeiro. Etc. Etc. Etc.
Ok, traduzindo da NBA para o futebol brasileiro, nada faria sentido. Mas dá para sacar onde queremos chegar, né? Ao falar da troca de Steve Nash para o Los Angeles Lakers.
Numa realidade moderna da liga em que todos são amigos de todos – Amar’e Stoudemire janta com Chris Paul, que é padrinho de Carmelo Anthony, que é melhor amigo de LeBron James, que adora o Dwyane Wade, que joga golfe com sei lá quem –, a rivalidade entre Phoenix Suns e Lakers desenvolvida nos anos 00 era uma das poucas histórias que envolviam qualquer dose de rancor.
Pelo visto, esse rancor já é passado, distante, guardado no baú. Como se a final do Oeste de 2010 já estivesse enterrada na memória de quem jogou de cada lado. Kobe Bryant e o próprio Nash inclusos.
Quando do começo das tratativas dos agentes livres, ou mesmo antes, um dos rumores que tinha voz lá na América era a aversão de Nash em relação ao Lakers. O armador canadense chegou a afirmar durante a temporada o quanto se sentiria incomodado em defender a franquia californiana, contra a qual havia travado batalhas marcantes nos mata-matas. Bem, talvez nem tão marcantes assim mais.
Se todos consideravam o Toronto Raptors e o New York Knicks, que travaram uma guerra fria, como os favoritos a contar com os serviços do armador de 38 anos, mas ainda brilhante, foi o Lakers, no fim, que levou a melhor, oferecendo algo que pode ser considerado muito baixo: duas escolhas de primeira rodada de Draft em 2013 e 2015 e duas de segunda rodada em 2013 e 2015. São todas escolhas que devem sair tardiamente nos respectivos recrutamentos de novatos.
E por que, então, o Suns fez? Pelo jeito, a franquia do Arizona estava decidida a seguir outro rumo, não importando o valor de Nash para seus torcedores e sua produção recente. E por que o Lakers? Talvez o Knicks realmente tenha relutado em incluir o ala-armador Iman Shumpert, no fim, em qualquer negociação, e o time do Vale do Sol tivesse de se mostrar forte nas negociações. Desta forma, teria optado por mandar Nash por uma “exceção de troca”, que os rivais do Pacífico tinham desde que mandaram Lamar Odom para Dallas, em vez de se contentar com Toney Douglas e só.
“Queríamos colocá-lo em uma posição que estivesse o mais próximo possível de sua família e na situação mais competitiva. Conseguimos ambas. E aí ele queria que o Suns recebesse algo de valor”, afirmou o agente do jogador, Bill Duffy, ao SportsIllustrated.com. “Vai ser algo bem interessante, muito emocionante. Do ponto de vista do torcedor, a NBA se resume a rivalidades. Mas também há pautas e reportagens. E aqui está mais uma pauta gigante numa cidade gigante.”
Mais importante, talvez: ficando em LA, Nash também estaria em um mercado gigantesco e mais perto de suas filhas, que vivem em Phoenix, do que ficaria em New York também. Segundo o repórter Marc Stein, do ESPN.com, alguém muito próximo ao canadense, esse foi um fator decisivo na negociação, devido a um pedido do jogador para a direção – creiam, os astros da liga também podem ser humanos.
Essa foi uma autêntica bomba no mercado da NBA, bem mais inesperada e chacoalhante que a troca de Joe Johnson para o Brooklyn Nets. É um negócio que ainda vai gerar muitas ramificações, as quais o Vinte Um promete ficar atento para compreender e discutir em breve.